Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Com um dia de atraso e porque no próximo Domingo decorre a cerimónia dos Oscars e não queria que nenhuma estrela faltasse porque prefere dar um pulinho à cerimónia cá do burgo (entre Trafaria e L.A. acho que se trava uma luta profundamente injusta), realizou-se esta tarde a 3ª Edição dos Close-Up SOAP Awards. Se por alguma razão inexplicável não se lembrarem dos nomeados, podem revê-los aqui.
A Academia Portuguesa de Artes Mais ou Menos Cinematográficas já contou os votos de quase 150 membros votantes e os vencedores foram decididos, mas mesmo quem foi para casa de mãos a abanar teve a noção de que esteve num evento cujo único objectivo era honrar a indústria cinematográfica, que tantas alegrias nos dá todos os anos, mas também algumas tristezas e, ocasionalmente, dores nos rins ou até patologias mais graves... além de a celebrar, se calhar gozar respeitosamente um bocadinho com ela também.
Mas vamos a resultados, que até há momentos só o senhor que nos faz os envelopes com os vencedores é que sabia - é triste, mas o senhor dos envelopes sou eu, com um bigode farfalhudo de colar, portanto talvez seja melhor ser uma senhora dos envelopes.
Além de "Rush" ter sido o surpreendente vencedor na categoria de MELHOR FILME QUE NÃO FOI NOMEADO PARA O OSCAR DE MELHOR FILME, "La Vie d'Adèle" levou para casa o segundo galardão mais apetecido da cerimónia na categoria de MELHOR FILME QUE PROVAVELMENTE MUITA GENTE NÃO VIU. Infelizmente ninguém apareceu para reclamar o prémio e dizem os rumores que a Adèle ficou em casa a encher a barriga (e os cantos da boca) de massa e chocolates.
Mas porque já vamos com chacha e conversas a mais... vamos então relevar a lista completa de vencedores dos Close-Up Soap Awards 2014.
*** *** ***
MELHOR FILME QUE NÃO FOI NOMEADO PARA O OSCAR DE MELHOR FILME
“Rush”
MELHOR FILME QUE PROVAVELMENTE MUITA GENTE NÃO VIU
“La Vie d’Adèle”
MELHOR BLOCKBUSTER
“The Hunger Games: Catching Fire”
MELHOR BLOCKBUSTER DA LOJA DO CHINÊS
“After Earth”
PIOR FILME PARA VERES COM OS TEUS PAIS E AVÓS
“Nymphomaniac”
FILME QUE NÃO NOS ATREVEMOS A TOCAR NEM COM UM PAU DE TRÊS METROS
“Grown Ups 2”
A TENDÊNCIA DO ANO
McConascência
MELHOR PERSONAGEM SECUNDÁRIA QUE É INEQUIVOCAMENTE MAIS ‘FIXE’ QUE O PROTAGONISTA
Loki (em oposição a Thor), em “Thor: The Dark World”
MELHOR CAMEO
Channing Tatum, em “This is the End”
MELHOR PERFORMANCE ANIMAL
A girafa em “The Hangover III”
MELHOR PRESENÇA DA CASA BRANCA NUM FILME
“Lee Daniels’ The Butler”
MELHOR TÍTULO DE UM FILME QUE TAMBÉM SERVIRIA NA INDÚSTRIA PORNOGRÁFICA
“Inside Llewyn Davis”
MELHOR (MONSTRO, EPIDEMIA, CRIATURA) DESTRUIDOR DA CIVILIZAÇÃO
Os zombies atletas olímpicos, em “World War Z”
MELHOR ORGANIZADOR DA FESTA PARA NOS DESGRAÇAR A VIDA
“The Great Gatsby”
REI/RAINHA DA PISTA DE DANÇA
Jordan Belfort (Leonardo DiCaprio), em “The Wolf of Wall Street”
MELHOR UTILIZAÇÃO DA BANDA SONORA NÃO ORIGINAL
Empate: “Inside Llewyn Davis” & “The Wolf of Wall Street”
MELHOR GUARDA-ROUPA NUM FILME QUE NÃO SEJA PASSADO NO ANTIGAMENTE
“The Hunger Games: Catching Fire”
MELHOR ITEM DE VESTUÁRIO/ACESSÓRIO RESISTENTE A QUALQUER CONTENDA
Chapéu do Gandalf, em “The Hobbit: the Desolation of Smaug”
MELHOR MOMENTO A PUXAR P’RÁ LÁGRIMA TAMBÉM PATROCINADO PELO “ARREPIO NA ESPINHA”
Victory Tour – Paragem no Distrito de Rue, em “The Hunger Games: Catching Fire”
MAIOR MOMENTO WTF?
Cameron Diaz numa sessão de sexo voraz com um carro, em “The Counselor”
‘LOOK AT MA SHIT!’ AWARD
“The Wolf of Wall Street”
LINHA DE DIÁLOGO QUE ANIMA O ESPÍRITO
“Hermione just stole all our sh*t” (“This is the End”)
PRÉMIO ESPECIAL – HOMICÍDIO EM PRIMEIRO GRAU À ARTE DO PHOTOSHOP
Empate: Posters de “Grudge Match” & “Grown Ups 2”
PRÉMIO ESPECIAL – ANTIDEPRESSIVOS PARA QUE VOS QUERO
“12 Years a Slave”
PRÉMIO ESPECIAL – ‘NOSSA, QUE BIOLÊNCIA!’
O castigo de Patsey, em “12 Years a Slave”
PRÉMIO ESPECIAL – OMNIPRESENÇA
James Franco [9 créditos]
"If I had wings like Noah's dove
I'd fly up the river to the one I love
Fare thee well, oh honey, fare thee well"
À boleia dos irmãos Coen passamos uma semana na vida de um jovem cantor no mundo musical de Greenwich Village, em 1961.
Levemente baseado na história e memórias de Dave Van Ronk, esta insólita jóia cinematográfica encontra o protagonista, Llewyn Davis, à beira de uma encruzilhada. Quando um Inverno severo atinge Nova Iorque, Davis tenta ganhar a vida como músico e enfrenta obstáculos aparentemente intransponíveis, começando com aqueles que ele mesmo cria.
A anémica vida de Llewyn consome os seus dias, numa procura que rejeita o passado e a memória (mostrada pelo desinteresse nas suas gravações antigas), mas que também não se interessa particularmente pelo futuro (exibindo-se na relutância que apresenta na colaboração em materiais novos). O músico prossegue assim, perseguindo um sonho já muito desbotado pelo tempo e pelo cansaço.
Muito contribui, para este cru e melancólico retrato, a estrutura elíptica do argumento, que acompanha o desmaio de um percurso destinado a perder o último comboio para o estabelecimento do mito para um qualquer outro nome que provavelmente hoje temos dificuldade em dissociar do próprio conceito da arte musical.
Mesmo para um admirador incondicional do Cinema de Ethan e Joel Coen, é difícil negar a condescendência espertalhona com que tratam algumas as suas criações, o que acaba por tornar muitos dos seus filmes em fabulosos mas herméticos exercícios de ironia.
Todavia, em Llewyn Davis os irmãos encontraram umas das mais vívidas e complexas personagens, um homem irascível e negligente cuja única redenção se encontra quando fecha os olhos para acompanhar com a voz e a alma os velhos acordes da intemporal música folk.
O casting do protagonista, em particular, prometia uma tarefa árdua para os Coen, que procuravam a combinação homogénea de um ator de alma e um músico pleno. Quando Oscar Isaac apareceu, admitiram ambos, a procura terminou.
Numa das performances masculinas mais surpreendentes do ano, Isaac parece ter nascido para viver Llewyn, uma dicotomia ambulante, exasperado mas esperançoso, inegavelmente cretino e indiscutivelmente talentoso.
O restante elenco, bem secundário ao tour-de-force de Isaac, não foi por isso escolhido com menos cuidado, prestando-se o devido reconhecimento ao esforço (acídico) de Carey Mulligan, e às participações de John Goodman, Garrett Hedlund, Justin Timberlake e Adam Driver.
No desenrolar da sua atormentada expedição (que encontra paralelos estratégicos e subtis com a Odisseia de Ulisses, que os Coen já haviam esventrado no delicioso “O Brother, Where Art Thou?”, de 2000) e à medida que Llewyn Davis luta para reacender a chama da carreira, juntar dinheiro para viver, acalmar a sua vida pessoal e tratar de um gato que acidentalmente ficou a seu cuidado, percebemos que esta não é apenas um retrato de um momento muito específico da cultura americana ou uma poderosa meditação sobre a arte, a responsabilidade e a aceitação, mas sobretudo uma exploração da perda e da sua consequente mas não imediata aceitação.
A languidez e melancolia da sucessão episódica da aventura de Llewyn Davis parece encarcerada numa espécie de loop corrosivo para a alma, contudo, e no momento em que começam a rodar os créditos finais e ouvimos uma última rendição da magia folk, o futuro está nas mãos de quem vê, e subitamente, o fim pode apenas ser um novo início.
É um triunfo silencioso, aquele dos irmãos Coen, porque “Inside Llewyn Davis” apresenta uma história simples mas de desarmante humanidade que, à imagem de qualquer boa canção folk, nunca foi nova mas também nunca será velha.
8.5/10
A CBS Films lançou um teaser trailer red-band e poster para Cannes para um dos títulos mais aguardados do ano: "Inside Llewyn Davis", dos irmãos Coen.
O enredo é baseado na vida do músico nova-iorquino Dave Van Ronk, uma das figuras mais míticas do folk de Greenwich Valley durante a década de 60. O argumento do filme é baseado no livro de memórias "The Mayor of MacDougal Street" de Dave van Ronk e acompanha a sua luta para triunfar como músico de folk, em Nova Iorque.
"Inside Llewyn Davis" será exibido no festival de Cannes e tem estreia marcada nos Estados Unidos para 6 de dezembro - ainda não há data para a estreia portuguesa no calendário.
*** ***
Quem também ganhou um novo trailer - já há uns dias é verdade, perdoem-me o atraso - foi a aventura de ficção científica "Ender's Game", de Gavin Hood.
Segundo a sinopse oficial, uma raça extraterrestre hostil (Formics) atacou a Terra. Se não fosse pelos lendários atos heróicos do Comandante da Frota Internacional, Mazer Rackham, tudo estaria perdido. Os extraterrestres foram derrotados mas vão voltar, por isso o Coronel Graff e o Exército Internacional decidem começar a preparar os soldados para a próxima batalha, que será mais violenta e difícil que a primeira. Um dos planos do Exército Internacional passa por recrutar e treinar as melhores crianças do mundo, porque acreditam que estes jovens representam a nossa salvação e uma mais valia para as forças armadas. O Coronel Graff também acredita que é entre os mais jovens que poderá emergir um novo líder, que consiga ser tão carismático e astuto como Mazer Rackham. Esse futuro líder é Ender Wiggin, um rapaz tímido mas estrategicamente brilhante, que é retirado da escola para se juntar à elite do exército. Ao chegar à Escola de Batalha, Ender domina rápida e facilmente os jogos de guerras, ganhando assim o respeito dos seus colegas e a admiração dos seus superiores. Ender trona-se assim numa das maiores estrelas em ascensão do exército. O seu estatuto convence o icónico Mazer Rackham, que decide assumir a sua tutela e o seu treino para que Ender se possa sentir preparado para liderar os seus companheiros numa batalha épica que determinará o futuro da Terra.
Protagonizado por Harrison Ford, Abigail Breslin, Asa Butterfield e Hailee Steinfeld, o filme de Hood deverá chegar aos nossos cinemas no final do ano.
*** *** ***
Também nas novidades, temos um primeiro olhar sobre "Captain Phillips" da Columbia Pictures - o thriller de ação realizado por Paul Greengrass e protagonizado por Tom Hanks, Catherine Keener, Max Martini, Yul Vazquez, Michael Chernus, Chris Mulkey, Corey Johnson, David Warshofsky, John Magaro e Angus MacInnes.