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Point-of-View Shot - The Martian (2015)

por Catarina d´Oliveira, em 07.10.15

martianos.jpg

 

 

 

 

LOG ENTRY: 28 SETEMBRO, 2015

User ID: catarina_doliveira

Host Name: close-up-blog

Host address: http://close-up.com.pt/

Message Type: pré-descrição-antestreia.txt

Message Level: 1

 

 

Message Text:

Saímos de casa pelas 20h, com aquele atraso que já nos é característico. Sempre fomos conhecidos, com alguma graça, como “a família que come muito depressa”, pelo que chegar a horas à sessão de antestreia de “The Martian” não me parecia, sequer, um desafio.

 

Não o foi.

 

Entramos na sala e sentamo-nos na fila encostada à esquerda, mesmo perto das escadas - uma escolha infortuna para quem teve de levar com um grupo de estafermos juvenis demasiado entusiasmados com uma simples ida ao cinema. Há piadas repetidas atá à exaustão. Há conversa de café durante todos os trailers, mas ao volume que tentaríamos falar numa discoteca. Há, inclusive, uma das criaturas que se sente particularmente pasmada porque está a experienciar pela primeira vez a tecnologia 3D, e expressa-se perante tal alegria com muita desenvoltura. Provavelmente, haverá ainda um soco na boca de alguém se isto não acalma.

 

Esperam-nos duas horas potencialmente interessantes e, provavelmente, muito irritantes.

 

 

martian4.jpg

 

 

 

LOG ENTRY: 29 SETEMBRO, 2015

User ID: catarina_doliveira

Host Name: close-up-blog

Host address: http://close-up.com.pt/

Message Type: pós-descrição-antestreia.txt

Message Level: 2

 

 

Message Text:

 

Há boas e más notícias – a má é que aqueles intervalos continuam a ser estupidamente anti climáticos. A boa é que, de facto, durante o filme, a pitalhada tomou um calmante e manteve-se controlada.

 

Ah, mas afinal há também uma ótima: “The Martian” é tremendo a vários níveis. A crítica faço-a nos próximos dias, porque hoje ainda tenho trabalho, um curso para me inscrever, uma visita familiar para fazer e um jantar fictício para pôr ao lume.

 

 

martian3.jpg

 

 

 

LOG ENTRY: 30 SETEMBRO, 2015

User ID: catarina_doliveira

Host Name: close-up-blog

Host address: http://close-up.com.pt/

Message Type: sinopse-apresentação.txt

Message Level: 3

 

 

Message Text:

 

Durante uma missão tripulada a Marte, o Astronauta Mark Watney é dado como morto após uma tempestade e deixado para trás pela sua tripulação. Mas Watney sobreviveu e encontra-se preso e só num planeta hostil. Com escassos mantimentos, ele terá que contar com a sua criatividade, inteligência e espírito de sobrevivência para encontrar uma maneira de enviar para a Terra um sinal de que está vivo. A milhões de quilómetros de distância, a NASA e uma equipa de cientistas internacionais trabalham incansavelmente para salvar o astronauta. O mundo une-se por uma causa – trazer Watney de volta.

 

Baseado no romance de Andy Weir – que por si só embarcou numa jornada galáctica desde a publicação gratuita e integral online, para o download via Kindle, para um bestseller internacional que gritava por uma adaptação a pontos de se ouvir no espaço – “The Martian” é uma mistura ajuizada do técnico e do pessoal, das viagens exteriores e interiores, e do trabalho de equipa e a glória individual.

 

martian2.jpg

 

 

 

 

LOG ENTRY: 1 OUTUBRO, 2015

User ID: catarina_doliveira

Host Name: close-up-blog

Host address: http://close-up.com.pt/

Message Type: contextualização-temas-observações.txt

Message Level: 4

 

 

Message Text:

 

É a terceira aventura espacial consecutiva a cair-nos ao colo juntamente com as folhas amareladas pelo outono. Sem a ambição técnica de “Gravity” ou a aspiração transcendente de “Interstellar”, é um esforço mais terreno e alicerçado na nossa realidade, e talvez por isso mesmo, ligeiramente menos espetacular mas mais relacional - o épico de Ridley Scott não tropeça na zanga com o incontrolável ou na introspeção perante o fim. “The Martian” é, antes, um objeto de intervenção e uma celebração da ingenuidade humana que só é equiparada pela sua resoluta vontade de sobreviver.

 

À semelhança de “Apollo 13”, pode ser considerado como um crowd-pleaser sem que essa categorização seja pejorativa. Foi cuidadosamente desenhado para nos transportar para um local que temos dificuldade em imaginar, mas que ainda assim é próximo o suficiente para que nos consigamos relacionar com ele. É maior do que nós, mas não demasiado distante. Não é demasiado complexo, mas lida com temas intrincados com discernimento suficiente para reconhecer a inteligência devida da audiência, que deve, por si mesma, deduzir algumas das eventualidades. No final, reclamamos a recompensa.

 

No livro, Weir baseou-se na construção de cenários plausíveis de um ambiente hostil para a aplicação do engenho de Watney e o desenvolvimento das consequências dos seus atos e o filme deixa-se transportar por essa aderência escrupulosa à ciência. As técnicas de storytelling utilizadas são largamente bem-sucedidas, repescando alguns dos sucessos do seu parente literário – como as log entries levadas a cabo por Mark, com meia razão para quem as descobrir um dia, e meia razão para não enlouquecer – ainda que se torne rapidamente aborrecido colocar personagens a ler em voz alta as mensagens que escrevem.

 

Completamente livre de enredos secundários de artifício – estabelecendo o foco geral na perspetiva de salvamento de Mark, quer em Marte, quer no espaço, quer na Terra – Drew Goddard instituiu um argumento musculado e sem gorduras adicionais, o que funciona simultaneamente como uma das suas maiores virtudes e uma das suas mais problemáticas vertentes.

 

Já percebemos qual o ponto de vista positivo desta escolha criativa – o foco absoluto e total em Watney, sem distrações – mas o potencial negativo de tal predileção é igualmente óbvio. A partir de certa altura, torna-se óbvio que não estamos a observar um homem a lutar contra o impossível mas a desafiar as probabilidades – uma diferença subtil, mas crucial já que impede que “The Martian” instile totalmente o sentido de urgência emocional que pretende. Este é um problema que se reflete também nas personagens, particularmente em Watney, que raramente vemos cair na fragilidade humana, ou sofrer da isolação prolongada ou da frustração da tentativa-erro.

 

Mas este afastamento do sentimentalismo é uma das marcas de Ridley Scott, e se é para o fazer, mais vale embarcar com um mestre. Porque da mesma forma que não o usa para nos manipular emocionalmente, também não cede à necessidade de o trazer à tona quando é conveniente à história – algo que os primos “Gravidade” e “Interstellar” fizeram sem grandes cerimónias. Não há reflexões teológicas, ou pressões psicológicas com familiares amados à distância (não ao ponto de dominar o enredo), ou afirmações espirituais. Em vez disso, estamos perante um tributo ao poder da ciência e do espírito humano.

 

martian6.jpg

 

 

 

 

LOG ENTRY: 2 OUTUBRO, 2015

User ID: catarina_doliveira

Host Name: close-up-blog

Host address: http://close-up.com.pt/

Message Type: elenco.txt

Message Level: 5

 

 

Como o “homem que dirige o espetáculo”, Matt Damon dá-nos a sua melhor e mais modulada performance dos últimos anos – cuidadoso para não tornar Watney num cérebro arrogante e inatingível e prudente na representação da fragilidade emocional da sua situação.

 

O superelenco secundário assume equivalência futebolística com um Barcelona ou um Real Madrid - Jessica Chastain, Chiwetel Ejiofor, Jeff Daniels, Sean Bean, Michael Peña, Donald Glover e Kristen Wiig – sendo incapaz de oferecer uma única performance preguiçosa. Todos são largamente unidimensionais e pouco desenvolvidos, mas em casos raros em que tudo o resto é tão bem-feito e focado, torna-se uma virtude. Não se perde tempo em flashbacks, histórias de vida ou temas arrastados. A contenção também é uma arte – onde um dos melhores exemplos aflora quando uma das cenas mais poderosas é um momento silencioso de devastação quando Watney descobre as suas batatas destruídas.

 

martian5.jpg

 

 

 

LOG ENTRY: 3 OUTUBRO, 2015

User ID: catarina_doliveira

Host Name: close-up-blog

Host address: http://close-up.com.pt/

Message Type: considerações-finais.txt

Message Level: 5

 

Message Text:

No meio da ode à desenvoltura humana e do exercício extremo à capacidade de resolver problemas, no final de contas, tudo depende da intensidade com que torcemos por Watney e, sobretudo, da medida em que acreditamos nele e no significado da sua história.

 

Por mais parolo e utópico que possa soar, “The Martian” traz perspetiva: de considerar as possibilidades infinitas do espaço, e os alcances desconhecidos do desbravamento científico, e a necessidade de perseverança perante um cenário de aparente total negatividade e a força motriz de uma causa que nos mova coletivamente numa mesma direção. Por uma vez não ficamos à espera de sequelas, ou videojogos, ou merchandising barato, mas de oportunidades de evoluir, e prosperar, e ir mais além

[……………………CRITICAL ERROR…………………..]

 

martian.jpg

 

 

 

[NEW ENTRY - TRAVEL LOG]

 

CCU - Daqui fala o Controlo de Críticas do Close-Up, Houston.

 

Houston – Comunique.

 

CCU - Estamos neste momento e finalmente a levar a cabo o arranque do Planeta Vermelho e confirmamos que o novo filme de Ridley Scott é, de facto, entretenimento pipoca ainda que do mais alto calibre, como tínhamos antecipado no relatório preliminar.

 

Houston – OK. Preparamo-nos para o lançar na rota mainstream, órbita blockbuster do Planeta Terra.

 

CCU – Afirmativo. No entanto, reforçamos que representa também um farol de oportunidade. De propiciar soluções, de instigar discussões, de inspirar gerações. A escolha passa por debater as suas faltas e diminuir os seus feitos ou… abraçar o seu apelo universal e utilizar a sua ficção para inspirar a potencialidade da realidade de uma raça que deve manter-se humilde e unida mas orgulhosa na sua ambição. Pode parecer inocente, mas vamos apostar segunda opção.

 

Houston – Recebido e confirmado. Posicioná-lo-emos no quadrante de potencial inspirador.

 

CCU – Afirmativo. Houston, we (might) have a miracle.

 

 

[END OF TAPE]

 

 

8.5/10

 

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Point-of-View Shot - A Most Violent Year (2014)

por Catarina d´Oliveira, em 11.02.15

VIOLENT.jpg

"When it feels scary to jump, that is exactly when you jump, otherwise you end up staying in the same place your whole life, and that I can't do"

 

No mais recente filme de J.C. Chandor, exploramos o lado sombrio do sonho americano.

 

Estamos em Nova Iorque, no ano de 1981, aquele que ficou conhecido como um dos mais violentos na história da cidade. Abel é um imigrante cuja incessante busca pelo sonho americano aliada a um carisma e paixão profissional exímios o levaram a tornar-se o dono de uma empresa petrolífera independente em crescimento. A próxima jogada no tabuleiro tem em vista um potencial xeque-mate: a aquisição de uma propriedade em localização estratégica que lhe dará inúmeras vantagens perante os concorrentes. No entanto, a própria negritude que acompanha a fotografia do filme de Chandor faz adivinhar que nem tudo será fácil. Além de ver os seus camiões cada vez mais violentados por assaltantes que vendem o seu produto à concorrência, Abel encontra-se envolvido numa investigação à indústria no geral e à sua empresa em particular por suspeitas de fraude e desvio de dinheiro.

 

mostviolent3.jpg

 

Depois da estreia provocadora que abocanhou o berço da crise económica com MARGIN CALL e do testamento à sobrevivência de ALL IS LOST, Chandor continua o brilhante mas silencioso trilho pelo cinema “downstream”, desta vez mais pessoal e emocional, mas gloriosamente contracorrente. Filmes como A MOST VIOLENT YEAR, lúgubres, sombrios, já não se fazem. Mas também como as suas obras precedentes, é difícil de vender. É original, provocador, mas não exatamente o sonho de um diretor de marketing.

 

Ecoando a influência óbvia da mais fina coleção de Cinema americano baseado em intrigas mafiosas, A MOST VIOLENT YEAR não deixa de ser, no entanto, um filme nuclearmente diferente de, digamos, THE GODFATHER. É que apesar de parecer um filme de gangsters, na verdade, não o é. No entanto, o ponto que Chandor pretende cobrir é que o universo de Abel não tem como fugir à influência dos protagonistas destes outros filmes, os verdadeiros mafiosos. E não obstante o título, a sua violência é implícita, mais um fantasma soprado por uma metáfora de sobrevivência num mundo implacável.

 

mostviolent2.jpg

 

A obstinação de Abel em dirigir um negócio limpo e justo pode ser ocasionalmente exasperante, mas o que o torna um protagonista mais interessante é o facto de ser simultaneamente duro e impiedoso. A dignidade e intensidade que Oscar Isaac lhe trás enquanto empreendedor cada vez mais desesperado é notável, todavia, já se provou uma e outra vez que são as personagens com mais defeitos e falhas de moral que se revelam mais interessantes, e aqui o caso não muda de figura.

 

Alicerçada numa performance excecional de Jessica Chastain, Anna é a metade menos escrupulosa do par, apaixonada pelo marido que a conquistou pela bondade, mas disposta a fazer verdadeiramente o que é necessário, quando é necessário. A construção de Chastain é a de uma mulher inteligente e poderosa, mesmo que enquadrada numa era enterrada nas raízes dos papéis de género mais tradicionais. A ausência deste cuidado e surpreendente retrato na awards season é incompreensível, mesmo à luz do acordo castrador alinhado pela altura de INTERSTELLAR, que impediu a atriz de fazer campanha por qualquer outro filme.

 

mostviolent.jpg

 

Este conto de moralidade desenrola-se com uma confiança intoxicante, mantendo o espectador empenhado em manter o ritmo num inesperado nail-biter ambientado à indústria petrolífera. É um tesouro escondido numa campanha de promoção enfraquecida, mas um dos grandes thrillers de crime dos nossos tempos.

 

Resta apenas salientar que criação de Chandor não necessita de Óscares ou galardões, porque tem-se a si mesmo para se definir e sobreviver ao passar do tempo e de outras obras. Porque consigo carrega a insubstituível nostalgia de um tempo onde o mundo era um lugar pior, mas os filmes eram arte melhor.

 

 

8.5/10

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Point-of-View Shot - Interstellar (2014)

por Catarina d´Oliveira, em 13.11.14

INTERSTELLAR_DESTAQUE.jpg

"Do not go gentle into that good night;

Old age should burn and rave at close of day.

Rage, rage against the dying of the light"

 

 

A cada novo filme, a cada nova incursão, a cada novo puzzle, a questão que se coloca é: será que Christopher Nolan se superou?

 

A resposta, em todos os seus componentes, é subjetiva, mas há pelo menos espaço para uma verdade universal – "Interstellar", um épico de ficção-científica que presta igual reverência às duas metades de denominação do género, é o seu filme mais ambicioso e corajoso, tanto como as ideias e aventura que toma como o destino da terra.


O enredo, lido por quem ainda não assistiu, deve ser simplificado e conjurado sob a forma de uma espécie de feitiço místico que nada pode revelar além da marca da primeira hora de filme, momento em que deixamos para trás a Via Láctea e partimos à descoberta de uma nova galáxia para chamar de casa. A razão para tal exploração radical é que o nosso tempo no planeta Terra se aproxima assustadoramente do fim.

 

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Denso, intricado e com uma arquitetura confiante na sua estrutura complexa, "Interstellar" mina os jogos cerebrais de ideias que tocam algumas das questões mais primárias sobre a natureza humana, o seu futuro e a relação de todas as coisas com o maior herói e vilão de sempre: o tempo.


Não ousaremos discutir a fundo todo o imbróglio científico baseado nas teorias do físico Kip Thorne relativas a buracos negros, wormholes, deformações no tempo ou campos gravitacionais, mas é refrescante assistir à assunção de que a batalha entre a racionalidade e a emoção é uma realidade mesmo na nata da comunidade científica.


Inspirando-se não só na temática espacial, mas sobretudo da perceção do público de determinadas incursões cinematográficas específicas, foi o próprio Nolan quem destacou algumas das maiores influências do seu "Interstellar". Não que precisasse – "2001: A Space Odyssey", "Star Wars", "The Right Stuff" ou "Close Encounters of the Third Kind" encontram referências e reverências a cada esquina, mas Nolan nunca deixa de ser o capitão do seu próprio navio, ou neste caso, nave.

 

interstellar2.jpg
Mas ainda à semelhança de Kubrick – a quem manifestamente deve mais das suas influências estéticas e temáticas - Nolan revelou-se sempre um cineasta profundamente cerebral, frio, dando primazia aos desafios do intelecto e deixando a emoção a uma distância de segurança. Em "Interstellar" encontra, no entanto, o seu exercício mais humano. Apesar de alguns desequilíbrios e tiros ao lado, esta é verdadeiramente a sua primeira tentativa de equiparar o caleidoscópio intelectual ao bombar do coração pulsante.


Um dos principais responsáveis por essa mudança de abordagem é, evidentemente, Matthew McConaughey, que parece tornar-se cada vez melhor ao longo da sua já célebre "McConaissance". A fé inabalável aliada a um carisma magnético tornam Cooper numa metade mágica do coração do filme que oferece a McConaughey a possibilidade de uma interpretação mais subtil e talvez também por isso mais poderosa do que poderíamos esperar. A outra metade pertence a Jessica Chastain – muito provavelmente, a melhor atriz que esta geração conhece – e à sua Murph que é, simultaneamente a personagem mais interessante e intrigante da trama, a única com um arco de desenvolvimento complexo ao longo de toda a narrativa.

 

interstellar3.jpg
O atrito das suas incongruências emocionais e do risco de um terceiro ato rebuscado afastam-no do estatuto de obra de arte, mas, a seu tempo, tornar-se-á certamente um clássico da ficção-científica. Mas a missão maior é mais do que cinematográfica, é profundamente humana e esperançosa.


"Interstellar" é, evidentemente, um blockbuster de proporções colossais – em termos épicos, de alcance, de orçamento – mas não é isso que o torna singular. Numa era onde representações de super-heróis fictícios e invasões extraterrestres imaginadas custam mais a gerar do que o PIB de algumas pequenas nações, o filme de Chrispother Nolan faz diferente. O orçamento é igualmente estratosférico, mas as ideias, essas parecem dignas de um universo de outro dos seus filmes, onde os sonhos se assumem como uma realidade alternativa, palpável, capaz de influenciar o nosso dia-a-dia.

 

interstellar5.jpg
Como Cooper admite, parece que deixamos de olhar para cima e imaginar, e começamos a olhar para baixo. A beleza da fascinação perdeu-se entre o incómodo da preocupação. Isto também no Cinema. E é neste panorama de repetidos cenários apocalípticos, devastadores e descrentes que "Interstellar" se revela como uma grandiosa carta de amor à humanidade. Uma carta imperfeita, é verdade, mas não mais defeituosa do que Nós.


É numa perspetiva de confiança, de crença na possibilidade que Nolan explora aquilo de que o Homem pode ser capaz na busca de algo maior, melhor. Mesmo que esse futuro incerto dependa de seres tão conflituosos, tão cheios de falhas como nós.


Aqui há esperança. No futuro e no Cinema.

 

8.0/10

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Mise en Scène - "Interstellar"

por Catarina d´Oliveira, em 16.12.13

É uma das desvantagens de aproveitar o fim-de-semana para descansar as pestanas do trabalho em frente ao computador de uma semana inteira: deixar passar e arrefecer alguns trailers que, feitos ratos malandros, são lançados por essa altura.

 

Todavia e como o Close-Up nunca se quis fazer - nem sequer quer tentar - de o rei da última hora, está tudo certo e vou continuar a limitar-te a postar o que me interessa, como e quando puder. Posto isto, que a carruagem já vai arrastada, surgiu finalmente o primeiro trailer (ou deverei dizer teaser de um teaser trailer?) de "Interstellar", o próximo filme de Christopher Nolan.

 

Entretanto, aguardem só uns segundos que vou correr à volta do computador com gritinhos de excitação ... já está.

 

Baseado nos estudos de Kip Thorne, o enredo situa-se num futuro pouco distante, onde os governos e as economiasdo mundo entraram em colapso e a comida começa a faltar. Eventualmente, surge uma grave fissura no espaço e no tempo, e cabe ao que resta da antiga agência espacial NASA empreender uma missão de exploração para oferecer alguma réstia de esperança à humanidade.

 

O elenco de"Interstellar" conta com Matthew McConaughey, Jessica Chastain, Anne Hathaway, Michael Caine, entre outros, e deverá chegar a Portugal a 6 de novembro de 2014.

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Snorricam - TIME: Great Performances 2013

por Catarina d´Oliveira, em 08.02.13

A TIME falou com alguns dos responsáveis pelas grandes interpretações em Cinema deste ano, o que resultou numa coleção de vídeos única que pode ser vista integralmente aqui.

 

Entretanto, fica um pequeno apanhado das entrevistas a Anne Hathaway, Christoph Waltz, Hugh Jackman, Jessica Chastain, John Goodman,John Hawkes, Naomi Watts, Quvenzhané Wallis e Sally Field.

 

 

 

 

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