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Estive fora um par de dias e a nossa cultura ficou logo mais pobre: António Feio faleceu às 23:40 do dia 29 de Julho de 2010 vítima de um cancro no pâncreas. Durante 15 meses, António Feio tentou tudo na luta contra o cancro assumindo publicamente a doença, a dor dos tratamentos, as derrotas e as esperanças, pequenas vitórias, numa batalha muito desfavorável ao actor desde o início.
António Feio, era um homem magro com 1,80 metros de altura que, se não fosse actor, teria sido músico (gostava muito de tocar guitarra). Ria-se com Seinfeld e recordava atsempre o livro Cem Anos de Solidão de García Márquez, lido da adolescência. Não sabia cozinhar e considerava-se preguiçoso, mas era persistente e tinha bom feitio. Os seus grandes feitos ficarão inapagáveis: o drogado Nando da telenovela Origens, o encenador de belíssimos espectáculos infantis, o Toni do colete de pele de vaca, um homem que riu até ao fim de si mesmo. E quem o viu no ano passado nos Contemporâneos , a brincar com a doença e com o facto de Nuno Lopes lhe ter oferecido o Globo de Ouro que acabara de ganhar, não pôde evitar rir-se. Sendo de alma e coração um homem do teatro, Feio fez ainda televisão, cinema, traduções, dobragens e rádio; uma figura incontornável da cultura portuguesa e que não será certamente esquecida.
Não é bem uma despedida. É um até já António.
"Se pudesse matava o bicho a rir".
António Feio