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"Just because it is, doesn't mean it should be."
Histórias de Amor. Existem por aí aos molhos; provavelmente, mais do que qualquer outra coisa, são temática muito presente no cinema. Muitas delas são felizes, outras lamentáveis; umas são horrendas, outras são arrebatadoramente belas.
O que se adivinha sempre excepcionalmente difícil num “conto de amor cinematográfico” é encontrar a mão certa para o guiar, dirigir. Poucos realizadores têm a sensibilidade para compreender a profundidade dramática e mesmo histórica de uma paixão; saber o que toca o coração do telespectador é uma qualidade imprescindível.
Apesar da curta carreira (apenas quatro filmes realizados), Baz Luhrmann já demonstrou ter o verdadeiro dom para filmar histórias de Amor. Provas vivas dessa constatação são os apaixonantes Romeo + Juliet e Moulin Rouge!. Poucos o sabem fazer com esta mestria, e Australia é mais uma veemente confirmação.
Australia, período “pré-Guerra”, 1º acto: Lady Sarah Ashley, uma aristocrata inglesa, vê-se inesperadamente viúva e herda uma quinta, aproximadamente do tamanho do estado de Maryland. Fazendo frente a barões do gado com desejo de hegemonia e sem escrúpulos, Sarah passa por cima do orgulho e une-se a um áspero “cowboy” conhecido e admirado por muitos, Drover, para conseguir salvar as suas terras. Juntos embarcam numa atribulada e longa viagem pelas possantes paisagens australianas.
Australia, início da Segunda Guerra Mundial, 2º acto: À chegada Sarah e Drover deparam-se com outras desagradáveis surpresas: a Guerra já começou, e os japoneses que atacaram Pearl Harbor começam a bombardear a Australia.
Drama, aventura e espectáculo são os três grandes ingredientes neste visualmente deslumbrante épico ao estilo de Western trazido até nós por Baz Luhrmann. A recepção tem sido, no mínimo, variada. Há quem adore, há que fique um pouco desapontado, há quem não aprecie… eu cá gostei.
É verdade que assistir a Australia nos faz revisitar lugares antigos e já muito conhecidos; o amor entre classes diferentes, o cenário de guerra, a corrupção dos poderosos. É também verdade que, consequentemente, possamos muitas vezes prever (acertadamente) o que acontecerá nas cenas seguintes. No entanto, não podemos negar que Luhrmann é capaz de metamorfizar estes velhotes clichés em algo singularmente belo e, em certas medidas, original, justificado em grande parte pela grande exuberância irresistível.
Uma coisa parece-me ser unânime: Australia é um dos filmes com melhor aspecto do ano, e sem grandes reservas, atrevo-me a dizer que pelo menos as categorias de Melhor Fotografia e Melhor Direcção Artística nos Óscares só terão 4 vagas em aberto nas nomeações. Não me quero alongar num tema tão mastigado quando se fala de Australia, mas é realmente impossível ignorar a beleza e estética das virgens paisagens e cenários Australianos, com sabiamente administrados efeitos visuais (outro dos grandes pontos fortes). Que deleite para os olhos e para a alma!
Não pude deixar de achar graça quando, ainda o filme não ia longo, a minha irmã me perguntou ao ouvido se este filme era uma comédia romântica. Em resposta à minha irmã, não; não é uma comédia romântica. É uma história de amor com inúmeros elementos dramáticos e épicos, por vezes polvilhada com momentos mais leves e de tom cómico, para aliviar um bocadinho. E o timing é muito bom! E a protagonista da maior parte deles, Nicole Kidman, também, com cenas perfeitamente deliciosas demonstrando a verdadeira natureza de Sarah: uma boa pessoa muito sofisticada, mas desajeitada em várias das suas “tarefas” ao longo da fita.