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Point-of-View Shot - Saving Mr. Banks (2013)

por Catarina d´Oliveira, em 29.01.14
"That's what we storytellers do: we restore order with imagination"

 

O que é que “The Shining”, “Forrest Gump”, “American Psycho”, “One Flew Over the Cuckoo's Nest” e “Mary Poppins” têm em comum? Todos são filmes aclamados pela crítica e abraçados pelo público… mas particularmente pouco apreciados – ou diretamente odiados - pelos romancistas que os criaram.

 

Reza a lenda que tanto imploraram as suas filhas que Walt Disney se viu obrigado a fazer-lhes uma promessa: custasse o que custasse, traria o livro favorito das petizas à realidade edificada da sala de Cinema. Mal sabia o criador do rato Mickey, nesse momento inocente e ternurento de preceitos paternos, que esse seria um compromisso que levaria mais de 30 anos a cumprir.

 

 

Saving Mr. Banks” é a crónica da perseguição dos direitos de adaptação que opôs Disney a P.L. Travers, a inflexível e bastante britânica (e australiana) autora de “Mary Poppins” que não tem qualquer intenção de deixar a sua adorada ama mágica ser atacada pela máquina de Hollywood. Pressionada por uma conta bancária em franco minguamento, Travers aceita encontrar-se com a equipa de Disney para tentar criar algo, mas a sua personalidade intempestiva e a familiaridade que têm com as suas personagens assegurarão que tudo é feito de acordo com o seu gosto requintado – e não há muita coisa que ela goste. Todavia, e depois de diversas investidas falhadas que envolveram storyboards, canções alegres, a cor vermelha e pinguins animados, Disney descobre a verdade sobre os fantasmas que assombram a escritora e, juntos, conseguem libertar para sempre o encantamento de uma das personagens mais amadas da história.

 

Trabalhando a partir de um argumento deKelly Marcel e Sue Smith, John Lee Hancock faz um animado malabarismo entre sátira Hollywoodesca, drama familiar e reforço da marca Disney que resulta num filme divertido e terno que apenas tropeça em duas dimensões cruciais.

 

 

A primeira prende-se com o facto de apresentar a Disney como uma máquina de transformações pelo bem maior – afinal, é um filme da Disney, sobre a Disney, onde o negócio apresentado beneficia da parceria com a Disney, e onde a principal epifania emocional se dá, quem poderia adivinhar, num carrossel… na Disneyland.

 

A segunda parte do problema parte da inconstância entre os dois universos e realidades temporais apresentados. Apesar da sua importância para convir a explicação necessária à psique e jornada interior de Travers, que por sua vez justificam a sua veemente relutância em partilhar a pureza dos seus personagens, os flashbacks da vida australiana no campo não têm a mesma dinâmica que o enredo passado nos anos 60 - a natureza novelesca e manipulativa do (melo)drama esbarra ocasionalmente com a leveza e comicidade do resto do filme.

 

 

Avançado como um poderoso candidato à awards season em geral e aos Óscares em particular, “Saving Mr. Banks” viu-se inesperadamente com apenas uma categoria aos galardões mais apetecidos – na categoria de Melhor Banda Sonora Original.

 

Uma das mais faladas e infames ausências nos prémios da Academia é certamente Emma Thompson, que retrata com as devidas doses de acidez, jenica e doçura a sarjenta combativa que deu pesadelos a Disney, ao argumentista Don DaGradi e aos geniais músicos e irmãos Sherman. O comportamento espinhoso de Travers e as intermináveis e citáveis one-liners que atira violentamente ao vento formam um delicioso contraste com a cor e superficialidade dos estúdios da Disney.

 

 

Menos notável mas nem por isso parco em nuances de nota, Tom Hanks é o responsável pelo primeiro retrato de Walt Disney em Cinema, oferecendo-lhe generosas doses de charme e companheirismo deixando compreensivelmente de parte muitos dos aspetos mais apetitosos mas obscuros e nocivos da personalidade do magnata americano.

 

Entre o elenco secundário, reservamos algumas palavras de apreço para Jason Schwartzman, B. J. Novak e Bradley Whitford que brilham não poucas vezes na outra ponta do espectro de ataques de Travers, e Paul Giamatti pelo pequeno mas memorável papel de chauffeur (e amigo) da escritora.

 

 

Se P. L. Travers ainda estivesse entre nós é praticamente certo que não guardaria palavras simpáticas para partilhar sobre a visão cor-de-rosa e Disneylizada da história. Mas ainda assim e com percalços à parte, “Saving Mr. Banks” é uma ode à dor inerente ao processo criativo e uma deleitosa – e por vezes mágica – celebração do poder da arte e da imaginação.

 

Não é supercalifragilisticexpialidoso… mas vale definitivamente a pena.

 

 

7.0/10

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6 comentários

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De Julie a 29.01.2014 às 22:11

Gosto muito de ler as tuas criticas! Parabéns!
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De Catarina d´Oliveira a 29.01.2014 às 22:45

Julie,

ora essa muito obrigada! São apenas os meus pontos-de-vista, e nada dogmático por isso mesmo... mas fico contente por gastares!

Uma vez mais obrigada pela força, espero-te por cá mais vezes!
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De Paula AL a 31.01.2014 às 21:46

Olá,
Tenho muita vontade de ver este filme, mas tenho dúvidas sobre levar as criança comigo. O filme está classificado para >12... Quase de certeza que a minha mais velha (10 anos) irá 'acompanhar', já a de 8 anos... Ao ler esta crítica, fico com a pulga atrás da orelha acerca do que serão os "fantasmas" e as "dores do passado" a que se referem... Alguma pista ou recomendação acerca disto? Obrigada!

(a principal razão porque ainda hesito é a de os filmes >6 serem perfeitamente aceites por miúdos mais novos, quer pelas temáticas quer pelas abordagens. a passagem aos >12 é que já é novo para mim...)
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De Catarina d´Oliveira a 31.01.2014 às 22:29

Olá Paula,

a sua questão é muito pertinente e espero conseguir responder de forma que a esclareça, com o minimo de spoilers possível.

Em termos de desenvolvimento da narrativa penso que não haverá problemas para ambas... é uma história relativamente simples, e a abordagem é de um modo geral divertida e leve.

Acontece que a história se divide em dois mundos - chamemos-lhe o da infância e da idade adulta da escritora, onde a infância explica muitas das atitudes da autora em adulta, particularmente no que respeita ao pai e à relação que ambos mantinham. Não creio que seja nada "pouco apropriado" a uma criança de 8 anos (não há violência física ou sexual), e a classificação de maiores de 12 deve-se por não ser propriamente uma história infantil per si, mas também e talvez sobretudo pelo retrato de alguns comportamentos improprios (leia-se aqui o abuso de uma substância inebriante) da parte do pai da escritora...

Tirando isso, é uma história perfeitamente normal e que pode inclusive ajudar a explicitar alguns valores e conceitos às suas pequenas :)

Espero ter ajudado Paula!
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De Paula AL a 01.02.2014 às 19:24

Ajudou muito. Fiquei mais descansada e já fomos ver!
Gostámos muito. Foi o primeiro filme legendado que vi com elas - a mais nova não conseguiu seguir sempre bem, como é normal.

Muito obrigada!
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De Catarina d´Oliveira a 01.02.2014 às 19:42

Ah ora essa! Ainda bem! E claro é normal, mas é bom começar já a treinar tanto o português (acompanhando as legendas) como o próprio desenvolvimento do inglês (que vão ouvindo e associando com o que está na legenda).

Ainda bem que gostou e que correu tudo bem :)

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