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Filme, Ano: Sunset Blvd., 1950
Realização: Billy Wilder
Descrição da cena: A enlouquecida Norma Desmond prepara-se para o seu último close-up.
Apesar de só agora ter tido oportunidade de assistir a este clássico, esta cena deu-me arrepios na espinha, e apesar de o filme já ter ultrapassado a barreira dos 60 anos, não perdeu nada nada do impacto, magia e loucura. Nem todos os clássicos têm a sorte de envelhecer tão bem, deve dizer-se.
Nesta cena final, Norma Desmond é persuadida a abandonar o seu quarto para ser presa, vivendo na ilusão de que está a gravar a cena de um filme. O que contribuiu para a insanidade de personagem foi a cultura visceral do ego, da vaidade e da ilusão do glamour praticada em Hollywood. E no caso do jovem companheiro e promissor argumentista Joe que acabou a boiar de cabeça para baixo na piscina da mansão de Desmond… bom, nestes casos basta dizer que as poucas pessoas que chegavam (e chegam) ao estrelato em Hollywood vão encontrar um mundo cheio de corrupção, manipulação e mentira.
De uma forma geral, a fita lida com as consequências humanas da queda do estrelato, e das tristes ilusões daqueles que foram a cara do passado, mas que o presente tem dificuldade em lembrar. Sunset Blvd. revela várias camadas de realidades duras de Hollywood, que contrariamente ao pensamento da época, não era somente um lugar alegre com pessoas felizes. A crítica é afiada, e como seria de esperar, não passou impune na altura, gerando algum reboliço.
Se quisermos ser conservadores, Sunset Blvd. é um dos melhores filmes sobre Hollywood feitos em Hollywood. Se quisermos arriscar, e eu quero, diremos mesmo que é o melhor.
É um dos finais mais famosos da história do cinema, com diálogo a condizer: 'All right, Mr. DeMille, I'm ready for my close-up'. Soberbo.
Com tanta preparação e publicidade... it better be good!
Esta semana nos cinemas:
"You must pay for everything in this world, one way and another. There is nothing free except the grace of God."
Não sou a maior fã de Westerns que poderão encontrar. De facto, o meu conhecimento sobre o género é bastante pobre, talvez pelo interesse que nunca me despertou. Apesar de não ser um GRANDE filme, True Grit dos irmãos Coen fez-me ter alguma esperança no género, bem como alguma curiosidade de o explorar um pouco mais.
Uma das grandes mudanças do original de 1969, é que na adaptação de 2010, a narradora e heroína de Portis, Mattie Ross domina a carruagem, não o xerife com um só olho.
Como sempre, os elementos visuais dos Coen são originais e puros. Os contrastes nos interiores iluminados pelo fogo são lindíssimos, e Roger Deakins mantém a câmara perto, resistindo, em grande parte das situações, às vistas panorâmicas tradicionais.
No seus próprios termos, é um filme bem sucedido – não como um filme dos Irmãos Coen, mas como uma história bem contada.
A melhor forma de abordar o novo filme dos irmãos Coen é baixar as expectativas. O problema não está no filme que é, na verdade, magnífico em muitos pontos - a fotografia é lindíssima e sem dúvida uma das melhores do ano, a banda sonora é fantástica e confunde-se com a história, e as interpretações são fantásticas (bom, tirando talvez Matt Damon que, a meu ver, não faz nada de extraordinário, todavia é também o personagem mais ingrato) – mas True Grit é provavelmente o filme menos irónico da máquina cinematográfica que são os irmãos Coen, e é talvez o filme “menos Coen” de todos; o que também não quer dizer que estejam ausentes algumas das suas mais finas assinaturas.
Nada disto quer dizer que a fita seja menos valida do que qualquer outra, mas estes realizadores já puseram a fasquia tão elevada que este True Grit não consegue evitar deixar um pouco a desejar. Ao último hit dos Coen faltou um je-ne-sais quoi de humor e ressonância para que se tornasse memorável.
8/10
"I'd be lost without the weight of you two on my back. I ain't going anywhere."
Winter’s Bone segue talvez o legado de Precious – nunca compreendemos bem onde termina a profundidade e onde começa o desolamento de um enredo tão negro. Apesar de não me ter conquistador totalmente, é um daqueles exemplares raros que prova que os thrillers não têm de ser barulhentos e espalhafatosos para manter a atenção do espectador.
Winter’s Bone parece desenrolar-se num mundo completamente à parte, com a sua própria lógica moral e códigos de cunduta. Poderia parecer uma espécie de prisão decrépita senão estivesse a jogar tão obviamente em casa.
A heroína Ree Dolly (fantástica Jennifer Lawrence) enfrenta uma crise semelhante àquela apresentada em Frozen River (2008): um homem desaparece deixando dívidas a uma mulher, neste caso, à jovem filha, responsável pelo resto da família.
Este é um drama negro e realista sobre uma comunidade dizimada pela pobreza e por uma esperança desaparecida há muito tempo, mas ligada por laços profundos de sangue, género e classe social. Debra Granik filmou em áreas reais e recrutou vários locais como actores, e tanto os visuais como as adições ao elenco misturam-se discretamente entre os profissionais.
Espectacular pela humanidade, beleza austera e urgência, não podemos deixar de achar que este parece não ser um filme para nós, e o que salva Winter’s Bone de ser uma peça elitista é a protagonista, cujo carácter não é revelado por discursos vazios, mas por acções e um foco inabalável. Winter’s Bone é definitivamente tough to love, mas Lawrence faz do investimento emocional um ganho certo.
7.5/10
"The Grid. A digital frontier. I tried to picture clusters of information as they moved through the computer. What did they look like? Ships, motorcycles? Were the circuits like freeways? I kept dreaming of a world I thought I'd never see. And then, one day... I got in."
É desanimador ver o quão pouco os responsáveis por Tron: Legacy se preocuparam com as possibilidades dramáticas do enredo, sendo completamente consumidos pelas suas exigências tecnológicas.
É um triunfo de direcção artistica, som e uma banda sonora fantástica pelo duo francês Daft Punk que não obteve o reconhecimento que merecia. Ninguém se conteve no eye candy desta agradável, sexy e emocionante aventura virtual, a sequela do original de 1982 Tron. Contudo existe uma grave falta de conectividade entre as personagens digitais no ecrã e o utilizador-espectador.
O elemento mais efectivo e mais apelativo à audiência é o visual: tudo negro excepto os apontamentos luminosos das indumentárias e dos objectos em Primeiro plano; visual este inspirado nos jogos arcade do início dos anos 80.
Excede-se em pelo menos meia hora de uma coisa que não é boa nem é má, e nem aquece nem arrefece. No fim, o pensamento que fica é este: tiveram quase 30 anos… e isto foi o melhor que conseguiram?
Para a audiência, o melhor a fazer é recostar-se e deixar-se absorver pelo universo néon sem fazer perguntas. Não vale a pena sobre-analisar a história (nem merece a pena); a viagem vale a pena pelos efeitos visuais de ponta e pela presença de Jeff Bridges – o sujeito mais porreiro de qualquer dimensão.
7/10
Finalmente tenho uma semaninha de férias que me vai permitir outro tipo de dedicação aqui ao meu bebé!
Finnally :D
Era difícil conseguir apreciar toda a beleza que o meio do Cinema nos proporciona se não fossem aquelas pessoas atrás da câmara a permitir que um filme tenha tão bom aspecto. No fim de semana, a American Society of Cinematographers honrou os responsáveis por captarem alguns dos melhores visuais do ano em cinema e distinguiram especialmente Wally Pfister com um prémio pelo sem trabalho em Inception: à teceira foi de vez (Pfister já havia sido nomeado por Batman Begins e The Dark Knight).
Pfister levou a melhor sobre os outro quatro nomeados que são também os nomeados pela Academia este ano - Matthew Libatique (Black Swan), Danny Cohen (The King's Speech), Jeff Cronenweth (The Social Network) e Roger Deakins (True Grit).
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Foram divulgados no passado dia 11 de Fevereiro os nomeados da International Film Music Critics Association, uma associação que divulga e premeia as melhores composições para bandas sonoras em cinema.
Esta lista toma especial importância pela presença fantástica de dois nomes portugueses. Primeiro, Nuno Malo aparece indicado nas categorias de Melhor Banda Sonora num Filme Dramático e ainda como Compositor Revelação. O outro indicado é Miguel d'Oliveira que figura entre os nomeados para Melhor Banda Sonora num documentário. Parabéns rapazes!
Outro apontamento que me agradou foi a distinção da fantástica banda sonora de Tron: Legacy, a qual não me canso de prezar. Segue a lista completa dos nomeados.
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Ainda de extrema importância são os Prémios Goya, atribuídos anualmente pela Academia das Artes e Ciências Cinematográficas de Espanha, com a finalidade de premiar os melhores profissionais em cada uma das diversas especialidades do sector. Javier Bardem não falhou na distinção de Melhor Actor com Biutiful e Pan Negro foi considerado o Melhor Filme do ano, vencendo ainda em mais oito categorias. Uma nota especial vai para a distinção de Melhor Filme Europeu, atríbuida a The King's Speech.
Olá amigos.
Bem, aqui o Close-Up tem andado um bocadinho desactualizado no que toca a posters e trailers, por isso vamos lá endireitar isto um bocadinho.
Após a trágica morte da mulher e filha, o famoso autor americnao Joseph Crone viaja para Barcelona para se juntar ao irmão Samuel e ao pai moribundo Richard. Mas o destino tem um plano diferente para Joseph que teve toda a vida marcada por estranhos acontecimentos e o visionamento contante do número 11. A curiosidade depressa se torna uma obsessão e Joseph vai perceber a sua importância não para ele, mas também para todas as religiões. Isolado num país estrangeiro, onde apenas pode contar com a ajuda da sua companheira Sadie, Joseph percebe que 11/11/11 é mais do que uma data...
X-Men: First Class traça o começo épico da saga X-Men e revela uma história secreta a respeito de eventos globais famosos. Antes de mutantes se revelarem ao mundo, e antes de Charles Xavier e Erik Lensherr adoptarem os nomes Professor X e Magneto, eles eram dois jovens a descobrir os seus poderes. Não como inimigos mas como amigos e trabalhando juntos ao lado de outros mutantes tentavam impedir o Armageddon. No processo, deu-se uma grave ruptura que iniciou uma guerra eterna entre a Irmandade de Magneto e os X-Men do Professor X.
Se a primeira imagem oficial da saga tinha deixado muito a desejar, o trailer veio redimir-se um pouco. Está bastante positivo, mas ainda precisa de um pouco mais para me convencer. Still... nice try.
No que respeita a posters... trago-vos alguns novos e outros nem tanto, e o grande destaque vai para uma nova imagem do renovado Spider-Man que, a propósito, já tem novo título oficial: The Amazing Spider-Man.
De resto deixo-vos com um poster de Arthur, dois de Madea's Big Happy Family (que na minha opinião são demasiado grosseiros e sedentos de atenção mediática), poster artístico de Black Death. e o primeiro "teaser poster" de La Piel que Habito, o próximo filme do espanhol Pedro Almodóvar
(Clicar para aumentar as imagens)
"I'm the one who's fighting. Not you, not you, and not you"
"If I am King, where is my power? Can I declare war? Form a government? Levy a tax? No! And yet I am the seat of all authority because they think that when I speak, I speak for them."
Todavia, presenteia-nos com um drama sólido com um clímax emocionante - uma peça histórica bastante satisfatória que atinge os padrões dramáticos que se requeriam sem sacrificar a técnica ou a precisão histórica. É uma combinação sagrada para receber prémios que junta o melhor de Inglaterra com os princípios de Hollywood, que nos permite assistir a dois actores brilhantes a recriar um teste de vontades monumental.
Um filme extraordinário sobre uma extraordinária amizade, e que, aumentando o seu estatuto de raridade, honra a inteligência da audiência.
8.5/10
"If you are afraid about being on your own, don't be. You are not."
Fazer um filme sobre o que há depois da morte é sempre um passo arriscado, mas Clint Eastwood arranjou maneira de o tornar seguro, mas não num bom sentido. Falta um drama urgente e personagens com as quais nos preocupemos de facto. Na verdade, este nem parece um filme de Clint Eastwood, mas um episódio alargado de uma qualquer série sci-fi. O realizador tem andado desinspirado e desta vez serviu-nos um prato que, ainda que contenha apontamentos interessantes, tem falta de sal e conta com alguns momentos perigosamente entediantes.
É difícil saber o que há de errado com Hereafter, mas o argumento fraco de Peter Morgan não chega nem aos calcanhares dos seus inteligentes e afiados trabalhos anteriores (The Queen e Frost/Nixon).
Um outro apontamento negativo vai para os efeitos especiais que se mostram especialmente no início do filme. Custa vez uma coisa tão fraquinha como estas merecer reconhecimento, por exemplo, da Academia em detrimento de outros trabalhos tão mais bem conseguidos e complexos.
6/10
Foram revelados os grandes vencedores dos prestigiados prémios BAFTA, conhecidos como os Oscars britânicos.
Como seria de esperar, The King's Speech foi o grande vencedor da cerimónia arrecadando sete prémios, incluindo o de Melhor Filme. The Social Network teve de contentar-se com a distinção para David Fincher, argumento e outros prémios técnicos. Segue a lista completa de vencedores.
Best Film – The King’s Speech
Best Director – The Social Network – David Fincher
Best Leading Actress – Natalie Portman – Black Swan
Best Leading Actor – Colin Firth – The King’s Speech
Best Supporting Actress – Helena Bonham Carter – The King’s Speech
Best Supporting Actor – Geoffrey Rush – The King’s Speech
Best Adapted Screenplay – The Social Network – Aaron Sorkin.
Best Original Screenplay – The King’s Speech – David Seidle
Best Cinematography – True Grit – Roger Deakins
Outstanding British Film – The King’s Speech
Outstanding British Debut – Four Lions – Chris Morris
Best Editing – The Social Network – Angus Wall, Kirk Baxter
Best Original Music – The King’s Speech – Alexandre Desplat
Best Production Design – Inception – Guy Hendrix Dyas, Larry Dias, Doug Mowat
Best Costume Design: Alice in Wonderland – Colleen Atwood
Best Sound – Inception – Richard King, Lora Hirschberg, Gary A Rizzo, Ed Novick
Best Special Visual Effects – Inception – Corbould, Franklin, Lockley, Bebb
Best Make Up & Hair – Alice in Wonderland – Valli O’Reilly, Paul
Best Short Film – Until the River Runs Red – Paul Wright, Poss Kondeatis
Best Short Animation – The Eagleman Stag – Michael Please
Best Film Not in the English Language – The Girl With the Dragon Tattoo
Best Animated Film – Toy Story 3
Orange Wednesdays Rising Star Award – Tom Hardy
Olá amigos,
Bom, temos de admitir que, por mais variedade de artigos que escreva, este vai continuar a ser um blog de crítica cinematográfica. É também verdade que os artigos que escrevo além das críticas, podem ser considerados críticas também, ou reflexões sobre um aspecto particular do tão vasto mundo cinematográfico. Todavia, as críticas são uma parte muito importante do Close-Up, além de que me permitem o exercício de uma prática que pretendo um dia tornar ainda mais séria.
As críticas que escrevo para o blog são, normalmente, de relativa dimensão, o que não dando espaço para avaliar um obra na sua inteira complexidade, dá uma boa margem de análise. Infelizmente, devido à dimensão e ao tempo que me ocupa, nem sempre tenho tempo de escrever as críticas que gostaria.
É neste sentido que decidi estrear uma nova rubrica aqui no blog, o Quick Shot.
Bom, nova é como quem diz, porque, no fundo, também vão ser críticas de filmes. Todavia, a diferença reside no tamanho: avanço desde já que não vou deixar de escrever as críticas em tamanho normal, mas estas em formato mini permitir-me-ão não só escrever e avaliar mais filmes, como dedicar-me mais apenas àqueles que considerar melhor servidos com uma crítica de maior dimensão.
Vamos lá ver como é que isto me sai, e ver se consigo efectivamente partilhar convosco o meu veredicto sobre mais filmes.