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Point-of-View Shot - Unknown (2011)

por Catarina d´Oliveira, em 02.11.11

 

"Do you know what it feels like to become insane, doctor? It's like a war between being told who you are and knowing who you are. Which do you think wins?"

 

Se no “Elo Mais Fraco” Pedro Granger nos perguntasse em que filme Liam Neeson se encontra numa capital europeia a distribuir pancada por mauzões, teríamos apenas 50% de hipóteses de acertar na resposta. Isto porque, simplisticamente falando, Taken (2009) e Unknown (2011) serviriam que nem uma luva.

 

Além de trocar croissants por pretzels, Unknown junta-lhe ainda uma boa dose de entretenimento, ainda que seja profundamente menos elegante que o primo direito de 2009.

 

Mas vamos lá ao nosso enredo: Martin é enviado para Berlim com a sua mulher para uma importante conferência de biotecnologia. Já no hotel, o académico nota que perdeu a mala de mão e decide regressar ao aeroporto para a encontrar. Enfia-se dentro de um táxi a toda a pressa e a meio caminho dá-se um acidente dramático. Martin fica inconsciente durante quatro dias no hospital e quando volta a si, a sua memória está aos pedaços e a incerteza sobre a sua identidade começa a instalar-se. Sem documentos ou certezas, Martin resolve regressar ao hotel para encontrar a mulher que não só não o reconhecer como tem outro marido… com a sua identidade. Estaremos perante um homem cuja loucura tomou conta do jogo, ou estará algo mais em jogo? Como muitos outros antes de si, Unknown joga com a amnésia de acordo com as necessidades do argumento.

 

 

No elenco, mantendo a tendência dos últimos anos, Liam Neeson tem-se vindo a afirmar como um poderoso herói de acção. Como em Taken, o actor joga na perfeição as cartadas dos murros e do pathos, e tem aquela característica fascinante de parecer invencível e ao mesmo tempo humano e simpático.

 

Neeson e Krueger têm uma boa química tornando-se realmente as únicas pessoas de quem realmente queremos saber neste enredo convulso. January Jones foi uma imensa desilusão, insossa e não demonstrando qualquer emoção., apesar de ter aquele ar Hitchcockiano por trás.

 

Jaume Collet-Serra mantém o suspense com rédea curta, uma das características mais agradáveis deste Unknown, que chega a ter uns toques de paranóia que parecem ter inspiração Polanskiana.

 

Mas o que é verdade tem de se dizer: às vezes, Unknown não faz qualquer sentido, quer seja nas resoluções pós-twist final (na maior parte do tempo o espectador vai-se ver a pensar “oi?”), quer seja em pormenores quotidianos (como Martin ter SEMPRE dinheiro). Se tivesse sabido onde parar, muito antes dos intricados twists e voltas, talvez a sua credibilidade fosse mais firme. A sucessão de situações implausíveis e incongruências não ajudam à festa, tornando-o um thriller muito menos sofisticado do que aquele que se nos mostra nos primeiros 60 minutos.

 

 

Durante esse tempo, é inteligente e excitante, entre as escolhas de Collet-Serra de bom ritmo, cortes rápidos e lutas relativamente bem coreografadas. A fotografia competente de Flavio Labiano dá a Berlim ares austeros e ameaçadores.

 

Mas Unknown também faz assunções interessantes, quer seja pelas mudanças da Alemanha ao longo dos anos e a sua capacidade de esquecer quer seja pelo tema da imigração ilegal. Infelizmente, ambos os temas são abandonados a meio caminho ficando apenas como breves referências. Outro apontamento interessante é o uso da câmera subjectiva para demonstrar ao espectador a experiência de voltar à consciência num quarto de hospital.

 

Se desligarem o botão do plausível e verosímil e se, como eu, até gostam desta nova faceta heróica de Neeson, também é verdade: podíamos desencantar muito pior do que esta aventura alegremente ridícula e satisfatória.

 

 

6.5/10

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