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Foi apenas há poucos minutos que terminei de ver o “filme revelação” do ano: The Artist.
O que vos escrevo a seguir parte de uma discussão iniciada no mural de Facebook de uma amiga e que o opunha a The Tree of Life, o mais recente filme de Terrence Malick. Quero enfatizar que tudo o que se seguirá a isto, partirá apenas da MINHA opinião pessoal não sendo, por isso mesmo e nem nada que se pareça, dogmático.
The Artist é, sem qualquer margem para dúvidas, um dos dois filmes do ano. É uma carta de amor a um Cinema que já há muito nos deixou, mas não apenas isso; é uma celebração de tudo o que o Cinema é, significa, e é também uma dupla história de Amor, amor humano e amor profissional.
Acredito piamente que será distinguido como o Melhor Filme do Ano no dia 26 de Fevereiro, como já o foi por várias associações, círculos e festivais. Merece-o e ficarei contente por ele, apesar de ser a minha segunda escolha. E não querendo comparar alhos com bugalhos - porque nem sequer é possível - vou apenas fazer um paralelo relativamente ao segundo filme do ano, e o meu favorito. Volto a sublinhar que não é uma comparação e apenas a minha explicação para preferir um ao outro.
Se The Artist é uma homenagem a um Cinema que já não existe, The Tree of Life é-o a um Cinema que ainda não existe. Um Cinema híbrido, que encaixa técnicas e camadas às quais não estamos habituados – incluindo uma opção de storytelling muito complexa, que acredito não ter sido grande ajuda na sua integração no gosto das massas, o que compreendo perfeitamente.
Mas essencialmente o que quero fazer convosco é uma viagem no tempo: vamos voltar a Abril de 1969. Nesse mês foram entregues os Oscars para os melhores filmes lançados em 1968. Conseguem lembrar-se do vencedor?
Foi Oliver! um musical britânico que, não pondo em causa a qualidade, suspeito que muitos de vocês não conheçam.
Estamos em 2012, e o filme que recordamos e que reconhecemos ter sido o grande impulsionador da mudança no Cinema moderno é, na verdade, da mesma colheita de Oliver!, de 1968. Falo-vos de 2001: A Space Odyssey, de Stanley Kubrick.
A verdade é que um prémio vale o que vale, e até um filme galardoado com Oscar - considerado o mais prestigiado prémio da indústria - não tem a garantia de sobreviver ao passar do Tempo. Desconfio que daqui a 20, 30, 40 anos ainda vamos ouvir falar dele (The Tree of Life), quem sabe, colocando-o na mesma frase que 2001: A Space Odyssey.
Às vezes parece que temos aquela epifania que nos faz acordar e ir ao fundo da razão pela qual amamos alguma coisa. The Tree of Life foi essa epifania, e é, PARA MIM, o filme mais importante do século XXI.