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Uggie, pois claro!

 

Esta foi a estreia dos Golden Collar Awards, que anualmente premiarão as melhores performances caninas no entretenimento. A cerimónia que teve lugar no Hyatt Regency Century Plaza Hotel foi organizada pela Dog News Daily, um website que se dedica a seguir os orelhudos de quatro patas mais famosos de Hollywood.

 

Como era mais que esperado, o grande vencedor da noite (Melhor Cão num Filme) foi o adorável Uggie, que ao lado de Jean Dujardin encantou humanos e cadelinhas num dos filmes do ano - The Artist. Mas ainda antes da atribuição do prémio, Uggie já era a estrela da noite, com nomeação dupla - além do filme francês, o Jack Russell estava ainda nomeado pela participação como Queenie em  Water for Elephants.

 

 

O treinador Omar Von Muller agradeceu emocionado defendendo que além de um grande performer, é também um membro familiar. Todavia, parece que as notícias não são as mais emocionantes para os fãs de Uggie: parece que o cãozito, que já não vai para novo, vai retirar-se da ribalta, sendo um pequeno sketch na próxima edição dos Oscars a sua última aparição pública.

 

Koko foi o outro vencedor cinematográfico (Melhor cão num filme estrangeiro) como a grande estrela de Red Dog, o filme australiano sobre um cão que percorre o campo à procura do dono perdido;

 

 

Os outros vencedores incluíram a bulldog francesa Brigitte (Melhor cão numa série televisiva) pela participação em Modern Family; Hercules de Pit Boss e Giggy de Real Housewives of Beverly Hills (empatados na categoria de Melhor cão num reality show); e por fim, Rody, o amoroso labrador que levou para casa o prémio de Melhor cão num filme lançado directamente em DVD - Marley & Me: The Puppy Years.

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Point-of-View Shot - The Iron Lady (2011)

por Catarina d´Oliveira, em 15.02.12

 

"One must be brave if one is to take the wheel."

 

A sinopse oficial de The Iron Lady vai mais ou menos assim: um retrato intimista e surpreendente de Margaret Thatcher, a primeira e única Primeira-ministra do Reino Unido. Uma das mulheres mais famosas e influentes do séc. XX, Thatcher apareceu do nada para quebrar as barreiras de classe e género num mundo dominado pelos homens.

 

The Iron Lady é um exercício de especulação emocional sobre uma Thatcher idosa, física e mentalmente debilitada que recorda, entre o nevoeiro, alguns episódios relevantes da sua carreira. O resultado traduz-se num retrato muito mais compassivo e terno do que o título sugere.

 

Dando continuidade à tradição de biopics britânicos de figuras histórias, The Iron Lady segue, com menos complexidade e aprumo, The Queen (2006) e The King’s Speech (2010), dois filmes que, ao contrário deste que hoje vos trago, decidiram (inteligentemente) balizar as narrativas num curto espaço de tempo dando espaço às personagens, conflitos e resoluções para respirar. 

 

Phillida Lloyd e Abi Morgan, realizadora e argumentista respectivamente, foram mais ambiciosas, e talvez lhes tenha saído caro.

 

 

A acção “presente” alude ao ano de 2005, quando se deram os ataques terroristas em Londres, e o argumento de Abi Morgan (que escreveu também este ano, com uma mãozinha de Steve Mcqueen, o controverso Shame) usa esses mesmos eventos presentes para activar a memória do que aconteceu no passado.

 

Em menos de duas horas revisitamos protestos, os motins aquando da implementação do imposto comunitário, a Guerra das Falklands, a greve dos mineiros, os bombardeamentos do Provisional Irish Republican Army, o desemprego crescente, o colapso da produção industrial e o aumento do buraco que distanciava ricos de pobres. O grande problema, com excepção feita a alguns momentos perspicazes, é que o fazemos à pressa, reduzindo acontecimentos e consequências e, assim, sacrificando impacto.

 

A sensação que fica, e perdoem-me o termo, é que fomos um bocadinho aldrabados. Fomos aldrabados, sobretudo, com uma visão diminutiva de uma figura maior e com informação incompleta. O argumento de Abi Morgan pretende cobrir coisas a mais, e fá-lo de forma desorganizada e algo arbitrária, saltitando entre eventos marcantes como quem risca dias num calendário, retirando-lhes significado. O que nos apresentam é uma espécie de enlatado que revisita brevemente os eventos mais importantes na vida pessoal e política de alguém cujos feitos e relevância histórica mereciam mais do que uma compilação tipo “best of” com pouca alma.

 

 

Na verdade, e agora que penso nisso, The Iron Lady tem profundos problemas de ritmo, um sintoma grave que sozinho poderia ditar o fracasso de qualquer grande filme. Ao mesmo tempo que todos estes acontecimentos de ruptura são cobertos a velocidade relâmpago, demasiado tempo é passado no presente. E no presente, esse tempo arrasta-se lentamente. A exploração do declínio presente não é propriamente original, mas é manifestamente um bom dispositivo para justificar os regressos ao passado; contudo a relação conjugal alucinatória toma uma forma demasiado repetitiva.

 

Quando aos ideais que toldaram a Dama de Ferro, resta dizer que o filme é bastante recitativo, mas pouco ou nenhum tempo é dedicado a aprofundar estas “ideias” que sempre foram mais importantes para Thatcher do que “sentimentos”.

 

O primeiro esforço cinematográfico de Phyllida Lloyd – o alegre mas algo coxo Mamma Mia! - foi trocidado pela crítica. A sua segunda tentativa é mais polida, mas demonstra que muito há ainda para aprender.

 

O potencial de ter nas raízes uma das figuras políticas mais controversas da história moderna sente-se algo desperdiçado - The Iron Lady acaba por ser um filme tímido, com medo de tomar uma posição controversa, que é sem dúvida melhor do que não tomar posição alguma, o que infelizmente parece ser o caso.

 

   

Apesar da fotografia de Elliot Davis ser correcta e formalmente sóbria, creio que a montagem de Justine Wright viu-se aqui pouco inspirada e a denotar certa falta de fluidez. Quanto à banda sonora, Thomas Newman oferece-nos uma composição que segue com aprumo o tom ondular – ora calmo, ora bombástico - de toda a narrativa.

 

Alexandra Roach não pode ser esquecida, uma fogosa jovem Thatcher que personifica toda a ambição de uma Mulher que acredita na possibilidade do aparentemente impossível.

 

Mas a mulher de quem se fala é Meryl Streep, que nos traz mais uma interpretação para a colecção da perfeição. Discute-se que se trata de uma imitação, mas não é sempre isso que obtemos num biopic? Talvez apenas neste caso seja tão mais claro por termos tão presente na memória a figura de Thatcher, onde Streep se dissolve completamente. Se fecharmos os olhos é como se a Dama de Ferro estivesse de novo nos seus anos áureos. Numa performance galvanizante, Streep é arrogante, superior, lutadora e incansável como Thatcher. Se o quisermos por da forma mais simples e verdadeira: ela é Thatcher.

 

 

Depois de vencer o BAFTA de Melhor Actriz no passado Domingo, Streep defendeu o seu filme, quando discursou comovida sobre a ambição de Iron Lady: olhar para a vida de Margaret Thatcher de dentro para fora e oferecer algo verdadeiro. Se foi essa a real intenção de toda a equipa, foi das mais nobres. Pena que tenha sido traída pela execução menor e inconstante.

 

O caminho que esta crítica tomou não pretende desencorajar-vos a assistir a The Iron Lady. Na verdade, não é um mau filme. Mas talvez para mim, pior do que um mau filme, é um filme que causa indiferença; um filme frio e superficial que termina imediatamente a seguir a deixarmos a sala de cinema. Este é um deles.

 

E talvez este seja um daqueles filmes que aos meus olhos sofrerá eternamente da violenta colisão entre a expectativa do que poderia ser, e a constatação do que na verdade é. Talvez seja mesmo.

 

 

6.5/10

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