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Point-of-View Shot - Whiplash (2014)

por Catarina d´Oliveira, em 30.01.15

whiplash.jpg

 

"There are no two words in the English language more harmful than good job"

 

Diz a teoria que o diamante é um pedaço de carvão que se deu bem sobre pressão, e talvez não existe melhor analogia para introduzir a sensação de Sundance e o mais recente filme de Damien Chazelle.

 

Apresenta-se em palco Andrew Neiman, um jovem e talentoso baterista que procura a perfeição a qualquer custo, sob a direção do impiedoso professor Terence Fletcher, mesmo que isso signifique perder a sua humanidade.

 

- A batida começa, lenta mas segura.

 

WHIPLASH é adrenalina cinematográfica pura. Mais tenso do que um thriller de ação, o drama (ou tragédia?) musical de Chazelle tem vida a ser bombeada em todas as suas artérias.

 

whiplash4.jpg

 

O tema direto da relação estudante-mentor é fascinante o suficiente - para trás das costas ficam os discursos inspiradores de John Keating no “Clube dos Poetas Mortos” (1989), porque Fletcher foi nascido e criado no universo de “Nascido para Matar” (1987) - mas o realizador americano transfigura-o num comentário social sobre a sobrevivência num mundo impiedoso, sempre pronto a puxar o tapete por debaixo dos nossos pés. E na nossa era, a das medalhas de honra, diplomas de participação e palmadinhas nas costas, não viveremos todos os dias o perigo do “bom trabalho” que refere o castrador Fletcher? A abordagem pode e deve ser questionada – levantando o véu sobre o tratamento abusivo entre professores e alunos – mas o tema polémico da pressão e dedicação não é, no fundo, de discussão necessária para o verdadeiro sucesso? A posição do filme é deliciosamente ambivalente.

 

- O ritmo acelera e os rufos confundem-se aos ouvidos desabituados.

 

Mais focado no sangue, suor, lágrimas e esgotamento emocional necessários para vingar na indústria musical do jazz do que propriamente na alegria de tocar, WHIPLASH apresenta a arte aos artistas como uma constante provação. No entanto, e como fruto da sua própria criação, não se revela como arte superior, mas boa arte ainda assim: o argumento abeira-se perigosamente do previsível, e apesar da premissa corajosa que apresenta, nem sempre se compromete a ele a 100%.

 

A montagem e a fotografia são personagens por si só, edificando o compasso frenético da narrativa lado a lado com os atores e as eletrizantes deixas da bateria. Com uma precisão cirúrgica, a ansiedade é o metrónomo da equipa liderada por Chazelle numa obra construída à imagem de um iminente ataque de pânico.

 

whiplash2.jpg

 

- O som torna-se frenético, as gotas de suor caem e reza-se para que o corpo não vergue perante o que a mente quer.

 

No elenco, a tendência tem sido a de prezar primeiramente a performance titânica de J.K. Simmons com uma abrangência notável entre o “mentor porreiro” e o sociopata inflexível, que lhe deverá mesmo valer, entre outras distinções, o Óscar da Academia para Melhor Ator Secundário.

 

Mas o tour-de-force de Milles Teller, presente em todas as cenas, responsável por cada batida que ouvimos, não pode ser obliterado. É uma daquelas interpretações capazes de lançar uma carreira para o próximo nível, e apesar de já andar a agraciar a indústria com talento desde 2010, deverá ser com WHIPLASH que Teller se catapultará para o nível seguinte.

 

- O sangue escorre pelas baquetas, o fantasma da falha ergue-se sob um ritmo alucinante.

 

whiplash3.jpg

 

No final de contas, o filme de Damien Chazelle é uma assustadora exploração da génese criativa, um triunfante ensaio sobre o crescimento mas também, e sobretudo, uma indagação perversa, desconcertante e invertida sobre o trabalho do génio e a escadaria para o reconhecimento máximo. As suas conclusões são perturbadoras e fascinantes, colocando a questão de que, por vezes, os meios justificam os fins, elevando os bons a excecionais, e os comuns mortais a lendas.

 

Acabamos a escorrer ansiedade, a acertar o ritmo do coração e a digerir uma das combinações máximas da sétima (e da primeira) arte da última década.

 

- O término, o silêncio e as ovações.

 

O jazz não está morto. E o Cinema também não.

 

 

8.5/10

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