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Point-of-View Shot - Killing Them Softly (2012)

por Catarina d´Oliveira, em 29.11.12



"I'm living in America, and in America you're on your own. America's not a country. It's a business."

 

Três chicos (pouco) espertos resolvem desmantelar e assaltar um jogo de poker ilegal protegido pela Máfia, causando um colapso na economia criminal local cuja inescapável crise de 2008 já vinha a beliscar. A necessidade de alguém capaz de resolver o imbróglio é imperativa.

 

Ouvem-se os acordes de guitarra e uma voz inconfundível.

 

There's a man going around taking names 
And he decides who to free and who to blame
Everybody won't be treated all the same
There'll be a golden ladder reaching down
When the Man comes around

 

A música em questão é “The Man Who Comes Around” de Johnny Cash. A lenda musical sublinhou-a como uma das canções mais importantes, ainda que tardias da sua carreira de quase 50 anos. O Homem titular é Jesus Cristo, e entre várias e informadas referências Bíblicas, Cash elabora sobre a sua Segunda Vinda à Terra no fim dos tempos para o Juízo Final.

 

 

Um de tantos pormenores maravilhosos que polvilham a fita, faz surgir no referido compasso country o misterioso e carismático Jackie Cogan - o homem contratado para limpar o leite derramado e restaurar a ordem mafiosa em Nova Orleães.

 

O título, como o filme, é de uma ironia brutal, violenta mesmo. “Killing Them Softly” é um delicioso thriller mais criminoso que policial baseado no romance de George V. Higgins, “Cogan’s Trade”. Negro no humor, inteligente no trato, está destinado a tornar-se um clássico do Cinema moderno. Uma espécie de cruzamento entre "Wall Street" (1987), "The Godfather" (1972) e "Goodfellas" (1990) que culmina nesta experiência desencantada e desarmante, surpreendentemente palavrosa (no bom sentido) cuja verdade cínica promete dançar na mente da audiência depois de deixar a sala de Cinema.

 

 

O diálogo primoroso e as caracterizações coloridas são salvaguardados no argumento escrito pelo também realizador Andrew Dominik – que em 2007 nos trouxe o fabuloso western dramático, “The Assassination of Jesse James by the coward Robert Ford” (2007). Num elenco de fazer inveja a qualquer ser vivo que deambule pelas ruas de Hollywood, dá-se o merecido destaque a um Brad Pitt na mais elevada e carismática forma.

 

Relativamente à banda sonora, é a prova viva de que Andrew Dominik é um amante da ironia, povoando a fita com ousadas escolhas musicais, como “It's Only a Paper Moon” de Cliff Edwards a ecoar por uma passagem particularmente violenta.

 

 

O paralelismo com pedaço de culto instantâneo, “Drive” (2011), é quase instantâneo: ambos apresentam um retrato chocante da violência, como também partilham um protagonista mecânico e definido pelo seu trabalho, sendo ainda perfeitas representações das estéticas dos realizadores que os apresentam. Mas “Killing Them Softly” é um projeto mais cerebral e ambicioso na mensagem. Foi especificamente criado para deixar dolorosas nódoas negras.

 

Dominik resolveu clicar no “f5” e atualizar o background dos acontecimentos para a realidade dura e crua da crise de 2008, que conflui com a agenda política norte-americana na escolha do futuro Presidente. À falta de melhor palavra, Dominik constrói uma alegoria bastante eficiente que reflete o macrocosmos do capitalismo americano, no microcosmos do esgoto mafioso - um retrato sombrio da América moderna a partir de uma justaposição das promessas de esperança, salvação e mudança das presidenciais de 2008, com o estado dilapidado de um país arrasado pela sua economia quebrada. Contudo, a sátira e o subtexto são, na realidade, muito pouco subtis, e ainda que possa ter partido de uma decisão consciente de Andrew Dominik, acaba por perder potência pela insistência dessa mesma relação.

 

 

Em grande parte dos momentos cruciais de “Killing Them Softly”, podemos ouvir no fundo de cena um qualquer discurso da corrida que opôs Barack Obama a John McCain e que fez florir uma série de exposições que prometiam mudanças e planos otimistas nos quais todos queriam acreditar, mas poucos o faziam realmente. No filme, ninguém pára o que está a fazer para os ouvir, porque ninguém acredita na ressurreição do sonho americano, ou na possibilidade de fazer a diferença. A emoção é completamente drenada do universo de “Killing Them Softly”, e todas as relações – sejam elas quais ou de que tipo forem – são reduzidas a uma transação.

 

Na América de “Killing Them Softly”, não existe uma nação, ou um povo. Tudo é um negócio. O capitalismo está acorrentado ao interesse próprio, e é cada um por si e nenhum por todos. E talvez a mais aterrorizadora constatação seja a de que essa verdade não se confina unicamente aos limites da ficção.

 

8.5/10

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