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Point-of-View Shot - Irrational Man (2015)

por Catarina d´Oliveira, em 21.09.15

irrational man

 

"Anxiety is the dizziness of freedom"

 

Para que não haja margem para dúvidas: Woody Allen é um dos cineastas mais prolíferos, peculiares e talentosos da história do Cinema. Todos os anos, quando o verão dá as últimas cartadas e a sala de cinema começa a ser um cenário mais aprazível do que a areia e o mar sem fim à vista, habituamo-nos a ter em sala um dos seus caracteristicamente palavrosos e intelectualmente estimulantes filmes.

 

E há um certo jogo duplo em todo este processo. Entre a condescendência e a admiração pelo engenho de um maestro, sabemos que o que lá vem é a marca de um génio, mas também mais uma variação de algo que já vimos, onde o fator surpresa se reduz a pouco mais do que o elenco renovado.

 

Aprendemos a esperar que dele não venham filmes maus – afinal, Woody Allen é um resoluto exemplo de que não se desaprende a andar de bicicleta e há sempre um conjunto sólido de elementos de redenção. No entanto, sabemos que algumas das suas incursões são boas, outras menos boas, mas há ainda uma assombrosa quantidade daquilo que corriqueiramente designamos de obras-de-arte.

 

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Patinando algures entre a primeira e segunda categoria, “Irrational Man” não é uma obra-de-arte.

 

Trocando um pastelão palavroso por poucas palavras, o mais recente filme do realizador nova-iorquino versa sobre Abe Lucas, um torturado e fatalista professor de filosofia que se envolve com uma aluna curiosa e fascinada pela sua carismática figura e uma outra professora de meia-idade descontente com as parcas ofertas da vida familiar tradicional. Um dia, um único ato existencial muda tudo – em Abe e em todas as relações que mantém.

 

Como uma série de outras obras da filmografia de Woody Allen, “Irrational Man” equilibra motivos sombrios na destreza de uma leviandade aparente. Repescando temas de “Crimes and MisdemeanorsCrimes e Escapadelas” e mesmo “Match Point”, Allen encontra ainda em Dostoyevsky uma inesgotável fonte de inspiração – aqui também em sentido literal, já que o filme é levemente inspirado em “Crime e Castigo” do autor russo.

 

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Sobre o choque entre a teoria e a prática e a vida e as suas dores, o argumento, repleto de niilismo e moralismo na zona cinzenta, retalha-se numa ironia afiada e um núcleo cerebral delicioso. O problema apresenta-se quando o conteúdo filosófico e intelectual não consegue relacionar-se com substância emocional suficiente que nos invista.

 

É possível que este seja um dos filmes mais focados e inteligentes de Woody Allen, mas é talvez também esta arrumação pouco neurótica que contribui para a sensação de estarmos a ver um simulacro em vez de uma história. No final de contas, tudo parece meio maquinado e teatral.

 

Nas interpretações, e não primando pela subtileza na performance, Joaquin Phoenix encaixa tão bem em Abe quanto oreos com um copo de leite. Por outro lado, Emma Stone tem uma segunda oportunidade bastante mais inspirada num filme de Woody Allen, contribuindo para a construção da jovem Jill com um charme inocente de alguém que procura resposta às questões mais profundas da vida. No panorama secundário vale a pena destacar a estrela da matiné, Parker Posey, cuja insatisfeita professora de ciências é incisiva, amarga, triste e hilariante ao mesmo tempo.

 

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Ainda no panorama técnico, vale a pena fazer uma melódica nota à banda sonora dominada por Bach e Ramsey Lewis Trio e ainda à fotografia leve e vibrante e Darius Khondji que entra em saudoso choque com o macabro do enredo, tornado o filme uma iguaria positivamente enganosa.

 

Como acontece com a generalidade do cinema de Woody Allen, não é para todos os gostos. Afinal, é tudo muito engraçado e honesto e relacionável com as nossas contendas emocionais e morais quotidianas, mas é evidente que este universo populado por intelectuais ligeiramente verborreicos que pensam que percebem a vida mas são péssimos a vivê-la não é a praia para todos.

 

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Ao contrário de “Annie Hall”, “Manhattan” ou os mais recentes “Blue Jasmine” e “Midnight in Paris”, “Irrational Man” parece ser uma daquelas obras medianas entre os mais de 50 filmes que preenchem o vasto currículo de um Homem que transpira Cinema.

 

Não é, de todo, irracional desejar que o próximo seja um deleite irrefutável.

 

 

7.0/10

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Mise en Scène - "Inherent Vice"

por Catarina d´Oliveira, em 30.09.14

Foi divulgado o primeiro trailer do muito aguardado "Inherent Vice" de Paul Thomas Anderson.

 

 

No enredo, o detetive particular Doc Sportello, é um acérrimo fã de marijuana que há anos não vê a ex-namorada. Um dia ela aparece com um plano para raptar o milionário por quem, por acaso, se apaixonou.. O problema é que esse desaparecimento faz parte de uma conspiração bem maior...

 

"Inherent Vice" tem estreia marcada nos Estados Unidos para 12 de dezembro, e conta no elenco com Joaquin Phoenix, Josh Brolin, Martin Short, Jena Malone, Reese Witherspoon, Owen Wilson e Benicio Del Toro.

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Point-of-View Shot - Her (2013)

por Catarina d´Oliveira, em 14.02.14

 

"We are only here briefly and in this moment I want to allow myself joy"

 

 

Trafaria, 14 de fevereiro de 2014

 

 

Querido Spike Jonze,

 

Como vão as coisas? Espero encontrar-te bem, como também espero que não leves a mal avançar já sem medos nem receios a tratar-te por tu, mas sempre achei que o “você”, apesar de bastante respeitável, era uma forma de tratamento que transmite distanciamento e alheamento, e aqui, especialmente aqui, no que te quero dizer, quero estar perto. O mais perto possível. Então, posso tratar-te por tu, não posso?

 

Escrevo esta carta – à semelhança do teu terno protagonista - para te falar sobre o teu mais recente filme, “Her”. Fiquei siderada, confesso, e não pude deixar de recordar as célebres palavras da epígrafe do “Howard’s End” de E.M. Forster que escreveu, sobre a noção dos relacionamentos e da empatia, “only connect!”. Essa ligação – humana, tecnológica e a interceção de ambas – que é a força que move o teu novo e poderoso filme.

 


O enredo é simples na explicação, mas incrivelmente complexo na execução e implicações - lá irei. Antes de mais, e até para me ajudar na exposição das ideias, clarifiquemos que esta é a história de Theodore, um homem que escreve cartas para outras pessoas como profissão e que luta contra a tristeza de um casamento destruído, tentando, para isso, distrair-se ao comprar um novo Sistema Operativo interativo capaz de criar uma consciência digital. Samantha – como se chama - não existe sob qualquer forma física além do discreto fone e do pequeno tablet que acompanha Theodore para todo o lado, mas não é isto que a impede de formar uma ligação e relação dinâmica com ele, que não demora a tornar-se… algo mais. Juntos crescem e descobrem as suas facetas mais recônditas, e o mesmo acontece com o seu relacionamento e todas as peculiares complexidades que o acompanham.

 
Bolas Spike, quem mais poderia almejar a uma peculiar fusão entre “2001: A Space Odyssey”, os cânones da comédia romântica e as inegáveis referências da sua própria filmografia precedente? Tenho mesmo de te dizer que este é um daqueles filmes tão ousados que tinha tudo para não funcionar - para ser ridículo, frio e completamente removido da realidade. Ao invés disso é honesto, duro e terno quando tem de ser, otimista e singularmente belo na forma como contraria a natureza leviana e repetitiva como o amor romântico e as relações em geral são retratadas em cinema, perdendo o ADN que nos liga a todos: a humanidade.

 


Este teu primeiro argumento não encapsula apenas um conceito geral inovador, mas cose-se ainda de uma intuição e inteligência sobre os padrões de comportamento humano, com detalhes profundos, deprimentes e por vezes sarcásticos da dinâmica das relações. É uma examinação do lugar para onde nos dirigimos enquanto espécie, que aplica essas descobertas à realidade de um indivíduo, e um raro e modesto tipo de obra-de-arte.

 
Bem sei que não exploras determinados temas de forma direta, mas ao mesmo tempo, colocas questões fraturantes impossíveis de ignorar: como é que nos ligamos a outras pessoas? Serão os media sociais, na sua essência, antissociais? Será que a Era da Revolução da Informação e Tecnologia tanto fez para nos unir como para nos dividir? É uma relação meramente física superior a uma meramente emocional? O que é o amor? Às tantas invadiu-me um sentimento de exasperação profunda - porque é que não há mais filmes como o teu, Spike?


A proposta da tecnologia como escapismo é clara – hoje é facilitada a fuga aos silêncios constrangedores e a interrupção de uma ideia para colocar uma fotografia no Instagram. Eu própria, que escrevo esta carta de coração aberto, já me interrompi duas ao três vezes ao longo desta carta para verificar a minha conta de Facebook. Patético, não é?

 

 

Mas não deixando estre atrofio e entorpecimento social de ser um dos focos do teu filme, vale a pena reforçar, no entanto, que se “Her” não se curva perante os proveitos da grandeza tecnológica, também não é propriamente um manifesto contra ela. Estas observações, ou antes sugestões para reflexão sobre a tecnologia são repetidamente ancoradas à tua crença– e consequentemente, do filme – de que a necessidade de nos mantermos ligados ao outro é inata e manter-se-á humana até ao fim. É essa compulsão de partilhar a vida com o outro que faz as roldanas do enredo moverem-se, e a tecnologia surge como o dispositivo que lhes permite apenas conferir longevidade e amplificação.

 
Assim, e acima de tudo, construíste um veículo emocional – para nosso espanto, uma história de amor completamente familiar mas que também parece absolutamente original – e uma fórmula de sucesso reinventada e levada ao nível seguinte.

 

Compreendeste, como o faz apenas quem já amou e foi amado, que uma das maiores potencialidades do Amor é a formação da melhor versão de nós mesmos, enquanto conseguimos otimizar o nosso potencial. Todavia, este é também um dos seus maiores perigos, porque ao mesmo tempo que desejamos o crescimento da nossa “metade”, desenvolve-se em nós o medo de ficarmos para trás no processo. A tua fita não só explora essa ambígua realidade das relações como não cede à facilidade de descartar o Theodore como um indivíduo desviante, vendo-o antes como um produto do ambiente em que está envolvido, e preocupando-se mais em explorar a universalidade desses mesmos problemas relacionais – as dúvidas, a necessidade de entrega, a obsessão, a dor. Esta é, assim, uma evocação extraordinária da verdade fundamental sobre o amor, que se baseia na partilha e no sacrifício, na certeza de que temos de ceder uma parte de nós, comprometer-nos, para descobrirmos o fundo do arco-íris de uma ligação significativa, que é difícil e nega todos os idealismos e facilitismos do destino romântico fantasiado na juventude.

 


Parte do que torna isto um verdadeiro feito é o facto de a tua (vossa) criação ser tão credível, tanto no desenvolvimento em etapas do relacionamento da Samantha e do Theodore, como na própria criação estética de um mundo que a todos nós é vagamente familiar.


A forma como o ambiente que circunda o enredo foi construído é, apenas de si, digno de um mar de cartas de amor. Este é um mundo admitidamente situado num futuro próximo, mas onde não existem motas voadoras ou ciborgues a policiar as ruas. É utópico e distópico mas não suficientemente discrepante da nossa própria realidade para que não possa surgir como uma pequena mas crível viagem de “regresso ao futuro”. As construções macias e geométricas enchem esta versão de Los Angeles que é colorida por tons pastel. A simplicidade constitui uma consequência básica da inovação enquanto o aspeto desbotado sugere uma sociedade insulada do contacto humano. Tudo resplandece perante a ambígua beleza e a bizarrice vaga de tudo isto.

 


Apesar de não ter aqui espaço ou tempo para prezar a reunião perfeita de centenas de pessoas que trabalharam para edificar o todo, gostava de dirigir ainda uma palavra aos teus dois pilares. O Joaquin Phoenix, cuja performance é demasiado subtil para Óscares e outros louvores, mas absolutamente assombroso e gracioso. Num contraste poderoso com o id materializado em “The Master” de Paul Thomas Anderson, ele forjou Theodore de nuances ternas, lúcidas e inteligentes.


Por outro lado, fazer saber que no processo de desenvolvimento e filmagens de “Her” Samantha sempre foi Samantha Morton, a tua primeira escolha para dar “corpo” ao Sistema Operativo. Mas depois de Morton estar presente todos os dias no set e de fazer a gravação integral do papel, sentiste que algo não batia certo, e com a bênção de Morton (deixando, em sua honra, o nome do Sistema), substituiste-a por Scarlett Johansson. Que palpite certeiro… A Scarlett criou uma das performances mais sensuais, intrigantes e completas do ano, formando um novo ícone do Cinema moderno sem para tudo isso precisar sequer de uma existência física. Os falatórios que chegaram a existir à volta de possíveis nomeações pela sua prestação secundária podem parecer rebuscados a muita gente, mas depois de vermos o filme a única implausibilidade é ela estar de fora em praticamente todas as listas pela razão pouco adaptada ao seu tempo de que “para ser considerada uma performance deve ser plena na representação vocal e física”. Pfff... patetas.

 


Quero terminar, Spike, dizendo-te que “Her” é muitas coisas, mas também não é outras tantas. Não é uma comédia barata sobre um falhado incapaz de estabelecer uma ligação humana, ou uma palestra cínica sobre o antissocialismo dos sistemas sociais artificiais, ou sequer um ensaio sobre o quebra-cabeças do desenvolvimento do domínio tecnológico sobre nós.

Sou eu, tu e todos nós, o aqui do agora mascarado de além do amanhã. É uma história de amor do séc. XXI, que é um retrato digno desta Era dominada pela mediação tecnológica, mas ao mesmo tempo a captura perfeita da sucessão de disposições boas e más desde que conhecemos o amor como ele é. Não criaste, como já ouvi dizer, uma cápsula para o futuro, porque o desejo de amar e ser amado é eterno.

Only connect!”, escreveu E.M. Forster.


Agora desculpa-me a despedida apressada, mas vou fechar o portátil, guardar o smartphone e vou abraçar alguém.

 

Obrigada.

 

Catarina

 

 

 

9.5/10

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Snorricam - "Her", com Phillip Seymour Hoffman

por Catarina d´Oliveira, em 28.01.14

 

"Her" foi um dos meus filmes favoritos de 2013, e por essa mesma razão, não achava que pudesse existir alguma coisa que o tornasse melhor. Mas aparentemente existe, e alguém se lembrou disso.

 

 

E ainda na primeira parte de jogo, Scarlett Johansson é substituída por... por... Phillip Seymour Hoffman!

 

 

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Master Shot - O admirável mundo das pesquisas Google

por Catarina d´Oliveira, em 05.11.13

Ah, o Google.

 

É a grande autoestrada da informação onde descobrimos os mistérios do universo, mas também o segredo da receita da maionese perfeita, ou as especificações de cada fase da mitose, ou ainda informações sobre os filmes e cineastas dos quais gostamos.

 

Com exceção às pobres almas que usam outro motor de busca – não os castiguem senhores, porque eles não sabem nada – é o nosso melhor amigo de todas as horas. É o ombro no qual choramos nas horas de solidão, o companheiro enciclopédico que nos responde a todas as dúvidas, e o justo parceiro que nunca nos julga.

 

 

Ora em 2010 o nosso melhor amigo passou a compreender-nos ainda melhor, introduzindo a função do “autofill” ou “autocomplete”, que basicamente nos poupa de escrever questões embaraçosas, para sugerir algumas pesquisas baseadas no que outras pessoas, algures nesses recantos encantados do planeta Terra, também pesquisaram.

 

Os resultados da famosa inclusão no motor de busca são usualmente inspiradores, mas pontualmente palermas. Mas de um modo geral, inspiradores, só.

 

Com isto em mente, resolvi partir numa jornada recompensadora de pesquisas sugeridas pelo Google relacionadas com cinema e posso garantir-vos que ressurgi como uma pessoa nova.

   

 

Sim, de olhos fechados. E já agora também consegue falar braille, mas isso era demasiado óbvio.

 

 

 

O homem tem um metabolismo elevado, deixem-no da mão.

 

     

É sim senhora. E ligeiramente maníaco também.

   

 

Porque ele é a origem e a razão do universo, e nos liga e rodeia a todos (e é mesmo verdade como podem constatar).

   

 

Depende do cachorrinho.

   

 

Provavelmente não melhorava muito, mas aposto que o Pauleta fazia uma participação especial com uma bola de queijo.

   

 

Também.

   

 

Eu também! E o tipo desperdiça imenso...

   

 

Porque ele se alimenta da estranheza para viver.

   

 

Pergunto-me todos os dias.

   

 

Tendo em conta que casou com a enteada de 19 anos... Yup. Genial, sim, mas pervertido.

   

 

Porque são bichas do demónio, toda a gente sabe.

 

   

Creio que são cinco, na verdade.

 

   

Provavelmente porque está. Quase sempre.

 

   

"A wizard is never late, Frodo Baggins. Nor is he early. He arrives precisely when he means to."

 

   

Ela já nasceu assim.

 

   

Que pergunta é esta? Claro.

   

 

Conflitos de agenda.

 

   

Como um leitor bem me corrigiu por mensagem ao blog, o Mel Gibson é, de facto australiano, (por alguma razão estava convicta que o senhor era americano, my bad), mas continuo a achar que é o resultado de pesquisa mais estranho de todos os quatro.

 

   

Evidentemente.

 

   

Nova forma de contacto: pesquisas google. O primeiro resultado a esta pesquisa foi "oh yes, pumpkin <3 thank you".

 

   

Resposta: É!

 

   

Pela sanidade do mundo, espero sinceramente que não.

   

 

Quem pensou, sequer, em perguntar isto precisa de um exorcismo.

 

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Mise en Scène - "Her"

por Catarina d´Oliveira, em 07.08.13

Depois de um interregno de quatro anos (de longas-metragens), Spike Jonze está de volta ao grande ecrã com “Her”, a história de um escritor que desenvolve uma curiosa atração por um inovador sistema tecnológico desenhado para suprir todas as necessidades e expectativas do seu utilizador.




O trailer só deixa boas indicações, prometendo não só mais uma performance de topo de Joaquin Phoenix, mas também uma jornada fascinante – ainda que ligeiramente perturbadora.

 

 

Protagonizado por Joaquin Phoenix e pela voz de Scarlett Johansson, “Her” conta ainda no elenco com Amy Adams, Rooney Mara, Olivia Wilde e Chris Pratt e deverá chegar aos cinemas americanos a 20 de novembro.

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Point-of-View Shot - The Master (2012)

por Catarina d´Oliveira, em 08.02.13

 

"I have unlocked and discovered a secret to living in these bodies that we hold"

Paul Thomas Anderson não só nos tem deixado bem habituados, como tem reunido o dom da incapacidade de expressar em palavras o que o seu trabalho tem vindo a significar para o panorama do Cinema contemporâneo Americano. Palavras como “corajoso” e “excecional” começam a parecer obsoletas. Eis que, no horizonte, surge The Master.

 

Ao cabo do termo da Segunda Guerra Mundial, o marinheiro Freddie Quell chega a casa indeciso e quebrado, inseguro quanto ao futuro, até ao dia em que se deixa seduzir pelo carismático Lancaster Dodd, líder da Causa, uma organização de base religiosa que começa a tornar-se popular nos Estados Unidos no início dos anos 1950.

 


 

Apesar de ser reconhecido como “o tal filme sobre a Cientologia”, a publicidade ao novo filme de Paul Thomas Anderson não é propriamente correta, ou sequer justa. Apesar de “A Causa” pedir uns quantos aspetos emprestados à organização criada por L. Ron Hubbard (além do paralelismo que pode ser estabelecido com qualquer outro “culto”), a verdade é que a dinâmica e natureza do seu funcionamento vão perdendo fulgor e importância à medida que Anderson se interessa mais em mergulhar na psique e mistérios de Freddie e do seu Mestre. São as ramificações decorrentes, cuja origem só podia advir de uma mente tão genial e críptica como a de Anderson (que escreveu o argumento e realizou o filme), que vão muito mais além.

 

The Master exige paciência e diligência do espectador, e em nenhum sentido é uma experiência leve, ou fácil. A sua abordagem às personagens tem muito a dizer sobre as fundações da cultura Americana, desde o individualismo à cooperação, ou da liderança à servitude. E Anderson não precisa de grandes discursos precisos, ou de personagens históricas, ou de apontamentos celebratórios supérfluos para o fazer. A humanidade misteriosa e complexa nos seus filmes acabou por, ela mesma, desenterrar a alma de uma nação.

Como “There Will Be Blood”, The Master estabelece um paralelo interessantíssimo com a disfunção Americana. Apesar de o posicionamento temporal ser preciso, a sua relevância é inegável, já que explora a dinâmica de uma nação que procura orientação até à iluminação.

 

No Festival Internacional de Toronto, Anderson discutiu a importância do período pós-Segunda Guerra Mundial no desenvolvimento de “O Mentor”, e como esse ambiente era o jardim perfeito para florescerem teorias como a da Causa – a América sentia-se rejuvenescida pelo espírito heroico, ao mesmo tempo que ainda perseguida pelos fantasmas do horror da Guerra. O questionamento sobre o sofrimento e as vidas passadas era constante, e é, como bem podemos lembrar, um tema que interessa aparentemente ao realizador, que já o abordara brevemente em “Magnolia”, se lembrarmos a asserção recorrente: “"Nós podemos cortar com o passado, mas o passado não corta connosco". É essa infinitude da vida das coisas da vida - discussões intermináveis e intemporais sobre o poder da dinâmica entre os homens e a sua necessidade de acreditar em Algo maior -, da alma e do tempo que está no cerne da convulsão interior que reside em The Master.

 

 

A própria profissão de Freddie como fotógrafo não é nem pode ser vista como arbitrária. A fotografia é o “congelar” de um momento fisicamente inacessível, um lugar onde o passado existe para ser observado mas nunca tocado, ou revivido, uma noção que acompanha particularmente bem com as noções de lembrança, sonho e acesso ao passado discutidas.

 

No limite, até a escolha de filmar em 65 mm (depois exibido em 70 mm) por Paul Thomas Anderson pode ser considerada em análise, se pensarmos no confronto entre o analógico e o digital. Enquanto o digital permite a gravação de momentos e rápido visionamento, formatação e reutilização, o mesmo não sucede com o analógico, ou neste caso, com os 70 mm, onde a impressão é permanente, não reutilizável e inapagável. Os traumas de Freddie são analógicos, indeléveis, ainda que o seu desejo de renovação seja constante.

 

 

Um segundo visionamento beneficia a experiência e equilibra em pratos mais bem calibrados a primeira metade, imensamente estimulante e entusiasmante, e a segunda, mais enigmática e complexa e consequentemente, mais distanciada - servindo o primeiro visionamento para o equivalente a observar e apreciar uma bela obra de arte e ser-se intrigado pela mesma, e o segundo para encorajar mais interpretação, reflexão, discussão e, quem sabe, um terceiro visionamento.

 

O que não precisa de ser visto mais de uma vez para gerar certezas é o calibre das interpretações dos principais peões em jogo.

 

Como Freddie, Joaquin Phoenix é assustadoramente poderoso, alternando entre os disparos raivosos e a tristeza abaladora com uma energia descontrolada que o torna apavorante, ainda que revigoradamente relacionável com uma parte recôndita e obscura do nosso ser.

 

A fabulosa interpretação de Phillip Seymour Hoffman é assemelhada em toda a natureza a um vulcão. A aparência plácida e ponderada é sempre passiva de ser substituída por uma explosão inesperada.

 

 

Em separado, são magníficos; mas juntos são uma força da natureza complementada, encaixando cada recanto com uma perfeição tão dinâmica e magnética como nenhum par conseguiu este ano. O confronto de ambos só encontra paralelo na eternal contenda entre o id e o superego: de um lado a besta indomável, de outro o treinador que aprecia a sua selvajaria, mas que anseia domá-la.

 

A personagem e performance de Amy Adams são comummente esquecidas, em detrimento de uma elaboração repetida sobre os feitos notáveis dos protagonistas masculinos, mas maior injustiça não poderia ser feita. A criação de uma mulher de natureza enganadoramente doce é notável, uma existência na sombra que é perturbadora em crescendo.

 

Tanto a fotografia de Mihai Malaimare Jr. (o primeiro trabalho de Anderson sem o seu diretor de fotografia habitual, Roger Elswit, que não pode participar por conflitos de agenda), como a banda sonora original de Jonny Greenwood estão entre as mais belas e distintas do ano.

 

 

Uma das dificuldades de The Master está, no entanto mas não só, ligada à ausência de um clímax claro e assumido, especialmente quando a última base de comparação é a sequência final convulsa e explosiva do seu último filme “There Will Be Blood”.

 

The Master desobedece ao processo de aproximação que se constata noutros títulos, potencialmente mais emocionais na experiência, menos crípticos na forma. De facto, o novo filme de Paul Thomas Anderson tem um quê de impenetrável, o que nem sempre jogará a seu favor. Apesar de uma reflexão única sobre o caráter e condição humana que apetece esgravatar, conhecer, sorver, é como pegar numa mão cheia de areia e ver os grãos escorrer entre os dedos, enquanto observamos imponentes o seu abandono do nosso controlo.

 

Paul Thomas Anderson não faz Cinema de significado claro, ou de configuração decifrável com a ajuda de uma qualquer enciclopédia interpretativa. Anderson faz Cinema quase interativo, onde o espectador é obrigado a dar algo de si, participar, espremer a laranja pelas próprias mãos. O grau de participação é, contudo, unicamente determinado por quem vê, e nesse sentido, "The Master" pode ser o que é à superficíe e nada mais, ou um infindável baú de interpretações que nunca serão certas ou erradas. Cada abordagem é tão válida como a outra.

Depois de dois visionamentos, o filme continua a ser um mistério para mim, mas mais um mistério que precisa de ser aceite, do que propriamente escarafunchado. É, afinal, muito sobre isso que reza “The Master”, sobre aquilo que não controlamos e/ou entendemos, mas que mesmo assim temos de aceitar em toda a sua complexidade.

 

Mas são mistérios subliminares como os seus que se demoram na nossa mente muito depois de abandonarmos a sala. Em retrospetiva, e tendo em conta a envergadura da carreira de Anderson, que encapsula clássicos modernos como “Boogie Nights”, “Magnolia” e “There Will Be Blood”, pode não ser um favorito óbvio e assumido os espectadores mais assíduos. Mas tal como o enredo e a própria filmografia de Anderson se preocupam em elaborar, só o tempo lhe poderá convir o lugar certo nas páginas da história.

 

É Cinema mercurial, para cativar e admirar, mais do que propriamente estabelecer uma ligação emocional com o espectador – tem uma abordagem austera, implacável, quase glaciar. Muito à imagem de Kubrick, por exemplo. É o sonho vivo e materializado do eterno estudante de Cinema, e uma adição meritória ao cânone formidável de Anderson sobre as falhas da natureza Humana.


8.5/10

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