Descrição da Cena: Não é exactamente uma cena, é o filme inteiro, que tem entre 8 e 14 minutos (conforme a visualização seja feita com 16 ou 25 frames/segundo). Num congresso científico, o professor Barbenfouillis tenta convencer os colegas a participarem numa viagem de exploração à Lua. Assim que o plano é aceite, a expedição é organizada e os cientistas são enviados. Uma vez na superfície da Lua, os cientistas encontram habitantes hostis, os selenitas, que os levam ao seu rei. Baseado no livro "Le voyage dans la lune" de 1865 de Jules Verne.
Não sei porque é que me lembrei deste filme hoje, mas lembrei-me. O que não acontece poucas vezes... talvez porque reconhecer que não só ele, mas especialmente o seu criador, são progenitores babados (ok, nem sempre babados) de tanta tralha que chega hoje aos cinemas. De quase toda a tralha, diga-se.
Le Voyage dans la Lune é o 400º filme de Georges Méliès e, muito provavelmente, o seu mais conhecido. É o primeiro grande filme de ficção científica, e também o primeiro a introduzir uma personagem tão recorrente nos últimos 110 anos - o extraterrestre. A película abriu caminho a inúmeras experiências arrojadas com algumas das mais famosas técnicas cinematográficas de efeitos especiais como a sobreposição, fusão e a exposição múltipla de imagens.
Apenas este último parágrafo chegaria para justificar o porquê do clássico de Méliès merecer uma menção em qualquer blog, revista ou livro cinematográfico que se preze. Mas Le Voyage dans la Lune é muito mais do que um parágrafo, ou dois, ou mil. Este é um título obrigatório na história do Cinema, e um eterno elemento central das recorrentes listas de "filmes a ver antes de morrer". Le Voyage dans la Lune tem em si dezenas de anos de história do cinema, é uma fantasia visual que presta elogio à criatividade humana no seu expoente máximo e que nos relembra a cada frame porque é que o Cinema nos arrebata, qual fábrica dos sonhos, desde que a chegada do comboio filmada pelos Lumière foi mostrada a uma plateia atónita.