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2011 foi um ano para esquecer para a nossa adorada Pixar.
Já vai sendo norma que, se existe um filme Pixar num determinado ano, o mais provável é que leve o Oscar de Melhor Animação para casa. Este ano porém, o seu representante Cars 2 nem conseguiu chegar ao lote de nomeados, que incluiu aparições surpreendentes de Une Vie de Chat e Chico & Rita.
Contudo, na categoria de Melhor Curta-Metragem de Animação, o estúdio lá se redimiu um bocadinho com a presença do competentíssimo La Luna. Mas como vos disse no início do post, este não era um ano talhado para ser da Pixar, o que até nem é mau, porque nos permite descobrir outras obras que se calhar de outra forma acabaríamos por ignorar. O vencedor da categoria de curta de animação foi então The Fantastic Flying Books of Mr. Morris Lessmore, um filme de William Joyce cuja adorável sinopse vai mais ou menos assim:
"Inspirado em igual medida no furacão Katrina, Buster Keaton, O Feiticeiro de Oz e o amor pelos livros, Morris Lessmore é a história de pessoas que dedicam a vida aos livros e cujos livros retribuem o favor. The Fantastic Flying Books of Mr. Morris Lessmore é uma alegoria comovente e divertida sobre os poderes curativos de uma história".
Não ficaram com vontade de assistir? Eu fiquei, e digo-vos que vale bem a pena! E hoje têm a possbilididade de fazê-lo aqui.
"Nothing can take the sting out of economic problems like watching millionaires collecting gold statues."
(Billy Crystal)
Era fácil de prever, mesmo antes de o Deus Cinematográfico Morgan Freeman subir ao palco para nos recordar da importância e beleza da sétima arte, que a 84ª edição dos Oscars da Academia seria uma homenagem à magia do Cinema e àquilo que de melhor desperta em nós.
Depois de um descarrilamento no ano passado e da polémica do abandono de Eddie Murphy do leme da cerimónia, a Academia resolveu jogar pelo seguro, tanto no tema como na abordagem, e Billy Crystal foi pela nona vez o anfitrião da noite mais importante da indústria cinematográfica norte-americana.
O Anfitrião
A cerimónia começou forte e segura, com o anfitrião Billy Crystal a dar o pontapé de saída com uma familiar montagem de alguns dos nomeados a Melhor Filme que incluiu, entre outros atrativos, um beijo apaixonado com George Clooney (yep, leram bem), e um cameo surpreendentemente inteligente de Justin Bieber.
Depois veio o breve e usual monólogo inaugural, que entre algumas graças fortes, teria mais a ganhar se tivesse deixado um medley musical algo desastrado e bastante esquecível para uma outra ocasião.
Apesar de ter recebido algumas críticas menos simpáticas direcionadas carácter "same old, same old" da sua performance, não desgostei do trabalho de Crystal. Como em tudo na vida, houve coisas a correr melhor que outras, mas numa cerimónia que abraçou ternamente o passado e a história do Cinema, era quase desajustado ter outro alguém em palco ou que a performance do anfitrião tocasse num tom diferente.
Os Vencedores
Hugo e The Artist foram sem surpresas os reis da noite, matematicamente falando – com cinco estatuetas cada um, parecia quase inevitável que outro “final feliz” houvesse que não o que confluísse com uma cerimónia que quis celebrar a alegria de assistir e fazer Cinema.
Mas The Artist acabou por levar a melhor nas categorias mais apetecidas, que incluíram Melhor Ator, Melhor Realizador e Melhor Filme, tornando-o assim apenas o segundo filme mudo a vencer o prémio mais alto, depois de Wings, na cerimónia inaugural dos Oscars em 1929.
As categorias de interpretação estavam praticamente fechadas à partida, sendo a de Melhor Atriz a única que realmente parecia jogar-se taco a taco. Meryl Streep acabou por derrubar graciosamente a outra favorita – Viola Davis – e brindou-nos, depois de subir ao palco e aceitar o terceiro Oscar da sua carreira (quase 30 anos depois de receber o segundo, em 1983), com um dos discursos mais emotivos da noite. "When they called my name I had this feeling I could hear half of America saying, oh, c'mon. Oh, no. Not her again… But... whatever!" – Oh esqueci-me, Streep também tem esse enorme talento de incutir uma imensa graça de cada vez que se aproxima de um microfone.
Os secundários proporcionaram também alguns momentos para mais tarde recordar e ambos mereceram ovações de pé. Christopher Plummer, o actor mais velho a receber um Oscar, confessou que desde que nasceu que praticava o seu discurso, enquanto Octavia Spencer mal conseguiu escolher as palavras, entre soluços e olhares emocionados – “Thank you, world”.
Os Apresentadores Convidados
Com os prémios entregues sem surpresas escandalosas, alguns dos melhores momentos da noite surgiram de pequenos momentos protagonizados pelos apresentadores convidados a apresentar um galardão.
As protagonistas de Bridesmaids abrilhantaram o espetáculo na altura certa em que começava a arrastar-se: não me recordo de uma secção de curtas tão animada e irreverente como esta, que incluiu piadas sobre órgãos sexuais e um penalti de Vodka que sucedeu um grito por Scorsese.
Sandra Bullock pode não gerar consenso relativamente aos seus talentos dramáticos, mas é inegável que esta é uma senhora com piada e que é sempre uma mais-valia nestas pequenas participações. Demonstrando as suas habilidades no domínio das línguas pseudo-asiáticas, a sua apresentação da categoria de Melhor Filme Estrangeiro foi encantadora e habilmente capaz de arrancar algumas gargalhadas.
Emma Stone agarrou-se com unhas e dentes à oportunidade de subir ao palco do Kodak Theatre e brindou-nos com um entusiástico e enérgico discurso na apresentação do Oscar para Melhores Efeitos Visuais. Depois de tentar arrastar Jonah Hill para o palco para uma sessão de “abanar o esqueleto” acho que deveria passar a ser regra que Stone estivesse sempre presente para animar a malta na cerimónia.
Mas porque não foram só as mulheres a dar espetáculo, quero também dar uma palavra de apreço à aparição hilariante da dupla Zack Galifianakis e Will Ferrell - e eu nem simpatizo nada com o segundo senhor - na apresentação da categoria de Melhor Canção Original, cujo excerto podem apreciar já abaixo.
Montagens & Saltaricos
Os pequenos clips que juntavam uma miscelânea de atores a discutir os seus momentos cinematográficos favoritos foi uma das vitórias da noite. Curtos porém adoráveis, estes instantes humanizados contribuíram para aproximar um pouco mais de todos nós uma cerimónia que tantas vezes nos parece estar a anos-luz de distância.
O segmento de tributo aos que partiram contou com a participação de Esperanza Spalding e um coro infantil para nos oferecer uma fabulosa rendição de “What a Wonderful World”, e uma montagem de fotografias, vídeos e sons que confluíram na perfeição para honrar as tremendas perdas que 2011 nos trouxe.
Se por um lado não houve espaço para as Canções Originais terem o seu tempo de antena, por outro, tivemos direito a uma representação única e especial pelos profissionais do Cirque du Soleil. Apesar de me ter sabido um bocadinho a pouco depois de uma segunda visualização, temos de lhes dar o crédito por terem montado todo aquele aparato à premissa pouco acessível de “assistir a um filme”.
Um dos momentos mais inspirados da noite surgiu de um visionamento secreto de um Focus Group fictício a The Wizard of Oz, que reuniu as caras conhecidas de Christopher Guest, Bob Balaban, Eugene Levy, Fred Willard, Catherine O’Hara e Jennifer Coolidge. Inteligente, com a duração certa e o mais importante – divertido.
Resumindo e Concluindo…
A sensação que fica é que esta 84ª edição dos Oscars se esforçou para revitalizar o nosso amor pelo Cinema.
Ainda que por vezes a iniciativa tenha saído ao lado, não podemos ignorar o mérito de alguém pelo menos tentar reconquistar-nos, ainda que pareça ser na base de uma política totalmente oposta à do ano passado, que tentava atingir a fatia mais jovem da audiência.
A produção foi impressionante, e o Kodak Theatre estava resplandecente, tal como sentimos que devesse estar naquela noite de estrelas.
Ainda que ache que tão cedo o formato não deva ser repetido – não podemos, ano após ano, recorrer ao mesmo tema de “celebrar o passado” etc, porque aí é muito difícil injetar dinamismo – penso que, com o ano cinematográfico que tivemos, liderado por duas homenagens à história do Cinema, era difícil montá-lo de outra maneira.
Acho que, antes de embarcarmos no criticismo fácil, temos de recordar também que este é um evento cuja duração muito dificilmente está abaixo das 3 horas e cujas obrigações publicitárias são rígidas e incontornáveis. Boa sorte a quem quiser fazer disto um espetáculo magnificente non-stop que agrade a toda a gente.
Por isso resta-nos reconhecer que foi um bom e reconfortante serão que celebrou algo que, em tempos de crise, tendemos a esquecer: que podemos encontrar nos filmes a magia que a vida tantas vezes nos obriga a extinguir e que a experiência cinematográfica pode ter, se assim o desejarmos e permitirmos, um alcance ilimitado.
E depois de uma noite sem grandes surpresas mas alegre e cheia de amor pela sétima arte... Os Oscars foram para...
Melhor Fotografia
'Hugo' - Robert Richardson
Melhor Direção Artística
'Hugo' - Dante Ferretti e Francesca Lo Schiavo
Melhor Guarda-Roupa
'The Artist' - Mark Bridges
Melhor Caracterização
'The Iron Lady' - Mark Coulier e J. Roy Helland
Melhor Filme Estrangeiro
'A Separation' (Irão)
Melhor Actriz Secundária
Octavia Spencer em 'The Help'
Melhor Montagem
'The Girl with the Dragon Tattoo' - Kirk Baxter and Angus Wall
Melhor Edição de Som
'Hugo' - Philip Stockton e Eugene Gearty
Melhor Mistura de Som
'Hugo' - Tom Fleischman e John Midgley
Melhor Documentário
'Undefeated' de TJ Martin, Dan Lindsay e Richard Middlemas
Melhor Filme de Animação
'Rango' de Gore Verbinski
Melhores Efeitos Visuais
'Hugo' - Rob Legato, Joss Williams, Ben Grossman e Alex Henning
Melhor Actor Secundário
Christopher Plummer em 'Beginners'
Melhor Banda Sonora Original
'The Artist' - Ludovic Bource
Melhor Canção Original
"Man or Muppet" de 'The Muppets' - Bret McKenzie
Melhor argumento Adaptado
'The Descendants' - Alexander Payne, Nat Faxon e Jim Rash
Melhor Argumento Original
'Midnight em Paris' - Woody Allen
Melhor Curta-Metragem (live action)
'The Shore' Terry George and Oorlagh George
Melhor Documentário (curta-metragem)
'Saving Face' de Daniel Junge e Sharmeen Obaid-Chinoy
Melhor Curta-Metragem de Animação
'The Fantastic Flying Books of Mr. Morris Lessmore' de William Joyce e Brandon Oldenburg
Melhor Realizador
'The Artist' de Michel Hazanavicius
Melhor Actor Principal
Jean Dujardin em 'The Artist'
Melhor Actriz Principal
Meryl Streep em 'The Iron Lady'
Melhor Filme
'The Artist' - produtor: Thomas Langmann
Para o pessoal da moda que gosta de acompanhar a red carpet e não tem acesso ao canal E! Entertainment...
...aqui fica o miminho do livestream!
ou...
ou aindaaaa...
Quem é amiga, quem é?
Estão sozinhos em casa e querem companhia para se manterem acordados na grande noite de Cinema do ano?
Não precisam de procurar mais! Podem passar a noite comigo, na página de facebook do Close-Up onde comentarei momento a momento os acontecimentos da noite, e, espero eu, possa contar com a vossa participação numa conversa animada, e cheia de fair-play e bom humor.
Fico à vossa espera!
Sim, leram bem.
O Jest juntou a pequenada e convenceu-os a interpretar os 9 nomeados da Academia deste ano.E não é que alguns até ficaram mais engraçados?
Depois de Sacha Baron Cohen anunciar o desejo de entrar na red carpet vestido como o seu próximo peronsagem, The Dicator, e depois do falatório dos bilhetes retirados ao actor por parte da Academia, e depois de o actor ter retaliado "inofensivamente" com uma aparição no Today Show... parece que chegámos a uma resolução.
O Access Hollywood contactou com a produção da cerimónia e segundo Brian Grazer, Cohen não só aparecerá no evento de Domingo como também participará no mesmo. "Estamos entusiasmados por recebê-lo e ele estará na red carpet como o Ditador", declarou Grazer.
Parece que a Academia reconsiderou, talvez reconhecendo que a artimanha de Cohen poderá levar muitas pessoas a ligar o televisor na madrugada de Domingo para ver o que o actor britânico irá fazer... o que poderá significar a tão desejada subida de audiências.
A grande noite aproxima-se a passos largos, e o Close-Up não podia deixar de registar as suas apostas para a grande cerimónia dos Oscars que se realiza este Domingo no Kodak Theatre.
2012 pareceu ser um ano de Modas... primeiro tivemos The Help, depois The Descendants, depois The Artist e por fim Hugo como os favoritos da crítica por esse mundo fora - apesar de Hugo não ter conseguido em muitos casos "destronar" o Artista francês. Mais uma vez não me parece que estejamos num "ano Titanic", sendo que o mais provável é que as estatuetas vão parar a várias aldeias.
Quero aqui reforçar que este post trata apenas as minhas APOSTAS, e não as minhas escolhas - que, acreditem, seriam bem diferentes em muitos casos. Infelizmente, este foi mais um ano em que não me pude dedicar à secção de curtas, pelo que os palpites se regiram meramente pelo hype e/ou palpite.
Concordam? Discordam...? Que tal?
Parece que vai ser um Domingo animado...
Sacha Baron Cohen é uma daquelas pessoas que desconfio que, literalmente, se alimenta à base de polémica e controvérsia ao pequeno almoço para ganhar o dia.
Talvez alguns de vocês se lembrem da sua presença peculiar nos MTV Movie Awards em 2009, quando apareceu vestindo uma das suas personagens mais controversas - o repórter homossexual Bruno. Mas como os MTV Movie Awards são para meninos, Cohen almejou algo um niquinho maior para este ano: aterrorizar os Oscars vestido de ditador, o personagem principal do seu próximo filme, The Dictator.
A polémica instalou-se e a Academia - que tem regras rígidas contra a promoção de filmes durante a cerimónia - já bateu o pé: nada de General Aladeen, senão não há Oscars para Cohen.
O Deadline avançou que Cohen tinha sido banido da cerimónia e que seria impedido de entrar; no entanto, a Academia veio argumentar ao The Hollywood Reporter que, caso o actor assegurasse que não apareceria vestido num personagem, teria toda a liberdade de assistir e participar no evento.
Que caldeirada.
Acho bastante improvável que Cohen apareça no personagem - estaria a desafiar regras demasiado importantes que poderiam comprometer a sua própria carreira. Mas o que é mais interessante nesta história, é que The Dictator continuará a ter a publicidade que procurava com a artimanha da passadeira vermelha. Afinal, estamos ou não estamos todos a falar sobre o assunto? Independentemente da sua posição pouco ética e desrespeitosa, temos de lhe tirar o chapéu: afinal, e quase sem darmos por isso, Cohen já voltou a encher a barriga num panelão de controvérsia.