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"Long after the House of Grimaldi has fallen, the world is going to remember your name, Your Highness. You are the fairy tale, the serenity to which we all aspire. And peace will come when you embrace the roles you have been destined to play. For no matter where you are, in years to come, they will continue to whisper your name. The Princess, Grace"
Por várias razões e argumentos, o novo filme de Olivier Dahan foi o filme perfeito para abrir o Festival de Cinema de Cannes este ano, onde foi exibido há meros dias, antes de chegar às nossas salas.
É, verdadeiramente, uma história local – o Príncipe Rainier do Mónaco conheceu Grace Kelly, uma jovem atriz vencedora de um Óscar da Academia, durante o mesmo festival em 1955. No ano seguinte celebrou-se aquele que ficou conhecido como o casamento do século, e que marcou também a mudança de paradigma numa mulher que já se tinha tornado ícone: nunca mais voltou a fazer um filme.
“Grace of Monaco” descansa o foco sobre o período de crise política que abalou o Mónaco e que o ameaçou com a invasão e consequente anexação francesa. Era imperativo que o ícone regressasse, agora sob nova forma e responsabilidade: Grace, a Princesa do Mónaco.
Mas apesar da relevância temática, geográfica e glamourosa do filme de Dahan para abrir o mais importante Festival de Cinema do mundo, a sorte e sobretudo o engenho não estiveram, desta feita, do seu lado.
As manchetes tóxicas têm andado consigo de mão em mão, desde a desaprovação das imprecisões e inconsistências do argumento por parte da família real do Mónaco, até aos embates entre o Dahan e o (mega) produtor e distribuidor norte-americano Harvey Weinstein, que mantendo o hábito de apoiar filmes mais “difíceis” de vender, veio uma vez mais reforçar o lado mais sombrio da sua fama, impondo a sua presença e preferências na sala de montagens e gerando fricção com o realizador.
A versão que nos chega às salas, profundamente higiénica e hollywoodesca, não deixa de proporcionar uma sentida desilusão. Parece atípico de alguém que nos trouxe coragem e determinação espelhados em “La Vie en Rose” (2007) oferecer agora uma obra tão plástica, bajuladora e vazia de alma, procurando desesperadamente nos close-ups fortes (e intrusivos) uma densidade emocional que simplesmente não está lá.
O argumento, temperado com um diálogo mais preocupado em fazer declarações supremas do que a apresentar conversas verosímeis, parece pouco preocupado em respeitar a inteligência da audiência ou dos próprios intervenientes, tanto atores como fontes de inspiração – não haveria afinal uma ou várias outras formas mais interessantes de apresentar uma história (ou parte dela) que sabemos fascinante sem ser através de uma hagiografia sem graça?
A própria performance de Nicole Kidman é desnivelada. Se por um lado existirão poucas atrizes capazes de incorporar o glamour de Hollywood à moda antiga, por outro a criação de Kidman parece ter, por vezes, mais afinidades com uma Marylin Monroe com um perfil psicológico menos problemático do que com uma rebelde e enérgica dissidente como Grace.
Como em virtualmente todos os casos, há, no entanto, algo bastante apreciável no meio do desastre generalizado, e nem tudo são espinhos no arranjo floral de “Grace of Monaco”. A reconstituição da era é notável, particularmente através do guarda-roupa de Gigi Lepage, que recriou mais de 40 looks apaixonantes de Grace, trabalhando a fundo com várias das Casas favoritas da Princesa, como Dior, Chanel, Hermes e Swarovski.
No final de contas, o filme de Dahan é profundamente indeciso e incerto: se será um drama político, o retrato de um casamento difícil, um conto de fadas de Hollywood, ou uma exploração da humanidade e vulnerabilidade da Princesa, não sabemos nós, nem ele próprio.
Mas há algo que temos com certo – Grace Kelly merecia mais e melhor. E nós também.
4.0/10
Ah, o Google.
É a grande autoestrada da informação onde descobrimos os mistérios do universo, mas também o segredo da receita da maionese perfeita, ou as especificações de cada fase da mitose, ou ainda informações sobre os filmes e cineastas dos quais gostamos.
Com exceção às pobres almas que usam outro motor de busca – não os castiguem senhores, porque eles não sabem nada – é o nosso melhor amigo de todas as horas. É o ombro no qual choramos nas horas de solidão, o companheiro enciclopédico que nos responde a todas as dúvidas, e o justo parceiro que nunca nos julga.
Ora em 2010 o nosso melhor amigo passou a compreender-nos ainda melhor, introduzindo a função do “autofill” ou “autocomplete”, que basicamente nos poupa de escrever questões embaraçosas, para sugerir algumas pesquisas baseadas no que outras pessoas, algures nesses recantos encantados do planeta Terra, também pesquisaram.
Os resultados da famosa inclusão no motor de busca são usualmente inspiradores, mas pontualmente palermas. Mas de um modo geral, inspiradores, só.
Com isto em mente, resolvi partir numa jornada recompensadora de pesquisas sugeridas pelo Google relacionadas com cinema e posso garantir-vos que ressurgi como uma pessoa nova.