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Mise en Scène - Macbeth & afins

por Catarina d´Oliveira, em 04.06.15

Trazer o génio de Shakespeare para o cinema nunca foi ou é fácil, mas a tarefa torna-se ainda mais complicada se falarmos da peça amaldiçoada - aquela cujo nome é "proibido" dentro de uma sala de teatro sendo a consequência de tal ato uma sequência de tragédias inimagináveis.

 

Mas o jovem Justin Kurznel é tipo para arriscar, e arriscar com estilo - Shakespeare, Fassbender e Cotillard não é para qualquer maluco. E a melhor notícia de tudo isto, é que este "Macbeth", além de já ser prezado pelas formas como se distancia de outras adaptações, teve uma excelente receção em Cannes.

 

Macbeth-Michael-Fassbender-Marion-Cotillard-570x29

 

No enredo, Macbeth, um duque da Escócia, ouve uma profecia de um trio de bruxas que lhe diz que um dia ele se tornará o Rei da Escócia. Consumido pela ambição e levado a agir pela manipuladora esposa, Macbeth assassina o rei e fica com o trono para si.

 

O filme de Justin Kurzel chega ao Reino Unido a 2 de outubro de 2015.

 

 

*** *** ***

 

Quando "Mistress America" estreou no festival de Sundance deste ano, já a Fox Searchlight tinha visto o seu potencial à distância e adquirido os direitos de distribuição. Não é de estranhar, já que depois do tremendo sucesso crítico de "Frances Ha", Noah Baumbach e Greta Gerwig voltaram a juntar-se para uma colaboração (além de o primeiro realizar e ela protagonizar, sºao também ambos argumentistas).

 

MistressAmerica-Sam-Levy-courtesy-of-Fox-Searchlig

 

Tracy é uma caloira da universidade algo introvertida perdida pelas ruas de Nova Iorque que se vê, simultaneamente, sem a excitante experiência universitária ou o estilo de vida glamouroso que tinha envisionado. Mas quando é chocalhada pela rabanada de vento que é a sua futura cunhada Brooke - uma nova iorquina de gema e aventureira por natureza - é salva das suas desilusões e seduzida pelas loucuras de Brooke.

 

Infelizmente ainda sem data de estreia marcada para Portugal, o filme de Baumbach chega aos EUA a 14 de agosto.

 

 

 

*** *** ***

 

Depois de alguns anos a deixar que a Disney lhe voltasse a tomar a dianteira, a Pixar parece finalmente decidida a reclamar de volta o seu trono de rainha da animação do séc. XXI. Em 2015 não só deixa o terreno das sequelas como nos traz... dois pesos pesados. "Inside Out" estreia já este mês, e o segundo ataque chega lá mais para o final do ano, quando "The Good Dinosaur" tem chegada apontada.

 

The_Good_Dinosaur_one-sheet.jpg

 

Como seria se o asteróide que mudou para sempre a vida na Terra, falhasse completamente o planeta e os dinossauros nunca tivessem sido extintos? A Pixar Animation Studios leva-nos numa aventura épica pelo mundo dos dinossauros onde um Apatossauro chamado Arlo faz um amigo humano improvável. Enquanto viajam através de uma paisagem misteriosa, Arlo aprende o poder de enfrentar os seus medos e descobre do que é realmente capaz.

 

Por cá, The Good Dinosaur deve estrear em novembro de 2015.

 

 

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Point-of-View Shot - Frank (2014)

por Catarina d´Oliveira, em 28.10.14

FRANK.jpg

"Stale beer. Fat fucked, smoked out. Cowpoked. Sequined mountain ladies. I love your wall. Put your arms around me. Fiddly digits, itchy britches. I love you all."

 

Pode não saber muito sobre “Frank”, mas provavelmente já ouviu dizer que é protagonizado por Michael Fassbender, envergando uma enorme cabeça postiça… portanto mais vale começarmos por aí.

 

Apesar de ser o ator irlandês o grande responsável pelo arrastamento de público que o filme aproveitará, a comédia dramática de Lenny Abrahamson não é tanto sobre esta sua fantástica performance (num laivo de inspiração de casting ao nível do de Scarlett Johansson em “Her"), mas sobre os ideais criativos que o seu personagem representa.

frank_1.jpg

Ainda que tenha sido coescrito por Jon Ronson (ex-membro dos Oh Blimey Big Band) e de ser inspirado na criação de Chris Sievey (uma personagem com uma enorme cabeça de papel chamada Frank Sidebottom), “Frank” é uma ficção por conta própria que nos leva numa viagem à boleia dos Soronprfbs, uma banda excêntrica encabeçada pelo enigmático personagem titular, à qual se junta Jon, um entusiástico mas inocente teclista cujo desejo de fama e reconhecimento excede largamente as suas capacidades artísticas.

 

Além de capturar na perfeição os momentos de tédio, ansiedade e explosão criativa inerentes à participação numa banda, o filme de Abrahamson é absolutamente desconcertante no tom, assumindo uma abordagem surpreendentemente negra e taciturna no storytelling. Começando como uma extravagante e não raras vezes divertida excursão pelo processo criativo, o filme evolui para uma exploração das torturadas psiques dos seus protagonistas. O facto de mergulhar as suas resoluções convencionais e estrutura familiar na estranheza e peculiaridade dos seus personagens podia ser um motivo crítico, mas a verdade é que “Frank” está no seu melhor quando utiliza as potencialidades deste sistema para parodias as dificuldades da criação musical.

 

Pelo caminho, percorremos ainda críticas e comentários ao pano de fundo da indústria musical, proliferação e crescente importância da presença nos media sociais e a dinâmica de grupo.

frank_2.jpg

Adicionalmente, e não obstante o último ato ameaçar prejudicar a mística envolvente (assumindo, inclusive uma posição algo cliché que chegou a parodiar nos primeiros dois atos) e o facto de um nevoeiro permanente pairar sobre as suas intenções – é difícil saber se é mais uma sátira crítica à indústria musical ou a celebração de um génio – “Frank” é uma deliciosa dissonância, provocadora e sensível que explora a verdadeira importância do sucesso comercial em oposição à conceção de algo verdadeiramente único.

 

Umas vezes compensa, outras não - é esta a verdadeira beleza e dor tortuosa da criação artística.

 

8.0/10

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Point-of-View Shot - X-Men: Days of Future Past (2014)

por Catarina d´Oliveira, em 25.05.14

 

"Just because someone stumbles doesn’t mean they lost their way"

 

O sétimo filme da saga de mutantes criada originalmente por Stan Lee e Jack Kirby chega às salas portuguesas com a missão de galvanizar e reorganizar a cronologia de acontecimentos dos títulos precedentes.

 

Dada a soberania atual na bilheteira, é fácil esquecer que o género dos “Super-Heróis” foi um dia uma verdadeira maçã envenenada. Estávamos nas décadas de 80 e 90, e tudo o que pairasse no âmbito do sobre-humano com toques de Deus estava destinado à escória de uma carreira medíocre.

 

 

O jogo mudou, como que espelhando a viragem do milénio, no ano 2000, com o lançamento de “X-Men” de Bryan Singer (e posteriormente de “X2”, em 2003), que não só veio insuflar o peito e desobstruir as artérias da espetacularidade de um género esquecido, como, sobretudo, passou a utilizá-lo para explorar analogamente temas de importância social, cultural e política. A estética e abordagem de Singer pavimentou o caminho que hoje conhecemos habitado por Homens-Aranha, Vingadores e Cavaleiros das Trevas reinventados, sem no entanto se deixar despersonalizar pelo caminho.

 

Como no trilho da banda desenhada, e como na estreia que reinventou o género para o Cinema, X-Men continua em “Days of Future Past” a demonstrar porque é, provavelmente, o mais reconhecível e vultoso grupo de super-heróis alguma vez criado.

 

 

Inspirando-se parcialmente no lendário arco da banda desenhada homónima de 1981, Singer e o argumentista Simon Kinberg reúnem as personagens da trilogia original e as suas versões mais jovens da prequela de 2011 “X-Men: First Class”, levando o icónico Wolverine ao passado para remediar alguns erros que tiveram repercussões nefastas no futuro.

 

Como sempre esteve patente na saga, há um nível de contenção que é especialmente respeitado quando Singer está ao comando, e que edifica a possibilidade de um mero orgasmo de explosões e efeitos visuais se transformar numa história forte e ambiciosa que representa uma entusiasmante parábola sobre o medo, a esperança, o poder destrutivo do vício, a discriminação e o abuso do poder, evocando atrocidades do passado da Humanidade.

 

 

O espírito negro e socialmente consciente de “Days of Future Past” proporciona uma abordagem que traça vincados paralelos com as contendas civis, étnicas e sociais do mundo real, o que torna este um filme de super-heróis atipicamente relevante para a audiência. Ocasionalmente, todavia, sente o peso de conciliar tantas personagens, acontecimentos e linhas do tempo, acrescendo-se ainda a continua dificuldade do universo em criar um antagonista humano (ou mesmo um retrato da raça, em termos gerais) credivelmente complexo.

 

No elenco – que é inequivocamente o maior e melhor alguma vez reunido num blockbuster – James McAvoy é particularmente tocante como o assombrado Charles Xavier. O caminho negro e monstruoso de Magneto é peculiarmente prazeroso de acompanhar, cortesia de Michael Fassbender, enquanto o conflito interior de Jennifer Lawrence e a sua Mystique ditam, literalmente o futuro. Ainda numa nota positiva – uma vez que grande parte do elenco retornado pouco espaço tem para brilhar – vale a pena referir a excecional (ainda que infelizmente curta) participação de Evan Peters como Quicksilver, que protagoniza uma das passagens mais bem conseguidas e divertidas num assalto surpresa ao Pentágono.

 

 

Parte da vida que se sente infundida na saga deve-se, em grande parte, ao compromisso do elenco em tratar o material de forma tão séria e dedicada. São sentimentos como o medo, a dúvida e a dor que guiam as suas motivações, e é isso que torna a dimensão emocional do material tão real e crua.

 

A saga X-Men tem sido qualitativamente inconstante, mas “Days of Future Past” consegue não só limpar muita da desarrumação e sujidade deixada por “X-Men: The Last Stand”, como estabelecer-se como uma das mais entusiasmantes entradas no género dos últimos anos. A estandardização e habituação tem-nos ensinado a esperar bons efeitos especiais, piadas irónicas, protagonistas carismáticos e enredos delgados relativamente resistentes ao escrutínio... contudo, e a cada punhado de anos, surge um filme que nos relembra o quão complexo e recompensador o género pode ser.

 

 

A certa altura dos desenvolvimentos, Xavier suplica ao seu Eu da juventude imatura: “precisamos que tenhas novamente esperança”. Foi isso que “First Class” começou por nos pedir, e é isso que “Days of Future Past” se esforça por nos assegurar.

 

E agora, mirando um novo futuro moldado pela expectativa em tantas novas e excitantes histórias ainda por contar, acreditamos.

 

 

8.5/10

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Point-of-View Shot - 12 Years a Slave (2013)

por Catarina d´Oliveira, em 08.01.14

 

"I will not fall into despair till freedom is opportune!"

A crueldade e o desespero eram os motores de um sistema regido pelo lucro, e nada havia a fazer para lhe escapar. É este o universo de “12 Years a Slave”, e é esta a constatação que enfurece, deixando-nos capazes de gritar até enrouquecer.
 
Na materialização visual das memórias de Solomon Northup, este era um homem negro e livre que em 1841 foi raptado e vendido como escravo. Numa questão de horas, Northup passou de um respeitável membro da sociedade – com mulher, dois filhos e uma carreira promissora – a um animal de trabalho.
 
À sua espera está um desfile de espancamentos, linchamentos, violações e brutalidades inexplicáveis, num buraco negro, algures em Nova Orleães, onde a humanidade há muito deixou de lutar para respirar.

 


O realizador, Steve McQueen, abandona o estilo mais austero e distanciado de “Hunger” e “Shame”, em detrimento de uma abordagem mais convencional, destinada a apelar a audiências mais alargadas e a ajudar a consolidá-lo como um dos definitivos filmes do ano – quiçá, da década.
 
Mas este trilho que desagua no tratamento mais tradicional de um material originalmente forte não lhe retira, por isso, a força ou significância. Pode dizer-se até que se recusa veementemente a negar-se ao encobrimento dos atos mais vis, ou ao acrescentamento supérfluo de um gesto de bondade e esperança onde só existe desespero e anseio pelo fim.
 
Apesar de um trabalho de montagem nem sempre fluído e algumas opções estruturais e artísticas discutíveis, McQueen nunca se engaja no show-off vazio ou cai na tentação de exagerar a sua técnica. Tudo o que nos é apresentado aterra com o impacto de um cataclismo natural, e a fúria silenciosa que se instala é esmagadora.

 


O centro das operações é alimentado pela performance notável de Chiwetel Ejiofor, que surge aqui no seu papel mais essencial até ao momento. Com dor e desespero em cada olhar, Ejiofor consegue construiu uma personagem complexa cujas lutas complexas nos assaltam. É uma abordagem digna e subtil mas cheia de nuances.
 
Na sua terceira colaboração consecutiva com McQueen, Michael Fassbender abdica do assento de protagonista, mas não é por isso que oferece um retrato menos marcante. O desvario com que encarna a crença da superioridade caucasiana só é superada pelos seus inesperados acessos de raiva. Epps é um monstro, e uma criação baseada na crueldade, mas é a partir do momento em que decidimos analisá-lo como uma personagem não tão linear assim que o trabalho de Fassbender se torna ainda mais fascinante.

 


Todavia, talvez a mais impressionante performance seja mesmo a de Lupita Nyong'o, uma estreante que nunca adivinharíamos como tal, mas cuja entrega total é o testamento de um talento inegável que não podemos (nem queremos!) perder de vista. A sua jornada é trágica, revoltante e absolutamente esmagadora ao ponto de nos quebrar, de joelhos, no chão ensanguentado.
 
O restante elenco é bastante sólido, com contribuições vitais de Benedict Cumberbatch, Sarah Paulson, Alfre Woodard, Paul Dano e Paul Giamatti. O único apontamento negativo reserva-se para Brad Pitt, que além de ser instrumental na produção do filme, ainda tomou um pequeno (mas crucial) papel de um tolerante trabalhador Canadiano. Além de um sotaque algo distrativo (que assentava bem em “Inglourious Basterds”), Brad acaba por sofrer por ser… Brad, parecendo inclusive um personagem de passagem, quem sabe, oriundo de um filme menor e incrivelmente mais convencional.

 


Apesar do final “feliz” – afinal, Northup viveu para contar a sua história – o filme de McQueen não é um crowd-pleaser ou um veículo hipócrita para levantar o ânimo. Nenhuma conclusão seria capaz de apagar o horror que a precedeu, num universo onde cada sentimento e cada transação foi retorcida pelo contacto tóxico com a escravidão.
 
No ano passado, a abordagem formal e política de Spielberg (“Lincoln”) distanciou os ecos de desespero de um povo injuriado além do que as palavras têm a cortesia de descrever, enquanto o “Django Libertado” por Quentin Tarantino foi o fio condutor de uma vendetta prometida que nunca chegou a principiar.

 


Restou, assim, a “12 Years a Slave” bater o punho na mesa.
 
É fácil desviar o olhar e esquecer, por obra da conveniência. O difícil é encarar de frente, sentir o odor fétido da putrefação da civilização e reconhecê-lo como parte de nós.
 
Sentados ali, na sala escura, somos invadidos pelos flashes da lembrança dolorosa da Alemanha Nazi, do genocídio do Ruanda, do conflito de Darfur, das carnificinas e dos massacres onde a humanidade se soterrou na loucura, mas sobretudo dos indivíduos – aqueles que pereceram numa “luta” desigual, desenfreada e injusta e aqueles que, movidos por uma crueldade que se julga razão, subverteram o sistema para uma manifestação perversa da brutalidade de que somos capazes.

 


No final, e ao longo dos dias, o silêncio macera-nos a alma. O que “12 Years a Slave” torna impiedosamente claro é que poderíamos ter sido ou continuaremos secretamente a ser qualquer uma dessas pessoas: as vítimas sacrificadas ou os seus desumanos ofensores.
 
E é não só mas sobretudo por colocar tão inquietante questão na mesa que McQueen cirou uma obra para a posteridade.

 

 

8.5/10


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Point-of-View Shot - The Counselor (2013)

por Catarina d´Oliveira, em 21.11.13

 

"The truth has no temperature"

 

De vez em quando aparece um filme que queremos tanto gostar que a perspetiva da desilusão perante oportunidades perdidas pode assemelhar-se a uma valente cacetada nos rins. E parecendo que não, aquilo ainda aleija.

 

Dizer que a expectativa era alta para "The Counselor" é um eufemismo mirrado. Com Ridley Scott a realizar uma história escrita especificamente para o grande ecrã por Cormac McCarthy (autor de “No Country for Old Men” e “The Road”) e interpretada por Michael Fassbender, Javier Bardem, Brad Pitt, Penélope Cruz, Cameron Diaz e um par de chitas, o que havia para correr mal?

 

Aparentemente, muitas coisas.

 

 

O intenso thriller revolve sobre um advogado criminalista que, ao ser atraído para o emocionante e perigoso mundo do tráfico de droga, percebe que a sua decisão momentânea o conduz a uma espiral descendente de acontecimentos imparáveis e de consequências fatais.

 

Há coisas boas em "The Counselor", mas "The Counselor" não é um filme brilhante. É antes uma “besta” estranha, uma mistura artística de considerações filosóficas e a brutalidade da violência. E não obstante o facto de ficar longe, como um todo, da soma de algumas partes incríveis, ainda se constitui como um visionamento estimulante, quase místico.

 

"The Counselor" surge vestido e revestido para matar. A fotografia e acompanhante direção artística queimadas pelo sol e sexualidade pungentes elevam-se com uma elegância cool que transpõe o título de Ridley Scott para um dos filmes com melhor aspeto do ano. A sensação que fica é que a temperatura sobe tanto que seríamos capazes de moldar ferro com ele.

 

 

O argumento confronta a audiência com retratos por vezes explícitos e sempre desconfortáveis da mais profunda escuridão da natureza humana. Entre o remoinho fatídico dos acontecimentos, parece procurar-se um quê de tragédia Shakespeariana, mas Ridley Scott parece demasiado enamorado com o seu argumentista e o elenco para entender como tudo se deveria juntar em harmonia. É difícil gerar interesse genuíno nas personagens – é claro que muitas delas são enigmáticas, mas quase todas falham em estabelecer algum tipo de relação com o espectador.

 

Assim, os acontecimentos flutuam alucinatoriamente entre uma profundidade poderosa e humor negro com ritmo, para ocasionalmente decair em trejeitos desajeitados. Depois há ainda a colisão da tentativa por parte dos atores de uma interpretação natural e um diálogo profundamente estilizado.

 

 

O niilismo, a ganância, o embate do bem e do mal e do caçador e da presa, a morte, as consequências das escolhas humanas tornam a abrangência temática de "The Counselor" tão gulosa como as questões filosóficas e morais que tenta levantar, recuperando mesmo muitas das questões exploradas em “No Country for Old Men”. Um dos seus problemas é que tenta ser mais ressonante do que consegue ser, perdido numa qualquer enfatuação que nutre por si mesmo - mas essa nem sequer é a mais grave das suas moléstias.

 

O verdadeiro infortúnio surge, curiosamente, no enredo, ou antes nos tecidos conectivos que (não) o unem. Na verdade, o que parece é que este se desenrola à boleia de uma série de conversas fascinantes e enigmáticas, mas que não têm uma história coerente que as suporte, tornando "The Counselor" um exercício cativante no papel (já agora, podem ler o argumento completo aqui – é preciso registo no fórum) mas perdido e infelizmente diluído no meio cinematográfico.

 

 

Os “porquês” e os “comos” – por exemplo, da escolha do Conselheiro em embarcar na fatídica negociata; afinal ele tem tudo o que um homem pode desejar - são totalmente excluídos de uma equação vaga adornada de linguagem pretensiosa. É desapontante que tamanho pedigree acabe obstinadamente fixado em tornar cada vez mais enigmática uma história povoada com personagens com cabelos excêntricos que quase não existe, enquanto encontra formas criativas para decepar cabeças humanas.

 

Se estivéssemos removidos do background da história, seríamos tentados a dizer que o livro era certamente melhor que o filme – mas neste caso, não existe livro.

 

 

No quadro geral observamos pinceladas vívidas e intrigantes do que “poderia ter sido” e que nos colocam em suspense, salivando pelo que virá a seguir.

 

É pena que, tirando-se a prova dos nove, o resultado esteja longe de dar certo.

 

 

6.0/10

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Freeze Frame Shot - "X-Men: Days of Future Past"

por Catarina d´Oliveira, em 25.10.13

E a diarreia promocional de "X-Men: Days of Future Past" continua, agora com 12 novos stills da sequela de "X-Men: First Class".

 

Com as participações de Hugh Jackman, Ian McKellen, Patrick Stewart, James McAvoy, Jennifer Lawrence, Michael Fassbender, Nicholas Hoult, Anna Paquin, Ellen Page, Shawn Ashmore, Peter Dinklage, Omar Sy, Halle Berry e Daniel Cudmore - até preciso de uns segundos para recompor a respiração - "X-Men: Days of Future Past" chega aos cinemas na primavera de 2014.

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