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Pegando orgulhosamente nas origens da trilogia best-seller sueca, a marca de roupa (também sueca) H&M conseguiu trazer a bordo a criadora do guarda-roupa da adaptação cinematográfica americana (Trish Summerville), convidando-a a criar uma linha de peças acessível a todas as mulheres do mundo e inspirada na rapariga que tem um enorme dragão tatuado nas costas. E apesar de Salander não parecer do género de quem vai às compras com as amigas todas as semanas, a designer da H&M Anna Norling considera-a “a essência da mulher independente”.
Entre casacos de cabedal, mochilas de ar desgastado e brincos tribais, muito há a descobrir nesta colecção de 30 peças inspirada no guarda-roupa do próximo filme de David Fincher, "The Girl with the Dragon Tattoo". As leitoras mais rebeldes e fãs do ícone adaptado por Noomi Rapace, e no futuro por Rooney Mara, podem obter as suas peças favoritas a partir de 14 de Dezembro nas lojas online e físicas da H&M.
"If you can love your enemy, you already have victory".
O Mississipi é o estado mais conservador dos Estados Unidos. Pelo menos é essa a opinião geral… mas é também o resultado de uma sondagem levada a cabo aqui em Fevereiro de 2011.
E porque é que é importante esclarecer este facto logo no início desta crítica? Porque hoje vos vou falar um pouco de The Help, um drama passado justamente no Mississipi, mais precisamente em Jackson, na década de 60.
A nossa protagonista é Skeeter, uma rapariga vivaça que acabou de terminar o curso universitário e que tem um sonho diferente de muitos dos seus pares que só ambicionam uma vida doméstica de sucesso. Ela quer ser escritora.
Mas Skeeter não é uma dessas mulheres que perde tardes no clube de Bridge ou a organizar eventos hipócritas para ajudar as criancinhas de África. Não. Skeeter, cujo nome tem a curiosa porém perspicaz tradução em português de “mosquito”, vem atazanar o conservadorismo tipicamente americano desta capital de estado. Atazanar no bom sentido, claro. O que Skeeter deseja é justiça; por isso decide pesquisar e entrevistar as mulheres negras cuja vida é passada a cuidar dos filhos dos outros, que é como quem diz, dos brancos.
É um passo arriscado, perigoso mesmo. Mas Skeeter acaba por reunir forças de mulheres com muito para desvendar e que terão de enfrentar profundas raízes racistas e irmandades quase diabólicas antes da chegada de uma mudança de paradigma.
Se este elenco não fizer furor durante a awards season, não sei quem fará. Viola Davis é sem dúvida a alma e coração destas serviçais. Depois de despertar para o mundo em Doubt, The Help trás a confirmação: temos Actriz com “A” grande.
E depois há a fabulosa Emma Stone, que apesar de parecer interpretar sempre variações do mesmo personagem (não digo com isto que ela é má ou que não gosto dela, muito pelo contrário!) é simplesmente irresistível, a hilariante Octavia Spencer com uma Minnie sem papas na língua, uma Jessica Chastain cada vez mais surpreendente e a demonstrar uma versatilidade soberba (e já agora, um timing cómico perfeito), Bryce Dallas Howard com uma vilã que apesar de ser de extremos adoramos odiar e a fantástica Allison Janney no retrato de uma mulher que caminha em telhados de vidro em tantas ocasiões…
Já que atipicamente me aventurei nas apreciações técnicas logo no início desta crítica, finalizá-las-ei aqui mesmo: o detalhe relativo à época é formidável (direcção artística e guarda-roupa no ponto) e a fotografia é luminosa e incrivelmente importante na caracterização de personagens. A realização capta o ambiente com delicadeza; e a música a cheirar aos 60’s balança ao sabor do enredo na perfeição.
Para o caso de terem adormecido algures e voltarem a acordar agora, yep, este é um filme dominado por mulheres, o que não faz dele um filme para mulheres. Seria de facto muito redutor chamá-lo assim. É antes um filme para todos nós, a quem sempre falta um pouco de civismo quando confrontados com iguais que julgamos diferentes. E esta não é apenas uma lição de cores, esta é uma lição de preconceitos, de ver além deles.
Baseado no romance homónimo de Kathryn Stockett, The Help foca-se incontornavelmente na relação desconfortável (e vergonhosa) entre as mulheres brancas e as suas criadas afro-americanas no sul dos Estados Unidos.
Parte do trabalho da crítica é também saber o que os outros dizem, especialmente os profissionais da crítica. Já li de tudo. Já li que era um filme racista, demasiado soft, demasiado engraçado, pouco dramático… enfim. You name it. É certo que não é o filme perfeito, mas é um esforço bastante bom e acima de tudo louvável. Porque se por vezes é doloroso, também sabe ser divertido e mostrar como, mesmo no ambiente mais negro, é possível sorrir. E como outro sábio crítico também disse, “The Help não é racista; os críticos é que estão a ser”. E não poderia concordar mais.
Não vejo problemas onde outros críticos viram: na suposta ironia de ser uma mulher branca a despontar a “emancipação” negra. Foi uma necessidade. Aquelas mulheres precisavam do motor de arranque, e Skeeter foi isso mesmo. Não vejo isso como uma falha mas um reconhecimento ao qual fico grata: afinal não temos todos palas nos olhos. Thank the gods.
É uma importante nota de lembrança para um passado não muito distante e perverso, incrivelmente perverso, e que ainda demonstra fortes efeitos Hoje. E The Help prega ainda uma luta diferente: as palavras podem ser mais fortes do que as armas. E o confronto é com uma verdade dolorosa… por mais que queiramos hoje acreditar que algumas daquelas são arquétipos, a segregação era de facto normal numa era em que afro-americanos não eram muito mais do que escravos.
As personagens são estereotipadas, sem dúvida. Algumas chegam, em momentos, perto da caricatura. É um instrumento que separa claramente o bom do mau, e que infelizmente lhe retira o potencial poder arrebatador que poderia ter. Ao mesmo tempo que é uma peça entusiasmante, que nos faz ter vontade de gritar “dá-lhe pá!” também é uma grave limitação – ou não seria este um retrato muito mais perturbador se nos pudéssemos rever nem que fosse um pouco em Hilly?
Com 146 minutos, é um filme longo e talvez aquela meia hora que tenha a mais o prejudique mais do que ajude. Ao mesmo tempo, Tate Taylor tem muito com que trabalhar – a questão dos afro-americanos, a vida das mulheres brancas da classe média-alta, todas aquelas personagens individuais…
Não admira que com tanto para mostrar contar, haja momentos ou explorações supérfluas e destoantes, como o romance de Skeeter.
Não se deixem enganar por parecer a “recomendação do ano da Oprah”, apesar de provavelmente ser. Esta é uma história que nos move, e que entre as suas camadas esconde verdades universais. Os temas não são novos, mas ao mesmo tempo não faz mal nenhum serem repetidos, ainda por cima quando nos são trazidos com tal sensibilidade e poder. O apelo à emoção pode ser simplista e até manipulativo, mas The Help é inderrogavelmente tocante, compassivo e sobretudo inspirador. The Help é um pedaço robusto de storytelling, e um recomeço bem-vindo depois de um Verão apinhado de comédias e super-heróis.
No final de contas, a união faz a força, mas para que haja união é preciso um primeiro passo. E esse primeiro passo é dado por alguém, um indivíduo inconformado que ainda sem organizações ou grupos a protege-lo toma coragem, dá um passo em frente, e abre o peito à mudança que fará a diferença para todos.
8.5/10
Esta semana nos cinemas:
Não são poucas as vezes em que os mais atentos cinéfilos estão descansadamente a apreciar um filme quando algo de inesperado acontece: "hey...aquilo não devia estar ali!". Pois é, e se é verdade que errar é humano também é verdade que encontrar erros em filmes se torna um passatempo para muita gente. A seguir partilho convosco alguns dos mais flagrantes (que já não são novidade, é certo)...
Os Marretas já nos andam a pôr a rir há meses e o filme só tem estreia agendada lá para 2 de Fevereiro de 2012 em Portugal. Desde paródias a The Hangover a The Girl with the Dragon Tattoo, nada parece passar impune ao humor jocoso do gang do sapo Cocas. As mais recentes vítimas?
Twilight, Paranormal Activity, Happy Feet... e mais!
É bom ver que este pessoal ainda está em forma e garanto-vos isto é de rir e rir, e chorar a rir por mais!
The Lorax traz-nos a história de um ambientalista que, em perigo, luta para salvar uma floresta de uma empresa de tecidos. Depois de algumas adaptações sem sucesso, vamos a ver se é desta que temos uma adaptação de Dr Seuss de excelência.
Werner Herzog traz-nos Into the Abyss, um documentário com entrevistas intimistas e histórias de vida de diversas pessoas envolvidas na vida de um condenado à morte em uma prisão do Texas. Este é um tema que gera controvérsia a nível mundial e que Herzog quis explorar do ponto de vista de alguém que augarda o dia da morte certa.
A terminar, deixo-vos um belo poster de We Need to Talk About Kevin e quatro posters de The Hunger Games, exibindo o perfil dos quatro protagonistas.
(clicar nas imagens para aumentar)
O Livro de Recordes do Guiness andou a fazer umas contas e descobriu qual a estrela de cinema mais valiosa no box office. Esta escolha baseia-se, é claro, em quanto venderam os filmes em que participaram.
Já sei devem estar a pensar em Leonardo DiCaprio com Titanic, ou Johnny Depp com a saga de Pirates of the Caribbean mais uns Tim Burtonzinhos, Harrison Ford com Indy e Star Wars...
Pois, mas não é nada disso.
O grande rei da box office é... Samuel L. Jackson! Sim, leram bem. Já para não falar das presenças nos filmes Marvel, Jackson ainda conta com a segunda leva de Star Wars, Jurassic Park, The Incredibles, Kill Bill, Pulp Fiction... já para não falar dos sete filmes que tem em produção! Tudo junto e até agora, os filmes de Jackson renderam a módica quantia de 7,42 mil milhões de dólares na box office, o que trocado por miúdos, digo, euros, é qualquer coisa como 5,3 mil milhões €. Ufa... que rei!
"I don't understand how actors say, you know, 'I can't watch myself... If you can't, why do you expect somebody to pay their money to watch you? If you can't watch it, why should somebody else?"
Samuel L. Jackson
Depois da conferência de imprensa na Estação de Comboios do Cais do Sodré que teve lugar pelas 12:00 de hoje, ficámos a conhecer o programa definitivo do Lisbon & Estoril Film Festival 2011 e a lista de FILMES EM COMPETIÇÃO, que, sem demoras, vos apresento já a seguir:
FORA DE COMPETIÇÃO teremos o prazer de assistir a:
Entre os convidados de honra do festival temos David Cronenberg, Wes Anderson, Paul Giamatti, Pedro Almodóvar, Matthew Barney, Miquel Barceló, Paul Auster, entre outros.
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Nass muito esperadas Masterclasses teremos:
Masterclasse Randall Poster - Dia 5, 15:00
Masterclasse - Filmar o Teatro, com Mathieu Amalric - Dia 5, 16:30
Masterclasse Leos Carax - Dia 5, 19:00
Masterclasse Christopher Doyle - Apresentação Video - Dia 5, 19:00
Masterclasse Luc Dardenne - Dia 5, 21:30
Masterclasse Paul Giamatti - Dia 5, 22:00
Masterclasse Miquel Barceló, Isaki Lacuesta - Dia 6, 15:00
Masterclasse - Conservação e a Divulgação do Património Cinematográfico Mundial - O Exemplo World Cinema Foundation - Dia 9, 21:00
Masterclasse Piotr Anderzewsky - Um Artista em Suspensão - Dia 12, 19:00
Masterclasse Yasmina Reza - Dia 12, 21:30
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Ainda de apontar no calendário com direito a marcador bem garrido por cima são as conferências de imprensa de David Cronenberg a 6 de Novembro no Centro de Congresso do Estoril (acesso restrito) e de Peter Suschitzky, Peter Handke e Rui Horta no dia 9 de Novembro nos Museus da Politécnica.
O Lisbon & Estoril Film Festival decorrerá em Lisboa e no Estoril de 3 a 14 de novembro. O festival, que tem uma história de apenas quatro anos, foi responsável pela presença em Portugal de nomes como Pedro Almodóvar, Bernardo Bertolucci, David Lynch, Francis Ford Coppola, Catherine Deneuve e John Malkovich.
A terminar segue o poster oficial do festival, no qual poderão clicar para aumentar. Podem constular mais informações sobre o Lisbon & Estoril Film Festival no seu site oficial.
Esta semana nos cinemas: