Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]




Mais sobre mim

foto do autor


Calendário

Setembro 2013

D S T Q Q S S
1234567
891011121314
15161718192021
22232425262728
2930


Arquivo

  1. 2016
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2015
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2014
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2013
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2012
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2011
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2010
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2009
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2008
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D


Point-of-View Shot - Blue Jasmine (2013)

por Catarina d´Oliveira, em 12.09.13

 

"Anxiety, nightmares and a nervous breakdown (...) there's only so many traumas a person can withstand until they take to the streets and start screaming." 

 

Woody Allen sempre escreveu bons papéis para mulheres, mas Jasmine parece ter sido agraciada com a magia da intemporalidade.

 

Em “Midnight in Paris”, Allen reconquistou muitos corações com a sua ode à nostalgia de um cinderella man que ao bater meia-noite mergulhava nos confins de Paris para acordar delirante no epicentro da explosão artística dos anos 20 e beber uns copos com F. Scott Fitzgerald, Ernest Hemingway e Pablo Picasso.

 

Dois anos depois, a fantasia fica na gaveta, bem como o tom leve - mais para o humorístico do que para o dramático - para o realizador americano regressar a um tema que domina tão bem e que, ainda assim, tinha andado tão afastado da sua obra dos últimos anos: a neurose.

 

 

Tomando como inegável fonte de inspiração o clássico de Tennessee Williams – “A Streetcar Named Desire” – a queda (e subsequentes réplicas) de uma socialite desdenhosa é a base para a exploração da crise existencial e remoinho ilusório orquestrada por Allen.

 

Blue Jasmine” é assim a sua poderosa declaração anual que se debruça sobre a exploração da loucura como uma expressão daquilo que alguém – neste caso, Jasmine – é. A harmonia entre a tragédia do drama do estado de coisas desta mulher e o humor negro que ocasionalmente surge respirando pelos seus poros é a grande arma do título, que a usa com orgulho e finesse.

 

 

A estrutura - bipartida e alternando-se entre o passado sumptuoso de Jasmine e o seu presente menos nobre - nem sempre proporciona o desenrolar narrativo mais fluído roubando, inclusive, várias cenas da sua completa recompensa emocional. O problema com a grande parte da obra de Allen dos últimos 15-20 anos é que o realizador parece reunir energia para algumas excelentes ideias, como quem organiza uma mesa de snooker para um grande e promissor jogo, dando depois uma potente tacada que enfia, de uma só vez, várias bolas, mas que acaba por deixar outras tantas à deriva.

 

Mas à sua maneira, “Blue Jasmine” encapsula na perfeição aquilo que é o todo da carreira do realizador – uma criatura imponente, nem sempre regular, mas que exige a nossa atenção. Porque nos momentos em que estamos prestes a dar-nos por vencidos no seu imaginário neurótico, ele carrega no acelerador e o que nos oferece é unicamente tocado pelo brilho da genialidade.

 

Como é costumeiro, muito do crédito de uma filme de Woody Allen é do próprio Woody Allen, mas aqui parece mais do que certo, imperativo mesmo, reparti-lo com Cate Blanchett, cuja criação é digna de figurar na resposta assertiva à pergunta: “o que é o trabalho do ator?”.

 

 

O enigma de uma performance tão eletrizante é profundo: como é possível tornar uma mulher tão egoísta e desprezível em alguém com quem nos conseguiremos preocupar ao longo de 90 minutos? Blanchett é ardente, comovente, perdida. O génio desta construção é que convém a urgência extrema das suas verdadeiras preocupações e a forma como vemos - como se de um límpido vidro se tratasse - que esta é uma mulher em guerra consigo mesma, a lutar com os fardos da realidade. Maior do que a vida, Blanchett arrebata os nossos corações com uma personagem que secretamente desejamos odiar, numa performance que está além do brilhante, e que fica à margem qualquer análise.

 

No elenco secundário, e estabelecendo um estrondoso contraste com a protagonista, é bom que não se deixe passar ao lado a presença cativante e casual de Sally Hawkins, a sua fabulosa química com Bobby Cannavale e a colaboração honesta, dura e surpreendente de Andrew Dice Clay, como o amargurado ex-marido de Ginger.

 

 

Há uma qualquer fusão de desespero e prazer que confere a “Blue Jasmine” um lirismo trágico irresistível – o que começa como uma espécie de caricatura ao elitismo social, termina num retrato vívido e cru sobre a miséria de uma alma quebrada e perdida, que se recusa a abandonar os resquícios de uma bolha que um dia a isolava da realidade.

 

Jasmine já não é a “mulher-troféu” mal a encontramos pela primeira vez, naquele voo para São Francisco, tagarelando incessantemente sobre o que foi e já não é. Mas de alguma forma, o estatuto de troféu continua lá, como algo criado à imagem da nossa mais profunda admiração. Este é um retrato e uma criação inolvidável e isso não está apenas escrito nas estrelas; está tatuado nas chamas e imortalizado na história do Cinema.

 

 

8.5/10

Autoria e outros dados (tags, etc)




Mais sobre mim

foto do autor


Calendário

Setembro 2013

D S T Q Q S S
1234567
891011121314
15161718192021
22232425262728
2930


Arquivo

  1. 2016
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2015
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2014
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2013
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2012
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2011
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2010
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2009
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2008
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D