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Point-of-View Shot - Irrational Man (2015)

por Catarina d´Oliveira, em 21.09.15

irrational man

 

"Anxiety is the dizziness of freedom"

 

Para que não haja margem para dúvidas: Woody Allen é um dos cineastas mais prolíferos, peculiares e talentosos da história do Cinema. Todos os anos, quando o verão dá as últimas cartadas e a sala de cinema começa a ser um cenário mais aprazível do que a areia e o mar sem fim à vista, habituamo-nos a ter em sala um dos seus caracteristicamente palavrosos e intelectualmente estimulantes filmes.

 

E há um certo jogo duplo em todo este processo. Entre a condescendência e a admiração pelo engenho de um maestro, sabemos que o que lá vem é a marca de um génio, mas também mais uma variação de algo que já vimos, onde o fator surpresa se reduz a pouco mais do que o elenco renovado.

 

Aprendemos a esperar que dele não venham filmes maus – afinal, Woody Allen é um resoluto exemplo de que não se desaprende a andar de bicicleta e há sempre um conjunto sólido de elementos de redenção. No entanto, sabemos que algumas das suas incursões são boas, outras menos boas, mas há ainda uma assombrosa quantidade daquilo que corriqueiramente designamos de obras-de-arte.

 

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Patinando algures entre a primeira e segunda categoria, “Irrational Man” não é uma obra-de-arte.

 

Trocando um pastelão palavroso por poucas palavras, o mais recente filme do realizador nova-iorquino versa sobre Abe Lucas, um torturado e fatalista professor de filosofia que se envolve com uma aluna curiosa e fascinada pela sua carismática figura e uma outra professora de meia-idade descontente com as parcas ofertas da vida familiar tradicional. Um dia, um único ato existencial muda tudo – em Abe e em todas as relações que mantém.

 

Como uma série de outras obras da filmografia de Woody Allen, “Irrational Man” equilibra motivos sombrios na destreza de uma leviandade aparente. Repescando temas de “Crimes and MisdemeanorsCrimes e Escapadelas” e mesmo “Match Point”, Allen encontra ainda em Dostoyevsky uma inesgotável fonte de inspiração – aqui também em sentido literal, já que o filme é levemente inspirado em “Crime e Castigo” do autor russo.

 

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Sobre o choque entre a teoria e a prática e a vida e as suas dores, o argumento, repleto de niilismo e moralismo na zona cinzenta, retalha-se numa ironia afiada e um núcleo cerebral delicioso. O problema apresenta-se quando o conteúdo filosófico e intelectual não consegue relacionar-se com substância emocional suficiente que nos invista.

 

É possível que este seja um dos filmes mais focados e inteligentes de Woody Allen, mas é talvez também esta arrumação pouco neurótica que contribui para a sensação de estarmos a ver um simulacro em vez de uma história. No final de contas, tudo parece meio maquinado e teatral.

 

Nas interpretações, e não primando pela subtileza na performance, Joaquin Phoenix encaixa tão bem em Abe quanto oreos com um copo de leite. Por outro lado, Emma Stone tem uma segunda oportunidade bastante mais inspirada num filme de Woody Allen, contribuindo para a construção da jovem Jill com um charme inocente de alguém que procura resposta às questões mais profundas da vida. No panorama secundário vale a pena destacar a estrela da matiné, Parker Posey, cuja insatisfeita professora de ciências é incisiva, amarga, triste e hilariante ao mesmo tempo.

 

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Ainda no panorama técnico, vale a pena fazer uma melódica nota à banda sonora dominada por Bach e Ramsey Lewis Trio e ainda à fotografia leve e vibrante e Darius Khondji que entra em saudoso choque com o macabro do enredo, tornado o filme uma iguaria positivamente enganosa.

 

Como acontece com a generalidade do cinema de Woody Allen, não é para todos os gostos. Afinal, é tudo muito engraçado e honesto e relacionável com as nossas contendas emocionais e morais quotidianas, mas é evidente que este universo populado por intelectuais ligeiramente verborreicos que pensam que percebem a vida mas são péssimos a vivê-la não é a praia para todos.

 

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Ao contrário de “Annie Hall”, “Manhattan” ou os mais recentes “Blue Jasmine” e “Midnight in Paris”, “Irrational Man” parece ser uma daquelas obras medianas entre os mais de 50 filmes que preenchem o vasto currículo de um Homem que transpira Cinema.

 

Não é, de todo, irracional desejar que o próximo seja um deleite irrefutável.

 

 

7.0/10

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Point-of-View Shot - Birdman (2014)

por Catarina d´Oliveira, em 20.01.15

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"Popularity is the slutty cousin of prestige"

 

Mergulhar de cabeça em BIRDMAN é muito semelhante a desdobrar um infindável origami, que continua a abrir-se, sem fim à vista, em direções e combinações absolutamente inesperadas.

A história é enganadoramente simples: Riggan Thomson, uma antiga estrela de ação celebrizada por interpretar um super-herói há 20 anos, tenta reanimar a sua carreira ao encenar e protagonizar uma peça na Broadway. Contudo, todos e quaisquer obstáculos parecem jogar-se no caminho da noite de estreia.

Os corredores labirínticos do St. James Theater apertam-se cada vez mais em redor de Riggan, que se sente crescentemente assombrado pela voz do seu alter-ego, Birdman. A vida e a arte baralham-se, a câmara perpetua o movimento neurótico, enquanto a banda sonora latejante é pontuada por frenéticos batuques, o tempo destrói-se e o espaço aperta numa dança esquizofrénica que parece espelhar o estado mental do protagonista.

 

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Todos os astros parecem alinhados para uma sarcástica comédia de backstage mas BIRDMAN é muito mais: é um estudo de personagem, um (meta) comentário à arte e entretenimento modernos, um ensaio sobre o ego da celebridade e os seguidores acéfalos, uma sessão de psicanálise, uma autópsia ao poder e ao prestígio, uma exploração sobre a profunda necessidade de criação artística, uma maravilha técnica que será examinada e esmiuçada durante anos, um espetáculo singular montado sob as bases de um dos melhores elencos do ano, e um conto surreal sobre um homem que procura desesperadamente a sua alma.

É imensamente divertido de um modo negro e mordaz, mas tal como os fumos e luzes do palco assombram toda a parada de Alejandro González Iñárritu, há aqui algo palpável, reconhecível mas quase inexplicável, maior do que a vida. Filmado como se de um impressionante, longo e corajoso plano-sequência se tratasse, BIRDMAN é uma autêntica explosão de ideias e visões que abraça a linguagem dos sonhos para expandir o conceito de storytelling.

 

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Numa era onde um noticiário televisivo tem tanto artifício como os efeitos visuais de ponta de filmes de ficção científica dos anos 70, hoje, é nas instâncias onde a construção se torna invisível que nos perguntamos "que diabo… como fizeram aquilo??". Depois de o ter conquistado na agonizante sequência inicial de 12 minutos de GRAVITY, o diretor de fotografia Emmanuel Lubezki volta a fazê-lo, agora por toda a duração de BIRDMAN, arrastando o nosso olhar para onde quer que o foquemos, como um talentoso mágico faz com os seus truques de cartas. Contudo, esta artimanha não existe apenas para pasmar – as próprias quezílias do enredo debatem-se sobre estes temas: o artifício, aquilo que julgamos ver e aquilo que vemos na verdade, o público e o privado, o zeitgeist do entretenimento que não distingue o fim de ficção e o início da vida real.

As personagens que encontramos no caminho, desde o melhor amigo/produtor/advogado ao egocêntrico coprotagonista, são dispositivos que se organizam em pontiagudas observações satíricas – as caracterizações são exageradas para criar símbolos, e não pessoas passíveis de encontrarmos na rua.

 

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Além de versar sobre um renascimento, BIRDMAN também proporciona um ao seu protagonista. Naquele que será o seu melhor desempenho na última década, Michael Keaton humaniza o desejo mordaz pela importância de Riggan, alternando entre o estado cómico e profundamente dramático ao longo de vários momentos na fita.

Também em destaque num veículo que pareceu feito para oferecer aos seus passageiros uma oportunidade de refrescar a carreira, Edward Norton e Emma Stone oferecem uma honestidade crua aos seus retratos de um ator egocêntrico com compromisso com a autenticidade máxima e de uma filha distante e perturbada, respetivamente.

Há uma loucura irresistível associada ao filme de Iñárritu, uma obra virtuosa, uma maravilha moderna que contradiz a aparente tendência moderna de colocar filmes em caixas de comédias, tragédias ou fantasias, que nos arrasta, atrelados a uma arte destemida que irradia uma emoção, energia, elegância e ego que são intoxicantes.

 

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É como se o protagonista de INSIDE LLEWYN DAVIS tivesse sido transportado para o séc. XXI, onde o Twitter e o Facebook ditam as manchetes do dia, e tivesse escolhido a carreira de ator, logo depois de se embriagar num cocktail fatal de BLACK SWAN e SUNSET BOULEVARD.

Os fóruns de discussão, as mesas de café e os sofás de amigos de longa data serão alimentados sobre o deslindar cego dos significados de BIRDMAN, alguns absolutamente indecifráveis, como a dinâmica dos poderes telecinéticos de Riggan ou o misterioso final.

Mas não é parte do objetivo, esta natureza resvaladiça do artifício? É como tentar à força fazer um raio-X à mala de PULP FICTION (1994), ou traduzir o sussurro de Bill Murray a Scarlett Johansson em LOST IN TRANSLATION, ou despir de enigmas toda a odisseia no espaço de Stanley Kubrick.

Afinal, não é por acaso que BIRDMAN carrega um pequeno subtítulo: a inesperada virtude da ignorância.

 

8.5/10

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Point-of-View Shot - Magic in the Moonlight (2014)

por Catarina d´Oliveira, em 07.09.14

 

"All my optimism was an illusion"

 

“Num cenário idílico internacional, um homem mais velho (e neurótico) apaixona-se por uma encantadora mulher mais jovem” – quase podíamos adivinhar que estávamos num filme de Woody Allen. E estamos mesmo.

 

Estamos no final dos anos 20, e o homem é Stanley Crawford, um famoso e celebrado mágico mais conhecido pela sua persona de palco, o chinês Wei Ling Soo. Resmungão, arrogante e com uma grande opinião de si mesmo, o mágico inglês tem uma enorme aversão aos falsos espíritas que afirmam ser capazes de fazer verdadeiras magias. Persuadido por um velho amigo, Stanley dirige-se à Côte d'Azur com o objetivo de rebaixar uma jovem e sedutora vidente, a americana Sophie Baker.

 

 

Desde o seu primeiro encontro com Sophie que Stanley a considera como uma nulidade que poderá desmascarar num instante como estando a aproveitar-se da ingenuidade da família. No entanto, para sua grande surpresa e desconforto, Sophie é capaz de numerosas proezas a ler a mente e apresenta outros poderes sobrenaturais que desafiam todas as explicações racionais, o que o deixa completamente estupefacto.

 

É um atestado à atenção ao detalhe e lealdade ao período pela parte de Woody Allen que “Magic in the Moonlight” pudesse perfeitamente ser um filme perdido dos anos 30, e à primeira vista, parece mesmo que entrámos numa cápsula do tempo.

 

Debaixo da capa de comédia romântica ambientada à Riviera francesa jaz uma sucinta mas incisiva examinação sobre a fé e a razão, a ilusão e a realidade, o otimismo e o pessimismo e dinâmica relacional que advém da convivência de todas estas constantes dicotómicas.

 

Como habitual, o argumento é um guia de bem-escrever diálogos inteligentes e graciosos que, não se sentido particularmente naturais ou passíveis de habitar lábios na vida real, se adequam à natureza dos seus personagens e ao seu (neurótico) habitat circundante.

 

 

Colin Firth tem a tarefa dar consistência física à neurose e sarcasmo usuais aos protagonistas de Allen conseguindo-o em medidas inconsistentes mas crescentes – depois de um início conturbado e excessivo, a performance estabiliza e equilibra-se ao longo do tempo. Emma Stone confere o charme habitual que parece ter sido suficiente para a tornar uma repetente (o realizador já prepara o seu próximo filme com ela), mas a verdadeira estrela do pedaço é Eileen Atkins, a cítrica tia de Stanley cujo tour de force se guarda para uma cena em particular que envolve a aplicação de psicologia invertida.

 

Todavia, “Magic in the Moonlight não deixa de parecer, em todos os âmbitos e aspetos, uma entrada menor no cânone da Woody Allen. O enredo arejado tenta fazer os desvios para terrenos familiares de forma imaginativa, mas há pouca substância que suporte a afirmação de que esta é uma comédia (ou uma farsa) particularmente sólida.

 

 

As consequências de uma carreira tão prolífera como a do realizador americano (que lança, grosso modo, um filme por ano) é a irregularidade, especialmente patente nas últimas décadas. Por cada “Midnight in Paris” ou “Blue Jasmine” temos um ou dois “Scoop” ou “Magic in the Moonlight” – charmosos e nunca intragáveis, mas evidentemente menores. No caso deste último, não é particularmente fresco ou esforçado, parecendo até, por vezes, redundante e preguiçoso.

 

É como que um requintado amuse-bouche, que tem todo o glamour do auspício duma sumptuosa refeição, mas que não tem o complemento de um prato principal.

 

Não é óbvio ou particularmente pomposo, mas como filme de Woody Allen que é, tem o seu inegável charme. E, para todos os efeitos, e mesmo nas instâncias menos brilhantes ou memoráveis, um filme de Woody Allen nunca é uma perda de tempo (ou respeito pelo intelecto).

 

 

6.5/10

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Snorricam - 40 castings antes do estrelato

por Catarina d´Oliveira, em 11.08.14

 

Ah, como é bom que existam indivíduos com tempo nas mãos, para compilar cerca de 40 castings de atores (antes de serem) famosos.

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Mise en Scène - "Magic in the Moonlight"

por Catarina d´Oliveira, em 22.05.14

A Sony Pictures Classics lançou finalmente o primeiro trailer do próximo filme de Woody Allen, "Magic in the Moonlight", que deverá chegar aos cinemas portugueses a 4 de setembro.

 

 

Com um elenco que inclui Colin Firth, Emma Stone, Eileen Atkins, Marcia Gay Harden, Hamish Linklater, Simon McBurney e Jacki Weaver, a comédia romântica segue um homem inglês que é chamado para desmascarar uma possível charlatã espiritual. Passado no sul de França nos anos 20, o filme tem como pano de fundo as maiores mansões da Côte d’Azur, clubes de jazz e os lugares mais glamourosos da Era do Jazz.

 

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