Descrição da Cena: Monólogo final, representando todos os cinco alunos que passaram um Sábado inteiro em detenção na escola.
Ora aqui está um filme que demorei tempo demais a ver. Sempre o tive na lista, mas fui retardando, retardando, até ao dia em que, finalmente, vi.
Mais de 25 anos depois, The Breakfast Club continua a ser o filme de Hollywood mais preciso sobre esse bicho de sete cabeças que é a adolescência, mas sobretudo, é um exímio ensaio sobre estereótipos, sem nunca cair nas teias do irreal, como tantas vezes estamos habituados a ver.
Este é um filme simples, mas que versa sobre temas para nós tão complexos ao longo da vida. É um filme sobre aparências, e o desfazamento que tantas vezes existe entre elas e o interior de cada um de nós. É um filme sobre um grupo de jovens que se revolta contra o sistema, onde muitas vezes somos forçados a aderir a este ou àquele grupo, só porque sim, e sua grande descoberta é que são muito mais do que o grupo a que pertencem e que, no fundo, todos, por mais diferentes que pareçam, têm algo com o qual se podem identificar.
A cena que escolhi é mesmo a final. Sim, é um bocadinho cliché. Estava na dúvida relativamente a outra (que podem ver aqui), mas depois ficou tudo muito claro. Muitos não concordam com o final do filme, achando até que vai contra todos os restantes 90 minutos. Eu penso que estão enganados.
Estamos demasiado habituados a que Hollywood nos faça as vontades, e nos dê os finais felizes que achamos merecidos, mas a realidade que temos no mundo não é essa. Sem medos, os personagens chegam a admitir que na Segunda-Feira, muito provavelmente, nem se vão falar, porque por mais que estejamos presos a um esterótipo, que saibamos que somos muito mais que isso e queiramos soltar-nos... não queremos correr o risco de sair da nossa "zona de segurança" e perder o que temos como adquirido.
Será que ficam todos amigos? Ou na segunda-feira fingem que não se conhecem?
John Hughes deixa tudo em aberto, com interpretação aberta a cada espectador; interpretação essa que variará certamente com o estereótipo que vive em cada um de nós.
Eu sempre fui adepta dos finais felizes, quer em livros, quer em filmes, mas de há uns anos para cá, prefiro finais surpreendentes, realistas ou não, mas que fujam ao que qualquer espectador esperaria ler ou ver. Talvez porque compreendi que só existem finais felizes no momento em que paramos a história. As nossas vidas não páram quando estamos bem, são feitas de ciclos, de altos e baixos, de momentos felizes e menos felizes. Mas seria impensável um filme ou livro ter tamanha duração!