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"The beginning of everything"
Numa manobra sem precedentes em Hollywood, um orçamento de 130 milhões de dólares não se destina a um Capitão América ou um Homem de Ferro. O escopo e a destruição iminente são denominadores comuns, mas desta feita, o herói é bíblico.
Depois de um início de carreira experimental com “Pi”, “Requiem for a Dream” e “The Fountain”, Darren Aronofsky tentou combinar, nas suas obras seguintes, as expressões estética, temática e artística desenvolvidas em embrulhos mais apelativos ao gosto público, conseguindo-o em larga medida, primeiro com “The Wrestler” e posteriormente – e com maior sucesso – com “Black Swan”.
Em “Noah” a fórmula atinge proporções nunca antes tentadas, e pode mesmo dizer-se que a sua imensurável ambição é, simultaneamente, o seu dom e a sua maldição.
Mas para efeitos de esclarecimento e assimilação, vale a pena começar pelo início – não de todas as coisas, mas do enquadramento da história. Se por um lado todos conhecemos, com maior ou menor detalhe, a narrativa de Noah, vale a pena recordar que esta constitui uma secção tumultuosa mas bastante breve do Génesis. Além deste, optou ainda por se inspirar em passagens do Livro de Enoque, particularmente para introduzir a mitologia dos Guardiões – cuja materialização física numa espécie de Transformers pré-históricos não terá, certamente, sido a mais feliz. Mas serve esta elucidação para colocar à luz a necessidade imperativa de Aronofsky de expandir o universo, de forma a conseguir criar um épico coeso e ao mesmo tempo fiel à sua visão. É assim importante que o espectador parta para “Noah” ciente dos embelezamentos e liberdades que tiveram de ser tomadas, e preparado até para uma boa dose de suspensão de descrença.
Avancemos agora para o produto final.
Para todos os efeitos, “Noah” é um filme regido pelas grandes ideias – da fé, da obediência divina, do amor humano, da corrupção da inocência, a dualidade do Homem e as suas inerentes falhas – e pelas ambições do realizador. Por isso, é também uma experiência relativamente esquizofrénica – por um lado, uma alegoria fantástica e uma parábola bíblica séria e respeitosa; por outro, um espetáculo escabroso de proporções desmedidas que parece ter cedido à gula cinematográfica de um orçamento de nove dígitos.
Toda a casca comercial serve para cobrir uma dissertação que não é básica, mas nuclear: a dualidade humana e o equilíbrio contraditório da necessidade e do desejo, da natureza e do divino, da inocência e do livre arbítrio. Como aconteceu em “A Última Tentação De Cristo” de Martin Scorsese, aqui Aronofsky está mais interessado nas recalcadas questões de misericórdia, justiça e inocência do que propriamente num retrato copista dos eventos escritos. O tratamento da história não é literal mas mais mitológico, não só abrindo a porta à possibilidade de interpretação, como ao paralelismo que efetua com o mundo atual. Aronofsky pega numa história que todos pensamos conhecer, e apresenta-a de uma forma intrigante.
No entanto, e quando finalmente os créditos rolam no ecrã, a sensação que fica é que algo está inacabado e que o próprio Aronofsky ainda se convulsa sobre as complexas questões e enigmas morais que criou. Quando o filme termina, ele ainda procura, como talvez continue a procurar sempre.
“Noah” era um projeto de longa paixão de um realizador cujos dons artísticos e visionários nunca estiveram em questão. O problema, nesta transposição particular, é que parecem existir três ou quatro filmes diferentes a competir pelo domínio da narrativa.
Mas apesar de esmagador, inundado no fascínio e à deriva na loucura, “Noah” é também desafiante e arrisca de uma forma que raros filmes com este orçamento ousam sequer considerar. Nos seus momentos de glória – que são alguns – é sublime.
E isso, não sendo tudo, é definitivamente alguma coisa.
6.5/10
A outra novidade do dia é a chegada do também primeiro trailer oficial de "Noah" de Darren Aronofsky.
Com chegada marcada aos cinemas para março de 2014, esta é uma adaptação da história bíblica na Arca de Noé. Num mundo consumido pelo pecado humano, Noé recebe a missão divina de construir uma Arca para salvar a criação de uma grande inundação vindoura.
O filme de Aronofsky é protagonizado por Russell Crowe, Jennifer Connelly, Saoirse Ronan, Douglas Booth, Logan Lerman, Emma Watson, Ray Winstone, Anthony Hopkins, Kevin Durand e Mark Margolis.
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Noutras paragens, a Summit lançou finalmente o primeiro trailer do muito aguardado “Divergent”, inspirado numa saga de livros juvenis.
Numa Chicago distópica inspirada na obra homónima de Veronica Roth, a sociedade está dividida em cinco classes, sendo que cada uma delas está destinada a cultivar uma virtude específica: os cândidos (sinceridade), os abnegados (altruísmo), os intrépidos (coragem), os cordiais (amizade) e os eruditos (inteligência).
Numa cerimónia anual, todos os jovens de 16 anos devem decidir a classe a que irão pertencer para o resto das suas vidas. Para Beatrice, a escolha é entre ficar com a família e poder ser finalmente quem realmente é. A sua decisão irá surpreender todos, inclusive a si própria.
Durante o competitivo processo de iniciação que se segue, Beatrice decide mudar o nome para Tris e procura descobrir quem são os seus verdadeiros amigos, enquanto se apaixona por um rapaz misterioso, que a fascina e enfurece. Todavia, Tris também tem um segredo que poderia colocar a sua vida em perigo. Quando descobre um conflito que ameaça devastar a aparentemente perfeita sociedade em que vive, percebe que o seu segredo pode ser a chave para salvar aqueles que ama... ou acabar por destruí-la.
Foram reveladas as primeiras imagens oficiais de "Noah", o próximo filme de Darren Aronofsky, inspirado na história bíblica de Noé, o famoso herói que "recebeu ordens de Deus para a construção de uma arca, para salvar a Criação do Dilúvio"
A versão de Aronofsky será, no entanto, ligeiramente alterada, com direito a passagens sobrenaturais e fantásticas e anjos de 3 metros de altura.
"Noah" será protagonizado por Russell Crowe, Emma Watson, Jennifer Connelly, Logan Lerman, Ray Winstone e Anthony Hopkins, e tem enchente prevista aos cinemas americanos a 28 de março de 2014.