Close-Up

E quase sem darmos por isso, os Globos de Ouro 2012 já lá vão.

 

Para trás ficou uma noite de mais confirmações do que surpresas - apesar de haver sempre espaço para umas agradáveis -, para alguma desilusão com a chama fraca do apresentador, e para o deleite com alguns momentos singulares em palco.

 

 

Para recordar...

 

Uma noite com uma audiência animada e bem-disposta e, acima de tudo, cheia de fair-play. Não sei ao certo se foi só desta vez que reparei, mas a verdade é que toda a gente me parecia genuinamente feliz por estar naquela festa, e perfeitamente contentes por estarem a celebrar esses dois grandes meio de entretenimento (e não só) que são a Televisão e o Cinema.

 

 

Os apresentadores pontuais, sozinhos e aos pares, lá foram subindo ao palco e fazendo a sua parte - uns mais nervosos e menos dados a improvisos, outros prontos a arrancar uma gargalhada à audiência milionária.

 

 

As minhas "vitórias pessoais"

 

Tenho de confessar que ainda me falta ver muita coisa para poder emitir opiniões bem fundamentadas: logo para começar, não vi nenhum dos vencedores da noite (The Artist e The Descendants) mas confesso-vos que pulei de alegria com alguns momentos.

 

Primeiro, pela vitória de Woody Allen pelo seu argumento original de Midnight in Paris - uma autêntica carta de amor a Paris, e à capacidade de sonhar e acreditar.

 

 

Segundo, pelo prémio carreira atribuído a Morgan Freeman, esse "senhor Cinema", que nenhuma distinção pode sequer começar por dizer (ou agradecer) o que já fez pelo meio.

 

Terceiro, a minha diva Meryl Streep: ano após ano, as suas personagens ganham vida própria, e mesmo quando não é oficialmente reconhecida por isso, pouco importa... porque sabemos que no ano seguinte Streep nos vai encantar ainda mais. Acredito que este globo, além de premiar uma performance "tour de force", ainda premeia uma mulher que a cada papel se entrega como se do primeiro se tratasse e como se estivesse longe de ser aquilo que realmente é: a melhor actriz viva.

 

Por último: a equipa de The Artist sobe ao palco para aceitar o prémio de Melhor Filme (Comédia ou Musical) e eis que em palco está também... o cãozinho. 

 

 

 

As Desilusões

 

É inútil, especialmente numa noite como a de ontem, que me deixou tão orgulhosa da indústria por detrás da minha paixão, discutir que "este é que devia ter ganho" ou "aquele não merecia nada daquilo". Ontem celebrou-se o todo, e não apenas o nome que vinha no envelope, e isso foi um acontecimento, por vezes raro, mas incrivelmente belo.

 

 

Aqui não posso contudo demonstrar alguma desilusão com a apresentação de Ricky Gervais... Acredito que, o que disse nas entrevistas que deu nas últimas semanas não tenha sido totalmente verdade: ou estava adoentado e sem vontade para aterrorizar toda a gente, ou cortaram-lhe valentemente o pio. Não me entendam mal - houve momentos inspirados, mas apenas isso, momentos. Consigo pensar em pelos menos meia dúzia de apresentadores pontuais que conseguiram arrancar maiores gargalhadas do que ele, e se foi a última vez que apresentou a cerimónia, foi uma despedida algo inglória.

 

 

The Big Picture

 

Não sei se consigo enfatizar este ponto o suficiente, mas pelo menos continuarei a tentar: ontem foi uma noite que me deixou feliz. Porque apesar de ter tido os seus defeitos, as suas gralhas e os seus momentos mais mortos foram três horas de celebração genuína, sem ódios e apenas com muito amor por uma Arte que por vezes tendemos a esquecer que é isso mesmo, uma Arte.

 

 

Um prémio vale o que vale, tal como as nomeações que o precedem - tudo parte de um conjunto de opiniões subjectivas que, apesar de podermos concordar ou discordar, não podemos mudar. E, que diabo, qualquer escolha haveria de ser contestada por alguém, certo? É vicioso, e não vale a pena discutir sobre o que está feito.

 

Quanto ao resto, pode até ser apenas a minha versão romântica da coisa, mas os Globos de Ouro de ontem mostraram-me que todos os presentes naquela sala têm uma enorme paixão pelo que fazem e que naquelas três horas, foi só isso que importou. E para mim isso sim, foi perfeito.

Melhor Actor Secundário

Christopher Plummer por The Beginners

 

Melhor Banda Sonora Original

Ludovic Bource por The Artist 

 

Melhor Canção Original

"Masterpiece" de WE

 

Melhor Actriz (Comédia ou Musical)

Michelle Williams em My Week with Marylin

 

Melhor Filme de Animação

The Adventures of Tintin

 

Melhor Argumento

Woody Allen por Midnight in Paris

 

Melhor Filme em Língua Estrangeira

A Separation (Irão)

 

Melhor Actriz Secundária

Octavia Spencer por The Help

 

Prémio Carreira

Morgan Freeman

 

Melhor Realizador

Martin Scorsese, por Hugo

 

Melhor Actor (Comédia ou Musical)

Jean Dujardin por The Artist

 

Melhor Actriz (Drama)

Meryl Streep por Iron Lady

 

Melhor Filme (Comédia ou Musical)

The Artist

 

Melhor Actor (Drama)

George Clooney em The Descendants

 

Melhor Filme (Drama)

The Descendants

 

*** *** ***

SÉRIE DE COMENTÁRIOS FEITA MINUTO-A-MINUTO DURANTE A CERIMÓNIA DE ENTREGA DOS GLOBOS DE OURO

 

- Monólogo inicial de Gervais muuuuuito levezinho.

- Christopher Plummer: merece, pela carreira, pela interpretação, por tudo - isto apesar de haver boa concorrência este ano.

- Julianne Moore e Rob Lowe: primeira gralha da noite. Way to go!

- Kate Winslet: já levaste com a musiquinha do "cala-te e baza", mas mereceste e estás lindíssima. Congrats.

- Estes intervalos só mesmo para meio xixizinho de tão curtinhos que são.

- Gervais está mesmo mais levezinho, mas continua a ser um Deus!

- Oh meu deus... um dia começo a ver séries... quando tiver tempo... entre os filmes.

- Ainda não vi The Artist... mas é um dos "queridinhos" da crítica. Começou bem a noite, vamos ver que mais o espera.

- Oh Madonna... ganhaste um globo, agora vai vestir um vestido decente, e não faças sotaque inglês... mas não me dês um murro entretanto.

- Seth Rogen, a deixar pessoas desconfortáveis desde 1982.

- "Golden Globes are a girl's best friends" - congrats Michelle.

- Guy Pearce: que homem cool, pá!

- George Clooney, nice move a da bengala.

- Spielberg, se tivesses outro nome e não tivesses uma carreira de mil anos, o Tintin bem podia ficar a afagar o Loulou...

- Woody!! És um nadinha assustador, mas escreveste um argumento e tanto!

- Felicity Huffman e William H Macy... um dos melhores casais de sempre.

- Estes intervalos é que me dão cabo das cruzes...

- Foi impressão minha, ou caso não tivesse óculos, os olhos de Elton John tinham saltado das órbitas?

- Até agora só duas queixas: muitos intervalos, pouco Gervais. 

- Matt LeBlanc... nunca lhe achei piada no Friends... não faço ideia por que série ganhou o Globo, mas queria só partilhar este pensamento.

- "Eat my sh*t". Go get them Spencer!

- Primeira ovação da noite para Sidney Poitier.

- Helen Mirren podia ter sido um pinguim... mas mostrou que além de ser uma lady, também é uma comediante e pêras.

- Morgan Freeman: és um senhor, mas não sei se vou conseguir dormir como deve ser despois daquele banho no caixão.

- Que visão mais terna: Brad Pitt baba-se todo quando Angelina Jolie sobe ao palco.

- Lembram-se o que escrevi para o Spielberg há bocado? Kind of the same thing com o Scorsese... mas este sempre é mais merecido.

- Oh Gervais... I missed you!! Mas já infringiste uma das regras.: no cursing.

- Ora aí está uma série de valor: Modern Family. Hilarious!

- Só dá The Artist: isto está viciado pá! Mas o Dujardin é um gajo porreiro e até deu uns passinhos de dança

- A minha noite está feita: oh Meryl... 

- David Fincher, não quiseste dar os óculos à Meryl. Estás na minha lista negra.

- Aquele cãozinho é a coisa mais fofa da noite, só por isso já gosto mais do The Artist.

- Clooney - what else? Também és bom comediante, a fazer piadas sobre o orgão sexual do Michael Fassbender... 

- Das duas uma: ou o Harrison Ford está com muita pressa para ir para o after-party ou então esbanja simpatia....

- The End.