Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Foi ontem à noite revelado o primeiro trailer oficial de "Out of the Fornace", o novo filme do realizador de "Crazy Heart", Scott Cooper.
Depois das primeiras imagens oficiais, eis que surge o trailer oficial de "Saving Mr. Banks", de John Lee Hancock.
A premissa do filme centra-se no esforço titânico de Walt Disney para persuadir a autora P.L. Travers a vender-lhe os direitos do seu livro "Mary Poppins". A contenda durou... 14 anos.
Que o meu querido e respeitado leitor Pedro Horta andava muito atarefado a realizar o seu filme de terror e fantasia, já se sabia... agora que o projeto tinha potencial para ser uma coisa tão potencialmente assustadora, já era de nos deixar com dúvidas.
Nada temam contudo, porque foi lançado mais um clip oficial de "O que os Olhos Não Vêem", e que promete uma saga de terror indie como faz falta ao Cinema Português.
"If the caravan's rockin', don't come a-knockin'."
Bonnie e Clyde. Kit e Holly. Mickey e Mallory. Os amantes mortíferos embarcados em viagens de finais sangrentos veem juntar-se ao grupo uma curiosa adição de terror satírico muito, muito britânico.
Chris quer mostrar o seu mundo a Tina e quer fazê-lo à sua maneira – numa viagem através das ilhas britânicas, na sua adorada caravana. Tina levou uma vida enclausurada e há coisas que Chris quer que ela veja: o Museu Tramway Crich, o Viaduto Ribblehead, o Museu Pencil Keswick e a paisagem rural que separa estas maravilhas. A sua jornada inicia-se ao som do cover de "Tainted Love" pelos Soft Cell, e esse é um dos elementos-chave para o seu sucesso– por todos os pequenos sinais, sabemos onde irá eventualmente parar, mas é isso mesmo que torna esta viagem - que os fará aprender da forma mais difícil a lidar com um sonho que é literal e continuamente decepado - tão assustadoramente hipnótica.
“Sightseers” é uma comédia negra como alcatrão fresco – muito britânica e muito seca – que mescla destemidamente humor impassível e uma violência chocante não recomendada aos membros da audiência mais sensíveis.
Tornado famoso pelo seu gosto na exploração do lado negro da vida moderna, o realizador Ben Wheatley orquestra a ação provisionada pelo argumento escrito, curiosamente, pelos dois protagonistas – Alice Lowe e Steve Oram. Juntos construíram uma ode surpreendentemente afetuosa à herança das chuvosas “férias britânicas” e as suas peculiares atrações, mas também uma sátira social de gume cortante.
Inicialmente criada como um piloto televisivo que foi recusado pela BBC por ser “demasiado negro”, o material acabou por encontrar forma de reencarnação no encontro entre Lowe, Oram e Wheatley, a equipa-pesadelo perfeita para anexar a esta aventura perturbadora uma experiência catártica refletida sobre duas pessoas que encontram na metáfora da violência o tubo de escape perfeito para as frustrações de um casal que passou a vida a ser pisado e resolveu bater na mesa e dizer “ok, por agora já chega”.
Outras duras realidades, possivelmente até mais sangrentas e dolorosas, colocam questões desconfortáveis à medida que, primeiro, nos familiarizamos com a relação quebrada que Tina mantém com a mãe, e depois, como a sua relação com Chris se deteriora com o passar do tempo.
Ao contrário de outras duplas assassinas, como sejam os protagonistas de “Natural Born Killers” ou “Badlands”, Chris e Tina não pretendem deixar ao mundo uma afirmação através da sua violência – ao contrário, neste caso estamos apenas perante um par de pessoas profundamente entorpecidas socialmente, incapazes de criar um vínculo social sério ou de estabelecer um objetivo de vida.
Continua a ser divertido e negro, mas profundo de uma forma extraordinariamente pouco convencional.
Apesar de ser um filme relativamente curto, o segundo ato sente-se relativamente arrastado e repetitivo, mas o convento acaba por ser salvo por uma última piada negra e macabra.
Com o tratamento pouco simpático que tem recebido da grande superfície do Cinema comercial, a Comédia Romântica é basicamente um género de zombies, composto por uma grande massa de filmes sem um sopro de vida, unicamente construídos para arrastar casais até às salas ao custo de uma dupla de protagonistas atraente e um argumento mais fino que uma folha de papel.
Ocasionalmente, contudo, surgem pequenas pérolas com poderes de reanimação soberanos, e “Sightseers” apronta-se a estabelecer uma transfusão de sangue (metafórica e literalmente) bem-vinda ao género.
É divertido. É doentio. É bom. Mas, acima de tudo, vai fazê-lo pensar duas vezes antes de deitar um papel de Cornetto para o chão.
8.0/10