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Point-of-View Shot - American Psycho (2000)

por Catarina d´Oliveira, em 04.10.11

 

"I have all the characteristics of a human being: blood, flesh, skin, hair; but not a single, clear, identifiable emotion, except for greed and disgust. Something horrible is happening inside of me and I don't know why. My nightly bloodlust has overflown into my days. I feel lethal, on the verge of frenzy. I think my mask of sanity is about to slip"

 

 

O ano da viragem do milénio foi não só imensamente interessante para os charlatães que todos os anos se aventuram a prever o fim do mundo, mas também um ano bastante prolífero para a indústria cinematográfica, ainda que muitas vezes injustamente esquecido.

 

Eu sei, neste momento estão provavelmente a tentar lembrar-se de filmes deste ano 2000 e parece tarefa difícil – com pouco mais de uma década, ainda amadurecem para se tornarem clássicos – mas foi ano de Memento, Requiem for a Dream, Snatch, Amores Perros, Gladiator, Crouching Tiger Hidden Dragon… e entre muitos outros, American Psycho, do qual vos venho falar hoje.

 

Não me recordo ao certo da primeira vez que assisti a este thriller baseado no livro de Brett Easton Ellis, mas sei que o segundo visionamento que ocorreu há dias reforçou a vontade de escrever sobre este fantástico filme de Mary Harron.

 

 

Patrick Bateman é um homem bonito e de sucesso, com absolutamente nada que o diferencie dos seus colegas de Wall Street. Auto-intitulando-se de “especialista em homicídios e execuções”, Bateman é simultaneamente uma vítima e um predador do consumismo que deixa levar-se pelas suas fantasias fetichistas e violentas quando a noite cai. As aparências são tudo, desde o lugar onde almoçam, até ao lugar onde vivem, às roupas que vestem – num conjunto de cenas hilariantes observamos Patrick na sua rotina matinal com cremes, máscaras, gel e tudo o que tem direito.

 

Este é um mundo superficial que obriga o nosso herói (ou vilão?) ao comportamento psicótico, escapando de uma realidade que ama e odeia ao mesmo tempo. A existência é algo vazio e que obriga a procurar significados nos lugares mais sombrios – e Bateman sente excitação e poder… bom, pelo menos assim parece sentir alguma coisa.

 

Temos aqui sátira maldosa à cultura dos anos 80 – materialismo, poder e ganância eram as palavras de ordem – e é importante reter que o filme goza abertamente e sem pudor com esse estilo e vida. A bom ritmo, segue com diálogos inteligentes que variam entre a comédia e o horror, uma combinação que sai extremamente bem a M. Harron, que se foca não tanto na violência gratuita mas na falta de humanidade deste universo de clones (afinal, não são raras as vezes que os personagens são confundidos uns com os outros), e é simplesmente fantástica a forma como conseguiram conjugar esta mesma violência com a psicologia de um serial killer e a crítica social implícita.

 

 

A produção artística e o guarda-roupa de Gideon Ponte, Andrew Stearn e Isis Mussenden captam na perfeição a essência dos anos 80 em toda a sua superficialidade e o look ultramoderno de classe só vem exaltar ainda mais a frieza do protagonista – especialmente se atentarmos no apartamento de tons brancos e pretos de Bateman . Tudo isto é captado na perfeição pela lente de Andrzej Sekula.

 

Christian Bale tem aqui uma das mais impressionantes performances da sua carreira, incorporando tudo o que torna Patrick um personagem complexo e violento, que nos assusta e diverte ao mesmo tempo. É claro como a água o trabalho que Bale teve, física e emocionalmente, e este deve ser prezado.


O elenco secundário é gigante e talentoso, cumprindo à risca o seu papel na conformidade e na humanidade da história (bom, aqui talvez só estejamos a falar da personagem de Chloe Sevigny, que se apaixona irremediavelmente pelo chefe).

 

 

O final fica aberto a interpretações: ou estamos perante um comentário sobre o quanto o materialismo e a superficialidade podem “esmagar” as personalidades mais desviantes, ou temos aqui uma tentativa de ilustrar como a sociedade de clones não entende o comportamento desviante. Na minha opinião, ambas as interpretações se aplicam, e o final é ambíguo deliberadamente e por essa mesma razão – para exaltar vários pontos de análise.

 

Por a adaptação ser tão inteligente, American Psycho funciona "pró menino e prá menina", apesar de, pessoalmente, achar a ilusão uma explicação muito mais interessante: Patrick será assim um incapaz que nem consegue direccionar a sua raiva contra o mundo – a fúria acaba por ser canalizada apenas nele mesmo, o que o leva à espiral da loucura. E esta é uma metáfora deliciosa para a futilidade e vazio do estilo de vida que American Psycho retrata e critica.

 

"There is no real me (...) I simply am not there"

 

8.5/10

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