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Point-of-View Shot - The Dark Knight Rises (2012)

por Catarina d´Oliveira, em 02.08.12

 

"Gotham, take control... take control of your city. Behold, the instrument of your liberation! Identify yourself to the world!" 

 

É possível o filme universal? Aquele que apela a críticos e espetadores comuns, a snobs e a papa-blockbusters, aos mais interessados e aos ocasionalmente cativados. Aquele que fará o mundo ficar em suspenso, e maravilhar-se em uníssono?

 

Não sou pessoa de usar uma das palavras mais perigosas do vocabulário global – nunca – de ânimo leve, mas creio que estaremos de acordo em considerar que a existência de tal obra é uma hipótese remota. Isto para não dizer, muito, mas mesmo muito remota.

 

Não inicio esta reflexão para vos dizer que The Dark Knight Rises é esse messias cinematográfico, estando, aliás, bem longe disso; mas penso também que não falto perante a verdade se disser que é globalmente um dos filmes mais esperados do jovem século e inequivocamente, do ano (desculpem, Avengers).

 

 

Christopher Nolan revolucionou o género dos “filmes baseados em B.D.”, introduzindo narrativas que se preocupam com algo mais do que rebentar com cidades imaginárias e exibir truques ostentosos (mais uma vez, desculpem Avengers).

 

Batman Begins - negro, luxuoso e sério, iniciou firme a caminhada de um herói diferente de todos os outros; o título menos impressionante da trilogia (apenas no grau de espetacularidade, devemos sublinhar) é uma janela para o início da lenda, e aquele que dá mais enfase à história e à construção de personagens ao invés da ação (deliberadamente).

 

Seguiu-se em porte prodigioso, The Dark Knight, que não tardou a tornar-se a joia da coroa do género – um character study que versava sobre questões ligadas ao bem e ao mal, e à verdadeira natureza de Batman, enquanto nos brindou com um dos mais memoráveis vilões de que há memória – o Joker – e cuja mística só foi incrementada pelo destino fatídico do ator que o interpretou (foi o último filme completo de Heath Ledger).

 

Perante tal estabelecimento de background, pairava uma expectativa dúbia relativamente ao terceiro e último capítulo da saga: a perspetiva esperançosa de algo ainda maior e consequentemente “histórico” equilibrava-se na balança com uma espécie de premonição da impossibilidade de melhorar o antecessor que, ainda que ativamente recalcada, persistia na mente de todos.

 

De todo o modo, não havia muito que The Dark Knight Rises pudesse fazer para não ser, de alguma forma, uma desilusão. Dar seguimento àquele que é considerado o melhor “filme de super-heróis” de sempre era não só dolorosamente difícil, como incrivelmente injusto.

 

Toda esta exposição existiu com o único propósito de adereçar primariamente o surpreendentemente bem alimentado “elephant in the room”. Rises não é melhor que Dark Knight, apenas e só porque é diferente em todos os sentidos imaginários. Não vamos aqui discutir se é melhor, ou pior; é diferente, e nessa diferença é fantástico.

 

 

Muito à semelhança de Prometheus, que estreou entre nós em Junho passado, The Dark Knight Rises debate-se com temas fortes e contemporâneos na conjuntura global atual – a crise financeira de 2008, o Occupy Wall Street, os conflitos pós-11/9, a guerra ao terror(ismo)… todos estes temas têm um pequeno espaço de expressão na obra de Nolan, mas mesmo com quase três horas de duração, era pelo maior desenvolvimento destes elementos que ficamos a salivar, na ânsia de tornar esta saga como um símbolo ainda mais fluorescente de tudo aquilo a que o género deve aspirar. Os temas abordados por Nolan são, como já vai sendo costumeiro, muito fieis ao zeitgeist sociopolítico do séc. XXI.

 

A ação propriamente dita é de uma intensidade e qualidade capazes de fazer os queixos roçar o chão, sendo o mais livres de CGI possível. Mas a outra boa notícia? Nolan continua a querer fazer do género algo mais do que um dispositivo para ganhar bons trocos.

 

O realizador criou uma saga baseada nas ações de um herói que quase faz parecer todos os outros no universo cinematográfico como miúdos a saltar na cama, com pijamas e figuras de ação gastas pelas horas de brincadeira. O “Shakespeare dos Super-Heróis”, já foi chamado o “Nolan Batman”, e com razão. Nolan traz um artifício ao blockbuster que, não sendo comparável nem na intencionalidade, género ou abordagem, nos faz viajar no tempo, até ao trabalho de grandes mentes como Stanley Kubrick (2001: A Space Odyssey) e David Lean (Lawrence of Arabia).

 

 

Como esperado, Nolan infundiou The Dark Knight Rises com um ambiente maior do que a vida, que é perpetuado pelos visuais impactantes de Wally Pfister e pela banda sonora pungente de Hans Zimmer. A atmosfera espetacular do título é contrabalançada com interlúdios dedicados a diferentes personagens, o que permite ao realizador aproveitar grande parte do elenco de luxo de que dispõe.

 

Dos membros antigos, e por razões de economia de espaço, vou apenas destacar dois: Christian Bale, que nos oferece a sua melhor performance na saga – física e emocionalmente e o incontornável Michael Caine, o maior valor emocional centrífugo do título.

 

Tom Hardy é um duplo injustiçado pelas comparações infundadas com o antecessor (Heath Ledger) e pela paupérrima mistura de som do título, que afeta especialmente a voz do vilão. Mas Bane, mais na senda de Ra’s Al Ghul do que propriamente Joker, é genuinamente assustador no seu poderio físico e mental, e a dedicação demente de Hardy ao papel é bem palpável em cada cena que protagoniza.

 

 

Uma das mais surpreendentes adições à saga é a de Anne Hathaway como Selina Kyle que, astuciosamente, nunca é referida como Catwoman. A grande motivação de Kyle é a sobrevivência, e apesar de uma abordagem quase radicalmente diferente de Michelle Pfeiffer em Batman (1989), Hathaway traz uma graça, agilidade e distinção ao papel que complementa na perfeição as forças brutas de Batman e Bane. Como habilmente já me descreveram, Kyle é para Batman o correspondente de Han Solo para Luke Skywalker. Ainda do lado das meninas, Marion Cotillard é, talvez, o talento menos aproveitado. A sua relação com Bruce Wayne parece apressada e fria, e fica o desejo de que as mulheres tivessem tido melhores oportunidades no universo do Cavaleiro Negro.

 

Por fim, Joseph Gordon-Levitt surge como o aliado que Batman precisava para se reerguer – mais alguém disposto a pôr as mãos na massa para salvar aquilo em que acredita. E como já não é surpresa nenhuma, Gordon-Levitt fá-lo com um poder magnético.

 

 

A estrutura da mitologia de Batman é extremamente complexa de sua moralidade difusa – estamos perante um herói emocional e psicologicamente mais afetado que muitos dos vilões; vilões estes que em muitos momentos carregam motivos mais nobres do que os do herói.

Este simbiose de conceitos entre o bem e o mal é um elemento vital na tradição de Batman, e é algo que Christopher Nolan conhece exemplarmente bem. Pelo menos até certo momento, existe algum sentido de justiça e equidade no plano de Bane que o torna um arqui-inimigo intrigante: aquele pelo qual quase ousamos torcer.

 

Apesar das abundantes qualidades, The Dark Knight Rises é um título imperfeito. Uma das suas maiores faltas está relacionada com um caso bastante extenso de “excesso de exposição”, onde diálogos longos e imoderadamente explicativos podem significar um desfasamento desnecessário entre o enredo e o espectador.

 

A outra questão prende-se com os motivos contraditórios de muitos personagens, mas essencialmente, dos vilões. Enquanto é sobejamente inovador colocar nos vilões um justificativo de ação dúbio – que pode significar até por vezes que estes têm os motivos mais nobres – Nolan parece tê-lo feito com mais acerto em Batman: O Início do que propriamente neste último capítulo.

 

 

Tipicamente, é difícil encontrar um “terceiro fascículo” que não se sinta pouco inspirado ou cansado pela árdua tarefa de unir as pontas soltas deixadas pelos antecessores. The Dark Knight Rises será relembrado por ser um dos mais valiosos elementos desta categoria, enquanto o realizador Christopher Nolan ainda tem tanto a dizer sobre as personagens que a longo de sete anos tem vindo a construir, e sobre a sociedade em geral.

 

Apesar de se apresentar como um desafio às leis que regem uma bexiga mais sensível, este é um final épico e apropriado para a trilogia do cruzado de vestes negras.

 

 

Christopher Nolan trouxe ao franchise, e à própria persona de Batman, a solenidade e um sentido de real muito capaz de coexistir no universo fantasioso. O que trouxe a Batman foi o portento, o sentido de contemporaneidade, mas sobretudo, a crença. Porque Batman não precisou de ser picado por uma aranha, ou afetado por radioatividade, ou vir de outro planeta para fazer a diferença. Batman só precisou que Bruce Wayne quisesse uma cidade justa para os seus habitantes, uma cidade alicerçada no Bem, que às vezes é tão capaz de ser ambíguo. O resultado foi um salvador atormentado, disposto a dar-nos tudo, mas sobretudo, um salvador que poderia ser qualquer um de nós.

 

E é isto que a audiência deseja tão ardentemente num mundo cada vez mais despido de fé na calma depois da tempestade, que já vai tão longa. É também talvez por isto que a trilogia de Nolan se tornou no fenómeno que hoje é; porque fica a certeza de que não nos trouxeram apenas a lenda que necessitávamos, mas também aquela que merecíamos.

 

"Selina Kyle: You don't owe these people any more! You've given them everything! 
Batman: Not everything. Not yet." 

 

9.0/10

(é possível que esta nota esteja um niquinho inflacionada pelo enquadramento na trilogia completa, mas ei... i don't really care)

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