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"You can be happy and still be tempted".
Como fez Closer, em 2004, Last Night espreita a vida e as relações de um par de jovens casais; mas desenganem-se se esperam um drama atrevido e perturbante como o trazido por Mike Nichols.
A palavra ideal para descrever Last Night… nem sequer é bem uma palavra. É uma daquelas expressões que usamos caracteristicamente para reagir a algo que esperávamos ser bom, mas que sem ser horrendo, é vulgar e mediano. E deixa aquele gostinho a desilusão… Bom, a forma fonética mais semelhante talvez seja “meh…”. Então este é um filme absolutamente “meh…”.
Os temas da tentação sexual e da infidelidade são apenas tratados com pouco cuidado, numa narrativa pouco satisfatória e que tem falta de intriga, desenvolvimento de personagens ou algo que lhe valha.
A premissa é simples: Michael e Joanna estão casados há apenas três anos, mas a chama da relação está praticamente reduzida a cinzas. Num momento de alívio, talvez não só para o espectador, mas para os protagonistas, Michael parte para uma viagem de negócios, e o casal passa um dia separado. Um dia, ou talvez mais correctamente, uma noite que porá em jogo um fogoso jogo de resistência, atracção, infidelidade mas de pouco amor.
A história tem potencial sólido, mas, e perdoem-me a linguagem, tem falta de chicha e graves problemas de ligação: há demasiadas cenas desconexas e mundanas que acabam por ser frustrantes. E só no último acto é que a coisa volta aos conformes e a edição também melhora, com bons cortes entre os dois graus de infidelidade – física e emocional – a que assistimos.
Quanto ao elenco, (quase) todo se esforça por fazer deste um filme melhor do que o que é. Keira Knightley e Guillaume Canet formam sem dúvida o par mais carismático (e na realidade o único que nos interessa). No Sam Worthington já perdi toda a esperança depois de tanto tiros ao lado em géneros diferentes… até o cão era mais expressivo, e diga-se que parecia bem aborrecido com tudo isto.
O maior problema do filme talvez seja mesmo Michael: ninguém sabe muito bem o que fazer com ele, o que resulta num personagem que anda cabisbaixo o filme inteiro (bom, talvez excepto naquele momento fogoso no quarto de hotel). Michael arrefece tudo, até a fogosa Laura e até a inequivocamente mais viva relação entre Joanna e Alex – eventualmente, ela começa a recordar o marido e tudo mais e puff. Michael’s here.
Mas seria injusto não reconhecer em Last Night algumas boas cartadas, como os silêncios reveladores e o posicionamento privilegiado da luz e da música; mas talvez a mais notável seja a visão que dá do efeito dos principais nos eternos “outros” – Alex e Laura – o casalinho quebrado deixou um rasto de mazelas atrás de si.
Massy Tadjedin estreia-se com um filme que aposta no poder da revelação e também dos momentos familiares, apostando no reconhecimento por parte da audiência de situações que também já viveram (ainda que parcialmente talvez). Às vezes resulta, outras não.
6/10
... e vou tratar de me por em ordem para voltar à regularidade aqui com o meu bebé.