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Point-of-View Shot - Nymphomaniac Vol. 1 & 2 (2013)

por Catarina d´Oliveira, em 08.05.14

 

"Perhaps the only difference between me and other people is that I've always demanded more from the sunset. More spectacular colors when the sun hit the horizon. That's perhaps my only sin"

 

Injustamente etiquetado de “pornografia mascarada de arte”, o mais recente épico de Lars von Trier é uma requintada exploração sobre a sexualidade, o amor e a natureza humana cujo único órgão que tenta estimular é… o nosso cérebro.

 

Ao longo de oito capítulos distribuídos por dois filmes de duas horas cada, “Nymphomaniac”  apresenta a história de Joe à medida que esta a partilha com um gentil intelectual – Seligman - que a salvou depois de a encontrar espancada e inconsciente numa rua.

 

 

A cada episódio corresponde uma apta metáfora, e em todos estes capítulos Seligman responde com fascinantes divagações que vão desde a arte e ciência da pesca a Edgar Allen Poe, passando por Bach, os paradoxos de Zeno, a religião, entre outros, estabelecendo paralelos e analogias entre as experiências carnais de Joe com a história humana, que lhes oferecem uma nova luz e interpretação.

 

E enquanto o Volume 1 é envolto num véu de jovialidade, sátira e curiosidade que segue Joe ao longo da descoberta dos seus insaciáveis apetites, o Volume 2 é uma descida negra e violenta ao poço dos infernos, agressiva e conflituosa.

 

 

Revisitando algum do espírito do não menos fascinante “Idioterne” (1998), o épico bipartido constitui-se como o último capítulo da Trilogia da Depressão de von Trier, seguindo “Antichrist” e “Melancholia” na exploração na prostração que empesta as suas protagonistas.

 

É verdade que no caso dos realizadores com uma obra coerente com a sua estética (visual e temática), acabamos por esperar certas coisas, bem como retirar outras da equação. E como de Kubrick aprendemos a não prever grandes laços emocionais, ou de Woody Allen nem conseguimos conceber uma personagem não-neurótica, é certo e sabido que Lars von Trier continua a respeitar a sua norma de não procurar o realismo ou um sentido palpável de espaço e tempo.

 

 

O que nos diz a força do hábito, é que seremos confrontados – com muito menos filtros do que estamos acostumados – a uma honestidade crua (e cruel), às contradições mais dolorosas do processo da vida, e à provocação constante. É isso que recebemos uma vez mais.

 

À audácia e talento de Charlotte Gainsbourg já estávamos (bem) habituados, mas a sorte esteve do lado de Lars von Trier quando encontrou Stacy Martin para interpretar a versão juvenil de Joe. Juntas são o olho da tempestade, e é simplesmente impossível desviar o olhar.

 

 

A prestação do elenco secundário não é uniforme, e se por um lado Uma Thurman e Jamie Bell protagonizam algumas das passagens mais memoráveis do épico erótico, Shia LaBeouf e Christian Slater não conseguem acompanhar o ritmo (e o sotaque verosímil) dos restantes.

 

Ao longo de mais de quatro horas (que se transformarão em cinco e meia na versão não tocada pelos produtores), “Nymphomaniac” é muitas coisas, ainda que – por virtude disso mesmo – não consiga explorar todas as suas ideias de forma satisfatória. É divertido de uma forma negra, penoso, obscuro. É consciente de si mesmo, provocador, digressivo e erudito. E é impossível confundir a mão por detrás da sua realização com qualquer outra.

 

 

Quando tudo termina, é difícil encontrar mensagens dominantes ou significados conclusivos. O que fica é uma incomensurável deceção com o grotesco da natureza humana. E sentimo-nos despidos, frágeis, completamente vulneráveis.

 

Nymphomaniac” não tem coisas simpáticas para dizer, mas faz parte da restrita lista de filmes que nos obrigam a não desviar o olhar. E é preciso haver arte, cultura e filmes assim, duros e indispensáveis, mesmo que tenha de passar uma vida inteira até nos sentirmos capazes a vê-los de novo.

 

 

8.5/10

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