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Um desabafo - Sobre o boicote dos Oscars...

por Catarina d´Oliveira, em 21.01.16

Tinha tomado a decisão implicita de não abordar este assunto por duas razões: a primeira delas sendo que, muito provavelmente me vão chover pedras na cabeça. A segunda é que, regra geral, prefiro falar de coisas potencialmente divertidas... mas as proporções a que tem chegado esta coisa do boicote aos Oscars começa a parecer-me ridícula e profundamente incomodativa.

 

split_3552632b.jpg

 

Talvez seja uma opinião arriscada, digna do tal apedrejamento imediato a quem não se preocupar a ler o resto, mas numa primeira instância, o que parece é que este movimento iniciado (creio eu) por Jada Pinkett Smith é em si mesmo preconceituoso (diminuindo dessa forma os performers que por mérito perante os pares foram escolhidos como os melhores) e uma mini-birra por o marido não ter sido nomeado... o que, lá está, é ridículo, especialmente tendo em conta que a sua performance em Concussion não é, na verdade, nada por aí além. Idris Elba, por exemplo, seria um melhor exemplo de "ausência escandalosa", mas não estamos nós habituados a "snubs" à fartazana todos os anos, quer sejam em atores afro-americanos, latinos, americanos, ingleses, homens, mulheres, homossexuais ou heterossexuais?

 

Isto não quer dizer que a ideia da representação na indústria cinematográfica em geral e em Hollyoowd em particular não esteja completamente virada do avesso - porque está. As minorias - sejam elas as parcelas afro-americanas, latinas, LGBT ou qualquer outra - estão imensamente mal servidas, o que não é, necessariamente, culpa dos Oscars que inclusivamente chegaram a atribuir uma série de prémios há não muito tempo a 12 Years a Slave.

 

12-years-a-slave-.jpg

 

O problema grave e que existe está na indústria. A indústria - essa sim - precisa de uma tremenda revolta. Porque continua a imperar um machismo imenso onde pouco lugar existe a fortes figuras femininas que se estabeleçam por si mesmas. Porque a diversidade étnica quase só se faz ouvir quando se produzem filmes sobre o seu estatuto de minoria (emigrações, escravatura, lutas por direitos, figuras históricas relevantes). Porque todos os anos continuamos a ter as mesmas conversas e a ver as coisas a acontecer da mesma forma ano após ano.

 

E não é culpa de uma Academia - por mais falhas e defeitos que possa ter, e tem - é culpa de um sistema. Um sistema que está formatado a meia-dúzia de receitas de sucesso e que não abre espaço à experiência, ao talento e à arte. Um sistema que perpetua uma distribuição desigual e mecânica que assassina projetos dignos antes que possam sequer nascer.

 

Precisamos desesperadamente de uma revolução, sim. Mas uma revolução pelos motivos certos. Uma revolução movida por direitos e não por um prémio na prateleira. Uma revolução movida pela arte e não pela bilheteira.

 

Uma revolução movida por pessoas e para pessoas.

 

 

 

 

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5 comentários

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De Inês a 21.01.2016 às 18:44

Percebo a tua opinião e concordo plenamente com a parte sobre como a indústria cinematográfica em geral está organizada de forma a que seja muito dificil para as minorias sequer obter papeis ou ver os seus filmes aprovados e financiados pelos estúdios. No entanto, acho que estás a olhar para o boycotte da maneira errada. Não acho que o que esteja em causa seja o ter de haver sempre uma quota para pessoas de cor ou algo do género. É apenas uma maneira de chamar atenção para o problema principal que está na base da sistemática sub-representação de negros e outras minorias nos nomeados da academia - a composição demográfica dos membros da academia. Não faz sentido que em 2016 os votantes sejam ainda 94% brancos, 76% homens e com uma idade média de 63 anos. As pessoas identificam-se mais com filmes que retratam as suas próprias experiências ou quando se reconhecem nas personagens no ecrã. Mesmo tendo em conta a falta de personagens negras nos filmes para que possa haver oportunidade para actores negros serem nomeados para os oscars, o não terem havidos nomeados negros nos últimos 2 anos para as principais categorias de representação é um sinal desta falta de representatividade da academia. O Idris Elba ter sido snubbed não é em si só motivo para boycotte, mas quando acontece em conjunto com a falta de papeis e filmes feitas por e sobre minorias e com o racismo sistemático que existe nos EUA (e também noutros sitios, não vamos fingir que Portugal por exemplo é só rosas), percebo que se chegue a um ponto em que é preciso protestar de alguma forma quanto ao sistema injusto que existe.
Pelo menos estamos todos a falar sobre isto e acho que só assim é que vai haver pressão suficiente para mudar a composição da academia e começarem a reconhecer uma maior diversidade de filmes que andam por ai, em vez do milionésimo filme sobre a guerra fria com "straight white men" a serem patrióticos com música inspiradora por trás (cough...bridge of spies...cough).
Desculpa pelo testamento, mas tive de participar na discussão.
Parabéns pelo blog e estou contente por estares de volta ao activo ;)
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De Catarina d´Oliveira a 22.01.2016 às 11:32

Olá Inês,

qual desculpa! Agradeço muito a contribuição para a conversa... mas pelo que me parece estamos praticamente na mesma página. A única coisa que me incomoda é mesmo o timing... porque antes dos Oscars já se sabia que as minorias não tinham filmes representativos na indústria... e porque na verdade parece-me haver algum preconceito distorcido nas afirmações de alguns que avançaram com o boicote =/

A questão da Academia, concordo contigo... mas é algo que tem de ser internamente muito revista, dado que aquilo tem umas regras de adesão meias rígidas (julgo que uma delas é teres de ganhar/ser nomeado, o que logo desde aí dificulta muita coisa)... Pelo menos a Academia chegou-se à frente à procura de mudanças... vamos ver o que sai dali!
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De Joana Pires a 21.01.2016 às 22:58

Concordo!
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De Inês T. a 22.01.2016 às 20:04

Sem dúvida um tema difícil de “mexer”. Haverá birra à mistura, mas com um fundo de razão. O problema é interno e já há alguns anos (lembro-me que em 2013 se abordou isto a propósito de The Butler) se fala da tão necessária remodelação da Academia de forma a ser mais diversificada e aí é inevitável que a política de recrutamento dos membros mude.
Quanto ao preconceito da Academia em si... Quero acreditar que isso não é um critério na elaboração da lista dos nomeados, e como referiste, não há muito tempo tivemos filmes com atores e realizadores nomeados/vencedores negros. E não há dúvida que a diversidade em Hollywood parece só vir à tona em filmes com grande carga histórica e representativos de momentos marcantes – 12 years a slave, The Help, Selma… Mas isso já é um problema da indústria que sempre foi algo formatada, tem as suas falhas e que às vezes tem problemas em se reinventar.
Diria que isto tudo não se resume apenas a “#OscarSoWhite”, já se pôs em causa as escolhas da Academia pelo género, pela religião, pela orientação sexual e também ao longo dos anos se tem vindo a desmistificar todas estas barreiras. Quanto aos snubbed’s, enfim… Isto são prémios de uma indústria, os lobbys têm a sua força, há sempre os meninos(as) queridos(as) e haverá sempre uma enorme lista de grandes filmes, realizadores, etc que serão não-nomeados e que nunca ganharão um óscar e nem por isso lhes é retirado o devido valor. A meritocracia na vida nem sempre é seguida... era pedir muito que nos óscares fosse ;)
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De jc a 27.01.2016 às 15:47

Concordo com o post. Compreendo que se possa falar em forma de protestar contra uma indústria que está desfasada da realidade, mas não me parece que o protesto se deva fazer pela atenção de prémios. Torna mesquinho quem protesta, o que não era seguramente o objectivo.

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