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Point-of-View Shot - A Most Violent Year (2014)

por Catarina d´Oliveira, em 11.02.15

VIOLENT.jpg

"When it feels scary to jump, that is exactly when you jump, otherwise you end up staying in the same place your whole life, and that I can't do"

 

No mais recente filme de J.C. Chandor, exploramos o lado sombrio do sonho americano.

 

Estamos em Nova Iorque, no ano de 1981, aquele que ficou conhecido como um dos mais violentos na história da cidade. Abel é um imigrante cuja incessante busca pelo sonho americano aliada a um carisma e paixão profissional exímios o levaram a tornar-se o dono de uma empresa petrolífera independente em crescimento. A próxima jogada no tabuleiro tem em vista um potencial xeque-mate: a aquisição de uma propriedade em localização estratégica que lhe dará inúmeras vantagens perante os concorrentes. No entanto, a própria negritude que acompanha a fotografia do filme de Chandor faz adivinhar que nem tudo será fácil. Além de ver os seus camiões cada vez mais violentados por assaltantes que vendem o seu produto à concorrência, Abel encontra-se envolvido numa investigação à indústria no geral e à sua empresa em particular por suspeitas de fraude e desvio de dinheiro.

 

mostviolent3.jpg

 

Depois da estreia provocadora que abocanhou o berço da crise económica com MARGIN CALL e do testamento à sobrevivência de ALL IS LOST, Chandor continua o brilhante mas silencioso trilho pelo cinema “downstream”, desta vez mais pessoal e emocional, mas gloriosamente contracorrente. Filmes como A MOST VIOLENT YEAR, lúgubres, sombrios, já não se fazem. Mas também como as suas obras precedentes, é difícil de vender. É original, provocador, mas não exatamente o sonho de um diretor de marketing.

 

Ecoando a influência óbvia da mais fina coleção de Cinema americano baseado em intrigas mafiosas, A MOST VIOLENT YEAR não deixa de ser, no entanto, um filme nuclearmente diferente de, digamos, THE GODFATHER. É que apesar de parecer um filme de gangsters, na verdade, não o é. No entanto, o ponto que Chandor pretende cobrir é que o universo de Abel não tem como fugir à influência dos protagonistas destes outros filmes, os verdadeiros mafiosos. E não obstante o título, a sua violência é implícita, mais um fantasma soprado por uma metáfora de sobrevivência num mundo implacável.

 

mostviolent2.jpg

 

A obstinação de Abel em dirigir um negócio limpo e justo pode ser ocasionalmente exasperante, mas o que o torna um protagonista mais interessante é o facto de ser simultaneamente duro e impiedoso. A dignidade e intensidade que Oscar Isaac lhe trás enquanto empreendedor cada vez mais desesperado é notável, todavia, já se provou uma e outra vez que são as personagens com mais defeitos e falhas de moral que se revelam mais interessantes, e aqui o caso não muda de figura.

 

Alicerçada numa performance excecional de Jessica Chastain, Anna é a metade menos escrupulosa do par, apaixonada pelo marido que a conquistou pela bondade, mas disposta a fazer verdadeiramente o que é necessário, quando é necessário. A construção de Chastain é a de uma mulher inteligente e poderosa, mesmo que enquadrada numa era enterrada nas raízes dos papéis de género mais tradicionais. A ausência deste cuidado e surpreendente retrato na awards season é incompreensível, mesmo à luz do acordo castrador alinhado pela altura de INTERSTELLAR, que impediu a atriz de fazer campanha por qualquer outro filme.

 

mostviolent.jpg

 

Este conto de moralidade desenrola-se com uma confiança intoxicante, mantendo o espectador empenhado em manter o ritmo num inesperado nail-biter ambientado à indústria petrolífera. É um tesouro escondido numa campanha de promoção enfraquecida, mas um dos grandes thrillers de crime dos nossos tempos.

 

Resta apenas salientar que criação de Chandor não necessita de Óscares ou galardões, porque tem-se a si mesmo para se definir e sobreviver ao passar do tempo e de outras obras. Porque consigo carrega a insubstituível nostalgia de um tempo onde o mundo era um lugar pior, mas os filmes eram arte melhor.

 

 

8.5/10

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Point-of-View Shot - Inside Llewyn Davis (2013)

por Catarina d´Oliveira, em 19.12.13

 

"If I had wings like Noah's dove
I'd fly up the river to the one I love
Fare thee well, oh honey, fare thee well"

 

À boleia dos irmãos Coen passamos uma semana na vida de um jovem cantor no mundo musical de Greenwich Village, em 1961.

 

Levemente baseado na história e memórias de Dave Van Ronk, esta insólita jóia cinematográfica encontra o protagonista, Llewyn Davis, à beira de uma encruzilhada. Quando um Inverno severo atinge Nova Iorque, Davis tenta ganhar a vida como músico e enfrenta obstáculos aparentemente intransponíveis, começando com aqueles que ele mesmo cria.

 

 

A anémica vida de Llewyn consome os seus dias, numa procura que rejeita o passado e a memória (mostrada pelo desinteresse nas suas gravações antigas), mas que também não se interessa particularmente pelo futuro (exibindo-se na relutância que apresenta na colaboração em materiais novos). O músico prossegue assim, perseguindo um sonho já muito desbotado pelo tempo e pelo cansaço.

 

Muito contribui, para este cru e melancólico retrato, a estrutura elíptica do argumento, que acompanha o desmaio de um percurso destinado a perder o último comboio para o estabelecimento do mito para um qualquer outro nome que provavelmente hoje temos dificuldade em dissociar do próprio conceito da arte musical.

 

 

Mesmo para um admirador incondicional do Cinema de Ethan e Joel Coen, é difícil negar a condescendência espertalhona com que tratam algumas as suas criações, o que acaba por tornar muitos dos seus filmes em fabulosos mas herméticos exercícios de ironia.

 

Todavia, em Llewyn Davis os irmãos encontraram umas das mais vívidas e complexas personagens, um homem irascível e negligente cuja única redenção se encontra quando fecha os olhos para acompanhar com a voz e a alma os velhos acordes da intemporal música folk.

 

 

O casting do protagonista, em particular, prometia uma tarefa árdua para os Coen, que procuravam a combinação homogénea de um ator de alma e um músico pleno. Quando Oscar Isaac apareceu, admitiram ambos, a procura terminou.

 

Numa das performances masculinas mais surpreendentes do ano, Isaac parece ter nascido para viver Llewyn, uma dicotomia ambulante, exasperado mas esperançoso, inegavelmente cretino e indiscutivelmente talentoso.

 

 

O restante elenco, bem secundário ao tour-de-force de Isaac, não foi por isso escolhido com menos cuidado, prestando-se o devido reconhecimento ao esforço (acídico) de Carey Mulligan, e às participações de John Goodman, Garrett Hedlund, Justin Timberlake e Adam Driver.

 

No desenrolar da sua atormentada expedição (que encontra paralelos estratégicos e subtis com a Odisseia de Ulisses, que os Coen já haviam esventrado no delicioso “O Brother, Where Art Thou?”, de 2000) e à medida que Llewyn Davis luta para reacender a chama da carreira, juntar dinheiro para viver, acalmar a sua vida pessoal e tratar de um gato que acidentalmente ficou a seu cuidado, percebemos que esta não é apenas um retrato de um momento muito específico da cultura americana ou uma poderosa meditação sobre a arte, a responsabilidade e a aceitação, mas sobretudo uma exploração da perda e da sua consequente mas não imediata aceitação.

 

 

A languidez e melancolia da sucessão episódica da aventura de Llewyn Davis parece encarcerada numa espécie de loop corrosivo para a alma, contudo, e no momento em que começam a rodar os créditos finais e ouvimos uma última rendição da magia folk, o futuro está nas mãos de quem vê, e subitamente, o fim pode apenas ser um novo início.

 

É um triunfo silencioso, aquele dos irmãos Coen, porque “Inside Llewyn Davis” apresenta uma história simples mas de desarmante humanidade que, à imagem de qualquer boa canção folk, nunca foi nova mas também nunca será velha.

 

 

8.5/10

 

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Composta por 11 "mini-curtas-metragens", a websérie "Making a Scene" é um projeto levado a cabo pelo The New York Times e que destaca nos peculiares vídeos, os melhores performers do ano.

 

 

Cate Blanchett, Bradley Cooper, Chiwetel Ejiofor, Adèle Exarchopoulos, Greta Gerwig, Oscar Isaac, Michael B. Jordan, Julia Louis-Dreyfus, Robert Redford, Forest Whitaker e Oprah Winfrey foram os talentos escolhidos interpretado pequenas passagens com frases escritas por outros grandes nomes como Julie Delpy, Ethan Hawke, Richard Linklater, Spike Jonze, Jeff Nichols, Sarah Polley, entre outros. A montagem e direção é orquestrada pelo lendário diretor de fotografia Janusz Kaminski.

 

Em toda a sua natureza estranha, bela e enigmática, ei-las, as maravilhosas criações.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Para os mais curiosos, aqui fica também o vídeo do making-of.

 

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