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Snorricam - Alright, alright, alright!

por Catarina d´Oliveira, em 13.03.14

Um dia não o suportei, e hoje engulo as palavras para dizer que gosto muito dele - como pessoa e particularmente como performer e ator.

 

Matthew McConaughey é um dos homens do momento, de galardões no bolso e mais projetos ambiciosos pela frente.

 

Hoje é dia de mergulhar um pouco mais no mito da McConascência e repescar o verdadeiro significado do "mantra" matador que o acompanha todos os dias: "alright, alright, alright".
Em 2011, em pleno (re)nascimento, o Matthew esteve numa entrevista com George Stroumboulopoulos onde se deu ao trabalho e (muita) arte de contar a mirabolante história por detrás do dito, originário da sua primeira cena do primeiro papel em cinema (em "Dazed and Confused").

 

A história é brilhante... sendo apenas suplantada pelo dom e graça natural do próprio que a conta.



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Point-of-View Shot - Fruitvale Station (2013)

por Catarina d´Oliveira, em 13.03.14

 

"I'm good, I'm good, I'm gonna be good"

 

Esta é a crónica do último dia na vida de Oscar Grant III, morto nas primeiras horas da madrugada do dia de ano novo, em 2009, depois de celebrar a passagem com os amigos e a namorada em São Francisco.

 

Oscar é um homem com problemas – no trabalho, no mundo das drogas, na fidelidade de uma relação séria, na perspetiva de voltar à prisão onde jurou nunca mais ver-se encarcerado – mas que se vê forçado à face da mudança. São batalhas difíceis, mas que no dia 31 de dezembro de 2008 resolve tentar ultrapassar. Se viria ou não a conseguir… é algo que nunca saberemos.

 

 

Depois de mostrar as imagens do fatídico acontecimento, gravado por vários telemóveis e câmaras amadoras no local, o realizador Ryan Coogler leva-nos a acompanhar as últimas horas de Oscar, entre encontros familiares, desavenças com a namorada, tentativas de recuperar o emprego e convívio entre amigos. O retrato é simples, sem metáforas, como a vida que é vivida e não filmada.

 

Fruitvale Station” é bastante impressionante para uma estreia na realização, travando uma batalha irrepreensível para nos envolver na história de uma vida por detrás das letras gordas de um título de jornal, e para lhe prestar tributo.

 

 

Michael B. Jordan chegou a ser avançado como um dos principais protagonistas da awards season, mas tal como aconteceu a Oscar Isaac de “Inside Llewyn Davis”, a sua evidência foi-se turvando ao longo dos meses, acabando mesmo por se diluir.

 

Que nada disso apaga, no entanto, a robustez de qualquer uma destas performances, é uma certeza. Jordan é sempre natural num papel e uma personalidade que lhe pedem reações quase dicotómicas – Oscar é amigável, mas potencialmente explosivo e violento; emocionalmente dedicado, mas irresponsável.

 

O elenco secundário – particularmente Melonie Diaz e Octavia Spencer – apresenta-se lado a lado, em termos puramente qualitativos.

 

 

É verdade que, não obstante todas as verdades universais que serve, “Fruitvale Station” não deixa de ser um retrato ligeiramente manipulativo na abordagem, preenchendo Oscar de cores e emoções demasiado quentes e agradáveis, deixando quase sempre de lado a natureza intempestiva (e por vezes violenta) que também lhe era conhecida. Esta “santificação”, acompanhada de dispensáveis momentos de clarividência, é não só profundamente desnecessária, como até obstrutiva em termos de significação. O que acabou por ficar de fora, não só no que respeita a Oscar, mas a outros factos conhecidos e relacionados com o acontecimento daquela noite, ditaria um filme profundamente diferente… provavelmente mais complicado e complexo.

 

Mas apesar de algumas frustrações na forma, nenhuma delas consegue atenuar o impacto bárbaro do último ato. Apesar de o verdadeiro final ser imediatamente apresentado nos primeiros minutos de filme, no confronto, tenso e agonizante, sobram os inexplicáveis flashes de caos, confusão e medo que edificam a inescapabilidade de uma tragédia.

 

 

Na luz dos acontecimentos correntes, “Fruitvale Station” pode (e deve) ser visto como algo mais do que um filme, servindo propósitos maiores de diagnóstico da maleita humana da intolerância, do zeitgeist fétido que se apressa a ocultar direitos, deveres, igualdades.

 

Como outros horrores envelhecidos pelo tempo mas nunca olvidados pelo coração, a história de Oscar Grant mostra que não podemos nunca mudar o passado, mas que talvez, apenas talvez, possamos almejar por um melhor futuro.

 

 

7.5/10

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