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Deep Focus - Como escrever uma Comédia Romântica

por Catarina d´Oliveira, em 24.03.11

Diz-se por aí que já não há histórias novas para contar. Até alguma extensão, até posso concordar com isso sendo que temos de considerar dois contra-argumentos: 1) histórias originais (raça em grave extinção); 2) uma história é sempre contada de maneira diferente por diferentes indivíduos. E neste segundo ponto amigos… bom podemos sempre enganar a audiência e fazê-la pensar que este nosso produto é de facto novo.

 

É por esta razão que a Cinderella tem centenas de versões, e até os filmes mais populares podem ser reproduzidos em novas “cash cows”, como podemos ver nas imagens seguintes.

 

(clicar para aumentar)

  

 

Um caso célebre onde a adaptação de histórias é (quase) são as comédias românticas.


Uma comédia romântica envolve um enredo que se desenvolve sobre um romance, e que é contado de uma forma leve e com elementos de humor à mistura. Como os argumentistas deverão saber, é fácil de dizer mas difícil de fazer – pessoalmente considero a comédia um dos géneros mais difíceis de realizar bem em cinema.

 

Um bom primeiro passo para compreender este género cinematográfico é tentar entender porque é que estes filmes captam a atenção da audiência. Ora então, elas fazem-no ao atarem nós de elementos dramáticos que envolvem romance:


• O amor verdadeiro existe;
• Há sempre alguém para nós por aí, e se encontrarmos essa pessoa, encontramos o amor verdadeiro;
• O amor ultrapassa todos os obstáculos.

 


Posta esta pequena definição para enquadrar a questão, passemos ao que interessa. Os argumentistas escrevem não só por amor, mas por dinheiro, e as comédias românticas são um tesouro inesgotável. A menos que tenham vivido debaixo de uma pedra, todos vocês sabem que as comédias românticas são um bom negócio, um grande negócio.

 

Filmes como The Proposal, The Ugly Truth, Love and Other Drugs, os filmes do Matthew McConaughey e da Jennifer Aniston e mesmo No Strings Attached e Dilemma, que estão agora em exibição nos cinemas portugueses, fazem milhões e milhões de euros por todo o mundo.

 

Se ainda há alguém que acredite que isto acontece porque estes filmes são bons… oh meus inocentes filhos! A verdade é que fazem muito dinheiro porque muitos deles (ainda que não todos, como devemos sublinhar), de uma forma mais geral ou particular, assentam numa fórmula comum com a qual as pessoas se identificam e na qual se confortam. Não tenho nada contra comédias românticas, e até gosto bastante de um punhado delas, mas a maioria de facto é simplesmente mais do mesmo. Deixo-vos com dez simples passos para escreverem a vossa própria comédia romântica. 

 

1) CASTING
Duas pessoas vão apaixonar-se.
Duas pessoas vão estar no poster.
Duas pessoas – o primeiro passo na construção da comédia romântica.

 

   

   

 

Antes de mais, o ideal é que a mulher não seja demasiado bonita para não distrair a audiência – neste caso, os senhores – e para não dar problemas com as namoradas. Isto não quer dizer que não possam ser bonitas (na verdade, devem ser), mas de preferência, só não modelos da Victoria Secret ou algo do género. O que se procura mais é uma rapariga querida, e com estilo suficiente para que as mulheres a possam admirar: Amy Adams, Sandra Bullock, Kate Hudson, Sarah Jessica Parker, Katherine Heigl, Jennifer Aniston… por aí. Se ela tiver MESMO de ser muito atraente, façam-na problemática.


Quanto aos homens, é matemática simples: bom corpo = you’re on board. Justin Timberlake, Ashton Kutcher, Matthew McConaughey, Ryan Reynolds… todos são boas escolhas.

 

 

2) TÍTULO

A última coisa que pode existir numa comédia romântica é confusão ou surpresas, por isso no título deve estar algo que desvende grande parte do enredo: The Proposal, What Happens in Vegas, How to Lose a Guy in 10 Days, Runaway Bride, Ghost of Girlfriends Past, The Break Up, No Strings Attached, por aí fora. Se não der para isto, a segunda opção é trocadilhos parvos, do género de Made of Honor, Maid in Manhattan ou All about Steve.

 


3) AMIGOS IDIOTAS

A fórmula básica das comédias românticas requer que se diminuam todos os homens e mulheres em arquétipos – a mulher preocupada com a carreira e que não está preparada para o amor, o playboy que não se quer comprometer, etc. Bom, como a audiência pode achar isto um pouco… insultuoso, vá, temos de meter à mistura uns quantos personagens secundários – os amigos parvos cujos exemplos extremos e estereotipados parecem dar alguma profundidade aos personagens principais.

 

 

Infelizmente, muitas vezes este papel é dado a um actor bom, mas que é mal utilizado: Philip Seymour Hoffman em Along Came Polly, Judy Greer em 27 Dresses (e Elizabethtown e 13 Going on 30…), Rob Corddry em Heartbreak Kid (e What Happens in Vegas e Failure to Launch…), Jason Sudeikis emThe Bounty Hunter, e Jon Favreau em The Breakup.

 


4) MÚSICAS POPULARES

Sem qualquer tipo de ofensa, este ponto é como dar os biscoitos favoritos ao nosso cachorrinho. E o que é que isto quer dizer em termos práticos? Vamos lá dar canções conhecidas à nossa audiência, se possível, em formas literais. Quando o casal dizer amor pela primeira vez podem tocar  “Feels Like the First Time” de Foreigner (Valentine’s Day), quando a protagonista aprender a erguer-se por si mesma toquem “Respect” da Aretha Franklin (Bridget Jones Diary), quando o protagonista embarca numa viagem de auto-conhecimento sozinho toquem o “Here I Go Again” de Whitesnake. Alguns de vocês podem estar a perguntar-se neste último caso, “porque não uma música dos Journey?”. Porque não. Estão a ser criativos, parem com isso!

 


5) NÃO GOSTAM UM DO OUTRO LOGO À PRIMEIRA…

A personagem principal deve partir em busca de dois desejos centrais: o primeiro, é, claro, o romance e a personagem fará tudo para conquistar este primeiro ponto; o segundo objecto de desejo será algo que entrará sempre em conflito com o primeiro desejo e que resultará nas situações humorísticas. Eis o que acontece na grande maioria das comédias românticas: duas pessoas conhecem-se, depois fazem sexo. Infelizmente, temos de encher mais 90 minutos, por isso convém que os protagonistas comecem o filme a odiar-se (ou se não for possível, pelo menos um a ignorar o outro). Talvez ela possa ser uma mulher de carreira e ele possa ser o Matthew McConaughey, ou ela uma feminista e ele um chauvinista.

 


A questão é: os opostos atraem-se e o amor está onde menos esperamos – os clichés são as guias principais aqui. O objectivo é explicar porque é que estes dois caucasianos não andam enrolados apenas 10 minutos depois de se conhecerem.

 


6) … MAS DEPOIS ACONTECE ALGO

Temos duas pessoas atraentes e que não gostam muito uma da outra. Porreiro. Agora precisamos de factores exteriores que as façam juntar-se, quer queiram quer não, para que possam apaixonar-se à vontade. Portanto agora precisamos de uma razão para os protagonistas fazerem uma viagem juntos, ou terem de casar para um deles não ser deportado, ou trabalhar em equipa para encontrar um tesouro perdido.

 

 

7) “KISS IN THE RAIN”

Não é preciso muito para explicar esta, pois não? Bem, andar a cavalo na praia também poderá servir.

 

 

 

8) SEPARAÇÃO

Temos de encher chouriços durante 90 minutos, lembram-se? E assim que o casal se apaixona e se beija à chuva, não podemos simplesmente acabar aqui. A audiência precisa de chorar., e por isso, yep, o nosso casal tem de voltar a separar-se. Uma das personagens utilizará algum mecanismo de aldrabice para perseguir os seus objectivos. Esta aldrabice é sempre ultrajante e será revelada eventualmente a 2/3 da duração do filme. É uma coisa temporária, por isso tem de ser por uma razão mesmo estúpida. A forma mais fácil de atingir o objectivo é completar a frase “Estás comigo porque me amas ou apenas porque ______”. O espaço em branco pode ir de fazer uma aposta com o chefe, até prometer dizer sim a tudo, precisar de ajuda para encontrar um tesouro, etc. “Mas amor, isso foi antes de me apaixonar por ti!”. Sim, também toda a gente sabe isto, mas ela tem de ficar super fula e fugir; caso contrário não poderia haver a grande reconciliação no final, não é?

 


9) ELE FAZ ALGO MALUCO PARA PROVAR O SEU AMOR

Uma das provas mais famosas do passo número nove é a cena de John Cusack em Say Anything, onde este se encontra na rua, à porta do apartamento da sua “the one” e lhes faz uma serenata da música “In Your Eyes”. Se não se conseguir algo assim TÃO criativo, ponham-no a correr atrás dela no aeroporto antes de se mudar para uma cidade a 39594802 km de distância, ou aparecer na igreja quando ela está prestes a casar com o macho errado. It works everytime.

 


10) FINAL FELIZ

Um happy ending é essencial! O casal deve acabar junto e feliz ou, no máximo dos máximos, a audiência deve ficar a acreditar que eles poderão eventualmente juntar os trapinhos.

 

 

*** *** ***

 

E pronto, é tudo. Já estão habilitados a escrever uma comédia romântica!
Vemo-nos nos Oscars! Ou não… porque com comédias românticas são capazes de não chegar lá.

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