
Durante anos e anos, os “cérebros” de Hollywood beberam sumo de antigos programas de televisão, livros e peças para se inspirarem em novas histórias para contar no grande ecrã. Mas com a oferta cada vez menor de fontes de inspiração válidas, a indústria tem caído na repetição de fórmulas, seja pelo veículo das sequelas e dos remakes, seja pelo veículo de cópias descaradas de uns filmes a outros.
A indústria andava sedenta de criatividade e parece que mal começou a ver que o “filme sobre o facebook” não estava a dar mau resultado de todo - recorde-se que, na altura em que ficámos a saber que estava a ser feito, a recepção não foi a mais calorosa de sempre – começou a valer tudo menos arrancar olhos.
Brinquedos, jogos de tabuleiro, jogos de computador antigos…
O epicentro do lucro parece agora estar localizado no reconhecimento de marcas antigas, na nostalgia dos mais velhos e no entusiasmo pelas renovadas versões dos mais novos. À medida que Hollywood vai pedindo licenças para os seus novos filmes, uma nova onda de natureza estranha parece estar para chegar às salas de cinema.
Na mais recente rubrica do Master-Shot, deixo-vos com uma lista de alguns dos filmes mais estranhos que estão (ou pelo menos estiveram) de facto em negociações para serem realizados.
(*) NOTA - Por vezes os jogos surgirão com o seu nome em inglês. Isto dever-se-á ao facto de eu não ter a certeza de existir a versão do jogo em português ou de não saber o seu nome na nossa língua.
The Sims

Sobre o jogo: The Sims é um jogo de computador desenvolvido pela Maxis e distribuído pela Electronic Arts. É uma simulação das actividades mundanas de uma ou mais pessoas virtuais e foi criado pelo americano Will Wright, também conhecido pelo desenvolvimento da linha de jogos SimCity.
Porquê a adaptação: The Sims é “apenas” o franchise de jogos de computador mais vendido do mundo, e o quarto em termos de jogos de vídeo (apenas precedido por Mario, Pokémon e Tetris).
Sobre a adaptação: As últimas notícias que encontrei desta possível adaptação datam de 2008, e apesar de o filme já ter página no IMDB, ainda tenho a esperança que os produtores tenham ganho juízo e abandonado a ideia. De qualquer forma, em 2008, o produtor associado ao projecto John Davis, além de se ter referido mal aos números de vendas do jogo (Davis falou em números superiores a 65 milhões quando na altura o franchise já tinha vendido mais de 100 milhões), afirmou que o enredo envolveria possivelmente um jovem de 14-16 anos e um amigo que encontram um jogo de computador chamado “Sims Infinity Pack” numa estranha loja de jogos de vídeo. Ao jogarem, os jovens chegam à conclusão de que este jogo é do mais real que já viram e notam ainda que a cada jogada, há um efeito no mundo real. Obviamente, por mais porreiro que isto pareça, terá consequências para eles, é claro. Segundo o produtor, este será (ou seria) um divertido filme de acção.
Última vez que ouvimos falar dele: Setembro/Outubro de 2008.
Cubo de Rubik

Sobre o brinquedo: O cubo de Rubik também é conhecido por cubo mágico e foi criado pelo húngaro Ernõ Rubik em 1974. Inicialmente, o quebra-cabeças tridimensional foi chamado de "cubo Mágico", mas o nome foi alterado pela Ideal Toys Corp. para "cubo de Rubik" quando obteve a licença para ser vendido em 1980.
O Cubo de Rubik é um normalmente feito de plástico e possui várias versões, sendo a 3x3x3 a mais comum, composta por 6 faces de 6 cores diferentes, com arestas de aproximadamente 5,5 cm. É geralmente conhecido como o brinquedo mais famoso do mundo.
Porquê a adaptação: Ao que parece, a Agência Creative Artists reuniu-se com vários produtores para desenvolver alguma coisa sobre este brinquedo diabólico: há que aproveitar antes que os brinquedos mais “fixes” tenham todos filmes, não é? Porque se tantos outros objectos inanimados vão ter filmes, por que raio é que o cubo mágico não haveria de ter um??
Sobre a adaptação: Quanto ao enredo pouco ou nada se sabe, sendo que a certa altura o único rumor que surgiu foi que o filme seria passado numa competição de cubos de Rubik. E realmente com o cubo como pano de fundo não há muito mais por que almejar, apesar de eu não me sentir especialmente entusiasmada com um filme sobre nerds a resolver puzzles… atenção, não tenho nada contra nerds, mas ainda por cima o record para a resolução do cubo é de 6,77 segundos, então ia haver ainda pelo menos uma hora e tal de chouriços para encher. Outras hipóteses poderiam ser um thriller passado dentro do cubo, possivelmente com uma série de pessoas lá presas que para sobreviver teriam de o resolver (ok, talvez seja muito Saw aqui), ou talvez um drama: uma família despedaçada pelo marido que não larga o cubinho. Nahh… não consigo lá chegar.
Última vez que ouvimos falar dele: Novembro de 2010.
Onde está o Wally?
Sobre o livro/jogo: “Onde está o Wally?” é uma série de livros infanto-juvenis criada pelo ilustrador britânico Martin Handford e o primeiro livro da série foi lançado em 1987.
Os livros consistem em ilustrações detalhadas de duas páginas com dezenas de pessoas a fazerem as mais variadas coisas num determinado local. Os leitores são desafiados a encontrar o Wally no meio da multidão. O personagem tem traços característicos: uma camisola às riscas vermelhas e brancas, um chapéu das mesmas cores e óculos.
Porquê a adaptação: Se o franchise teve tanto sucesso ao longo dos anos que teve direito a adaptação televisiva, jogos de computador e bandas desenhadas, porque não ter também um filme já agora?
Sobre a adaptação: A Universal conseguiu, depois de alguma luta com outros estudos, adquirir os direitos para a realização da versão cinematográfica de “Onde está o Wally?”. O estúdio tinha como objectivo criar um filme direccionado à família, e apenas um produtor foi associado ao projecto – Chris Meledandri.
A Paramount e a Nickelodeon já tinham, a certa altura, um projecto deste em mãos que acabaram por deixar para trás. Todavia, o enredo até poderia funcionar bem como um filme para crianças: Wally, com cerca de 30 anos, põe acidentalmente a funcionar uma máquina do tempo meia estragada e viaja perdido por vários destinos. Simples, e bem ao jeito de Bedtime Stories, mas podia funcionar.
Última vez que ouvimos falar dele: Junho de 2009
Batalha Naval

Sobre o jogo: Jogo de tabuleiro no qual dois jogadores têm de adivinhar em que local estão os navios do oponente. O primeiro jogo foi vendido pela Milton Bradley Company em 1937, mas antes o jogo já existia, jogando-se apenas com lápis e papel. São utilizadas duas grelhas para cada jogador – uma representa a disposição de barcos do jogador, e outra representa a disposição dos do oponente. Em cada grelha, o jogador coloca os seus navios e regista os ataques do adversário.
Porquê a adaptação: Não faço a mais pequena ideia. A Universal precisava mesmo de pedir os direitos da Batalha naval para fazer um filme sobre barcos que bombardeiam coisas? Pois, também achei que não.
Sobre a adaptação: Este deve ser dos projectos mais adiantados nesta lista tendo já estreia prevista para Maio de 2012, contando com Peter Berg como realizador, e argumento de Jon Hoeber e Erich Hoeber. O elenco é composto por Liam Neeson (WTF??), Taylor Kitsch e Alexander Skarsgård; depois também entram Brooklyn Decker e Rihanna, mas só para garantirem personagens complexas e multi-dimensionais mesmo...
Como em alguns destes casos não havia muita informação sobre o enredo, os cinéfilos por todo o mundo “inventaram” enredos para os filmes sobre jogos que ainda não os têm. Todavia Battleship já tem enredo, e é caso para dizer que mais valia pôr um miúdo de cinco anos a inventar um melhorzinho. É claro que barcos a bombardearem-se uns aos outros não é propriamente entretenimento para duas horas, mas barcos a bombardearem aliens aquáticos parece que sim. Parece que quando não há volta a dar, recorremos a aliens.
- ‘Bora fazer um filme sobre papel higiénico?
- Sim!
- E qual é o enredo?
- Hmm, não sei, mas podíamos pôr aliens a infectar pessoas enquanto elas limpavam o ra..
Epá não! A sério, nós nem sequer encontramos aliens na vida, e se entre nós somos racistas, o que dizer da nossa atitude perante os aliens? Nunca os vimos mas já os pomos sempre a tentar destruir-nos.
OK, vou deixar os aliens e voltar à batalha naval: até o nosso amigo James Cameron, directamente de Pandora, afirmou para um website alemão: “Agora querem fazer da batalha naval um filme! Isto é puro desespero (…) isto degrada o cinema”.
Última vez que ouvimos falar dele: Finais de 2010..
Stretch Armstrong

Sobre o brinquedo: Um boneco elástico posto no mercado pela Kenner em 1976. Não sei exactamente se este modelo existiu em Portugal, mas o Stretch Armstrong tinha a forma de um homem louro e musculado que vestia uma tanga (educativo, não?). O boneco de tamanho original próximo dos 40 cm podia ser esticado até quase 1,5 metros.
Porquê a adaptação: Além de em Fantastic Four, onde é que já vimos um homem cuja habilidade especial é esticar-se? Eu digo-vos: em lado nenhum. E ainda acham que isto não merece um filme próprio? Sinceramente…
Sobre a adaptação: Eu nem sei bem por onde começar. Bom, para já, não se sabe muito sobre este projecto, excepto membros da equipa. Brian Grazer é produtor e Steve Oedekerk tem a seu cargo o argumento. Mas quem é a estrela? Pois bem, o fabuloso homem que estica será nada mais nada menos que Taylor Lautner (pelo que foi confirmado nas últimas notícias sobre a produção em 2010).
“Nos últimos dois anos, o Taylor tem-se mostrado como uma estrela na box Office. Ele traz o equilíbrio perfeito de energia e atleticismo ao papel de um herói pouco comum com um poder fantástico” defendeu Donna Langley, uma das responsáveis da Universal.
Parece que o estúdio nem sequer anda a tentar fazer bons filmes e tenta apenas garantir enredos de porcaria (perdoem-me a expressão). Não é possível que alguém ache que particularmente este filme seja uma boa ideia, e talvez tenha sido por isso que se apressaram a garantir Taylor Lautner que, não, não sabe representar, mas sim, trará manadas de meninas ao cinema que não se importam que o filme seja na verdade uma bandalheira pegada.
Mas tenho de admitir que o que me faz temer ainda mais este projecto é o entusiasmo do produtor Brian Grazer: “O Stretch Armstrong é um personagem que sempre quis ver no grande ecrã… é uma história sobre um homem que estica…”. Enfim.
Alguns rumores apontam a estreia para Março de 2012.
Última vez que ouvimos falar dele: Início de 2010
(continua...)