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Deep Focus - Como ganhar um Oscar

por Catarina d´Oliveira, em 20.01.10

 

And the Oscar goes to… you!


A vossa prateleira está demasiado vazia? Precisam de uma boa arma para dar cacetadas ao vosso irmão mais novo? Querem ter a oportunidade de agradecer à mãe, ao pai, ao irmão, ao cão e ao gato?


O Close-Up tem a resposta – ganhar um Oscar! Simples como beber um copo de água, e hoje todos ficarão a saber o que fazer para ganhar um.

 

1º PASSO - GÉNERO

OK, comecemos po pensar em que género nos vamos meter para esta nossa alucinante viagem até à vitória de um prémio da Academia.
 

Estritamente proibido

Se planeiam fazer comédias, filmes de adolescentes, filmes de terror, filmes animados ou algo do género, mais vale estarem quietos, porque assim não chegam lá.

 

Filmes de Guerra
A pancadaria sempre deu lucro, se for em doses industriais e tiver metralhadoras e bombas ainda melhor! Desde um cheiro da 1ª Grande Guerra com All Quiet on the Western Front (2 estatuetas) à 2ª Grande Guerra com Patton (7 estatuetas), até ao Vietname com Platoon (4 estatuetas). Se tiver uma boa carrada de drama então...ui nem se fala! Veja-se Saving Private Ryan (5 estatuetas), Schindler’s List (7 estatuetas) e The Pianist (2 estatuetas) são a prova disso mesmo. Juntem-se as tropas!

 


L-O-V-E
A maior parte das histórias de amor modernas quase nos fazem arrancar os cabelos de tão impossíveis e irritantes que são. Em relação a essas, amigos, tirem o cavalinho da chuva porque além de actuarem ao lado da Jennifer Aniston ou do Matthew Mccaughney… pouco mais têm a ambicionar. O que resulta são mesmo aqueles amores impossíveis ou aquelas histórias de amor trágicas tipo Shakespeare in Love (7 estatuetas), Out of Africa (7 estatuetas), Annie Hall (4 estatuetas), Kramer vs. Kramer (5 estatuetas).

 

Drama
A sério... É preciso explicar porquê?
 

2º PASSO - REALIZAR OU INTERPRETAR?

 

Para Melhor Realizador:

  • Façam MUITOS filmes. Mas mesmo… carradas. Em quantidades industriais. Quando não tiverem o que fazer, aqueles momentos mortos... yep! Façam filmes! Mesmo que não sejam nomeados, um dia hão-de ser honrados de tão entupidos que deixaram os cinemas com os vossos contributos para a sétima arte. Alternar géneros também é uma boa técnica (ex: Spielberg)
  • Façam um filme com hobbits.
  • Actores ---- Realizadores também fazem sucesso, veja-se o caso de Mel Gibson, Clint Eastwood, Robert Reford e Kevin Costner.
  • Rezem um bocadinho para o vosso filme ganhar a categoria de Melhor Filme – ajuda bastante.
  • Ser Homem: a verdade é dura e crua…uma mulher nunca ganhou.

 

Para Melhor Actor/Actriz:

 

Realizadores por que procurar

Agarrem-se que nem carraças a um filme de Clint Eastwood ou Martin Scorsese - os velhotes safam-se bem. Se estes dois já estiverem ocupados, tentem uma personagem instável de Paul Thomas Anderson ou um esgroviado dos irmãos Cohen...

 


Ser britânico
Esta é daquelas coisas mais chatas e difíceis de contornar. Se não forem britânicos, a sorte não é vossa amiga, porque é certo e sabido que quando os britânicos são nomeados… enfim!  Helen Mirren, Daniel Day-Lewis, Judi Dench, Jim Broadbent, Rachel Weisz, Kate Winslet…dizem alguma coisa? Yep! O-S-C-A-R. Mas a Esperança é a última a morrer, como se costuma dizer… reinventem-se como britânicos e contratem um BOM treinador para a vossa pronúncia não sair à Mourinho ou à Madonna.

 

Improvisar...no sotaque
Interpretem alguém com sotaque
Se não dá para serem britânicos, interpretem um. Ou então algum outro sotaque agreste, da África do Sul, Austrália ou algo do género.


Realismo acima de tudo

Protagonizem um filme biográfico em que interpretam uma pessoa real. Se puder ser alguém que ninguém conheça então… ui! ( Ben Kingsley com Gandhi, Charlton Heston em Ben-Hur, Robert DeNiro em Raging Bull, F. Murray Abraham em Amadeus, Forrest Whitaker em The Last King of Scotland)


Fora do normal

Interpretem um louco ou alguém mentalmente instável (Jack Nicholson fê-lo em One Flew Over the Cuckoo's Nest e As Good as It Gets, Tom Hanks em Forrest Gump, Dustin Hoffman em Rain Man, Geoffrey Rush em Shine. Interpretar um deficiente também dá bons resultados entre a Academia - Daniel Day-Lewis em My Left Foot, e Al Pacino em Scent of a Woman.

 

Concorrência Desleal

NUNCA, EM CIRCUNSTÂNCIA ALGUMA se deixem ficar no mesmo elenco que Meryl Streep, Cate Blanchett e Kate Winslet ou Jack Nicholson e Dustin Hoffman. Eu compreendo a vontade de contracenar com grandes nomes, mas a verdade é que se o fizerem com estas alminhas, vão ser cilindrados…tradução: eles são nomeados; vocês não.

 

 

Perecer "on screen"

Morrer no final do filme é sempre bom. Bom para o actor, claro. Para o personagem é sempre uma maçada como calculam. Como mártir, ou morrendo aos olhos da felicidade ou com uma doença terminal é o melhor caminho. Estes últimos então são bem propícios a ter daqueles discursos filosóficos sobre a vida e oportunidades perdidas que nos fazem enriquecer a indústria dos cleanexes. (Gladiator, Philadelphia, Ed Wood, Leaving Las Vegas, Dead Man Walking, Titanic... )

 

Beleza interior
Se forem bonitos/as, interpretem alguém menos bonito (Nicole Kidman – The Hours, Charlize Theron – Monster) ou transformem-se drasticamente a nível físico (novamente Charlize Theron em Monster, Robert DeNiro em Raging Bull)

 

O antigamente
Protagonizem um daqueles filmes com roupas catitas do antigamente e sets elaborados ou gettos perigosos e problemáticos com histórias moralistas (um drogado no tempo dos Afonsinhos seria uma nomeação pela certa).

 

Para Melhor Filme:
 

Catchy-phrase
Ter uma frase daquelas mesmo que fique no ouvido e para sempre na história do cinema (“Life is like a box of chocolates”)

 

Guiões

Guiões insuportáveis mas com cenas tensas com pouco diálogo ou com monólogos que nunca mais acabam são bons prenúncios. Nada grita mais “OSCAR” do que um daqueles filmes que fazem menos dinheiro do que uma banca de limonada gerida por dois miúdos de quatro anos. Conclusão: o público não compreende, nem vocês compreendem, e o filme só lucrou 15 € ? Não entrem em pânico; os Oscars vão chegar.

 

The end

Quanto aos finais dos filmes, é na base do 8 ou 80: ou super-hiper-mega felizes, ou super-hiper-mega dramáticos e depressivos. O final perfeito acaba “feliz” com um personagem realmente bom falecido.

 

 

*** *** *** ***

 

Uma vez trilhado o caminho para a nomeação e, posteriormente, para a vitória… há que ter o GRANDE agradecimento bem preparado. E o Close-Up não esquece essa parte…
 

1. Chorem como se não houvesse amanha e até ficarem desidratados - além de fazerem menos chichi na cama, fica empre bem
2. Agradeçam a toda a gente, incluindo àquela senhora que uma vez tomou conta do vosso cão quando estavam a decorar o vosso papel de figurantes nos Morangos com Açúcar.
3. Agradeçam a Deus, ainda que façam macumbas satânicas no mato e decapitem galinhas inocentes
4. Passem-se da cabeça quando a banda começar a tocar a musiquinha de fundo que significa um gentil convite a abandonar o palco

 


 

Como pequeno extra, fica um local onde podem encontrar uma ajuda para a concepção do vosso próprio discurso de agradecimento.

 

http://www.chickenhead.com/stuff/oscar/index.asp

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3 comentários

Sem imagem de perfil

De Teresa a 21.01.2010 às 02:03

EHEH realmente és muito boa nisto!
Uma boa dose de trabalho e dedicação e chegas longe, acredita! Quem sabe até um próprio Oscar! ;o)

Saudações*

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