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Feliz 2012

por Catarina d´Oliveira, em 31.12.11

Apesar de estas passagens de ano serem mais "actualizações simbólicas" - bom à excepção deste ano que nos traz uma magnífica subida dos preços - vale sempre a pena celebrar o ano que passou e ansiar o ano que aí vem.

 

 

 

Hoje sem grandes floreados, e porque se trata de um desejo sincero, espero que todos os leitores do Close-Up passem uma excelente meia-noite e não tenham pressa em comer as 12 passas em 12 segundos que eu tenho para mim que aquilo é uma autêntica sentença de morte pelo engasgo!

 

Feliz ano novo, e como não poderia deixar de ser, quer 2012 traga ainda mais e melhores filmes. Até lá, vamos despedir-nos do que este ano nos ofereceu.

 

 

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Point-of-View Shot - We Need to Talk About Kevin (2011)

por Catarina d´Oliveira, em 30.12.11
Parece que começo a ganhar o hábito de acabar o ano com análises extra-large dos filmes a que assisto. Não vos quero maçar, but i can't really help it. É a última do ano e por isso quis trazer-vos novamente, mais do que uma crítica, uma análise. Sem mais demoras, leiam e digam-me também de vossa justiça.
 
*** *** ***
 
 
"Why would I not understand the context? I am the context!"
 

Não foram poucas as obras, cinematográficas ou não, a inspirar os seus enredos em catástrofes como o massacre de Columbine, onde dois jovens de boas famílias mataram a caçadeira 15 pessoas e fizeram mais de 20 feridos. Beautiful Boy, lançado no ano passado versa sobre o mesmo tema deste filme que hoje vos trago, onde um casal de pais tenta lidar com o pesar e a vergonha dos actos criminosos do filho.

 

A fita, We Need to Talk About Kevin, baseia-se num romance homónimo e ficcional escrito por Lionel Shriver sobre uma mãe que, depois de ver o seu filho envolvido num massacre sangrento, reflecte sobre a sua vida e a da criança antes do fatídico acontecimento através de cartas que envia para o marido - o romance é 100% epistolário.

 

O filme com que Lynne Ramsey nos brinda é diferente: as cartas desaparecem e temos uma narrativa não-linear e com pouco diálogo, que alterna entre o passado, o presente e um peculiar estado de sonho.

 

Eva é uma mulher que um dia foi feliz na sua filosofia de vida de viajante do mundo. Um dia, a aventura tem de se reformar: a cegonha chegou, e não traz boas novas. Nasce o seu primeiro filho, e a partir do momento em que o segura no seu colo pela primeira vez, duas coisas são claras: 1º este não é um bebé desejado, 2º esta também não é uma mãe desejada. Os choros são tão histéricos que muitas vezes Eva encaminha o carrinho de bebé para perto das obras, onde o barulho das máquinas se sobrepõe e dá espaço a alguns segundos de alívio.

 

Mas se por um lado o choro pára com o crescimento do rapaz, cada vez mais coisas desagradáveis aguardam Eva. Selectivo no direccionamento dos seus ataques odiosos, Kevin não deixa mais ninguém perceber o seu ódio, especialmente ao pai presente mas ausente.

 

Quando os dias de adolescência chegam finalmente, o incómodo e desagrado de Eva metamorfizam-se em puro medo perante uma criação que desafia todos os princípios de humanidade.

 

 

Apesar do que possam imaginar, We Need to Talk About Kevin tem menos de análise de uma criança potencialmente perigosa e problemática do que de um estudo sobre os sentimentos da mãe do mesmo.

 

Todo filme é uma peça de equilibrismo complexa. É quase um filme de terror doméstico que nos é contado com bastante técnica por Ramsey e que não me parece pretender ser um comentário social ao tema directo, ainda para mais, porque se trata de uma visão subjectiva de uma personagem.

 

We Need to Talk About Kevin não nos oferece respostas, mas levanta o véu sobre muitas questões, sejam elas claras ou latentes.

 

Terá sido o nascimento da irmã que despoletou o mal maior? Ou a relação divergente dos pais? Ou o aparente desgosto da mãe perante a criança? Ou o ponto rebuçado onde um braço partido pode ter significado muito mais do que isso? Coloca-se ainda uma outra questão problemática: e se, mesmo que seja suposto, sejamos incapazes de amar um filho?

 

Todos os eventos são como que representações da memória de Eva. Neste sentido, é possível que a selvajaria de Kevin tenha sido de facto exagerada pela percepção de mãe e que esta tenha tido um papel determinante no desvio de personalidade do filho. Esta possibilidade surge mais claramente nos momentos em que constatamos que o corpo de Kevin está coberto de cicatrizes, cicatrizes que não são nunca explicadas, com a excepção de uma, que tem justamente em Eva a sua culpada. “Foi a coisa mais honesta que alguma vez fizeste” atira-lhe ele. Se esta honestidade está apenas no acto de bater ou também no reconhecimento de um contributo para a criação de algo monstruoso, fica ao nosso critério.

 

Eva é uma figura catatónica na sua vida desfeita, alguém que vê a sua casa e carro vandalizados com uma tinta vermelha eléctrica, que além de ter significados relacionados com as atrocidades levadas a cabo pelo filho, ainda parece fazer pouco da vida feliz que um dia teve. O vermelho está sempre presente, e na maioria das vezes, Eva está a tentar livrar-se dele, seja a lixar exasperadamente as paredes da sua casa, seja a esfregar as mãos sujas. O simbolismo de uma nódoa que teima em não desaparecer é por isso bastante, senão demasiado óbvio. Mas felizmente, esta “subtileza pouco subtil” não diminui o poder das questões mais importantes que dominam o filme: confrontos entre o inato e o adquirido, natureza e educação.

 
 

Por outro lado, Kevin pode ser um caso inexplicável, daqueles onde  a Biologia e a Psicologia parecem não ter um papel a desempenhar. Nesse lado humano mais negro, nada há a fazer, não há soluções. Este não é um puzzle a resolver, e Kevin é simplesmente mau.

 

O retrato da família é em muitos aspectos semelhante às famílias reais que encontraram no seu seio uma má semente. A investigação não estabelece um perfil para este tipo de crimes, sendo que muitos destes indivíduos desviantes vêm de famílias de classe-média com uma vida estável, tal como os Khatchadourian. Neste ponto, o filme quer dizer-nos que a violência pode nascer e crescer mesmo nos locais menos esperados, e o sonho dá lugar ao Pesadelo Americano.

 

As linhas de diálogo finais introduzem, contudo, alguma espécie de esperança. Como é normal, Eva só desejaria agora compreender o porquê dos actos do filho. “Pensava que sabia. Agora não tenho tanta certeza”, é a resposta que obtém. Fica a leve sugestão de que, ainda longe da realização total do seu acto monstruoso, Kevin poderá começar a conseguir a finalmente sentir alguma coisa. E isso já é um bom começo…

 

Apesar de o nome do filme ser literalmente “Precisamos de falar sobre o Kevin”, a verdade é que ninguém o faz, e talvez essa seja uma das grandes tragédias. Porque Kevin é uma criança claramente perturbada desde a infância, os seus problemas deveriam ter sido adereçados não como uma chatice, mas como desvios que sempre foram. Um dia foi tarde de mais. Se há aqui uma mensagem subliminar? Claro que sim, porque evitar incómodos pode trazer tragédia.

 
 

Um curioso apontamento social é ainda feito, respeitando à fama que seria, para o nosso Diabo Privado, a única coisa que valeria a pena atingir. “Ser visto em vez de ver” – ora aí está uma versão bem macabra do que tão habituados estamos a ver nesta era dos Big Brothers e Casas dos Segredos. E a acusação não pára por aqui: segundo Kevin, o que todos queremos assistimir são pessoas como ele. E nesse exacto momento, o alvo passamos a ser também nós, todos nós que, influenciados pelo estado corrente (e decadente) do mundo, vivemos à base de violência e do choque e nos alimentamos da desgraça. São 55 minutos de tragédia em 60 de telejornal, e isso é algo muio estranho.

 

No que respeita às interpretações, Tilda Swinton já está bem habituada ao papel de uma mãe com um filho problemático – depois de The Deep End e Julia, We Need to Talk About Kevin traz-nos um ensaio sobre a paranóia e sentimento de culpa como mãe de um monstro. A actriz britânica é absolutamente destemida e feroz, vivendo alguém que não só tenta aprender a viver com um pesadelo que a acompanhará para sempre, como se auto-mutila psicologicamente com a culpa que poderá ou não ter tido no processo.

 

Mas mesmo nos momentos mais fracos do filme – para mim, algumas incursões no presente – a presença de Swinton faz com que seja impossível tirarmos os olhos do ecrã. A actriz parece ter uma qualidade extraterrestre astronómica, uma intensidade que, como já li na web, se equipara muito a de Björk na música. Esta qualidade adequa-se especialmente a este papel, que requer uma mãe “pouco terrena” e que se ressente pela vida que deixou para trás para fazer o que outros esperavam de si – ser mãe.

 

A performance de Ezra Miller (bem como dos outros dois jovens actores que interpretam Kevin, devemos salientar!) é arrepiante. Os olhares gelados, quase reptíleos tornam-no o elemento dominante de cada cena. E mesmo quando os seus actos roçam o improvável, o seu olhar perturbador mostra alguém sem correcção possível. A continuidade dos três rapazes é fantástica, não só fisicamente como na própria conduta gelada e enfurecida.

 

Quanto à jovem Ashley Gerasimovich, apesar da participação breve, faz um contraste muito interessante com a sua inocência relativamente a Kevin.

 
 

Por mais que simpatize com John C. Reilly, parece-me ser a peça menos funcional deste puzzle diabólico. Apesar de representar o pai idílico, que não vê mal em lado nenhum (nem mesmo a infelicidade da mulher), há algo falso na sua presença e na própria relação com a mulher. É um casal sem grande sentido, apesar de termos poucas oportunidades de os vermos juntos.

 

Seamus McGarvey, que filmou The Hours e Atonement é aqui uma vez mais irrepreensível, alcançando imagens que pouco têm de comuns e muito de artísticas e expressionistas.

  

Concluindo o que já vai longo, "Kevin" não procura uma saída fácil e mantém-se ambíguo, apesar de estarmos limitados à visão tendenciosa de Eva – tudo parte da sua perspectiva, jogando assim com as percepções de cada um dos espectadores.

 

Talvez a melhor característica do filme seja mesmo não oferecer uma resposta simples ou clara. Talvez seja isso que o torna ainda mais inquietante.

 

9/10

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Oscars 2012 - O poster que só olha para o passado

por Catarina d´Oliveira, em 29.12.11

Como ando um bocadinho atrasada, é natural que por esta altura já todos vocês tenham espreitado o novo poster da cerimónia dos Oscars que terá lugar em Fevereiro de 2012. Não que eles precisem de grandes anúncios, mas como qualquer evento, precisam, claro está da publicidade.

 

Ora e o que nos traz este poster... Traz-nos passado. Já começa a ser um bocadinho recorrente o material publicitário dos Oscars apoiar-se no passado para anunciar uma cerimónia que pretende celebrar os êxitos do ano... O que não me deixa de incomodar um bocadinho.

 

 

Não me levem a mal, gosto muito do Brando, do Bogart e de todos eles, mas bolas... não poderiam tentar incitar as pessoas a ver os filmes DESTE ano, em vez dos filmes de há 30 ou 40 anos? Isto além de que acho o trabalho gráfico um bocadinho pobre...

 

Well, maybe it's just me... mas se querem chamar cada vez mais pessoas a assistir ao espectáculo e a "entrar na cultura" dos Oscars, vão ter de pelo menos tentar fazer um bocadinho melhor do que isto.

 

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Snorricam - Se outras actrizes fossem Salander...

por Catarina d´Oliveira, em 28.12.11
Ok, este post é um bocadinho assustador, mas as ilustrações têm alguma piada.
 
O site butyourelikereallypretty.com resolveu imaginar de uma forma muito visual qual o aspecto de várias actrizes a interpretar o já icónico papel de Lisbeth Salander da Saga Millenium. Depois de Noomi Rapace parecer insubstituível, surge-nos Rooney Mara no remake de David Fincher a mostrar que poderá rivalizar com o take sueco. Mas e se Rooney Mara fosse, por exemplo, Scarlett Johansson?

 

 

 

  
  
  
  

 

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Point-of-View Shot - Carnage (2011)

por Catarina d´Oliveira, em 27.12.11

 

"Your son disfigured our son!" 

 

Roman Polanski está bem habituado a manter os seus personagens presos a uma determinada circunstância, e a partir daí, a explorar os seus instintos mais (des)humanos. Se fiz bem as contas, já é a quarta vez que o faz num apartamento.

 

Baseado na peça “God of Carnage” de Yasmina Reza – que ajudou Polanski a escrever o argumento do filme – Carnage não tem um enredo que exista por si mesmo por não ser, na verdade, aquilo que mais interessa.

 

Depois de um desentendimento entre duas crianças que acaba com uma delas com dois dentes a menos, os pais de ambos resolvem encontrar-se para, do alto da sua “adultez”, arranjarem uma solução civilizada para resolver o desacato entre os filhos.

 

Os casais funcionam como opostos simbólicos. Penelope, intensamente interpretada por Jodie Foster, é uma liberal que apoia causas nobres como a do Darfur. Ela é casada com Michael (John C. Reilly), um vendedor aparentemente pacífico mas com pavio curto. Do outro lado do campo temos Alan (Christoph Waltz), um advogado arrogante siamês do seu telemóvel e Nancy (Kate Winslet), uma correctora que se sente cada vez mais afastada do marido. É ela que acaba por originar a famosa cena do vómito, onde restos mortais do que um dia fora uma torta de maçã – deliciosa, como Michael nos relembra várias vezes - jazem sobre um livro de arte, para grande desgosto de Penelope.

 

 

A conversa cordial dá lugar a uma discussão briguenta, e quando o álcool resolve juntar-se à festa, o circo pega fogo com rupturas em ambos os casamentos a serem reveladas. A ponta civilizada do iceberg esconde uma base sombria de natureza agressiva que, todos os dias, numa situação ou outra, tentamos reprimir. Com o desenrolar do serão e do conflito, tanto os Cowan como os Longstreet se deixam consumir por essas forças mais primitivas, expressando-as das mais variadas formas, algumas bem "animais".

  

O filme, tal como a peça que lhe deu origem, nunca abandona o espaço confinado do apartamento. É claro que esta circunstância, no que ao teatro diz respeito, deve resultar fenomenalmente. Por um lado, enquanto audiência, ocupamos, de certa forma, o mesmo espaço das personagens, o que torna a performance muito mais completa e verosímil, por outro lado e talvez ainda mais importante, temos por garantido que aquelas personagens não podem abandonar o espaço daquele apartamento e por isso nunca sequer nos passa pela cabeça que o possam fazer. A questão problemática que se põe na versão cinematográfica de Carnage é primária: porque é que os Cowan não foram embora à primeira ou segunda chance? Em palco, o mais importante é o diálogo, a estrutura mantém-se em segundo plano. Mas em Cinema as coisas não funcionam da mesma forma, o que aqui se torna muito claro.

 

Não me recordo de um filme baseado numa peça de teatro que fosse tão teatral. O ritmo não é consistente e a claustrofobia que se cria começa a ser forte demais para o seu próprio bem… se ao menos algum deles abrisse uma janelinha…

 

 

Infelizmente, a história (ou devemos antes chamar-lhe situação?) torna-se cansativa e a sua natureza cínica faz-se notar bem cedo: a certa altura, Nancy diz “Estamos muito sensibilizados pela vossa generosidade, ao invés de tornarem as coisas mais difíceis. Há tantos pais que se parecem crianças…”.

 

Além desta crítica "subtil", Carnage faz ainda outro apontamento social: relativamente à novas tecnologias, particularmente os telemóveis, que nos roubam cada vez mais da interacção directa com o outro. A certa altura, Nancy faz-nos a vontade e manda o telemóvel do marido à fava.

 

O argumento merece, contudo, que se lhe tire o chapéu. É ácido, e ao mesmo tempo, permite que os actores construam minuciosamente os seus personagens – quero aqui sublinhar a performance de todos eles absolutamente em topo de forma, tirando os momentos finais histéricos de Jodie Foster cujas veias do pescoço recebem demasiado tempo de antena.

 

O design de produção, que esteve ao cargo de Dean Tavoularis está fantástico – quem diria que Carnage foi filmado em Paris e não num qualquer apartamento de Manhattan?

 

 

É um belo ensaio cómico abrasivo que, apesar de carregar pesadas falhas, é eficiente a revelar-nos caricaturalmente comportamentos reprovadores que já vimos em conhecidos nossos e, até por mais que tentemos reprimir, em nós mesmos. Admito que ser-me-ia muito mais fácil prezá-lo enquanto o via do que depois do seu final. Depois de os créditos rolarem, não me ficou grande coisa além do alívio pelo coitado do hamster que afinal ainda se safou de boa deste poço de loucura.

 

Os sintomas são claros, mas infelizmente a cura já não vem a tempo. Exagerado, forçado e teatral, Carnage perdeu muita da graça natural que creio que deverá ter enquanto peça e o que nos sobra são quatro actores sensacionais a debitar diálogo muito bem escrito. Mas este talvez seja um daqueles casos de morte antes da nascença. Porque se há peças de teatro que dão bons filmes, Carnage, pelas suas particularidades estruturais, não me parece poder ser uma delas.

 

Apesar de serem cães que ladram e mordem, os quarto protagonistas acabaram, para mal dos seus pecados, com um ancinho cinematográfico. Too bad…

 

 

6.5/10

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Feliz Natal

por Catarina d´Oliveira, em 25.12.11

A todos os leitores do Close-Up (e não só), fica o desejo sincero de um Feliz Natal e que esta época vos permita estarem rodeados dos que mais amam. Aproveitem hoje que amanhã têm de cá voltar para saber as últimas novidades e para lerem uma crítica fresquinha... Até lá!

 

 

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Point-of-View Shot - Contagion (2011)

por Catarina d´Oliveira, em 22.12.11

 

"Don't talk to anyone! Don't touch anyone!"

 

 

Entre 1 e 5 % da população mundial sofre de um distúrbio psiquiátrico que, posto de forma simples, se traduz num medo excessivo de contrair doenças graves – Hipocondria. A percentagem pode parecer baixa, mas ela designa apenas os casos mais graves da doença – afinal, quem de nós não é por vezes um pouco paranóico?

 

O que vos quero dizer com isto é que, depois de assistir a Contagion, o mais recente filme de Steven Soderbergh, é muito provável que o número de hipocondríacos aumente a pique.

 

O filme mais assustador do ano não é um daqueles “found footage”, ou um filme de zombies ou sequer um filme com psicopatas. Aqui os vilões são os corrimões, os puxadores das portas, as caixas de multibanco, os copos, os amendoins de um bar, o Casino, o assento do autocarro, o restaurante, o toque.

 

Contagion é um daqueles verdadeiros filmes de terror que não nos prega sustos ao longo do caminho, mas que nos impregna de um medo aterrorizador. A paranóia de ter de tocar em tudo o que já foi tocado milhares, milhões de vezes antes. O tresvario da sobreprotecção. 

 

Realizado e filmado com uma atenção metódica ao pormenor por Steven Soderbergh , Contagion abre de forma brilhante: uma tosse forte começa a atacar Beth, uma mãe executiva que se prepara para regressar a casa depois de uma viagem de trabalho. Quando chega, Beth sente-se ainda pior, desintegrando-se lentamente numa febre forte, ataques, hemorragias internas e, finalmente, morte. Beth é a face do princípio do fim.

 

O início já se toma a meio dos acontecimentos, e é nesse ritmo acelerando - tal como a reprodução do próprio vírus - que se mantém sempre. As personagens e as situações nunca são demasiado aprofundadas, a complexidade do vírus que enfrentamos é tratada de forma fugaz, e é esta a nossa pequenez no mundo, tal como Soderbergh quer que a vejamos. 

 

Gostei particularmente da atenção dada por Soderbergh aos germes que, sem notarmos, trocamos durante todo o dia. Contagion consegue, de facto, ser mais inquietante do que muitos outros filmes baseados em bichezas que nos tramam a vida. Os sintomas não incluem alterações assustadoras – tudo começa com uma simples tosse.

 

 

Este poderia ser um daqueles blockbusters que misturam o que de melhor (e pior) Michael Bay e Roland Emmerich têm para oferecer em mais de duas horas de desgraça apocalíptica. Soderbergh é mais económico, e bastam-lhe 105 minutos de pânico silencioso. Este é um exercício de montagem espectacular – navegando rápida e fluidamente entre personagens doentes, zooms de objectos mundanos e de situações quotidianas.

 

O filme torna-se quase patológico na sua evasão à emoção. Para mim, no limiar do erro, resulta; apesar de admitir que este seja um factor de grande discussão naqueles que gostam/não gostam do filme.

 

Contagion não pertence a nenhum dos actores cujo nome vemos no poster. Eles funcionam apenas como elementos do enredo, dando diferentes pontos de vista sobre uma catástrofe que se abate sobre a humanidade como um todo, e não como um conjunto de seres individuais. A ideia da civilização é muito forte. E é aqui que entra a inteligência de Soderbergh: apesar de o enredo não nos tornar apegados aos personagens, o realizador escolheu a dedo actores que o fazem acontecer automaticamente. Apesar de os personagens se manterem arquétipos, a simpatia que nutrimos por eles enquanto actores torna-nos, inconscientemente, mais sensibilizados para com aquilo que vivem no ecrã.

 

Pode parecer uma realidade fria, mas enquanto Contagion parece quase demasiadamente distanciado das milhares de mortes que nos mostra, o que tenta manifestamente explorar é a forma como a sociedade e as estruturas que construímos reagiriam perante uma situação de desastre como esta, em oposição à talvez mais comum viagem individual e emocional de um ou dois protagonistas à la Spielberg.

A prova-mestra deste argumento é a morte de uma personagem que luta desenfreadamente pelo bem maior e que acaba desumanizada num saco de plástico azul. Creio contudo que esta “des-sentimentalização” vem apenas reforçar o sentido heróico de sacrifício de todos os envolvidos que, de uma forma ou outra, fizeram algo para combater esta pandemia, ainda que mal consigamos recordar os seus nomes (fictícios, claro). Para que realmente nos ligássemos emocionalmente com todos os infortúnios que acontecem no ecrã aos personagens que seguimos, Contagion não necessitaria apenas de ter mais uma hora de duração – teria de se tornar numa mini-série televisiva, no mínimo.

 

A forma como o filme explora o papel da Internet também é imaginativa, mas cabe também às audiências encará-lo como apenas um dos cenários possíveis. A questão da importância do blogging é aqui debatida o suficiente para gerar ideias erradas. “Blogar não é jornalismo; são graffitis com pontuação” diz a certa altura um personagem. E se é verdade que os media “menos nobres” podem incentivar a contaminação social por exposição informações falsas, também é verdade que, em muitos casos, funcionam como fontes bastante legítimas em alturas de crise. Este foi um ponto do argumento que me incomodou não por ser blogger mas porque demonstrou não só algum preconceito como uma certa displicência.

 

Há sequências de uma fluidez e claridade extrema, que apesar de notarem uma qualidade acima da média no seu desenvolvimento, acendem freneticamente as luzes de alerta para o seu conteúdo grave e terrível.

 

Tentem assistir a Contagion sem pensar no último lugar onde andaram com as mãos, tentem assistir ao filme sem tocar na cara. “Uma pessoa normal toca na cara duas a três mil vezes por dia.” – Tomem apenas este momento, esta frase. Tocaram na cara, certo? 

 

Como já por aí li, Contagion deve ser “ o anúncio de serviço público mais caro de sempre”, mas resta relembrar que o Contágio do título tem duplo significado levantando uma questão crucial: o que é pior, a difusão da doença ou a difusão do medo? Sinceramente, e depois do que já vi acontecer neste nosso mundo, não vos sei responder.

 

8/10

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Mise en Scène - The Hobbit

por Catarina d´Oliveira, em 21.12.11

Antes de mais, não, não desilude. Antes pelo contrário. A Terra Média continua esplendorosa como a deixámos em 2003, e o feel de Tolkien continua em cada molécula - desta vez até as suas músicas foram incluídas: nice touch.

 


The Hobbit: An Unexpected Journey é a prequela da aclamada trilogia Lord of the Rings, e conta-nos a história de Bilbo Baggins e de um grupo de anões que partem para reaver um tesouro guardado pelo dragão Smaug. Este é o primeiro de dois filmes, sendo que a segunda metade será lançada em 2013. Mas não vamos por a carroça à frente dos bois: em Dezembro de 2012 vamos ter nas nossas salas o filme mais antecipado do ano.

 

 

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Críticos, jornalistas e escritores de Londres juntaram-se para votar os nomeados para os London Critics’ Circle Film Awards. Os indicados são liderados pelo thriller Tinker Tailor Soldier Spy e Drive, com seis nomeações cada um, sendo seguidos por A Separation e We Need to Talk About Kevin com cinco.

 

A Portugal calhou mais uma honra (merecida) - Mistérios de Lisboa é um dos cinco nomeados a Melhor Filme Estrangeiro.

 

 

E as nomeações para a 32ª edição dos London Critics’ Circle Film Awards são:

 

FILM OF THE YEAR

  • The Artist (Entertainment)
  • Drive (Icon)
  • A Separation (Artificial Eye)
  • Tinker Tailor Soldier Spy (StudioCanal)
  • The Tree of Life (Fox)

The Attenborough Award:
BRITISH FILM OF THE YEAR

  • The Guard (StudioCanal)
  • Kill List (StudioCanal)
  • Shame (Momentum)
  • Tinker Tailor Soldier Spy (StudioCanal)
  • We Need to Talk About Kevin (Artificial Eye)

FOREIGN-LANGUAGE FILM OF THE YEAR

  • Mysteries of Lisbon (New Wave)
  • Poetry (ICO/Arrow)
  • Le Quattro Volte (New Wave)
  • A Separation (Artificial Eye)
  • The Skin I Live In (Fox/Pathé)

DOCUMENTARY OF THE YEAR

  • Cave of Forgotten Dreams (Picturehouse)
  • Dreams of a Life (Dogwoof)
  • Pina (Artificial Eye)
  • Project Nim (Icon)
  • Senna (Universal)

DIRECTOR OF THE YEAR

  • Asghar Farhadi – A Separation (Artificial Eye)
  • Michel Hazanavicius – The Artist (Entertainment)
  • Terrence Malick – The Tree of Life (Fox)
  • Lynne Ramsay – We Need to Talk About Kevin (Artificial Eye)
  • Nicolas Winding Refn – Drive (Icon)

SCREENWRITER OF THE YEAR

  • Asghar Farhadi – A Separation (Artificial Eye)
  • Michel Hazanavicius – The Artist (Entertainment)
  • Kenneth Lonergan – Margaret (Fox)
  • Bridget O’Connor & Peter Straughan – Tinker Tailor Soldier Spy (StudioCanal)
  • Alexander Payne, Nat Faxon & Jim Rash – The Descendants (Fox)

The Virgin Atlantic Award:
BREAKTHROUGH BRITISH FILM-MAKER

  • Richard Ayoade – Submarine (StudioCanal)
  • Paddy Considine – Tyrannosaur (StudioCanal)
  • Joe Cornish – Attack the Block (StudioCanal)
  • Andrew Haigh – Weekend (Peccadillo)
  • John Michael McDonagh – The Guard (StudioCanal)

ACTOR OF THE YEAR

  • George Clooney – The Descendants (Fox)
  • Jean Dujardin – The Artist (Entertainment)
  • Michael Fassbender – Shame (Momentum)
  • Ryan Gosling – Drive (Icon)
  • Gary Oldman – Tinker Tailor Soldier Spy (StudioCanal)

ACTRESS OF THE YEAR

  • Kirsten Dunst – Melancholia (Artificial Eye)
  • Anna Paquin – Margaret (Fox)
  • Meryl Streep – The Iron Lady (Fox/Pathé)
  • Tilda Swinton – We Need to Talk About Kevin (Artificial Eye)
  • Michelle Williams – My Week With Marilyn (Entertainment)

SUPPORTING ACTOR OF THE YEAR

  • Simon Russell Beale – The Deep Blue Sea (Artificial Eye)
  • Kenneth Branagh – My Week With Marilyn (Entertainment)
  • Albert Brooks – Drive (Icon)
  • Christopher Plummer – Beginners (Universal)
  • Michael Smiley – Kill List (StudioCanal)

SUPPORTING ACTRESS OF THE YEAR

  • Sareh Bayat – A Separation (Artificial Eye)
  • Jessica Chastain – The Help (Disney)
  • Vanessa Redgrave – Coriolanus (Lionsgate)
  • Octavia Spencer – The Help (Disney)
  • Jacki Weaver – Animal Kingdom (StudioCanal)

BRITISH ACTOR OF THE YEAR

  • Tom Cullen – Weekend (Peccadillo)
  • Michael Fassbender – A Dangerous Method (Lionsgate), Shame (Momentum)
  • Brendan Gleeson – The Guard (StudioCanal)
  • Peter Mullan – Tyrannosaur (StudioCanal), War Horse (Disney)
  • Gary Oldman – Tinker Tailor Soldier Spy (StudioCanal)

The Moët & Chandon Award:
BRITISH ACTRESS OF THE YEAR

  • Olivia Colman – The Iron Lady (Fox/Pathé), Tyrannosaur (StudioCanal)
  • Carey Mulligan – Drive (Icon), Shame (Momentum)
  • Vanessa Redgrave – Anonymous (Sony), Coriolanus (Lionsgate)
  • Tilda Swinton – We Need to Talk About Kevin (Artificial Eye)
  • Rachel Weisz – The Deep Blue Sea (Artificial Eye)

YOUNG BRITISH PERFORMER OF THE YEAR

  • John Boyega – Attack the Block (StudioCanal)
  • Jeremy Irvine – War Horse (Disney)
  • Yasmin Paige – Submarine (StudioCanal)
  • Craig Roberts – Submarine (StudioCanal)
  • Saoirse Ronan – Hanna (Universal)

The Sky 3D Award:
TECHNICAL ACHIEVEMENT

  • Manuel Alberto Claro, cinematography – Melancholia (Artificial Eye)
  • Paul Davies, sound design – We Need to Talk About Kevin (Artificial Eye)
  • Maria Djurkovic, production design – Tinker Tailor Soldier Spy (StudioCanal)
  • Dante Ferretti, production design – Hugo (Entertainment)
  • Alberto Iglesias, original score – The Skin I Live In (Fox/Pathé)
  • Chris King & Gregers Sall, editing – Senna (Universal)
  • Joe Letteri, visual effects – Rise of the Planet of the Apes (Fox)
  • Cliff Martinez, original score – Drive (Icon)
  • Robert Richardson, cinematography – Hugo (Entertainment)
  • Robbie Ryan, cinematography – Wuthering Heights (Artificial Eye)

The Dilys Powell Award:
EXCELLENCE IN FILM

  • Nicolas Roeg

 

A cerimónia de entrega dos prémios terá lugar no dia 19 de Janeiro de 2012.

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Mise en Scène - The Dark Knight Rises

por Catarina d´Oliveira, em 20.12.11

Kind of epic, right?

 

 

Finalmente chegou o trailer por que todos esperávamos. E correspondeu às expectativas? Sim senhor. Apesar de alguns pormenores já muito discutidos pela Internet - desde a pouca presença de Batman ao diálogo imcompreensivel de Bane - quero acreditar, ou melhor, tenho a certeza que Christopher Nolan vai resolver todas as pontas soltas até The Dark Knight Rises chegar até nós.

 

Sem mais conversas, e para quem vive debaixo da terra e ainda não assistiu, em baixo, O trailer.

 

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