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Point-of-View Shot - Schindler's List (1993)

por Catarina d´Oliveira, em 11.04.13
"Whoever saves one life, saves the world entire"

Basta ligar a televisão parar pormos em causa toda a fé que possamos ter na racionalidade ou humanidade do Homem, que constantemente retorna ao lamaçal para chafurdar ao nível mais baixo da depravação. E se alguma parte da sabedoria popular também nos diz que ninguém muda, é com o coração pesado que constatamos que, de facto, raramente aprendemos alguma coisa com a nossa história.

 

O séc. XX foi profundamente triste nesse sentido, com duas guerras mundiais que se distinguem entre outras centenas de conflitos que é impossível contabilizar. O séc. XXI surgia com a promessa da tolerância, mas cedo demonstrou que pouco ou nada tinha sido apreendido, e em 2001 arrancava a Guerra ao Terror que durou quase 10 anos.

 

 

 

Se algum tipo de ‘conforto’ pode ser encontrado nos meandros de tanta desgraça, é a certeza de que é difícil – porém não impossível – chegar aos níveis de algo como o Holocausto, comummente associado à Segunda Guerra Mundial, e sinónimo do terror puro.

 

Naturalmente, tal marco da história moderna não poderia ser ignorado pelas artes, particularmente, pela sétima, e uma das suas mais célebres incursões tem uma origem curiosa.

 

Quem diria que seria o quintessencial mestre da fantasia norte-americana seria capaz de realizar uma das transposições para o grande ecrã mais dramáticas de um dos capítulos cruciais e mais negros história do mundo? Apesar da sua confessa notoriedade crescente já no início dos anos 90, talvez não muita gente, ou certamente menos ainda depois do desastre que certamente lhe terá provido um poderoso complexo de Peter Pan que foi “Hook” (1991).

 

 

Com 12 nomeações a Óscar e sete estatuetas arrecadadas (onde se incluíram as de Melhor Filme, Realizador e Argumento Adaptado) e integrando o 8º lugar na lista do American Film Institute que distinguiu em 2007 os 100 filmes americanos mais importantes de todos os tempos, “Schindler's List” trouxe finalmente a consagração há muito ansiada por Steven Spielberg, mas acima de tudo, um pedaço de sétima arte capaz de resistir ao teste do tempo, e que se mantém até hoje como um brilhante estudo histórico e da natureza humana.

 

Por ocasião do 20º aniversário do filme, é lançada hoje em território luso uma edição de celebração imperdível que contém, além da versão DVD e Blu-Ray do filme, ofertas exclusivas de um poster original, três postais das personagens principais e um livro de 16 páginas sobre a produção, tudo bem acomodado numa embalagem de colecionador com folha em prata.

 

Baseado no romance de Thomas Keneally – “Shindler’s Ark” -, o filme de Spielberg representa a indelével história do enigmático Oskar Schindler, um membro do partido nazi, mulherengo e especulador de guerra, que acabou no entanto por salvar a vida a mais de 1100 judeus durante o Holocausto.

 

 

Como é que um homem que não se qualifica como humanitário altruísta ou monstro terrível se situa numa sociedade como a da Alemanha do Terceiro Reich? Esta é a história de um desses homens, Oskar Schindler, cujo compromisso de crescimento individual é interrompido pela realidade gritante do desespero negro de uma era e suplantado por uma devoção à proteção do maior número de judeus possível.

 

Talvez seja essa uma das maiores virtudes desta Lista de Spielberg – o facto de sermos guiados por um protagonista que está longe da personificação da virtude, e cujos motivos e moral se alteram gradualmente com o passar do tempo e das experiencias. Na verdade, o mistério intoxicante mantém-se quanto aos seus motivos, mas no final, nada disso importa a quem se viu salvo da exterminação certa.

 

Este é o filme mais pessoal da carreira de Spielberg, que se demonstra infinitamente mais capaz quando dirige um projeto que lhe diz alguma coisa. Curiosamente, é também o seu filme menos “Spielberguiano”, abstendo-se de utilizar muitas das suas técnicas de assinatura, e preferindo um realismo cru que ressoa a verdade desde o início ao fim.

 

 

É um profundo estudo de contrastes e ironias, bem patentes, inclusive, no estado de espírito do espectador depois de assistir: é simultaneamente um filme visceralmente devastador mas profundamente esperançoso.

 

Apesar das liberdades dramáticas que Spielberg toma – como é aliás natural e comum no género – “Schindler's List” não deixa de ser uma imensa lição sobre um dos capítulos mais negros da história dos homens, mas também um estudo profundo sobre as pulsões e emoções humanas, manifestadas no bem e no mal.

 

Sem tornar o filme num festival de terror, Spielberg não se coíbe de encarar os horrores do Holocausto de frente, fazendo recurso muitas vezes da mera sugestão, que acaba por ser incrivelmente mais eficiente do que um retrato gráfico. Em última instância, permite ainda uma excelente oportunidade de alargar horizontes no que à temática diz respeito, já que a abordagem não é formulaica, nem oferece explicações simples esquivando-se inteligentemente a alguns ‘mitos urbanos’.

 

 

Tecnicamente, o percurso de mestria continua, desde a deslumbrante fotografia a preto-e-branco àquela que será, por ventura, uma das bandas sonoras mais comoventes e dilacerantes de John Williams.

 

Enquanto Liam Neeson é fantastico no retrato da ambivalência de Oskar Schindler e Ben Kingsley é por vezes esquecido face ao brilho da história do protagonista, é Ralph Fiennes a verdadeira estrela da companhia no que a interpretações diz respeito, no retrato do mal corporizado em Amon Goeth, um comandante de um campo de concentração que passa as manhãs a escolher judeus da sua varanda para serem abatidos.

 

Apesar do tema manifestamente negro e vergonhoso para uma raça que se diz racional, o filme de Spielberg é movido por uma pequena chama num antro de horror negro: uma chama de esperança e dignidade. À exceção de algumas escolhas criativas questionáveis – a maior das quais prende-se com o já ‘infame’ final escusado e indulgente – “Schindler's List” compõe-se como uma obra quase perfeita.

 

 

Schindler's List” é intransigente no retrato das várias camadas da natureza humana: quer no retrato do bem, do mal e da área cinzenta, quer na representação da ganância, ódio, luxúria, poder, e, acima de tudo, empatia e amor. O seu toque é do mais profundo na alma humana, e a catarse decorrente é tão poderosa como apenas outros momentos cinematográficos que podem ser contados pelos dedos.

 

É esta dimensão profundamente humana, que se destaca como a chama laranja ou a menina do casaco vermelho na imensidão preta-e-branca, que o distingue, não só como um dos filmes mais importantes da história, mas também como uma experiência cinematográfica e humana transcendente.

 

Porque “quem salva uma vida, salva o mundo inteiro”.

 


9.0/10

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1 comentário

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De jc a 12.04.2013 às 00:40

Identifico-me completamente com tudo o que aqui é dito. Um filme perfeito, e que me marcou profundamente.

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