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"After I killed him, I dropped the gun in the Thames, washed the residue off me hands in the bathroom of a Burger King, and walked home to await instructions. Shortly thereafter the instructions came through - "Get the fuck out of London, you dumb fucks. Get to Bruges." I didn't even know where Bruges fucking was... It's in Belgium."
Bruges, uma das mais belas e historicamente ricas cidades da Bélgica.
Este é o último lugar para onde os assassinos profissionais Ken (Brendan Gleeson) e Ray (Colin Farrell) esperavam vir parar. Ken é mais velho e experiente e sabe aproveitar a estadia; Ray é um autêntico bebé grande que só reconhece Dublin como lugar digno de se viver. Enquanto esperam por novas ordens em forma de chamada telefónica do seu chefe, o frio e autoritário Harry (Ralph Fiennes), os dois vêem-se imersos numa estranha aventura cultural que mete turistas, locais, anões, prostitutas e um enredo de peripécias hilariantes.
Quando o telefonema finalmente chega, as peculiares férias metamorfizam-se num perigo constante. A vida e a morte cruzam-se a alta velocidade, sempre com consequências cómicas mas, ao mesmo tempo, tocantes.
In Bruges é um filme chocante que, nas mãos erradas seria apenas ofensivo e provocador. O dramaturgo irlandês Martin McDonagh tem aqui a sua primeira incursão pelo mundo do cinema. Ninguém o diria já que In Bruges se apresenta, indubitavelmente, como um dos melhores e mais requintados filmes do ano.
Num filme de assassinos é estranho não haver nenhuma “missão” (por assim dizer) que ocupe todo o enredo. Mas In Bruges, não sendo no seu cerne apenas um filme de assassinos, se é que pode ser considerado um filme de assassinos…porque não precisa disso para nada.
Grande parte do filme limita-se a seguir Ray e Ken pelas suas visitas culturais. Se alguém me dissesse isto provavelmente disparava logo “mas qual é o interesse disso??”. Muito, digo-vos. A combinação é exótica; as constantes discussões e as birras de Ray contrastam com a beleza e calma da portentosa cidade em pano de fundo e que, muitas vezes, toma o lugar de personagem, assistindo impávida e serena ao desmontar de um puzzle completamente alucinado.
O humor joga tanto no campo da idiotice desconcertante (que, diga-se, tem muita graça) como no da lógica partindo de pressupostos incrivelmente inteligentes, e aqui o diálogo toma especial importância. Quantas vezes em conversas com amigos ou conhecidos mandamos a nossa “bucha”? Ou os ouvimos mandar? E quando revemos essa conversa, não conseguimos evitar uma sonora gargalhada. In Bruges tem exactamente esse tipo de conversas: despreocupadas, naturais e cheias de “bocas” e asneiradas. Pode parecer um lugar-comum, mas se pensarmos bem, são raros os filmes que têm sucesso ao fazê-lo. In Bruges teve. Se teve!
Mas o mérito não pode ir só para o realizador/argumentista; os actores são, cada um e todos eles excepcionais. A química entre a dupla principal é maravilhosa e os seus momentos tête-à-tête são dos grandes highlights!
Brendan Gleeson é a derradeira figura paternal. Um homem que, paradoxalmente, nasceu e não nasceu para matar. Por trás daquela dureza para com Ray, ou depois, por trás de todo o apoio, está um homem infeliz e sozinho, e Gleeson é um deleite de se ver, um mapa emocional.
Do outro lado do ringue, Colin Farrell, naquele que é o melhor papel que lhe recordo. Espectacular! Talvez porque interpretou um irlandês e pôde finalmente dar aso à sua verdadeira natureza, talvez porque o esperava um personagem que só podia ser seu. A verdade é que o homem se encheu de sentimento e pujança, o que resultou numa personagem única e com a qual é simplesmente impossível não rir.
Depois há o sempre imperial Ralph Fiennes, que escusa grandes comentários; este senhor não brinca em serviço!
In Bruges não é apenas puro entretenimento, apesar de acreditar que sobreviveria bem se o fosse. Mas a realidade é que se trata de um filme extremamente complexo na sua moralidade e mensagem. Três homens, três almas torturadas que vivem sob cortinas de dor, vergonha e culpa soltam finalmente em Bruges toda a raiva e todos os demónios. No final, damos conta que rimos; mas rimos de algo que na verdade é real e doloroso, e que prevalece com mais força do que alguma vez poderíamos esperar.
Numa palavra, brilhante.
8.5/10
Novo poster para o, até agora e para mim, melhor filme do ano! Tive a oportunidade de o ver um pouquinho mais cedo e digo-vos... brutal! Daqui a uns dias, a crítica aqui no Close-Up ;)
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Também os candidatos a Melhores Efeitos Visuais foram reduzidos a apenas sete. As minhas apostas (Benjamin Button, Iron Man e Dark Knight/Hellboy) ainda lá estão!
Bye bye Narnia, Hancock e companhia...fica para a próxima! Os sete escolhidos são:
“Australia”
“The Curious Case of Benjamin Button”
“The Dark Knight”
“Hellboy II: The Golden Army”
“Iron Man”
“Journey to the Center of the Earth”
“The Mummy: Tomb of the Dragon Emperor”