"Un cuento de amor. Una historia de terror"
Já há alguns anos que o cinema de língua espanhola toca os sinos das portas da “intocável” Hollywood: seja por actores como Penélope Cruz, Javier Bardem ou Gael Garcia Bernal, ou pelo GRANDE Pedro Almodóvar, todos nós já vimos ou pelo menos ouvimos falar de algum filme destas origens. E a língua espanhola não se dá por satisfeita… ainda bem.
É neste seguimento de grandes obras que surge El Orfanato, realizado por Juan Antonio Bayona e produzido pelo já conceituado Guillermo del Toro.
A história é centrada em Laura, uma mulher que, juntamente com o marido, resolve comprar uma casa que foi outrora sua – o orfanato para crianças com deficiências onde viveu a sua infância. O casal pretende reconstruir o lar abandonado para que possa voltar a acolher crianças.
Quando se instalam, a imaginação já de si fértil do seu filho (Tomás) aumenta, arranjando vários amigos imaginários com quem acaba por fazer jogos fantasiosos e, eventualmente, perturbadores e preocupantes.
Laura vê-se desta forma obrigada a confrontar verdades e mentiras, o passado e o presente, a vida e a morte para conseguir compreender o que se passa à sua volta e da sua família.
Sim, eu sei. Este “cheirinho” que dei parece mais do que já há muito: a família feliz que se muda para uma casa assombrada e a criancinha que faz amigos imaginários. Mas a verdade é que não se trata disso. E as duas razões para eu não conseguir fazer deste resumo algo mais cativante são claras: 1º a história não merece ser desvendada inutilmente e 2º as minhas aptidões de “crítica” ainda deixam muito a desejar.
De qualquer forma, O Orfanato é um thriller em todo o seu primor: faz-nos criar suposições (erradas), mantém-nos presos e tem o tal efeito “eishhh…com esta é que eu não contava!”. E como é que se obtém esta milagrosa receita? Talento vindo de vários vértices: podemos falar da excelente forma como Bayona dirige o filme, ou do elenco impecável, ou da banda sonora perfeitamente…perfeita, ou da presença de crianças que, sinceramente, é das coisas que mais me perturba num filme de thriller ou terror.
Ver El Orfanato chega a ser desconfortável. Queremos tapar os olhos, mas queremos ver. Começamos nós mesmos a desconfiar do que não está lá, a recear os cantos escuros, a suspeitar de cada objecto em que pousamos os olhos. No final, como um banho gelado, deparamo-nos com a nossa própria insanidade e paranóia.
8/10
Site Oficial do filme