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Point-of-View Shot - Zero Dark Thirty (2012)

por Catarina d´Oliveira, em 16.01.13

 

 

"I'm the motherfucker that found this place, sir." 

 

Não é difícil entender o ceticismo de alguns membros da audiência, à medida que se aconchegam na cadeira para assistir a “Zero Dark Thirty”. Apenas um ano e meio passado da morte de Bin Laden, surge um filme sobre a questão. E sendo este um tema de alta sensibilidade entre o publico e, bom, a população de todo o mundo, é legítimo repudiarmos um filme que se aproveita dos factos para ganhar uns milhões de dólares, descreditando e desrespeitando a história que conta por pressa em encher os bolsos.

 

Nada a temer todavia, porque o fantástico filme de Kathryn Bigelow não poderia estar mais longe dessa asserção.

 

Não há grande forma de estragar a experiência com spoilers quando se trata de uma história tão esmiuçada nos media no último ano, à exceção de alguém que tenha vivido debaixo de uma pedra. “Zero Dark Thirty” é a crónica da caça ao líder terrorista da al-Qaeda, Osama Bin Laden, uma década de investigação que tem como ponto de partida os ataques do 11 de Setembro de 2001 e que culmina na morte de Bin Laden. O filme de Bigelow narra detalhadamente e passo-a-passo a agonizante análise de informação desnorteante e por vezes contraditória por parte dos analistas da CIA, que depois permite que a tropa de elite americana Navy S.E.A.L. 6 encontre e abata o líder terrorista em Maio de 2011.

 

 

O resultado final é mais passível de ser respeitado do que propriamente desfrutado no sentido mais lato de entretenimento, o que de forma alguma é capaz de diminuir o seu poder e importância.

 

Esta é uma obra que se traduz num feito de urgência e significado inegáveis. Bigelow e a sua equipa asseguram sempre que questionados que “Zero Dark Thirty” é tão preciso e historicamente exato quanto um trabalho de ficção pode ser – e é verdade que todo ele se sente autêntico e verdadeiro. É a versão cinematográfica de um artigo jornalístico completo e fiável, daqueles que entram nos nossos neurónios os abanam violentamente e deixam a sua marca.

 

A tensão é tão grande e as dificuldades que se apresentam parecem tão impenetráveis que, apesar de conhecermos o final, começam a instalar-se persistentes dúvidas de que alguma vez aqueles mistérios sejam desvendados.

 

 

A protagonista pode ser vista como uma espécie de metáfora para os efeitos sentidos pós-11 de Setembro. A psique americana consumiu-se da obsessão de capturar Osama Bin Laden, convencendo-se talvez ingenuamente de que a sua eliminação restabeleceria alguma da inocência do mundo antes do ataque. A representação é neutra – os Estados Unidos não são, em todos os momentos, necessariamente retratados de uma forma manifestamente positiva, e mesmo após a captura final, nunca existe um tom celebratório ou vitorioso em cena, em oposição a uma mais persistente dúvida não respondida: “e agora, o que fazemos?”.

 

Porque é um tema do momento, decidimos dedicar algumas breves linhas ao "escândalo" que tem existido relativamente ao retrato da tortura feito no filme. A controvérsia parece ser, sobretudo, desinformada.

 

Existe uma diferença muito concreta entre apoiar uma medida, ir contra ela ou unicamente expô-la. "Zero Dark Thirty" é largamente apolítico e mesmo amoral, abstendo-se de tomar uma posição a favor ou contra o que quer que seja. Como Bigelow tem reafirmado, e com toda a razão, “mostrar não é apoiar”, e talvez a revolta tenha surgido porque, de facto, quando existe o retrato da tortura, é não só politicamente correto como obrigatório mostrar que é condenável.

 

 

Excluir a tortura do quadro completo não só seria inexato como profundamente inocente, tal como o é ignorar temas incómodos apenas porque são, lá está, incómodos. Ao retratar a tortura, “Zero Dark Thirty” colocou o assunto na ordem do dia, com direito a discussão nos vários media. E tendo em conta a atrocidade humana de que se trata, foi, no mínimo, glorioso serviço público.

 

E tudo é assim. Moralmente ambíguo, obrigando o público a usar a sua própria cabeça e o seu próprio código moral, ético e emocional para decidir o que retirar de tudo isto.

 

Tecnicamente, é um exercício superior. O trabalho de câmara é extremamente naturalista, emprestando ao filme um sentido despido de artifícios, especialmente apreciável se conseguirmos visualizar aquilo em que o material se poderia ter transformado em mãos menos capazes: um produto simplista, um tributo emocional ao patriotismo ou um filme de ação execrável, com slow-motions, explosões e bandas sonoras intrusivas a explicitar o que devemos sentir em cada segundo.

 

 

O argumento de Mark Boal expõe claramente os seus antecedentes jornalísticos – o esqueleto do enredo é de uma precisão exímia, e o diálogo é minimalista mas forte. A disciplina necessária para contar a história da forma que o é em “Zero Dark Thirty” é nada menos que heroica. Bigelow e Boal compreendem o grande significado do material com que trabalham, sem nunca enfatizar nada em demasia.

 

Na reta final, é-nos oferecida uma das cenas de ação mais bem conseguidas de que há memória. O espectador está presente, e a espetacularidade é fabulosamente preterida em nome de um realismo arrepiante que nos permite experienciar, em oposição a (apenas) assistir. O desenlace, contido e anticlimático, é de uma simplicidade e subtileza fabulosas. Quando a morte chega, fá-lo sem heroísmos ou congratulações exteriores, mas com puro e duro silêncio. Apenas acontece, e depois… acaba. É resoluto e brutal.

 

A fotografia de Greig Fraser talvez não seja tão aparentemente vistosa como, digamos, a de Claudio Miranda em “Life of Pi”, mas é tão distinta como essa.

 

 

Na bancada do protagonismo, Jessica Chastain justapõe na perfeição a dureza e perspicácia mental de Maya com a tensão despedaçadora do seu trabalho. Maya é uma das grandes personagens femininas a aparecer no Cinema deste século, e enquanto não é definida por homens, continua a sofrer por ser “a miúda no mundo dos machos”. A humildade da sua conduta é notável, estando a determinação e a vulnerabilidade em pé de igualdade no espírito de Maya.

 

O filme nunca se interessa em fabricar arcos psicológicos ou emocionais passados das personagens. Apesar de ser frustrante o facto de sabermos tão pouco sobre Maya, a sensação que fica é que, de facto, a missão se apoderou de si tornando-se a sua vida.

 

 

Relativamente aos secundários, o elenco é de uma solidez formidável, mas a destacar outro membro, não poderia ser outro que não Jason Clarke, o especialista em interrogatórios da CIA. Dan é inteligente, profissional e cruel, e o seu arco desgastante é promovido com uma simplicidade e aprumo notáveis por parte de Clarke.

 

Um paralelismo lógico pode ser criado entre o filme de Bigelow e o teste psicológico projetivo de Rorschach, onde o indivíduo analisado organiza uma série de informação ambígua para que depois seja projetado um quadro da dinâmica psicológica do mesmo. No caso do filme, a experiência é semelhante, sendo que a apresentação apolítica e amoral certamente proporcionará discussões que oporão polos de opinião em vários casos e elementos do enredo.

 

 

É isto que faz um grande filme, ou uma grande experiência cinematográfica. Torna-se parte de nós, exigindo a nossa atenção, impondo a utilização do cérebro e de todos os sentidos. Um grande filme estimula e desafia e oferece um esmagador sentido de catarse.

 

Provavelmente, e talvez por muito tempo, deverá ser o que de mais próximo teremos de saber o que realmente aconteceu na maratona que levou ao descobrimento e abate de Bin Laden. E “Zero Dark Thirty” surge assim como uma importante peça que ajuda a definir um pedaço da história moderna do Mundo.

 

 

9.0/10

 

 

*** *** ***

 

 

LINKS DE LEITURA AUXILIAR/EXTRA

 

"The death of Osama bin Laden: how the US finally got its man" - The Guardian

 

"Navy Seal author credits 'wicked smart' CIA agent with role in Bin Laden raid" - The Guardian

 

"Bin Laden Film’s Focus Is Facts, Not Flash" - New York Times

 

"Osama bin Laden killed: Behind the scenes of the deadly raid" - The Telegraph

 

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Mise en Scène - Mud

por Catarina d´Oliveira, em 16.01.13

Primeiro com "Shotgun Stories" (2007) e depois com "Take Shelter" (2011), Jeff Nichols tornou-se um daqueles novos realizadores de quem aguardo desenfreada e desesperadamente mais filmes. Felizmente, talvez não tenha de esperar muito tempo até poder ver a sua terceira longa-metragem, o drama "Mud", que integrou há meses a programação em competição do Festival de Cannes.

 

O enredo encontra dois adolescentes que cruzam caminho com uma misteriosa figura fugitiva que se esconde numa olha no Mississippi. Intrigados pelo homem, fazem um pacto para o ajudar a escapar à captura e a reencontrar-se com o amor da sua vida.

 

 

Tenho de admitir que o Matthew McConaughey não era dos meus atores preferidos - e continua a não ser - mas tenho de demonstrar respeito e admiração pela sua carreira no passado mais recente, presente e futuro. O homem está a tentar fazer qualquer coisa séria consigo, e é bom de ver.

 

 

"Mud" é protagonizado por Matthew McConaughey, Reese Witherspoon, Tye Sheridan, Sam Shepard, Sarah Paulson, Michael Shannon, Ray McKinnon, Joe Don Baker e Paul Sparks, e (infelizmente) ainda não tem data de estreia anunciada para Portugal.

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