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Todas as alminhas com uma amostra de espírito comerciante sabem que, possivelmente, a melhor arma do universo das vendas é... um cliente satisfeito. Poucas coisas existem que batam uma boa crítica, ou um comentário positivo de um consumidor anónimo que não foi pago para dizer, por hipótese, que o último livro da Margarida Rebelo Pinto é uma Bíblia feminina.
Com o crescimento da world wide web e a aposta dos negócios numa presença forte online, já não passamos sem espreitar as críticas de determinado produto/serviço que pretendemos adquirir. Portanto sempre que navegamos pelo olx, ou o ebay, ou a amazon, temos um olho no burro (o produto por que salivamos) e outro no cigano (as críticas ao mesmo).
Pois que é neste âmbito que surge o assunto deste post: críticas de utilizadores que compraram filmes na Amazon. Mas não são estas considerações de qualquer laia... são, apenas, alguns dos melhores apontamentos humorísticos da minha semana.
Sobre AMERICAN SNIPER...
Sobre ANNABELLE...
Sobre UNDER THE SKIN...
Sobre LA VIE D'ADÈLE...
Sobre CASABLANCA...
Sobre CLOUDY WITH A CHANCE OF MEATBALLS...
Sobre CROUCHING TIGER, HIDDEN DRAGON...
Sobre DIRTY DANCING...
Sobre GRAVITY...
Sobre INGLOURIOUS BASTERDS...
Sobre MAGIC MIKE...
Ainda sobre MAGIC MIKE...
Sobre MAN OF STEEL...
Sobre MARCH OF THE PENGUINS...
Sobre ONLY GOD FORGIVES...
Sobre SPACE JAM...
Sobre THE FOG...
Sobre THE HUNGER GAMES: CATCHING FIRE...
Sobre (TWILIGHT) BREAKING DAWN - PART 1...
Ainda sobre (TWILIGHT) BREAKING DAWN - PART 1...
Sobre THE WOMAN IN BLACK...
Sobre TITANIC...
Sobre WEST SIDE STORIES...
Sobre WHITE HOUSE DOWN...
Sobre THE WIZARD OF OZ...
Crédito da "curadoria" de imagens: Amazon Movie Reviews
Estava eu na cama hoje de manhã quando senti uma enorme vontade que me impeliu a levantar. Não sei explicar melhor, que era uma pressão na barriga, uma sensação estranha de algo fora do normal que estaria prestes a acontecer... o mais provável é que fossem gases.
Adiante: deu-se hoje, no aconchego do meu quarto, a muito aguardada 4ª edição dos Close-Up SOAP Awards - se por alguma razão inexplicável não se lembrarem dos nomeados, podem revê-los aqui.
A Academia Portuguesa de Artes Mais ou Menos Cinematográficas já contou os votos de mais de 100 membros e os vencedores foram decididos, mas mesmo quem foi para casa de mãos a abanar teve a noção de que esteve num evento cujo único objectivo era honrar a indústria cinematográfica, que tantas alegrias nos dá todos os anos, mas também algumas tristezas e, ocasionalmente, dores nos rins ou até patologias mais graves... além de a celebrar, se calhar gozar respeitosamente um bocadinho com ela também.
Mas vamos a resultados, que até há momentos só o senhor que nos faz os envelopes com os vencedores é que sabia - é triste, mas o senhor dos envelopes sou eu, com um bigode farfalhudo de colar, portanto talvez seja melhor ser uma senhora dos envelopes.
*** *** ***
Christopher Nolan levou para casa um cabaz de SOAPS por causa do seu "Interstellar", com vitórias em categorias como MELHOR BLOCKBUSTER e MELHOR FILME QUE NÃO FOI NOMEADO PARA O OSCAR DE MELHOR FILME. A razão pela qual sentiu necessidade de roubar à descarada um carrinho de comprar ali do Jumbo do Almada Forum ainda está por decifrar.
Quem também foi uma tarde particularmente feliz foi Ellar Coltrane, o rapaz que vimos crescer à frente dos nossos olhos ao longo de "Boyhood", e que foi o vencedor incontestável na categoria de MELHOR INTERPRETAÇÃO DE UM GAROTO. Por alguma razão, o Ellar apareceu na cerimónia já na casa sénior, apoiado numa bengala e com uma algália atrás... o pior foi quando aquilo se soltou e urinou-me o quarto todo. Enfim.
Também por aqui tive direito a uma performance especial de "Everything is Awesome" do filme LEGO, à semelhança do que aconteceu nos Oscars da Academia. E se se estão a perguntar - sim, teve tantos ácidos à mistura como a outra atuação. Como temos todos dois palmos de testa, pelo menos aqui oferecemos-lhe um prémio de consolação, mesmo que indireto, pela fantástica presença de LIAM NEESON EM MODO 'TAKEN', MAS SEM SER NO 'TAKEN'.
Tivemos ainda a honra de ter presente no espetáculo a já icónica Amy Dunne, que subiu ao palco para receber o seu PRÉMIO ESPECIAL - "NOSSA, QUE BIOLÊNCIA!" pela cena de sexo com Desi, em “Gone Girl” acompanhada de um carrinho de mão com os restos mortais de Neil Patrick Harris. Diz que ia fazer uma sopa de miudezas para dar ao marido.
Apesar de não podermos ter tido o prazer de contar com a sua presença física, recebemos informação do agente do Nenuco que colaborou em "American Sniper" - outro vencedor inconstestável, mas agora na categoria de MAIOR MOMENTO WTF? - do lançamento de uma coleção especial de bebés falsos pela marca, com o selo de aprovação de Clint Eastwood e do Close-Up. No próximo Natal vai ser vê-los a sair que nem pãezinhos quentes...
Por fim, e como tinhamos confirmado no início da semana, o jovem ator da Olive Tree Pictures - Francisco Oliveira - esteve na cerimónia para receber o SOAP entregue a "O Lobinho da Trafaria". Fica o registo do momento dos seus (sentidos) agradecimentos.
Mas porque já vamos com chacha e conversas a mais... vamos então relevar a lista completa de vencedores dos Close-Up Soap Awards 2015.
MELHOR FILME DA OLIVE TREE PICTURES (rubrica: Homemade)
“O Lobinho da Trafaria”
MELHOR FILME QUE NÃO FOI NOMEADO PARA O OSCAR DE MELHOR FILME
“Interstellar”
MELHOR FILME QUE PROVAVELMENTE MUITA GENTE NÃO VIU
“Under the Skin”
MELHOR BLOCKBUSTER
“Interstellar”
PIOR BLOCKBUSTER DA LOJA DO CHINÊS
“The Legend of Hercules”
FILME QUE NÃO NOS ATREVEMOS A TOCAR NEM COM UM PAU DE TRÊS METROS
“Eclipse em Portugal”
MELHOR TWIST: OU OH DIABO, PENSEI QUE ESTE FILME FOSSE SOBRE OUTRA COISA...
“Selma” (sobre uma senhora chamada Selma)
MELHOR PERFORMANCE DE UM GAROTO
Ellar Coltrane em “Boyhood”
MELHOR MANUTENÇÃO DE PILOSIDADE FACIAL
Os personagens masculinos, de “The Grand Budapest Hotel”
MELHOR LIAM NEESON EM MODO 'TAKEN' (mata toda a gente e mais uma freira e um gatinho), MAS SEM SER NO 'TAKEN'
“The LEGO Movie”
A TENDÊNCIA DO ANO
O Tempo perguntou ao tempo quanto tempo o tempo tem (“X-Men: Days of Future Passed”; “Interstellar”; “Edge of Tomorrow”)
MELHOR PERSONAGEM SECUNDÁRIA QUE É INEQUIVOCAMENTE MAIS 'FIXE' DO QUE O PROTAGONISTA
Quicksilver (em oposição a Wolverine, em “X-Men: Days of Future Past”)
MELHOR CAMEO
Christopher Lloyd, em “A Million Ways to Die in the West”
MELHOR UTILIZAÇÃO DE BANDA SONORA NÃO ORIGINAL
“Guardians of the Galaxy”
MAIOR MOMENTO WTF?
O bebé de plástico de “American Sniper”
MELHOR PAPA CERELAC FEITA COM O NOSSO CÉREBRO (a.k.a. Precisava de um curso para perceber isto)
“Interstellar”
LINHA DE DIÁLOGO QUE ANIMA O ESPÍRITO
"I don't know what sort of cream they've put on you down at the morgue, but I want some. Honestly, you look better than you have in years. You look like you're alive." - M. Gustave (Ralph Fiennes), em "The Grand Budapest Hotel"
PRÉMIO ESPECIAL - PÔR ÁGUA NA FERVURA (Eles queriam nomeações a Óscar mas só levaram rebuçados)
“Unbroken”
PRÉMIO ESPECIAL - HOMICÍDIO EM PRIMEIRO GRAU À ARTE DO PHOTOSHOP
(empate) “Exodus: Gods and Kings”
(empate) “Left Behind”
PRÉMIO ESPECIAL - ANTIDEPRESSIVOS PARA QUE VOS QUERO
“The Fault in Our Stars”
PRÉMIO ESPECIAL - "NOSSA, QUE BIOLÊNCIA!"
A cena de sexo entre Amy e Desi, em “Gone Girl”
PRÉMIO ESPECIAL OMNIPRESENÇA
(empate) Julianne Moore
(empate) Liam Neeson
PRÉMIO ESPECIAL - TRAZ O TELESCÓPIO PORQUE NASCEU UMA ESTRELA (e agora vão-ta esfregar na cara durante os próximos 7 anos em todos os filmes que conseguirem)
Chris Pratt
Este ano tomei uma péssima decisão. Ou melhor, ela impôs-se sobre mim: tive de ver os Oscars de ressaca.
O meu sábado foi assassino. Com três ou quatro horas de sono e um fígado estafado por várias horas a vestir uniforme de cruzado a combater uns infelizes shots de whisky no meu organismo, tentei manter-me alerta pela madrugada de domingo adentro, nem sempre com os resultados que esperava das minhas capacidades de resistência à sonolência, outrora tão firmemente edificadas para desespero dos meus pais e da minha irmã que tantas vezes me tentava adormecer.
De todo o modo, e com mais ou menos cabeçada para golo e cedência ao universo do Zé Pestana, lá assisti com pouco entusiasmo a uma cerimónia que nada fez para mudar aquele meu feeling de que a noite ia ser "meh".
Mas apesar deste abalroamento emocional perante o evento cinematográfico que mais me entusiasma anualmente, sem qualquer vergonha, e porque não precisam mesmo que eu replique a lista de vencedores pela 490572058603983ª vez na internet, resolvi, tal como no ano passado, organizar uma pequena cronologia de alguns dos melhores momentos da noite.
*** *** ***
Segundo a larga tradição, a noite começa com o desfile de beldades e atrocidades pela passadeira vermelha, e este ano não desiludiu no que respeita a looks surpreendentes, começando pelo modelito multifacetado para tarefas domésticas de Lady Gaga...
Ou as várias senhoras que se inspiraram em alimentos de várias ordens...
Contudo, a mais fascinante presença foi a de Chloe Grace Moretz no seu modelito "cama de casal"...
E que nos deixou na beira da cadeira a imaginar o que teria naqueles enormes bolsos de onde não tirava as mãos nem que lhe apontassem uma arma à nuca. Seria o lanche? Um animal indefeso? Provavelmente, nunca saberemos.
Mas todos sabemos passadeira vermeira não se faz apenas de maquilhagem e vestidos de gosto duvidoso; é também colorida por um desfile de vergonhas alheias que nos faz retorcer no sofá... como seja a beijoca que John Travolta distribui aleatoriamente
Ou esta extremamente desconfortável entrevista a Dakota Johnson e Melanie Griffith (a sua mãe) sobre "50 Shades of Grey"
Depois de 3 horas de conversa de circunstância, estava na hora de sair a correr para a cerimónia, e Oprah foi logo a primeira... (isto para não dizer que fugiu a sete pés de Lady Gaga, mas isso soava pior)
A Octavia já estava pronta, a topar tudo.
O Neil até arrancou bem...
... mas depois de uma abertura com direito a número músical de luxo que prometia muito... acabou a fazer piadas de induzir o vómito do género desta
Todavia, e mesmo assim, foi uma noite de emoções fortes para Oprah. Ela ficou com o coração a bater depressa... (pudera, com aquele decote asfixiador de seios...)
Ela teve um hi5 rejeitado pelo Common...
Ela ficou confusa...
E ela rejubilou.
E por falar nisto... lembram-se da performance da música do Lego Movie, "Everything is Awesome"?
Até o Batman apareceu... mas a questão que mais importa colocar é...
Que tipo de ácidos ou drogas pesadas terão estado envolvidos no planeamento desta apresentação....?
Mas vá, agora a sério: a melhor parte foi o fair-play e a simpática distribuição de estatuetas pela audiência...
O Steve Carell e o Channing Tatum tiveram direito a um...
E a Emma Stone ficou demasiadamente feliz com o seu
Mas sabem que é que não estava lá na única vez que decidiram distribuir prémios pela audiência...?
Exato.
Mas o Benedict fez-lhe o luto devido... com bezanas.
... que depois acabaram por surtir algum efeito no seu controlo de expressões faciais.
Ele não estava embriagado na verdade... mas sabem quem estava mesmo? O Terrence Howard.
A noite de ontem não foi apenas sobre prémios. Foi sobre atos de bondade... como aquela vez em que Lady Gaga limpou a cara do senhor barbudo ao seu lado...
E Kerry Washington...
E Jared Leto... mas ?%$#% esta gente lava-se?
E a propósito deste momento... foi bonito ver a consagração de Patricia Arquette ser abençoada pelo filho de Deus
E por Deus(a)
Ainda em matéria de discursos, gostava de recordar aquele que será talvez o mais badalado da noite. Estão recordados?
Pena que o John Travolta tenha levado isso tão à letra...
... quase ouvi crianças a cantar "let her go, let her goooo"
Mas vamos fazer justiça ao senhor Brilhantina. Não foi o único protagonista de momentos estranhos nesta noite.
Tivemos ainda a disputa fervorosa entre Nicole Kidman e Wes Anderson para decidir quem batia palmas de forma mais esquisita...
Podemos decidir um empate técnico?
Porreiro!
Tivemos também a sangrenta batalha de Michael Keaton com a pastilha que mascava furiosamente sempre que havia um Close-Up da sua cara...
Ele mostrou-lhe quem mandava.
A noite TODA.
Podia ter pedido umas dicas ao Ben... que sempre foi mais discreto.
Vamos dar-lhe o desconto... o tipo estava de discurso na mão quando o Eddie lhe "robou" o Oscar. A sério... foi como se ele estivesse na casa de banho, de calças em baixo, e lhe abrissem a porta para o mundo ver.
O que importa é o espetáculo, e o Birdman até foi contente para casa.
E o Eddie deve ter andado a comer barras de açúcar embebidas em leite condensado e pepitas para estar nesta excitação... mas é enternecedor.
No final, o NPH perguntou ao David Oyelowo como foi a cerimónia e ele foi honesto...
... mas não tanto como o Robert Duvall.
E no fundo é isto... até para o ano!
"When it feels scary to jump, that is exactly when you jump, otherwise you end up staying in the same place your whole life, and that I can't do"
No mais recente filme de J.C. Chandor, exploramos o lado sombrio do sonho americano.
Estamos em Nova Iorque, no ano de 1981, aquele que ficou conhecido como um dos mais violentos na história da cidade. Abel é um imigrante cuja incessante busca pelo sonho americano aliada a um carisma e paixão profissional exímios o levaram a tornar-se o dono de uma empresa petrolífera independente em crescimento. A próxima jogada no tabuleiro tem em vista um potencial xeque-mate: a aquisição de uma propriedade em localização estratégica que lhe dará inúmeras vantagens perante os concorrentes. No entanto, a própria negritude que acompanha a fotografia do filme de Chandor faz adivinhar que nem tudo será fácil. Além de ver os seus camiões cada vez mais violentados por assaltantes que vendem o seu produto à concorrência, Abel encontra-se envolvido numa investigação à indústria no geral e à sua empresa em particular por suspeitas de fraude e desvio de dinheiro.
Depois da estreia provocadora que abocanhou o berço da crise económica com MARGIN CALL e do testamento à sobrevivência de ALL IS LOST, Chandor continua o brilhante mas silencioso trilho pelo cinema “downstream”, desta vez mais pessoal e emocional, mas gloriosamente contracorrente. Filmes como A MOST VIOLENT YEAR, lúgubres, sombrios, já não se fazem. Mas também como as suas obras precedentes, é difícil de vender. É original, provocador, mas não exatamente o sonho de um diretor de marketing.
Ecoando a influência óbvia da mais fina coleção de Cinema americano baseado em intrigas mafiosas, A MOST VIOLENT YEAR não deixa de ser, no entanto, um filme nuclearmente diferente de, digamos, THE GODFATHER. É que apesar de parecer um filme de gangsters, na verdade, não o é. No entanto, o ponto que Chandor pretende cobrir é que o universo de Abel não tem como fugir à influência dos protagonistas destes outros filmes, os verdadeiros mafiosos. E não obstante o título, a sua violência é implícita, mais um fantasma soprado por uma metáfora de sobrevivência num mundo implacável.
A obstinação de Abel em dirigir um negócio limpo e justo pode ser ocasionalmente exasperante, mas o que o torna um protagonista mais interessante é o facto de ser simultaneamente duro e impiedoso. A dignidade e intensidade que Oscar Isaac lhe trás enquanto empreendedor cada vez mais desesperado é notável, todavia, já se provou uma e outra vez que são as personagens com mais defeitos e falhas de moral que se revelam mais interessantes, e aqui o caso não muda de figura.
Alicerçada numa performance excecional de Jessica Chastain, Anna é a metade menos escrupulosa do par, apaixonada pelo marido que a conquistou pela bondade, mas disposta a fazer verdadeiramente o que é necessário, quando é necessário. A construção de Chastain é a de uma mulher inteligente e poderosa, mesmo que enquadrada numa era enterrada nas raízes dos papéis de género mais tradicionais. A ausência deste cuidado e surpreendente retrato na awards season é incompreensível, mesmo à luz do acordo castrador alinhado pela altura de INTERSTELLAR, que impediu a atriz de fazer campanha por qualquer outro filme.
Este conto de moralidade desenrola-se com uma confiança intoxicante, mantendo o espectador empenhado em manter o ritmo num inesperado nail-biter ambientado à indústria petrolífera. É um tesouro escondido numa campanha de promoção enfraquecida, mas um dos grandes thrillers de crime dos nossos tempos.
Resta apenas salientar que criação de Chandor não necessita de Óscares ou galardões, porque tem-se a si mesmo para se definir e sobreviver ao passar do tempo e de outras obras. Porque consigo carrega a insubstituível nostalgia de um tempo onde o mundo era um lugar pior, mas os filmes eram arte melhor.
8.5/10
Vamos ser honestos: ainda nem foram os Oscars, mas já estamos todos fartos de discutir se quem merece mais prémios este ano é o malabarismo técnico de "Birdman" ou a manipulação do tempo de "Boyhood" - na verdade não estamos, mas faz de conta.
Por isso é que esta é a altura certa de introduzir, qual supositório indolor, a 4ª Edição dos Close-Up SOAP Awards, que são exatamente aqueles prémios de Cinema que celebram coisas que não interessam ao menino Jesus.
E porque isto não tinha piada só com as minhas opiniões verborreicas pouco atestadas, para que esta cerimónia fictícia seja o mais participativa possível, pedia-vos que colaborassem comigo e me ajudassem a distinguir os melhores dos melhores... e dos piores... votando (em todas as categorias que puderem, mas não obrigatoriamente em todas). Mas mesmo!
Porque almejamos sempre ao mais glamouroso, os vencedores serão anunciados durante o dia 25 de Fevereiro.
E agora, sem mais demoras... minhas senhoras e meus senhores, o link para a votação está AQUI e os nomeados (com bonecos e links para ajudar a identificar) são:
(ATENÇÃO este artigo pode conter, ou melhor, contém mesmo imensos spoilers)
Melhor Filme da Olive Tree Pictures (rubrica: Homemade)
Melhor Filme que não foi Nomeado para o Oscar de Melhor Filme
Melhor Filme que Provavelmente Muita Gente Não Viu
Melhor Blockbuster
Pior Blockbuster da Loja do Chinês
Filmes que não nos atrevemos a tocar nem com um pau de três metros
Melhor Twist: ou Oh diabo, pensei que este filme fosse sobre outra coisa…
Melhor Performance de um Garoto
Melhor Manutenção de Pilosidade facial
Melhor Liam Neeson em modo “Taken” (mata toda a gente e mais uma freira e um gatinho), mas sem ser no “Taken”
A Tendência do Ano
Melhor Personagem Secundária que é inequivocamente mais ‘fixe’ que o Protagonista
Melhor Cameo
Melhor Utilização de Banda Sonora Não Original
Maior Momento WTF?
Melhor papa Cerelac feita com o nosso Cérebro
(a.k.a. Precisava de um curso para perceber isto)
Linha de Diálogo que anima o espírito
Prémio Especial - Pôr água na fervura
(Eles queriam nomeações a Óscar mas só levaram rebuçados)
Prémio especial – Homicídio em primeiro grau à arte do Photoshop
Prémio Especial - Antidepressivos para que vos quero
Prémio Especial – “Nossa, que biolência!”
Prémio Especial – Omnipresença
Prémio Especial – Traz o telescópio porque nasceu uma estrela (e agora vão-ta esfregar na cara durante os próximos 7 anos em todos os filmes que conseguirem)
Chris Pratt
*** *** ***
NOTA FINAL
Fica o pedido de desculpa se tiver ocorrido alguma omissão grave, quer nos nomeados ou nas próprias categorias – basicamente a escolha foi baseada em cinco fatores:
- filmes estreados pela primeira vez em 2014;
- filmes que vi ou conheço o suficiente para mandar uma ou outra bujarda;
- a minha fraca memória, que decerto acabou por excluir muita coisa que aqui devia estar;
- algumas dicas que alguns amigos cinéfilos me foram dando;
- a tentativa de manter uma lista de nomes conhecidos e reconhecidos o suficiente para esta brincadeira ter piada e o máximo de pessoas possível poder votar com conhecimento de causa.
Tal como fizeram no ano passado, e felizmente em muitos outros anos, o Cineflix voltou a juntar o seu jovem elenco para recriar as oito películas nomeadas ao Óscar de Melhor Filme em 2015.
Com os Oscars quase, quase a chegar, já lá para 22 de fevereiro, toda a ajuda é pouca para pôr tanto filme em dia. Eis uma ótima solução:
"There should be no boundaries to human endeavor. We are all different. However bad life may seem, there is always something you can do, and succeed at. While there's life, there is hope."
Num filme sobre um dos maiores génios do nosso tempo, o coração é, curiosamente, o órgão mais exercitado da anatomia.
Apresentamos Stephen Hawking, um jovem mas promissor estudante de Cambridge, despreocupado com os formalismos mas infinitamente curioso nos limites da sua inteligência. Numa festa insuspeita conhece Jane, outra jovem estudante (mas de arte e literatura) que lhe chama a atenção de outro órgão avesso, mas infinitamente menos treinado que o cérebro: o coração. Persistente, não desiste até à conquista… mas o seu Amor recentemente incendiado é posto à prova quando Stephen é diagnosticado com uma doença neurodegenerativa julgada fatal e que oferece ao portador a cruel realidade de uma mente sã aprisionada a um corpo enfermo e, eventualmente, absolutamente incapaz. Segue-se uma batalha feroz, mas que nada tem de inglória. Na vida e na Ciência, Stephen Hawking teve tudo.
A teoria propriamente dita de THE THEORY OF EVEYRHTING é inatamente secundária. A ciência é largamente simplificada, descomplicada ao ponto de deslizar suavemente pela lógica da audiência, mas o filme de James Marsh não tenta ser mais do que é – em primeira instância, uma crónica afetuosa dos 30 anos de casamento entre Stephen e Jane. Não deixa de ser uma abordagem curiosa vinda de um documentarista nato – afinal, Marsh orquestrou, entre outros, os fabulosos MAN ON WIRE (2008) e PROJECT NIM (2011).
Baseado nas memórias de Jane Hawking, enche a alma através dos olhos; serpenteamos por festas luminosas e pelo luxuoso interior britânico para estabelecer o ambiente de um olhar realístico à observação continuada e realista das diversas formas do amor: a paixão ardente, o conforto do romance, a fraternidade da ternura e, eventualmente em vários casos, a persistência da promessa. Num drama sólido, que embarca em poucos riscos e é inegavelmente "atraente" para a awards season, a melhor notícia é que a perseverança, a esperança e a ternura genuína vencem continuamente o braço de ferro face ao melodrama exagerado.
A mais pura verdade é que obras desta natureza tendem a alicerçar-se numa performance nuclear, e para bem da honra de Hawking e para a prosperidade do próprio filme, Eddie Redmayne responde ao desafio com a classe de um vencedor. A fundação da sua criação não se apoia numa imitação barata ou num espetáculo espalhafatoso de contorcionismo exibicionista. O que aqui assistimos é a uma caracterização profunda, a uma materialização de meses de preparação que se transformam numa criação de pasmar.
A seu lado, e combatendo audazmente a tendência de “ficar na sombra do grande homem”, Felicity Jones convém a Jane uma complexidade e autenticidade que criam empatia com a audiência. Jones e Jane não só estão presentes, como reivindicam a sua parte na história.
É supremamente fácil cair no desejo de diminuir THE THEORY OF EVEYRHTING perante o desejo de uma obra intelectualmente mais estimulante, mantendo o ritmo do endiabrado pensamento do seu enigmático protagonista, ou até mais ousada e fraturante.
Mas Marsh edificou uma história de amores, amores de vida, que se mutam com o tempo e a circunstância, que se provam perante as dificuldades. E mesmo não fazendo verdadeiramente jus ao título que ostenta, é uma afetuosa exploração sobre a mais importante de todas as teorias: a do Amor.
7.0/10
A Silenzio criou um infográfico muito interessante sobre alguns dos principais lançamentos cinematográficos de 2015 - mais concretamente, 35.
O twist? Estão representados em ícones, e o nosso trabalho é adivinhar o máximo de filmes possível.
Se estão com ganas de respostas, podem encontrar a maior parte por este post do Facebook.
E depois do estrondoso sucesso de "O Conto de Natal da Trafaria" (não foi assim tão bom), e a pedido de muitas famílias (da minha apenas, na verdade) já estamos a preparar a próxima produção da Olive Tree Pictures: um qualquer filme de James Bond que ainda não tem título... nem história... mas pelo menos já temos os fatos. E a pistola. E o gatão protagonista.
Já não falta tudo.
Mais novidades, brevemente.