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Snorricam - Os elfos são Mean Girls

por Catarina d´Oliveira, em 28.11.13

"The Hobbit: The Desolation of Smaug" está prestes a chegar às salas e para o celebrar o utilizador do Youtube OnlyLeigh criou uma combinação bombástica e surpreendente entre o universo de Tolkien & e Peter Jackson e... "Mean Girls".

 

 

E a resposta às vossas perguntas é esta: sim, é maravilhástico.

 

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J'ai une infinie tendresse pour toi... J'aurai toujours... Toute ma vie.

 

A tragédia é a essência da humanidade, e algo a que não podemos escapar numa das mais extraordinárias estreias do ano.

 

Uma das grandes fatalidades do Cinema moderno é o sistema dos media. Desde a estreia em Cannes, “La Vie d’Adèle – Chapitres 1 et 2” foi etiquetado até à exaustão – o filme lésbico com uma interminável cena de sexo, cujo realizador maltratou a equipa e atores durante a produção, mas que coincidentemente também ganhou o prémio máximo no referido Festival, que pela primeira vez foi partilhado entre realizador e protagonistas.

 

Vendê-lo em semelhantes termos ou associá-lo a novelas descartáveis é o desserviço mais abominável que podemos fazer àquela que é, na essência, uma das grandes histórias de amor do nosso tempo e que pertence, inequivocamente, à nossa era.

 

Adèle tem 15 anos e é uma jovem que estuda literatura no colégio para um dia se tornar professora, como sempre desejou. Entre as aulas, o burburinho no seu grupo de amigas tem os alvos do costume – os rapazes mais atraentes da turma, particularmente Thomas, que demonstra um afeto especial pela protagonista.

 

Pressionada pelas amigas e pelo desejo de encontrar respostas, Adèle envolve-se com o rapaz para descobrir que nada é como esperava. Assombrada pelo vislumbre de uma carismática jovem de cabelo azul com a qual se cruzou na rua apenas uma vez, Adèle começa a questionar-se, e apesar de genuinamente não saber porquê, nesta altura todos sabemos. É a materialização do amor à primeira vista, que se regista na sua fisicalidade como na vida real – um murro no estômago e a constatação imediata e desarmante da nossa própria incompletude.

 

A magnética história de amor começa a escrever-se a traços cautelosos mas sólidos, e deixa-se desenvolver languidamente, ao longo dos anos, enquanto tudo e nada acontece, e os entretantos tomam lugar de destaque nos diferentes estádios do êxtase, exploração, contentamento e o tédio da estagnação. Antes conotado com a excitação da descoberta e o prazer da felicidade, eventualmente – e apesar de continuar presente em apontamentos muito interessantes, agora mais desesperados – a cor azul começa a desvanecer-se, inclusive do cabelo de Emma, e lentamente percebemos como esse pequeno sinal nos marca inquestionavelmente o princípio do fim.

 

Basta assistir apenas uma vez ao excecional filme do realizador franco-tunisino Abdellatif Kechiche para compreender que todos os 179 minutos são essenciais para a composição desta devastadora história de amor e descoberta.

 

La Vie d’Adèle” constitui-se como uma ode aos caprichos do coração e às belezas inesperadas da vida, sobre o primeiro amor e a sua urgência, romanticismo, fisicalidade, arrebatamento, desespero e o despertar em nós do desejo dar tudo o que temos e não temos. É vívido e vibrante, e é universal e específico, versando sobre a primeira paixão, as excitantes descobertas da vida e aqueles momentos trágicos em que estragamos tudo e partimos corações – o nosso, e o do outro. É celebração explosiva de glória e dor, um nervo exposto e uma janela para dentro da vida – magoa e deixa marca como ela, mas, de alguma forma, deslumbra com o seu poderio.

 

Na verdade, é impossível não refletir sobre o quão raro é para um filme tentar sinceramente retratar a realidade do que é apaixonarmo-nos por alguém, sem sentimentalismos falsos, ou músicas pirosas, ou manipulações emocionais baratas. Se tivesse de apontar um equivalente próximo e recente no exemplo americanizado, “Blue Valentine” de Derek Cianfrance surge em mente, mas “La Vie d’Adèle” joga noutra liga completamente diferente, vai muito mais fundo, e expõe muito mais debilidades humanas, e é muito mais cru e real.

À parte de uma disputa escolar pouco simpática, o filme de Kechiche não é, como poderia bem ter sido, um filme de movimento, ou anexo a uma narrativa tradicional da “saída do armário”. Não é uma tese sobre a intolerância, ou um esforço declarado para abordar uma questão social pungente. Muito mais central é a relação e a sua dinâmica, o que resulta e não resulta, as compatibilidades e as diferenças que são relacionáveis com qualquer pessoa. Não sendo um filme político ou reivindicativo, acaba por triunfar nos meandros dessas contendas revolucionárias por apresentar a universalidade do que é a paixão e a manutenção árdua de uma relação.

 

As já “famosas” cenas de sexo não são chocantes ou perversas, porque são autênticas e inseridas na verdade da história de Adèle. O sexo, além de constituir uma parte essencial da jornada da protagonista, é ainda retratado com uma emoção fluída, mercurial, quase palpável. Como outros elementos – como seja a presença da comida e a sua utilização no contraste entre os mundos dissemelhantes de Emma e Adèle – é essencial à rica construção geral de Kechiche. O seu objetivo é, não só demonstrar a influência poderosa do desejo sexual nas emoções, como ainda permitir ao espectador compreender – vendo, em oposição a ouvindo falar sobre - a profundidade da paixão partilhada.

 

Inspirando-se livremente na banda desenhada de Julie Maroh (“Le Bleu est une Couleur Chaude”), Kechiche livra-se ainda de um dispositivo melodramático - que culminava com a morte trágica de Adèle, ou Clémentine, como na verdade se chamava na origem - para examinar um outro drama, uma outra morte, mais abstrata, quiçá ainda mais devastadora.

 

Pela primeira vez no festival de Cannes, a Palma de Ouro foi oficialmente entregue a dois atores, além do realizador – quem normalmente recebe a distinção. É fácil compreender porquê: Adèle Exarchopolus e Léa Seydoux leram o guião apenas uma vez, sendo depois estimuladas pelo realizador a improvisar as suas cenas e deixar as ações e palavras fluir o mais naturalmente possível. De facto, esta é uma construção edificada a três pares de mãos. Os altos e baixos da relação têm uma ressonância tão poderosa graças às interpretações fora de série das duas atrizes e o seu compromisso sem barreiras a estas personagens inolvidáveis.

 


A Emma de Seydoux é uma criação magnífica, aliando uma imagem enigmática, quase mística a uma natureza livre, bondosa e verdadeira no amor que expressa por Adèle. Todavia, o filme pertence à mulher que lhe dá nome: em cena em praticamente todos os momentos, Exarchopoulos é uma revelação.

 

Numa performance de instinto e intuição, e com apenas 18 anos na altura de rodagem, Exarchopoulos corporiza a crónica da maturidade de Adèle de uma forma simples e subtil que contrasta com a sua evocação do arroubo do amor e do desejo naquele que se subentende ser o primeiro capítulo do filme. Se, numa primeira instância, Adèle não sabe o que quer, depois quer tudo, e os seus desejos e ardores são esmagadores. O alcance do trabalho de um ator é completamente revolucionado e as possibilidades tornam-se, com o trabalho da jovem atriz, infinitas. É, até ao momento e na minha opinião que se julgava inabalável depois de ver Cate Blanchett em “Blue Jasmine”, a melhor e mais completa performance do ano.

Enquanto par, Exarchopolus e Seydoux são absolutamente destemidas, e a relação que criam no ecrã é tão orgânica que chega a desafiar a noção de “química entre atores” para apresentar uma nova possibilidade – o retrato fiel onde a abstração de que estamos perante uma obra de ficção é total.

 

Em retrospetiva, o Cinema é muitas vezes referido como o grande meio criado pelo Homem, proporcionando a possibilidade de mergulhar noutra história que não a nossa, vivendo assim novas vidas e experiências que o tempo que por cá passamos não permite. Na maior parte das vezes, essa possibilidade não é preenchida, e o Cinema acaba por funcionar mais como um meio de escapismo do que propriamente identificação e extensão da vida. No entanto, de vez em quando, surgem os raros filmes que incitam à descoberta, que se cosem a nós, que nos propiciam crescimento e introspeção, e que nunca mais nos abandonam.

 

Quando chegamos, batidos e devastados, à última mas esperançosa passagem de “La Vie d’Adèle”, damo-nos conta que Kechiche desenhou um autêntico mapa da alma humana, e tudo fica bastante claro. Deixamos o Cinema com um nó na garganta, e partimos de novo como adolescentes enfeitiçados pelo primeiro amor, mesmo que esmagados pela crueza da realidade. A nível pessoal, e desde que o ar frio daquela noite de novembro chocou o meu corpo quente e amedrontado, depois de três horas de reflexão pessoal e humana, nunca mais deixei de ver Adèle.

 

Todos os dias, em todo o lado.

 

10/10

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Composta por 11 "mini-curtas-metragens", a websérie "Making a Scene" é um projeto levado a cabo pelo The New York Times e que destaca nos peculiares vídeos, os melhores performers do ano.

 

 

Cate Blanchett, Bradley Cooper, Chiwetel Ejiofor, Adèle Exarchopoulos, Greta Gerwig, Oscar Isaac, Michael B. Jordan, Julia Louis-Dreyfus, Robert Redford, Forest Whitaker e Oprah Winfrey foram os talentos escolhidos interpretado pequenas passagens com frases escritas por outros grandes nomes como Julie Delpy, Ethan Hawke, Richard Linklater, Spike Jonze, Jeff Nichols, Sarah Polley, entre outros. A montagem e direção é orquestrada pelo lendário diretor de fotografia Janusz Kaminski.

 

Em toda a sua natureza estranha, bela e enigmática, ei-las, as maravilhosas criações.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Para os mais curiosos, aqui fica também o vídeo do making-of.

 

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