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"You must pay for everything in this world, one way and another. There is nothing free except the grace of God."
Não sou a maior fã de Westerns que poderão encontrar. De facto, o meu conhecimento sobre o género é bastante pobre, talvez pelo interesse que nunca me despertou. Apesar de não ser um GRANDE filme, True Grit dos irmãos Coen fez-me ter alguma esperança no género, bem como alguma curiosidade de o explorar um pouco mais.
Uma das grandes mudanças do original de 1969, é que na adaptação de 2010, a narradora e heroína de Portis, Mattie Ross domina a carruagem, não o xerife com um só olho.
Como sempre, os elementos visuais dos Coen são originais e puros. Os contrastes nos interiores iluminados pelo fogo são lindíssimos, e Roger Deakins mantém a câmara perto, resistindo, em grande parte das situações, às vistas panorâmicas tradicionais.
No seus próprios termos, é um filme bem sucedido – não como um filme dos Irmãos Coen, mas como uma história bem contada.
A melhor forma de abordar o novo filme dos irmãos Coen é baixar as expectativas. O problema não está no filme que é, na verdade, magnífico em muitos pontos - a fotografia é lindíssima e sem dúvida uma das melhores do ano, a banda sonora é fantástica e confunde-se com a história, e as interpretações são fantásticas (bom, tirando talvez Matt Damon que, a meu ver, não faz nada de extraordinário, todavia é também o personagem mais ingrato) – mas True Grit é provavelmente o filme menos irónico da máquina cinematográfica que são os irmãos Coen, e é talvez o filme “menos Coen” de todos; o que também não quer dizer que estejam ausentes algumas das suas mais finas assinaturas.
Nada disto quer dizer que a fita seja menos valida do que qualquer outra, mas estes realizadores já puseram a fasquia tão elevada que este True Grit não consegue evitar deixar um pouco a desejar. Ao último hit dos Coen faltou um je-ne-sais quoi de humor e ressonância para que se tornasse memorável.
8/10
"I'd be lost without the weight of you two on my back. I ain't going anywhere."
Winter’s Bone segue talvez o legado de Precious – nunca compreendemos bem onde termina a profundidade e onde começa o desolamento de um enredo tão negro. Apesar de não me ter conquistador totalmente, é um daqueles exemplares raros que prova que os thrillers não têm de ser barulhentos e espalhafatosos para manter a atenção do espectador.
Winter’s Bone parece desenrolar-se num mundo completamente à parte, com a sua própria lógica moral e códigos de cunduta. Poderia parecer uma espécie de prisão decrépita senão estivesse a jogar tão obviamente em casa.
A heroína Ree Dolly (fantástica Jennifer Lawrence) enfrenta uma crise semelhante àquela apresentada em Frozen River (2008): um homem desaparece deixando dívidas a uma mulher, neste caso, à jovem filha, responsável pelo resto da família.
Este é um drama negro e realista sobre uma comunidade dizimada pela pobreza e por uma esperança desaparecida há muito tempo, mas ligada por laços profundos de sangue, género e classe social. Debra Granik filmou em áreas reais e recrutou vários locais como actores, e tanto os visuais como as adições ao elenco misturam-se discretamente entre os profissionais.
Espectacular pela humanidade, beleza austera e urgência, não podemos deixar de achar que este parece não ser um filme para nós, e o que salva Winter’s Bone de ser uma peça elitista é a protagonista, cujo carácter não é revelado por discursos vazios, mas por acções e um foco inabalável. Winter’s Bone é definitivamente tough to love, mas Lawrence faz do investimento emocional um ganho certo.
7.5/10
"The Grid. A digital frontier. I tried to picture clusters of information as they moved through the computer. What did they look like? Ships, motorcycles? Were the circuits like freeways? I kept dreaming of a world I thought I'd never see. And then, one day... I got in."
É desanimador ver o quão pouco os responsáveis por Tron: Legacy se preocuparam com as possibilidades dramáticas do enredo, sendo completamente consumidos pelas suas exigências tecnológicas.
É um triunfo de direcção artistica, som e uma banda sonora fantástica pelo duo francês Daft Punk que não obteve o reconhecimento que merecia. Ninguém se conteve no eye candy desta agradável, sexy e emocionante aventura virtual, a sequela do original de 1982 Tron. Contudo existe uma grave falta de conectividade entre as personagens digitais no ecrã e o utilizador-espectador.
O elemento mais efectivo e mais apelativo à audiência é o visual: tudo negro excepto os apontamentos luminosos das indumentárias e dos objectos em Primeiro plano; visual este inspirado nos jogos arcade do início dos anos 80.
Excede-se em pelo menos meia hora de uma coisa que não é boa nem é má, e nem aquece nem arrefece. No fim, o pensamento que fica é este: tiveram quase 30 anos… e isto foi o melhor que conseguiram?
Para a audiência, o melhor a fazer é recostar-se e deixar-se absorver pelo universo néon sem fazer perguntas. Não vale a pena sobre-analisar a história (nem merece a pena); a viagem vale a pena pelos efeitos visuais de ponta e pela presença de Jeff Bridges – o sujeito mais porreiro de qualquer dimensão.
7/10
Finalmente tenho uma semaninha de férias que me vai permitir outro tipo de dedicação aqui ao meu bebé!
Finnally :D