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Point-of-View Shot - Shame (2011)

por Catarina d´Oliveira, em 29.06.12

 

"We're not bad people. We just come from a bad place."

 

O sexo e, por associação lógica, o vício que pode estar associado a esta prática é ainda um tabu na cultura ocidental, particularmente se resolvermos atravessar o Atlântico até terras de um tio que apesar de se chamar Sam, bem podia ser conhecido por Púdico. Curioso é o facto de estarmos bem habituados a sermos expostos a doses industriais de violência e mortes sangrentas, mas o sexo - que até é um processo biológico naturalíssimo, baseado nos impulsos mais primitivos do Homem – já é uma ordinarice que só tem ordem de soltura relativa quando serve para ilustrar situações caricatas ou poéticas numa qualquer comédia ou drama românticos.

 

É claro que é fácil rejeitar a ideia na base do argumento: “como é que é possível ter pena de alguém que gosta da fazer sexo e ainda por cima o faz muitas vezes? Especialmente se esse alguém tem o aspeto de Michael Fassbender. Pelo amor dos santinhos!”. Mas se não estão convencidos da importância social do tema, lembrem-se que a Oprah já fez um programa sobre isso; e quando a Oprah faz um programa sobre alguma coisa, é porque é importante.

 

 

Com trinta e poucos anos, uma vida profissional de sucesso (apesar de não sabermos muito bem baseada em quê, sabemos que rende bem) e um apartamento de luxo em Nova Iorque, Brandon está aparentemente a viver o sonho. Contudo a fachada perfeita esconde uma compulsão possivelmente temerária de todos aqueles com quem se relaciona. Mas numa noite fria, o quotidiano rigidamente planeado de Brandon é posto à prova quando a irmã rebelde Sissy lhe bate à porta.

 

Shame é complexo, perturbador e penoso, mas também um filme excecionalmente económico: tudo o que nos surge no ecrã conta.

 

A natureza angustiante da situação de Brandon tem um reflexo aterrador nas duas sequências que mostram o seu lado mais sensível e humano. Quando está num encontro com uma colega de trabalho, a relação parece ser a de um casal normal, onde se discutem temas íntimos como relacionamentos passados e compromissos. Há todo um sentido de inocência que os segue até ao quarto de hotel, onde até os preliminares surgem com a estranheza de uma curiosa primeira-vez, até ao término abruto e sexualmente insatisfatório. O sexo é, para Brandon, rápido, duro, sujo e anónimo; a gentileza e o afeto são, por isso, enormes entraves ao satisfazer de uma necessidade violenta.

 

 

A jornada amoral e anti-heroica e a personagem “anestesiada” fazem lembrar, em certa medida, Patrick Bateman de American Psycho (2000).  Mas se Bateman se visse com uma motosserra na mão e um punhado de mulheres nuas era a pessoa mais feliz do mundo. Já Brandon, por contraste, não encontra a felicidade em nenhum dos orgasmos que atinge, seja com prostitutas baratas, ou com as várias masturbações diárias que esconde nas casas-de-banho do emprego. O sexo de Brandon é meramente funcional, e como em qualquer outro vício, o prazer já há muito se foi, ficando apenas a necessidade gritante de alimentar o vício titânico.

 

McQueen exige muito da sua audiência, algo que sempre atraiu inequivocamente esta que vos escreve. Mas a perseverança e a paciência – que também é precisa para associar e relativizar muitos acontecimentos que não são nunca explicitados – são eventualmente recompensadas com um ensaio reflexivo brutal.

 

 

Além de tudo isto, o que choca é a exposição da vulnerabilidade e fraqueza masculina, a miséria abjeta que tantas vezes é ignorada no Cinema.

 

Quanto ao pano de fundo, merece inequivocamente um apontamento: Nova Iorque é uma metrópole fria, com metros a abarrotar de possíveis conquistas sexuais e o anonimato de milhões de transeuntes, põe em prática o famoso dito que contrasta a existência num local apinhado, com a experiência da solidão mais profunda, sentimentos estes amplificados pelo uso de takes longos e estacionários que dilatam o sentido de tensão e isolamento de Brandon.

 

A música tem uma utilização excecionalmente poderosa, com a fluidez dos momentos criados pela interpretação de Glenn Gould das composições de Bach. A sordidez da vida de Brandon é descrita na perfeição pelos acordes lentos e orquestrais da banda sonora original de Harry Escot, enquanto a fotografia fria de Sean Bobbitt retira a vitalidade de Nova Iorque, tornando-a uma cidade propensa à coabitação de fantasmas, como Brandon.

 

 

Michael Fassbender explora os aspetos mais lúridos e tortuosos da vida de Brandon com uma entrega física e emocional que é, por vezes, quase desconfortável de assistir. Numa performance silenciosamente furiosa, Fassbender é desconcertante. E porque protagonista bem acompanhado vale por dois, Carey Mulligan traz-nos o contraponto perfeito com a dramática, quase teatral, Sissy, naquela que é, talvez, a sua melhor performance desde An Education (2009).

 

Shame é demasiado cru para ser banal, apesar de o arco da má conduta não ser, nem de perto nem de longe, original. O que o eleva é justamente a abordagem impressionista de McQueen. É um arco brutal de fixação que alcança uma amálgama de emoções e uma experiência fascinante, ainda que negra.

 

 

É a erosão da alma e a humanidade na sarjeta em 100 minutos, e no final, não surgem soluções ou resoluções aparentes. O que fica é, como na própria vida, a dúvida se o monstro do vício – e todas as suas decorrentes consequências – será algum dia vencido. Isto porque nem sempre somos capazes de levar a melhor sobre os nossos demónios.

 

 

8.5/10

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Flashforward - (Mais) Novas regras para os Oscars

por Catarina d´Oliveira, em 29.06.12

Já quase sinto uma espécie de carinho pela tradição dos senhores dos Óscares mudarem as regras dos mesmos todos os anos. Mentira, não tenho carinho nenhum porque, regra geral, as alterações só têm trazido resultados que só poderiam ser descritos com a utilização de palavreado que, na televisão, seria acompanhado de uma enxurrada de "piiiis".

 

De qualquer das maneiras, parece que este ano as alterações não são muito escandalosas, e poderão até passar ao lado de alguns membros da audiência - claro, apenas aqueles que não leem o Close-Up.

 

 

As alterações far-se-ão sentir nas categorias de Música, Filme Estrangeiro, Maquilhagem e Efeitos Visuais.

 

Na categoria de Melhor Canção Original, o comité executivo pode agora recomendar um quarto compositor, mas apenas se aplicará em situações extraordinárias (desde 2005 o limite era de dois, com a possibilidade do destaque de um terceiro compositor, se este se tivesse demonstrado como um contribuidor equivalente).

 

Os Filmes Estrangeiros terão de passar a ser submetidos à Academia nos formatos de 35 mm ou DCP (Digital Cinema Package), ainda que esse formato não tenha de ser o obrigatório na exibição no país de origem. 

 

A categoria da Maquilhagem será renomeada para Melhor Maquilhagem e Hair Styling. Durante o processo de nomeações, todos os membros da Academia podem escolher três dos sete filmes pré-nomeados.

 

Por fim, e no que respeita aos Efeitos Visuais, os "pré-nomeados" passarão a ser 10, ao invés de sete.

 

As regras enunciadas acima foram aprovadas na reunião da Academia que organizará a 85ª edição dos Óscares a 24 de fevereiro de 2013 no Hollywood & Highland Center.

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