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Snorricam - Um Porno, por Wes Anderson

por Catarina d´Oliveira, em 05.05.14

O estilo inconfundível de Wes Anderson tem sido replicado vezes sem conta em homenagens e paródias, sendo que, eventualmente, alguma delas acabaria por recair no encantando mundo da pornografia. Hoje foi o dia.

 

 

"The Grand Sausage Pizza" é o filme XXX feito ao estilo do realizador, bebendo inspiração particularmente profunda em "The Royal Tenenbaums" e "Moonrise Kingdom".

 

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Point-of-View Shot - The Grand Budapest Hotel (2014)

por Catarina d´Oliveira, em 10.04.14

 

"And so my life began, junior lobby boy in training under the strict command of M. Gustave H. Many of the hotel's most valued and distinguished guests came for him. I became his pupil and he was to be my counselor and guardian"

 

 

Wes Anderson, o Willy Wonka do imaginário cinematográfico, está de volta ao grande ecrã com mais uma obra que lhe fará sonhar com a utópica mas arrebatadora possibilidade mágica de habitar um deslumbrante globo de neve.

 

O Grand Budapest Hotel é um histórico edifício situado nas pitorescas montanhas da (ficcional) República de Zubrowka e o epicentro das três eras históricas que seguimos ao longo de 100 minutos. Algures nos anos 80, um escritor recorda o rompimento do seu incessante bloqueio criativo que ocorreu anos antes, durante sua estadia no decadente hotel titular, quando conheceu o melancólico Mr. Moustafa. Depois de um encontro que pouco deveu ao acaso, o escritor navega, durante um sumptuoso jantar de vários pratos, pela incrível história de vida, morte, amor, coragem e vingança do atual dono do Hotel.

 

 

O mais proeminente habitante das suas memórias é Gustave H., o distinto concierge do Grand Budapest Hotel, mestre-de-cerimónias, sedutor de hóspedes, leitor e recitador de poesia romântica e emblema de uma era dourada na antecâmara da barbárie. Sob a sua liderança estrita, o Grand Budapest era o destino absoluto para qualquer socialite, e nenhum hóspede se sentia desacompanhado. É, no entanto, quando uma das suas muy estimadas padroeiras morre inesperadamente, que o carismático concierge e o seu fiel paquete Zero se veem envoltos numa intricada aventura que envolve acusações cruzadas de homicídio, o roubo e recuperação de uma preciosa pintura renascentista e a luta por uma enorme fortuna de família - tudo sob o cenário de um Continente que passa por inesperadas e dramáticas mudanças.

 

O universo Andersoniano atingiu aqui o apogeu em toda a ilustre glória das suas subtilezas marcantes, ironia cortante e detalhe digno de uma casa de bonecas. A graciosa zombaria que faz da história, obliterando horrores diretos em prol de uma série de piadas, jeitos e trejeitos travessos, não é gratuita. É vingativa. Dicotomicamente, é um dos filmes mais divertidos e caprichosos do realizador, mas também o mais sombrio e trágico.

 

 

A caracterização é parca, a última sequência – em virtude da mudança de tom consequente dos próprios temas negros enterrados no enredo – pontua-se por um decaimento semelhante ao início do fim da euforia depois de um volumoso consumo de açúcar, e a soma das encantadoras partes parece não dar conta certa com o resultado do todo… mas o filme de Anderson nunca deixa de ser um portento.

 

Tem, como todos os sentidos permitem atestar, muitos ingredientes familiares, mas mesmo no contexto de aliança para com a visão de Anderson, “Grand Budapest Hotel” é, possivelmente e em larga medida, o seu filme mais original.

 

Grande parte do elenco cujo pedigree serviria para nos absorver de talento durante sete vidas não tem mais do que meras linhas de diálogo, e ainda menos minutos de antena. Se noutros casos a tais aparições fulgurantes pudessem ser um ruim fator de distração, Wes Anderson tem o dom de os tornar essenciais, e cada ator se dedica à sua performance com um predador que tranca a presa. Nenhum deles era substituível, todos foram absolutamente necessários, e muitos deles, idos num instante entre instantes.

 

 

Mas o Hotel de Anderson pertence apenas e só à inspirada criação de Ralph Fiennes. Combinando a quantidade certa de comicidade irónica com um toque trágico e nostálgico, o ator britânico criou uma figura deliciosamente excêntrica e profundamente melancólica que se torna instantaneamente um ícone. A química e dinâmica que cria com o jovem Tony Revolori – que com ele carrega o filme às costas - parece uma trapaça irrepetível e congelada na nostalgia do tempo.

 

No que respeita à estética, não vale a pena andarmos com rodeios: esta é a derradeira apoteose de tudo o que reconhecemos como Andersoniano. Do design de produção (que parece sugerir dias de trabalho dedicados a corrigir uma única ruga num papel de parede ou num talher desalinhado), à banda sonora simbiótica de Alexandre Desplat, passando apaixonante guarda-roupa de Milena Canonero, tudo se enquadra com a perfeição de uma obra renascentista na fotografia de Robert D. Yeoman. No perfeito conjunto costurado à medida, é um bolo de intermináveis e deliciosas camadas do qual é humanamente impossível retirar os olhos.

 

 

Por vezes, esta sobrecarga sensorial e estética pode acabar por se revelar um problema, no Cinema de Anderson, se o espectador se deixar crer que pouca profundidade existe além da teatralidade de uma construção tão restrita e aparentemente artificial. A recompensa está ali para ser encontrada, e tem um valor inestimável, mas precisa de querer ser encontrada.

 

É que criou-se a perceção pouco fundamentada que Wes Anderson tem uma abordagem infantil e trivial das suas histórias, fazendo da sua estética e visão encantada um escudo imaturo para combater o desenvolvimento de temas mais obscuros, emocionais, ou moralmente discutíveis. Além de a presunção de que o Cinema deve ser um mero simulacro da realidade ser obviamente castradora e infundada, tais asserções revelam-se cada vez mais incorretas, conforme percorremos a cronologia da sua carreira. Em “Moonrise Kingdom”, o retrato arregalado da juventude em revolta e do primeiro amor versava também e na realidade sobre a solidão e descrença da vida adulta. Da mesma forma, por detrás do thriller cómico que colore cada ostentoso detalhe de “Grand Budapest Hotel”, está uma reflexão profunda sobre o desaparecimento da velha Europa, as tragédias do colapso socioeconómico, o poder destrutivo do conflito bélico (mesmo que sem nunca o colocar diretamente debaixo do nosso nariz) e um melancólico e trágico ensaio sobre a memória e a nostalgia.

 

 

Dá-se o caso de este não ser, para muitos gostos e opiniões, o filme mais emocional e humano de Wes Anderson, mas é inequivocamente o mais ambicioso e o mais pessoal. A certa altura, Zero partilha que "o mundo de M. Gustave já tinha acabado muito antes de ele ter entrado nele, mas ele soube manter a ilusão como ninguém". O mesmo se pode dizer de Anderson, uma mente artisticamente solipsista, de timbre único e inconfundível, absolutamente contemporânea mas inspirada (e apaixonada) pelo Cinema clássico.

 

Já não existem realizadores assim. E na verdade, talvez nunca tenham existido.

 

 

8.5/10

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O novo filme de Wes Anderson, "The Grand Budapest Hotel" recebeu ontem um novo trailer, desta vez red band. E isto sendo verde, vermelho ou às bolinhas riscadas... parece sempre cada vez mais delicioso.

 

 

O filme conta a história das aventures de Gustave H, um lendário porteiro de um famoso hotel europeu entre as guerras, e o jovem empregado Zero Moustafa, que se torna o seu amigo mais leal. A história envolve o roubo e recuperação de uma peça inestimável do Renascimento e a batalha por uma enorme fortuna familiar.

 

 

O filme protagonizado por um elenco de luxo absoluto que inclui Ralph Fiennes, Tony Revolori, Mathieu Amalric, Adrien Brody, Willem Dafoe, Jeff Goldblum, Jude Law, Bill Murray, Edward Norton, Saoirse Ronan, Jason Schwartzman, Tilda Swinton, Tom Wilkinson, Léa Seydoux e Owen Wilson deverá chegar a Portugal a 10 de abril.

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Mise en Scène - "The Grand Budapest Hotel"

por Catarina d´Oliveira, em 17.10.13

A Fox Searchlight Pictures resolveu pôr fim ao meu sofrimento e lançar finalmente o primeiro trailer de "The Grand Budapest Hotel", o novo filme de Wes Anderson.

 

 

No enredo seguimos as aventuras de Gustave H, o lendário porteiro de um famoso hotel europeu entre duas guerras, e um jovem empregado, que se torna seu protegido. A história envolve o roubo e recuperação de um quadro inestimável da Renascença e a batalha por uma enorme fortuna familiar - tudo conjugado nas mudanças que afetavam o continente no séc. XX.

 

O elenco inclui participações ilustres de Ralph Fiennes, Tony Revolori, F. Murray Abraham, Mathieu Amalric, Adrien Brody, Willem Dafoe, Jeff Goldblum, Jude Law, Bill Murray, Edward Norton, Saoirse Ronan and Jason Schwartzman, Tilda Swinton, Tom Wilkinson e Owen Wilson, e "The Grand Budapest Hotel" tem chegada marcada para os cinemas americanos a 7 de março de 2014.

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