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Filme, Ano: V for Vendetta, 2005
Realização: James McTeigue
Descrição da Cena: V. faz o seu discurso revolucionário aos olhos de toda a Grã-Bretanha.
"Remember, remember, the 5th of November
The gunpowder, treason and plot;
I know of no reason, why the gunpowder treason
Should ever be forgot."
Escreveu o Marco Santos que "não sei até que ponto os que se manifestam com a máscara de Fawkes têm ideia de quem foi o homem que a inspirou e qual o seu terrível destino, mas de qualquer modo essa identificação não é importante para quem protesta. Fawkes é agora um símbolo, uma ideia, uma representação. A máscara esconde a identidade do indivíduo e transforma-o num ator com algo de muito importante para dizer. A aldeia global é o seu palco e o que lhe importa é representar uma ideia. Uma ideia de si próprio e do mundo. O tipo da máscara é o libertário que luta contra a opressão e a injustiça, aquele que carrega um símbolo de união universal e do poder dos povos, o revolucionário, a célula anarquista."
Filme, Ano: Homeward Bound, 1993
Realização: Duwayne Dunham
Descrição da Cena: Em todo o rigor, não é apenas uma cena, mas é o que o Youtube tinha para nos oferecer. A sequência final do filme.
Filme, Ano: Fight Club, 1999
Realização: David Fincher
Descrição da Cena: A cena final. Need I say more?
Acho que Fight Club é um daqueles casos cada vez mais raros onde a analogia do vinho do Porto encaixa que nem uma luva. Já perdi a conta das vezes que assisti ao filme - talvez cinco ou seis, ou mais... não sei já precisar. E de cada vez, David Fincher tem algo novo para me mostrar.
Há dias resolvi fazer o que já devia ter feito há muito: juntá-lo à minha imaculada (ainda que bastante humilde) coleção de dvds/blu-rays, e quer acreditem quer não, sinto-me hoje mais completa por ter tomado essa decisão.
Vou-me escusar a mais considerações sobre os temas e significados ocultos do filme, algo que já fiz, melhor ou pior, na crítica que escrevi já lá vão quase três anos.
Este é, na verdade, um post um pouco vazio de conteúdo - algo que nunca me enche as medidas fazer. Mas depois olho para cenas como esta e recordo-me de que as palavras são apenas isso mesmo... palavras. E nada há que vos possa dizer nestas páginas que se equipare à amalgama de sentimentos que uma obra como esta é capaz de nos despertar.
Este é então um post humilde, que não pretende vender-vos palavras caras e sedutoras em troca de 90 minutos oferecidos a uma visualização. Este é apenas um post para relembrar um dos meus filmes favoritos de todos os tempos, e, quem sabe, deixar a curiosidade em algum de vós que ainda não tenha tido a oportunidade de o ver.
Garanto-vos que não se vão arrepender.
Filme, Ano: Le Voyage dans la Lune, 1902
Realização: George Meliés
Descrição da Cena: Não é exactamente uma cena, é o filme inteiro, que tem entre 8 e 14 minutos (conforme a visualização seja feita com 16 ou 25 frames/segundo). Num congresso científico, o professor Barbenfouillis tenta convencer os colegas a participarem numa viagem de exploração à Lua. Assim que o plano é aceite, a expedição é organizada e os cientistas são enviados. Uma vez na superfície da Lua, os cientistas encontram habitantes hostis, os selenitas, que os levam ao seu rei. Baseado no livro "Le voyage dans la lune" de 1865 de Jules Verne.
Filme, Ano: 10 Things I Hate About You, 1999
Realização: Gil Junger
Descrição da Cena: Patrick (interpretado por Heath Ledger) faz uma serenata ao seu interesse amoroso, com uma terna rendição de “Can’t Take My Eyes Off of You” em pleno campo de futebol da escola.
É verdade que ter de levar com romances de adolescentes no S. Valentim é uma das partes mais sofríveis deste dia. Mas o filme que hoje vos trago não é um qualquer, apesar de se encaixar nessa categoria.
10 Things I Hate About You é, para começar, baseado numa peça do Grande Shakespeare: "Taming of the Shrew", o que é sempre um ponto a favor. Depois tem bom elenco, e por fim não nos dá vontade de espancar toda a gente que lá entra. E é genuinamente querido também.
Uma das coisas que aprendemos com Hollywood é que, às vezes, uma das formas mais certas de sermos românticos é fazendo uma "figurinha triste". John Cusack fê-lo celebremente em Say Anything, quando ergueu acima dos ombros um rádio que, em forma de serenata, tocava "In Your Eyes" de Peter Gabriel. Dez anos depois, Heath Ledger subiu os padrões ao pegar ele mesmo no microfone e cantar e dançar perante uma plateia estupefacta. E quem não se derreter com uma coisa destas, deve ser feito de pedra.
E hoje é o dia certo para fazer figurinhas. É cliché, sim, mas pouco quero saber. Hoje é o dia de dizer, seja a cantar, a dançar, ou simplesmente sentado frente a frente com a vossa metade: Amo-te. E não deixem de o fazer.
V*
Filme, Ano: The Breakfast Club, 1985
Realização: John Hughes
Descrição da Cena: Monólogo final, representando todos os cinco alunos que passaram um Sábado inteiro em detenção na escola.
Filme, Ano: American Psycho, 2000
Realização: Mary Harron
Descrição da Cena: Depois de jantar, Paul Allen e Patrick Bateman vão para casa do último, onde este dança e fala animadamente sobre Huey Lewis and the News, mesmo antes de matar Allen com um machado.
American Psycho, adaptação cinematográfica da obra de Bret Easton Ellis, é uma crítica satírica ao consumismo da década de 80 que dominava a cultura americana. Este retrato tem como modelo central a figura de Patrick Bateman, um homem de negócios fixado nos interesses da aparência e dos bens materiais, e a sua construção como homicida psicótico demonstra de uma forma exacerbada a desumanização que este tipo de cultura provoca. É colocada ainda uma ênfase essencial na incapacidade da sociedade em geral em reconhecer os actos violentos de Bateman.
De uma forma ou outra, este fabuloso American Psycho relembra Fight Club, usando os protagonistas a violência como forma de chegar mais perto de algum sentimento enquanto enterrados sob uma cultura imensamente consumista. Esta cena em particular espelha muito bem essa mesma ligação com a violência e a natureza satírica deste belo pedaço de história cinematográfica. Definitivamente um must para os apreciadores de filmes com algo a dizer sobre nós e sobre o mundo em que vivemos.
Filme, Ano: Who's Afraid of Virginia Woolf, 1966
Realização: Mike Nichols
Descrição da Cena: Durante um serão com dois jovens convidados, Martha e George têm mais uma (ou muitas) das suas discussões habituais. Neste momento particular, Martha, já embriagada, humilha o marido até à exaustão, na esperança de o fazer explodir.
Devo admitir que não entendia todo o falatório que se gerava à volta da celebridade que foi Elizabeth Taylor. Por alturas da sua morte - tarde demais, bem sei - resolvi tentar esclarecer a minha dúvida, pelo que naquela noite de Primavera me recostei na minha cama e assisti a Who's Afraid of Virginia Woolf, e então percebi tudo.
A cena que seleccionei é apenas uma de muitas que poderiam estar aqui, mas ao mesmo tempo, esta era demasiado importante para aqui não estar. Representa o estado real do casamento e da relação dos protagonistas, onde ambos se atacam como dois cães raivosos - ainda que Martha seja absolutamente visceral.
O filme é um exame profundo e preciso da psique humana e dos seus limites. Estamos perante um casamento tempestuoso que parece ter cessado as razões de afecto/partilha/amor para existir, mas que se mantém e caminha sobre a fina linha de uma ilusão. No final, George decide acabar com a ilusão, que já afastava Martha da realidade.
Uma pérola.
Filme, Ano: (500) Days of Summer, 2009
Realização: Marc Webb
Descrição da Cena: Tom e Summer reacendem a relação depois de se separarem, e Tom é convidado para uma festa na casa da ex-namorada. Tom pensa, é claro, que esta é uma boa oportunidade para salvar a relação, mas como todos sabemos, por vezes, as expectativas e a realidade caminham em direcções opostas.
Uma das razões para ter adorado (500) Days of Summer foi a intelgência do argumento, que não se pontua por diálogos demasiado pensados, mas por pedaços de história fantásticos. Este clip exalta essa qualidade na perfeição.
Os argumentisas Scott Neustadter e Michael Weber criaram uma cena tão brilhante que nos faz pensar: "possa, como é que ninguém tinha feito isto antes?". Em alguma altura das nossas vidas, qualquer um de nós já se terá visto perante uma situação destas, e todos sabemos o que se sente nesta altura: a altura onde se desmorona o castelo da expectativa e caímos nos escombros da realidade. Contudo, não me lembro de ter visto um filme representá-la com tanta precisão, emoção e verdade.
E nesta esplêndida fatia de cinema, ninguém pretende mentir: "You should know upfront; this is not a love story".
Filme, Ano: Sunset Blvd., 1950
Realização: Billy Wilder
Descrição da cena: A enlouquecida Norma Desmond prepara-se para o seu último close-up.
Apesar de só agora ter tido oportunidade de assistir a este clássico, esta cena deu-me arrepios na espinha, e apesar de o filme já ter ultrapassado a barreira dos 60 anos, não perdeu nada nada do impacto, magia e loucura. Nem todos os clássicos têm a sorte de envelhecer tão bem, deve dizer-se.
Nesta cena final, Norma Desmond é persuadida a abandonar o seu quarto para ser presa, vivendo na ilusão de que está a gravar a cena de um filme. O que contribuiu para a insanidade de personagem foi a cultura visceral do ego, da vaidade e da ilusão do glamour praticada em Hollywood. E no caso do jovem companheiro e promissor argumentista Joe que acabou a boiar de cabeça para baixo na piscina da mansão de Desmond… bom, nestes casos basta dizer que as poucas pessoas que chegavam (e chegam) ao estrelato em Hollywood vão encontrar um mundo cheio de corrupção, manipulação e mentira.
De uma forma geral, a fita lida com as consequências humanas da queda do estrelato, e das tristes ilusões daqueles que foram a cara do passado, mas que o presente tem dificuldade em lembrar. Sunset Blvd. revela várias camadas de realidades duras de Hollywood, que contrariamente ao pensamento da época, não era somente um lugar alegre com pessoas felizes. A crítica é afiada, e como seria de esperar, não passou impune na altura, gerando algum reboliço.
Se quisermos ser conservadores, Sunset Blvd. é um dos melhores filmes sobre Hollywood feitos em Hollywood. Se quisermos arriscar, e eu quero, diremos mesmo que é o melhor.
É um dos finais mais famosos da história do cinema, com diálogo a condizer: 'All right, Mr. DeMille, I'm ready for my close-up'. Soberbo.