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Porque a tagline não mente, o anseio por mais uma festa do Avante! Ideologias políticas à parte, esta é uma festa que reúne gentes de todos os cantos do nosso Portugal para festejar; festejar o que quer que seja, e só por isso já lá vale dar um pulo pelo menos uma vez na vida - a mística confirma-se sempre.
"Não há festa como esta!"
Se razões faltavam aos meus amigos cinéfilos para lá darem um pulo inaugural (ou repetido), surge mais uma, que já vem sendo desenvolvida nos últimos anos. Falo, claro está, do CineAvante!, um espaço dedicado ao cultivo do saber cinematográfico falado em português.
"O cinema português ganhou por direito próprio espaço destacado na Festa. No espaço CineAvante!, inserido no Espaço Central, o melhor do cinema documental e de ficção, curtas e longas-metragens, produzido nos ultimos anos, merecem a atenção dos visitantes, que poderão ainda dialogar com alguns dos realizadores.
O CineAvante! inserido na programação da festa, um espaço privilegiado para a cultura e a criação artística onde com esforço mas com grande fraternidade se criam condições para que artistas e criadores encontrem lugar e espaço para apresentar aos visitantes da Festa os resultados do seu trabalho e do seu modo de olhar o Mundo, procura ser o espaço de promoção e divulgação da produção cinematográfica em Portugal."
(in http://www.festadoavante.pcp.pt)
As curtas de João Salaviza, Sangue do meu Sangue (de João Canijo), O Barão (de Édgar Pêra) e Linha Vermelha (de José Filipe Costa) são apenas algumas das muitas opções em mostra durante o festival.
Spot on. O pessoal no Funny or Die já nos habituou aos seus vídeos brilhantes... mas a cada nova submissão, rendo-me.
P.S. sim, alguns filmes não são em 3D, mas considerem este mais como um "Every Summer Blockbuster Is The Same".
POTENCIAL MINION
Além da história e dos protagonistas diretos, Despicable Me existe sobretudo por uma massa secundária coletiva e galvanizante que veio mudar o nosso imaginário no que respeita à animação - os grandiosos Minions.
Se o sucesso de personagens já icónicos como Scrat de Ice Age lhes valeu as suas próprias curtas-metragens, a Illumination Entertainment está pronta para levar o sucesso dos Minions para o nível seguinte, dedicando-lhes a sua própria longa-metragem, onde estes irão interagir com caras novas e com personagens recorrentes do universo Despicable Me.
Ao que parece, a Universal planeia lançar o filme (que já tem argumento de Brian Lynch e será realizada por Pierre Coffin e Kyle Balda) em 2014.
Acham que tem potencial para funcionar?
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WIKILEAKS NA GRANDE TELA
Já lá vão os dias em que o domínio do WikiLeaks em todos os noticiários do dia era, bom, dominador. Julian Assange e o seu site de exposição de informação secreta do governo andavam debaixo de olho público, e apesar de outros valores noticiosos se terem levantado entretanto, Hollywood não esqueceu o enorme potencial dos factos que se poderiam tornar história cinematográfica.
A Dreamworks adquiriu no ano passado os direitos de "Wikileaks: Inside Julian Assange's War on Secret" e "Inside Wikileaks: My time with Julian Assange at the Most Dangerous Website", e agora o estúdio anda à procura de um protagonista à altura. Jeremy Renner pode ser esse homem. Quanto ao leme da realização, parece que Bill Condon (The Twilight Saga: Breaking Dawn Part II, Dreamgirls) é mesmo o escolhido...
Contudo, o facto de a história real ainda não ter um verdadeiro fim à vista (Assange anda a desviar o corpo das balas por esse mundo fora) poderá atrasar este que é apenas um de vários projetos cinematográficos inspirados na saga Wikileaks.
Cortesia de Brent Bailey, enquanto esperava na fila para assistir a The Dark Knight Rises...
(clicar na imagem para ampliar)
Se gostavam de saber o que precisavam para se tornar no Batman (além de um rigoroso treino físico e mental) a resposta é dada pelo MoneySuperMarket.com: um super-poder chamado... riqueza.
"Pas de bras, pas de chocolat."
Se as relações românticas estão para o cinema como as desgraças quotidianas estão para o noticiário das oito, por alguma razão que desconheço, e apesar de representar um dos pilares fundadores na vida de qualquer indivíduo são, a amizade encontra inúmeros obstáculos no que ao seu retrato cinematográfico diz respeito, particularmente se se tratar de uma amizade entre dois homens.
No cinema, para o macho ser amigo não chega, e das duas uma: ou nos servem buddy movies regados com ação ou com comédia, muitas vezes e infelizmente de gosto discutível.
Continua a ser um mistério para mim que existam tão poucos filmes que sejam honestos e diretos no tratamento de uma das variações relacionais mais importantes na vivência humana. Felizmente, os franceses mostraram que há uma solução para o problema.
Intouchables baseia-se na história verídica que relata a amizade entre Philippe, um homem que ficou tetraplégico na sequência de um acidente de parapente, e Driss, um jovem dos subúrbios acabado de sair da prisão que é contratado para o assistir no dia-a-dia.
Le Scaphandre et le Papillon meets Driving Miss Daisy, portanto, o que não pretende de todo ser um apontamento pejorativo.
A aversão americana às legendas a ponto de serem quase consideradas inimigas nacionais não impediu que um título simultaneamente muito francês na execução mas relativamente mainstream na sua estrutura fizesse história. Intouchables, a comédia dramática realizada por Olivier Nakache e Eric Toledano, tornou-se o filme não falado em inglês mais rentável da história, e apesar de ter quase 200 filmes falados na língua de Shakespeare à sua frente em ganhos globais, este é um feito que apenas com muito esforço poderá ser ultrapassado.
Em termos de enredo, não vale a pena enganar ninguém: não acontece grande coisa se excluirmos as pequenas voltas e reviravoltas que são estrategicamente colocadas para manter a atenção do espectador quando é mais passível que esta se comece a perder.
O título original (Intouchables) apela muito menos ao sentido narrativo do título do que o português (Amigos Improváveis), que parece largamente mais adequado ao enquadramento. Contudo não é preciso ir muito longe para compreender porque é que cada um dos nossos protagonistas é, de facto, intocável: Philippe pela sua paralisia, e Driss pela classe social.
Ainda antes do início do filme somos informados de que Intouchables é “baseado numa história verídica”, contudo, os seus pontos mais fortes pouco têm que ver com o grau de veracidade factual da mesma, e nesse sentido, fica o conselho: não percam o sono por causa das divergências. Driss poderia ser de qualquer raça, etnia ou nacionalidade. Não faria qualquer diferença, uma vez que o núcleo duro de Intouchables é a forma como ele e Philippe se unem enquanto seres humanos, sem olhar a outras superficialidades.
Sem se tornar um clássico contemporâneo – pelo menos para já – é um olhar simples e enternecedor sobre a génese e o desenvolvimento de uma amizade verdadeira e que nos deixa a questionar no vazio a razão pela qual não existem mais filmes como este.
Os realizadores/argumentistas Olivier Nakache têm especial atenção à caracterização das personagens, pondo de parte os clichés (ainda que o tratamento do choque cultural entre ricos e pobres seja um pouco rude) para encontrar o núcleo de dois homens que estabelecem uma relação emocional aparentemente impossível.
Omar Sy interpreta Driss, e pela performance chegou a levar a melhor sobre Jean Dujardin nos Césares – para os mais distraídos, são os Óscares franceses – e tornou-se o primeiro negro a levar o referido galardão para casa. Mais que justificado: poderosíssimo nos momentos dramáticos, Sy brilha inequivocamente quando lhe é permitido dar azo à sua veia humorística descontraída e com o carisma maior que a vida, retratar na perfeição a exultação máxima do espírito humano: a mais pura manifestação de joie de vivre.
François Cluzet é instigante na performance cheia de nuances de um homem apesar de só conseguir expressar qualquer tipo de sensação do pescoço para cima é inteligente, compassivo e sobretudo humano.
A camaradagem é excecional o que é, no fundo, essencial num filme cuja relação retratada é não só essencial para construir o significado do todo, mas também a razão única para a sua existência, sendo assim a única coisa que precisa de estar bem oleada e funcionar bem para que o resto resulte.
O elenco secundário, encabeçado exemplarmente por Anne Le Ny, rodeia a dupla principal agilmente.
A análise das diferenças entre classes é condescendente e grosseira (não estou certa que precisássemos, por exemplo, de ouvir Ave Maria de Franz Schubert enquanto Driss se encanta com uma casa-de-banho gigante que se opõe ao cubículo apertado que partilha em casa com meia dúzia de irmãos), mas ainda apesar do sentimentalismo e da inegável natureza formulaica (mais difundida pelos ideais cinematográficos norte-americanos) há algo em Intouchables que se convulsa para transcender o cliché – o seu retrato da intimidade entre dois homens cujos orgulho e alegria de viver foram roubados por dois enquadramentos muito distintos.
Com destino carimbado para as audiências mais maduras (apesar da minha crença de poder ser apreciado pelos mais jovens), esta é uma história sólida, regada com performances extraordinárias e sem um único condimento apelando aos efeitos visuais ou 3D. É aquele tipo de filme que inspira a proliferação do word-of-mouth através da linguagem universal do choque cultural.
A box office é dominada por dois tipos de filmes muito claros: os blockbusters tão caros que fazem corar quem se aventura a adivinhar o seu orçamento, e os mais raros filmes surpresa, que surgem de nenhures para abanar a competição. Intouchables é um desses filmes despretensiosos, mas que mesmo assim alcançam um sucesso que nada menos é do que espantoso e, em certa medida especial: porque este tipo de magnetismo está normalmente confinado a contos fantasiosos, invasões aliens e super-heróis.
Saber que uma das mais honestas manifestações da capacidade de amar pode lutar pela nossa atenção ao lado de colossos como estes é uma reafirmação análoga da crença de que, afinal, até somos uns tipos com bom coração.
8.0/10
Esta semana nos cinemas:
Ainda pouco se pode aferir sobre este teaser de Man of Steel, que passa antes de The Dark Knight Rises. Mas o facto de ter em Christopher Nolan um dos produtores, entusiasma qualquer um...
Depois de dois teaser trailers que bastariam para deixar um morto interessado no próximo filme de Paul Thomas Anderson ("apenas" um dos mais promissores realizadores da cena americana), chega-nos finalmente o trailer capaz de fazer os queixos cair de tanta beleza, tensão e detalhe em apenas 2 minutos e meio, tudo isto sem expor em demasia o enredo.
The Master é um drama de época sobre a fundação de "A Causa", uma organização criada por Lancaster Dodd nos anos 50, depois dos horrores que testemunhou na Segunda Grande Guerra (esta "causa" tem sido por muitos comparada à Cientologia, criada também nos anos 50 por L. Ron Hubbard). A trama centra-se essencialmente em Freddie Sutton, um ex-combatente de Guerra e ex-alcoólico que se torna aprendiz de Dodd, mas que começa a questioná-lo à medida que o "culto" ganha proporções desmedidas.
Protagonizado por Philip Seymour Hoffman, Joaquin Phoenix, Amy Adams, entre outros, The Master tem lançamento limitado nos cinemas dos EUA marcado para Outubro de 2012, em circuito restrito.
Confesso que, por razões que nada têm a ver com o seu talento, não vou muito com a cara do Joaquin Phoenix. É daquelas embirrâncias que todos temos, creio eu... mas parece que PTA quer dar-me a volta. E este trailer é bom demais para ignorar...
Em entrevista ao The Hollywood Reporter (que pode ser lida aqui) o big boss da Columbia Pictures - Doug Belgrad - falou sobre os sucessos do estúdio até ao momento neste ano, o que está para vir ainda esta temporada, e ainda sobre uma série de projetos em desenvolvimento que são na esmagadora maioria... sequelas. Fica um pequeno apanhado do mais significativo que ficámos a saber.