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Point-of-View Shot - Les Misérables (2012)

por Catarina d´Oliveira, em 02.01.13

 

 

"Even the darkest night will end and the sun will rise."


 

Tom Hooper pode até ter ganho o Óscar de Melhor Filme por “The King's Speech”, mas ou muito nos enganamos, ou será este o filme que o manterá na nossa memória por muito tempo.

 

Les Misérables” é uma adaptação do musical do mesmo nome, que por sua vez é baseado na obra de literatura clássica de Victor Hugo, também com o mesmo nome.

 

A versão do musical em palco de Schönberg e Boublil existe desde 1980, onde teve honras de estreia em territórios franceses. Em 1985 foi adaptado para o público inglês, seguindo-se a audiência americana, em 1987. Mais de 30 depois da primeira aparição cantada em palco, surge a adaptação cinematográfica, que segue a tradição de adaptações tardias de outros famosos musicais (“The Phantom of the Opera” demorou 18 anos até ser adaptado, “Chicago” 27 anos e “Sweeney Todd” un longos 28).

 

 

A história alarga-se por várias décadas, e em sala veremos sobretudo os eventos que se deram entre 1815 e 1832. Seguimos a história do ex-prisioneiro Jean Valjean, à medida que este tenta escapar o seu passado ao redimir-se, caminhando para a redenção. A sua jornada é recorrentemente atormentada por Javert, um polícia que o persegue obstinado toda a vida; mas Valjean encontra a sua paz e derradeira hipótese quando encontra e cria a filha da desgraçada Fantine – a pequena e bela Cosette.

 

Esta básica e muito pobre descrição não consegue sequer começar por explicar o significado de uma obra superlativa, épica e humana como o é Les Misérables, mas nunca uma diminuta sinopse conseguiria fazê-lo.

 

Os temas da obra de Victor Hugo, ainda que necessariamente comprimidos (lá iremos no parágrafo seguinte, estão sempre presentes: a mudança e a transformação, o conflito entre classes, o romance, o amor, o sentido de justiça, a lei e a humanidade, a verdade, a sobrevivência, a luta contra a adversidade, o castigo, a coragem e a inocência, o sacrifício, a defesa de uma causa, o perdão, o salvamento e o sentido da vida.

 

 

Les Misérables” encontra, portanto, uma dificuldade duplicada, porque se apresenta passível a comparações relativas ao musical e à obra literária. Em casos práticos da vida, gosto de usar analogias, e penso que esta é novamente uma boa altura para isso mesmo.

 

Ovos – cozidos, estrelados ou mexidos – serão sempre ovos. Mas que têm sabor, propriedades e apelo diferentes, ninguém o nega; havendo depois quem os prefira cozidos, estrelados, mexidos ou nem banhados a ouro. Podemos discutir as diferenças, e até o processo, mas não podemos ‘misturá-los’. Um ovo mexido nunca será um ovo cozido. E é o processo – diferente - que toma uma mesma origem para obter um prato completamente diferente.

 

 

Ora, Les Misérables serão sempre Les Misérables, e apresar de se encontrarem plenos nas eternas palavras de Victor Hugo (a versão pura, chamemos-lhe assim), não deixam de ser o que são nas vozes exímias de West End ou da Broadway, ou na versão cinematográfica de Tom Hooper. As diferenças inerentes a cada meio ditam as suas limitações, e são essas mesmas diferenças que, permitindo discussão de disparidades ou dissemelhanças, lhes nega validação. Passar de um livro de 1200 páginas para um musical (peça ou filme) de três horas supõe infinitas supressões, omissões e descomplexificações infelizes para quem conhece o trabalho original (as mais “graves” aqui serão, por hipótese, a relação entre Valjean e Javert, ou mesmo o triângulo amoroso de Cosette, Epónine e Marius), mas que são, todavia, inteiramente compreensíveis de acordo com o meio, e devem imperativamente ser entendidas pelo público.

 

“A música expressa o que não pode ser dito em palavras, mas não pode permanecer em silêncio", escreveu o autor, e Hooper parece ter entendido profundamente essas palavras.

 

Muitos dos que estão prestes a aventurar-se na visão do realizador do mundo originalmente criado pela mente brilhante de Victor Hugo podem não estar inteiramente cientes do desafio que se apresenta, pelo que cremos que nunca serão dispensáveis os esclarecimentos necessários para que se evitem surpresas desagradáveis.

 

 

Atualmente, quando se ouve falar do “musical” em Cinema, a tendência imediata é de o associar a filmes mainstream, que acabaram por se calcificar como tradicionais na mente da audiência. Os recentes “Dreamgirls”, “Chicago” ou “Moulin Rouge!”, seguem a tradição dos filmes ‘não-musicais’, acrescentando-se pelo meio uma porção variável de números musicais. Nesse sentido, Les Misérables é totalmente diferente: praticamente todas as linhas de diálogo são cantadas – uns sólidos 95%, senão mais -, sobrando apenas breves tecidos conectivos entre cenas. Da mesma forma, poucos são os números tradicionalmente coreografados (ao estilo de Chicago, por exemplo), e “Les Misérables” acaba por ser mais uma ópera do que aquilo que usualmente apelidamos de “filme musical”.

 

Ainda relativamente ao género, a sua transposição para o Cinema nunca deixou de ser um estranho caso de oxímero. Em palco, um musical é imediato, espontâneo e belo em cada recanto da sua imperfeição; por oposição, a esmagadora maioria dos musicais cinematográficos não deixam de ser relativamente plásticos e estéreis, fruto da dependência de faixas musicais gravadas que retiram à performance a verdade da interpretação no momento.

 

 

Foi um dos requisitos de Tom Hooper, que todos os participantes em Les Misérables fossem capazes de cantar as suas passagens ao vivo no set, onde seriam gravadas na mesma altura. O risco da instabilidade e da inexperiência era imenso, mas Hooper concedeu aos seus atores a maior prenda que poderiam receber: a liberdade de fazerem todas as suas escolhas de interpretação na altura de filmagem, e não meses antes, quando nem se conheciam, fechados num estúdio; a isto acrescem-se o novo poder do ator - que pela primeira vez sim, tomara a rédea das canções, utilizando sempre um phone no ouvido, diretamente ligado a um pianista que, fora do estúdio, acompanhava as suas canções de acordo com o ritmo escolhido por cada um, o exato oposto do que costuma suceder, onde o ator segue um ritmo pré-definido pelo compositor ou orquestra – e ainda todos os belos pormenores de uma atuação ao vivo – os suspiros exatos, as pausas certas, as vozes fragilizadas pela emoção.

 

Apesar de alguns poucos outros filmes terem, no passado, experimentado a técnica, Les Misérables é um dos primeiros filmes a fazê-lo extensiva e exaustivamente. O novo sistema é completamente novo e libertador, tanto para o ator, como para a audiência. Porque é a assistir a performances como a de Anne Hathaway de “I Dreamed a Dream” que compreendemos, e que nos tocamos perante a fragilidade da voz de um coração desfeito, e que nos inspiramos. Porque se todas as notas não surgem perfeitas aos ouvidos mais atentos, isso faz parte da beleza de Les Misérables, que nos apresenta uma história profundamente humana, e a imperfeição é um dos traços principais da nossa natureza.

 

 

A audácia de Tom Hooper demonstra uma fé corajosa nos seus atores e no material, bem como um profundo conhecimento de ambos. A 'falta de grandiosidade' deixou-me por vezes na corda bamba, mas precisei de alguns dias de reflexão para perceber o porquê desta ausência, e a abraçar a abordagem intimista de Tom Hooper. Afinal, o realizador britânico deu-nos uma versão relativamente atípica do grandioso musical, onde se esperava uma escala gigantesca do início ao fim. Afinal esses tais momentos de grandeza (como a explosão enérgica de "Master of the House" ou do epílogo épico) são intercalados com sequências profundamente simples e íntimas – daí a minha simpatia também com o método bastante criticado dos grandes-planos, ou close-ups, como serão mediaticamente mais conhecidos. Este intimismo impede que as emoções fujam a um insuflamento artificial, apresentando-se assim despidas, cruas, reais e poderosas.

 

Tematicamente, também se sente fresco, moderno e emergente, sendo que as causas sociais, políticas e económicas encontram paralelo na realidade atual (paralelismos imensos foram traçados, nomeadamente com a Primavera Árabe, ou o Occupy Wall Street)– isto para não falar nos conflitos humanos internos, que esses são recorrentes ao longo de toda a nossa existência.

 

 

O design de produção vívido e voluptuoso traz à França do séc. XIX a perfeita justaposição de toda a sua opulência em escala e riqueza, e o cheiro da sarjeta pobre a enfeitiçar os sentidos. A fotografia de Danny Cohen é belíssima, e o guarda-roupa de Paco Delgado é rico e repleto de nuances.

 

Relativamente ao elenco… começamos a ter sérias dificuldades em deslindar o que quer que seja que Hugh Jackman não consegue fazer. De super-herói de bandas desenhadas a gerador de suspiros em comédias românticas, e de força dramática a fenómeno musical, Jackman encontra aqui o papel de uma vida, muito semelhante àquela onda perfeita que os surfistas perseguem incessantemente. O seu Valjean sente-se como um homem comum, e não um herói infalível. As suas dúvidas seriam as mesmas de todo o bom homem, e a sua conduta tão falível como qualquer um destes.

 

Russell Crowe é um barítono áspero, com menos alcance vocal, mas surpreendente para quem o pré-concebia como o calcanhar de Aquiles da peça. De facto, e ainda que partilhe das vozes menos impressionantes do conjunto, o seu porte e habilidades dramáticas encontram-se no ponto, corporizando na perfeição a obstinação na perseguição de Javert, a natureza não maliciosa, mas estrita do mesmo e a convulsão interior que ocorre decorrente da constatação da verdadeira natureza do homem que persegue.

 

 

 

Arrancada a ferro e fogo da sua juventude, beleza e graça naturais, a Fantine de Anne Hathaway é reduzida – física e emocionalmente – à sarjeta. A sua rendição de “I Dreamed a Dream” está repleta de emoção, e o pathos da personagem é completamente clarificado pela devastação da mesma.

 

Amanda Seyfried cumpre solidamente com o papel da bela Cosette, mas Eddie Redmayne (Marius) e a novata Samantha Barks (Éponine) são absolutamente soberbos e das melhores surpresas entre o elenco – quer vocais, quer dramáticas. Daniel Huddlestone rouba todas as cenas como o petiz mas emblemático Gavroche, e Aaron Tveit lidera as barricadas com enorme portento e carisma como Enjolras.

 

 

 

Apesar da curta aparição como o bispo que ilumina Jean Valjean, foi um retoque abençoado, o de colocar Colm Wilkinson no elenco – o ator que primeiro deu vida a Valjean em West End, em 1985, sendo depois transferido para a versão da Broadway, em 1987.

 

Por fim, e num pedaço de casting inspirado, Helena Bonham Carter e Sacha Baron Cohen são os taberneiros vulgares que acolhem Cosette e oferecem o bastante necessário comic relief sem destruir a tensão de um enredo bastante… miserável.

 

Não obstante as minhas palavras largamente simpáticas, não estou cega, e bem vejo que este não é e está longe de ser, um filme perfeito. É demasiado longo (um intervalo poderia fazer toda a diferença neste ponto), a montagem é desajustada, há canções que não funcionam tão bem quanto outras (normalmente, as de natureza mais “conversacional”), e o enredo do romance entre Marius e Cosette parece exageradamente apressado (e consequentemente, pouco credível e impactante), tendo em conta a duração do filme.

 

 

 

Desta forma, não vou estar aqui a dizer que é o melhor filme do ano e que todos vão adorá-lo, até porque não é essa a função da crítica de cinema. Mas que Les Misérables deve, pelo menos, ser visto e experienciado por todos, deve.

 

Não é naturalista no sentido mais estrito, mas é inteiramente autêntico naquele, que no Nosso maravilhoso “Tabu” (2012) foi descrito como “o mais insolente músculo de toda a anatomia”: o coração. Além disso, é um hino à alma humana na sua plenitude de significados e manifestações - as esperanças, falhas, virtudes, sonhos e o desejo incessante de os perseguir.

 

Ao contrário do que poderá parecer a quem não conhece todos os contornos da história imaginada por Victor Hugo, ela não é tanto uma história da revolução, como o é sobre pessoas e o infinito espírito humano. E são exatamente essas histórias que valem a pena ser contadas.

 

 

8.5/10

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Snorricam - O verdadeiro Bruce Wayne

por Catarina d´Oliveira, em 02.01.13

Christian Bale. George Clooney. Val Kilmer. Michael Keaton. Adam West.

 

Todos estes homens, em algum ponto da sua vida, já foram Bruce Wayne, o playboy milionário mais conhecido pela sua persona vigilante, Batman. Inspirando-se na multitude de origens do cavaleiro das trevas, um utilizador do reddit criou uma composição do que seria Bruce Wayne, baseando-se nos traços dos cinco atores que o interpretaram.

 

Se é assustador que, apesar de algumas imperfeições, esta cara pareça incrivelmente real? É. Mas talvez ainda mais impressionante seja o facto de que consigamos distinguir pequenos traços de cada um...


Ele há coisas do diabo...

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