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“One day, you're going to have to make a choice. You have to decide what kind of man you want to grow up to be. Whoever that man is, good character or bad, it's going to change the world.”
É cada vez mais um cosmos sobrepopulado, esse onde habitam super-heróis a cada esquina. Numa das vias principais, num particularmente luxuoso aposento com vista sobre todos, habita aquele que é geralmente considerado “o” super-herói – o Super-Homem.
Não existirá figura fantasiosa mais ambivalente. Se por um lado é admirado como um ser honrado e invencível, dedicado de corpo, alma e aço àqueles que protege, por outro é afetado por um mal incrivelmente mais impetuoso do que a própria kryptonite, com a qual mantém uma relação particularmente dolorosa, colocando-o de forma simpática: o facto de não ser humano e, à partida, não proporcionar um ponto de reflexão ou projeção para quem assiste/lê.
É claro que essa “pequena” característica tentou ser trabalhada como uma força, sendo os costumes e moralidade humanos adquiridos ao largo de uma criação no Kansas… mas foi esse pormenor que sempre afastou Clark Kent de Peter Parker, Tony Stark ou mesmo Bruce Wayne – a considerável diferença entre um herói emancipado e por vezes moralmente falhado e um deus à nascença.
Mesmo assim, e talvez constituindo um dos super-heróis menos fascinantes e interessantes do seu universo, o Super-Homem continua – como deverá continuar sempre – a ser um dos mais reconhecidos.
Servirá bastante bem à nossa asserção sobre o grau de importância que o mito do derradeiro super-herói detém referir que o icónico “S” que carrega ao peito é o segundo símbolo mais reconhecido no mundo, apenas atrás da Cruz cristã.
O Cinema tratou, pois, de aproveitar-se dessa influência desde cedo. Mas talvez porque a sua carreira cinematográfica nasceu muito antes da mudança de paradigma que os filmes de super-heróis sofreram aquando da estreia de “Homem-Aranha” de Sam Raimi, em 2002, o Super-Homem nunca conseguiu estabelecer-se no grande ecrã com a pungência equivalente a outros meios, ou com uma significação que pode sequer ser relacionável com a sua carreira nas bandas-desenhadas e na mitologia criada à sua volta.
Os filmes protagonizados pelo inesquecível Christopher Reeve estiveram perto, mas estava a faltar-nos AQUELE retrato, e Zack Snyder e companhia tiveram a sua oportunidade. Com o aval na produção de Christopher Nolan (realizador da saga Batman), o novo Super-Homem tinha tudo para restabelecer Clark Kent como a concludente definição de super-herói. É portanto com alguma pena que, pelo menos no que à minha opinião diz respeito, o tenha conseguido a tão poucos níveis.
A história é bem conhecida, ainda para mais tratando-se do “tratamento de origem”, mas relembremo-la ainda assim: um jovem rapaz descobre que tem poderes extraordinários e que não é deste planeta. Enquanto jovem adulto, viaja para descobrir de onde veio e porque foi enviado, tendo de assumir aos poucos o estatuto de herói e símbolo de esperança para toda a Humanidade.
Para começar, resolveram-se duas questões que sempre me apoquentaram, e apenas por isso, já podia prezar com algum carinho a produção de Snyder – solucionadas estão pois as cuecas por cima do fato e a origem do mesmo, que desta feita faz… digamos que… mais sentido do que um génio costureiro.
No âmbito narrativo, a ambição de tornar o universo do Homem de Aço mais negro e moralmente complexo é admirável mas executado de forma inconsistente, partindo de um filme de ficção científica confiante e complexo a um festival de violação auditiva e visual, quase a dar ideia que a meio do caminho foi colocado um lembrete num Ambiente de Trabalho de Snyder a dizer – “epá não te esqueças, temos de competir com os Avengers e os Transformers. Explosões asap!”.
Essa ambição é o principal twist em relação, por exemplo, à versão de 1978, de Richard Donner – aquele que se refere como o “processo de Nolanização” prevê o embebimento da jornada de Kal-El numa amálgama de temas mais profundos (incluindo a alegoria com Cristo) e um estudo das consequências reais que a sua chegada provocaria no mundo. As ideias são de um potencial incrível e tentador, mas ao contrário da saga Batman, nem sempre resultam. Também o facto de a narrativa se restringir tanto a Clark e Zod dá pouco espaço à criação de uma galeria de personagens secundárias rica, tal como aconteceu no Batman de Nolan, e como havia aqui potencial para suceder.
Visualmente, trata-se, sem surpresa, de uma das melhores rendições de universos fantasiosos populados por super-heróis que já vimos no grande ecrã. Nunca os cenários pareceram tão reais, ou as cenas de ação tão verosímeis.
“Man of Steel” será impreterivelmente recordado como um filme sem humor, repetitivo, demasiado pomposo e que não galanteia ou respeita particularmente a inteligência do espectador – tudo é falado e explicado, relembrado e voltado a explicar ao longo dos três atos.
O argumento tem boas ideias, mas o diálogo é fraquíssimo, o que acaba por afetar todas as performances, nas quais se incluem algumas particularmente boas – Kevin Costner, Diane Lane, Michael Shannon e Amy Adams.
Como personagem titular, Henry Cavill consegue captar o misto de humildade, nobreza e invulnerabilidade, mesmo sem ser capaz de torná-lo uma personagem particularmente interessante do ponto de vista narrativo – que parte já de uma limitação da génese do próprio personagem, e também de uma opinião pessoal que poderá não ser partilhada por todos os que aqui visitam.
Com a porta entreaberta para a sequela (que já anda a ser falada com mais certezas pela web fora), “Man of Steel” é essencialmente o que “Batman Begins” foi para a saga do Cavaleiro das Trevas de Nolan… mas em (substancialmente) menos bom.
Acaba por não ser o Super-Homem que precisávamos ou merecíamos… mas é o Super-Homem que temos. E se há algo de esperançoso a que nos podemos agarrar é que, perante a sequela que deverá ser oficialmente anunciada em breve, há muito que pode ser melhorado numa pavimentação que ainda se espera levar ao *verdadeiro* regresso do herói de azul e vermelho.
6.5/10
Por várias razões que não apenas a temática, "Nymphomaniac" é um dos títulos mais curiosos do ano.
Com Charlotte Gainsbourg, Stellan Skarsgård, Stacy Martin, Shia LaBeouf e Jamie Bell, o filme de Lars von Trier que será dividido em duas partes tem estreia dinamarquesa do primeiro capítulo marcada para o final de dezembro de 2013.
Colocar a nossa cara na capa de uma revista famosa - quem não tentou já fazê-lo no photoshop ou através de um daqueles sites manhosos que têm as molduras da capa e é só carregar uma fotografia e os títulos?
Quem levou essa gracinha para um outro patamar foi o projeto chamado "Mediavengers". Por trás de si está a ideia de recriar jornais e revistas se neste mundo existissem, de facto, os Vingadores.
O sexo está na moda, mas isso já não é novidade. Mas a moda de filmes sobre sexo propriamente dito (e que não se englobam na categoria de Cinema Adulto), particularmente sobre a maleita real do vício sexual, é. Na memória recente, saltam "Choke" e "Shame" - o primeiro mais no tom de uma comédia negra, e o segundo fixando-se particularmente no drama esmagador que tal enfermidade é passível de causar.
"Nymphomaniac" de Lars von Trier e "Thanks for Sharing" de Stuart Bloomerg fazem este ano as hostes, e o segundo parece estar num ponto de equilíbrio entre "Choke" e "Shame".
O enredo centra-se num grupo de pessoas que formam uma forte amizade num programa de terapia para viciados em sexo, enquanto procuram desenvolver pela primeira vez uma relação emocional significativa.
Protagonizado por Mark Ruffalo, Gwyneth Paltrow, Tim Robbins, Joely Richardson, Patrick Fugit, Josh Gad e Pink, "Thanks for Sharing" tem estreia marcada nos Estados Unidos para 20 de setembro.
A coisa mais estranha, mórbida e divertida que encontrei na web nos últimos tempos, cortesia de Simone Rovellini.
Já está finalmente online o primeiro aperitivo audiovisual de "The Counselor", o novo e muito ansiado filme de Ridley Scott que conta com um enredo de luxo no qual se contam Michael Fassbender, Brad Pitt, Javier Bardem, Cameron Diaz, Penélope Cruz, entre outros.
"The Counselor" tem data prevista de estreia em Portugal para 5 de dezembro.
A Open Road Films lançou finalmente o primeiro trailer oficial de "jOBS", o biopic sobre Steve Jobs protagonizado por Ashton Kutcher, Dermot Mulroney, Josh Gad, Lukas Haas, J.K. Simmons e Matthew Modine.
Dividido em três partes distintas, o filme segue Steve Jobs entre 1971 e 2000 em etapas cruciais da sua carreira: a fundação da Apple, a formação da NeXT e da Pixar e, por fim, o seu regresso à Apple aquando da aquisição da NeXT.
"I'm a college student!"
A hora do reencontro chegou. Bem-vindos de volta, Mike e Sulley, nesta exploração colorida sobre a dura maquinação dos sonhos e a dinâmica da amizade masculina… mas com mais pelos e dentes. A banquinha das inscrições é já ali em baixo, à esquerda. Boa sorte, caloiros.
A premissa de “Monsters University”, o novo filme da Pixar que é a primeira prequela criada pelo afamado estúdio de animação, é simples - uma crónica de como a nossa dupla protagonista superou as suas diferenças nos nem sempre fáceis tempos de Universidade, com direito a praxes, castigos do diretor e uma competição escolar sem precedentes.
O original - “Monsters Inc” - é considerado um dos mais inventivos e sólidos produtos com selo Pixar (garantidamente também um dos mais subestimados), apesar de ter perdido vários prémios e distinções, incluindo o Óscar de Melhor Animação, em 2001 para um fenómeno particularmente corpulento da Dreamworks – “Shrek”.
A refrescante ênfase que a Pixar dá ao desenvolvimento dos personagens e das suas histórias é a lendária razão para a legião de admiradores conquistada pelo estúdio. Mas nos últimos dois anos, esses mesmos entusiastas têm-se visto de alguma forma desapontados por uma convergência de expectativas que rebentariam as costuras de qualquer tecido de alto gabarito, com um relaxamento por vezes sintomático de quem se vê sozinho no topo, aparentemente sem competição à vista para lhe extorquir o lugar ao sol.
Essa asserção é, contudo, e cada vez mais, errónea: a Disney vem em renovado crescendo depois do declínio na primeira década do século, e a eterna rival Dreamworks é sempre um player a manter na equação, já para não falar no potencial de surpreender com produtos superiores da Blue Sky Studios, Illumination Entertainment e outras produtoras menores.
Avançamos já que não cremos que “Monsters University” seja já o grande regresso que todos esperamos e profetizamos, aquele capaz da proximidade da impossibilidade do consenso no que respeita à criação de uma obra de arte animada… mas parece que já estivemos mais longe.
O filme de Dan Scanlon, que se estreia na direção de longas-metragens animadas depois de uma perninha na escrita do argumento e conceção visual de “Cars”, em 2006, é um dos mais divertidos da história do estúdio, apesar de ser bastante mais convencional do que o original. O piscar de olho às comédias universitárias dos anos 80 é óbvio – demasiado óbvio, diríamos até, recordando-nos, por exemplo, de “Revenge of the Nerds” (1984).
Scanlon sabe bem quais os elementos-chave a ter presente num produto Pixar – boas piadas, personagens memoráveis e acima de tudo, uma boa história. Mas a distância do saber ao fazer ainda é alguma, e apesar de o realizador fazer um trabalho acima da média do mercado, acaba por executá-lo uns furos abaixo em todos os departamentos, criando algo que sendo divertido, honesto e amigável, está longe de ter uma âncora emocional significativa e de ser verdadeiramente memorável, como um dia foi sinónimo do estúdio. A exacerbar a situação já de si algo problemática, este segundo encontro com Mike e Sulley é demasiado longo e continua a demonstrar a dificuldade do estúdio em lidar com as personagens femininas.
Mas nem tudo são espinhos nesta roseira que floresce saudável com aquele que parece ter sido um regresso tardio do espírito primaveril. O universo criado para estes personagens está ainda mais vibrante e positivamente estranho, povoado de criaturas mais estranhas do que a nossa imaginação poderia conjurar. No elenco de vozes, João Baião e Fernando Luís não se deixam atemorizar pelo legado original de Billy Crystall e John Goodman e continuam a cimentar as dobragens portuguesas como uma das joias da coroa da nossa indústria.
Mas a maior surpresa de “Monsters University” reside na promessa que oferece, um pouco como “Brave” antes de si (apesar de uma execução que também acabou por deixar algo a desejar), explorando ideias emocionais complicadas que não são lugar-comum no género.
O que o eleva de uma versão animada de um composto-cliché cinematográfico, é a importância daquilo que faz passar - do valor dos fracassos e das segundas escolhas, e uma refutação direta do culto do “tu és o escolhido”, no qual somos repetidamente ensopados na cultura popular moderna. A distância que existe entre o destino de Mike e aquilo em que acredita poder tornar-se é de um valor inestimável, não só para reflexão individual e humana do espectador, mas para a própria reconstrução do estúdio. Em exposição está uma realidade difícil onde se elabora sobre talentos e características que simplesmente não podem ser adquiridas, tendo como severa consequência direta a não-realização de determinados sonhos que, até certo ponto das nossas vidas, julgámos possíveis e à “simples” distância de sangue, suor e lágrimas.
“Monsters University” está bem ciente da audiência a quem maioritariamente se dirige – aquela que crescia quando o original foi lançado, há já doze anos. Hoje, é provável que muitos desses espectadores de então estejam prestes a passar pela experiência de Mike, ou que estejam neste momento a vivê-la. Como “Toy Story”, os monstros cresceram com a audiência, e é este respeito por quem está do lado de cá que continua a manter a Pixar – mesmo com as ressalvas atuais - como a fábrica de sonhos mais deslumbrante da indústria.
E mesmo que muitos desses sonhos acabem, como o de Mike, por ficar pelo caminho, oferecem uma bagagem inestimável e insubstituível para que na idílica alternativa, o futuro não nos vire a cara uma segunda vez.
7.5/10
O primeiro trailer oficial de "Free Birds", a animação produzida pela Reel FX Creative Studios e realizada por Jimmy Hayward.
O enredo encontra dois perus que viajam no tempo para tentar eliminar a criação da tradição norte-americana de comer peru no icónico Dia de Ação de Graças.
O potencial é interessante: um arco original, uma tradição pouco explorada no Cinema (Thanksgiving) e alguns gags divertidos. Mas a experiência já nos mostrou mais vezes do que gostaríamos que bons trailers nem sempre resultam em bons filmes, pelo que teremos de aguardar até ao fim do ano para saber...
No elenco de vozes original poderemos reconhecer os talentos de Owen Wilson, Woody Harrelson, Amy Poehler, Dan Fogler, Lesley Nicol e George Takei.
"Free Birds" chega aos cinemas norte-americanos em novembro deste ano.