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O que é que “The Shining”, “Forrest Gump”, “American Psycho”, “One Flew Over the Cuckoo's Nest” e “Mary Poppins” têm em comum? Todos são filmes aclamados pela crítica e abraçados pelo público… mas particularmente pouco apreciados – ou diretamente odiados - pelos romancistas que os criaram.
Reza a lenda que tanto imploraram as suas filhas que Walt Disney se viu obrigado a fazer-lhes uma promessa: custasse o que custasse, traria o livro favorito das petizas à realidade edificada da sala de Cinema. Mal sabia o criador do rato Mickey, nesse momento inocente e ternurento de preceitos paternos, que esse seria um compromisso que levaria mais de 30 anos a cumprir.
“Saving Mr. Banks” é a crónica da perseguição dos direitos de adaptação que opôs Disney a P.L. Travers, a inflexível e bastante britânica (e australiana) autora de “Mary Poppins” que não tem qualquer intenção de deixar a sua adorada ama mágica ser atacada pela máquina de Hollywood. Pressionada por uma conta bancária em franco minguamento, Travers aceita encontrar-se com a equipa de Disney para tentar criar algo, mas a sua personalidade intempestiva e a familiaridade que têm com as suas personagens assegurarão que tudo é feito de acordo com o seu gosto requintado – e não há muita coisa que ela goste. Todavia, e depois de diversas investidas falhadas que envolveram storyboards, canções alegres, a cor vermelha e pinguins animados, Disney descobre a verdade sobre os fantasmas que assombram a escritora e, juntos, conseguem libertar para sempre o encantamento de uma das personagens mais amadas da história.
Trabalhando a partir de um argumento deKelly Marcel e Sue Smith, John Lee Hancock faz um animado malabarismo entre sátira Hollywoodesca, drama familiar e reforço da marca Disney que resulta num filme divertido e terno que apenas tropeça em duas dimensões cruciais.
A primeira prende-se com o facto de apresentar a Disney como uma máquina de transformações pelo bem maior – afinal, é um filme da Disney, sobre a Disney, onde o negócio apresentado beneficia da parceria com a Disney, e onde a principal epifania emocional se dá, quem poderia adivinhar, num carrossel… na Disneyland.
A segunda parte do problema parte da inconstância entre os dois universos e realidades temporais apresentados. Apesar da sua importância para convir a explicação necessária à psique e jornada interior de Travers, que por sua vez justificam a sua veemente relutância em partilhar a pureza dos seus personagens, os flashbacks da vida australiana no campo não têm a mesma dinâmica que o enredo passado nos anos 60 - a natureza novelesca e manipulativa do (melo)drama esbarra ocasionalmente com a leveza e comicidade do resto do filme.
Avançado como um poderoso candidato à awards season em geral e aos Óscares em particular, “Saving Mr. Banks” viu-se inesperadamente com apenas uma categoria aos galardões mais apetecidos – na categoria de Melhor Banda Sonora Original.
Uma das mais faladas e infames ausências nos prémios da Academia é certamente Emma Thompson, que retrata com as devidas doses de acidez, jenica e doçura a sarjenta combativa que deu pesadelos a Disney, ao argumentista Don DaGradi e aos geniais músicos e irmãos Sherman. O comportamento espinhoso de Travers e as intermináveis e citáveis one-liners que atira violentamente ao vento formam um delicioso contraste com a cor e superficialidade dos estúdios da Disney.
Menos notável mas nem por isso parco em nuances de nota, Tom Hanks é o responsável pelo primeiro retrato de Walt Disney em Cinema, oferecendo-lhe generosas doses de charme e companheirismo deixando compreensivelmente de parte muitos dos aspetos mais apetitosos mas obscuros e nocivos da personalidade do magnata americano.
Entre o elenco secundário, reservamos algumas palavras de apreço para Jason Schwartzman, B. J. Novak e Bradley Whitford que brilham não poucas vezes na outra ponta do espectro de ataques de Travers, e Paul Giamatti pelo pequeno mas memorável papel de chauffeur (e amigo) da escritora.
Se P. L. Travers ainda estivesse entre nós é praticamente certo que não guardaria palavras simpáticas para partilhar sobre a visão cor-de-rosa e Disneylizada da história. Mas ainda assim e com percalços à parte, “Saving Mr. Banks” é uma ode à dor inerente ao processo criativo e uma deleitosa – e por vezes mágica – celebração do poder da arte e da imaginação.
Não é supercalifragilisticexpialidoso… mas vale definitivamente a pena.
7.0/10
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