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Por mais certo que um projeto possa parecer-nos à primeira vista, a verdade é que muitas vezes as coisas acabam por não correr como planeámos. Acontece a todos nós, pessoal e profissionalmente, sendo então apenas natural que, ocasionalmente, também aconteça a pessoas que, pela natureza do que fazem, estão mais expostas do que o resto de nós… como as estrelas de Cinema.
Com o dinheiro que a indústria movimenta, este é um tópico passível de se tornar polémico. “Afinal, se meteram milhares ao bolso, estão a reclamar porquê?”. Bom, às vezes dá vontade de dizer isso, mas outras tratam-se apenas de desabafos em retrospectiva ou, em casos mais apertados, de obrigações contratuais que levaram a revoltas dentro da equipa. E não é, por um lado, reconfortante saber que há gente que não se contenta simplesmente com a mentira de ter de sorrir perante um produto seu de que não gosta? Eu acho que é um bocadinho; em alguns casos nobres, pelo menos.
Se por um lado existem os que saem logo aos tiros para com o produto que apesar de lhes encher o bolso lhes vazou o orgulho, também existem os que esperam alguns respeitosos anos até cascar no fruto menos apetecido.
O post que hoje vos trago dedica-se então a essa busca pelos grandes descontentamentos públicos das estrelas que se em muitos casos até nos fazem respirar de alívio pela sua sanidade mental, noutros são incrivelmente surpreendentes. Mas não desanimem, são todos de leitura bem divertida.
Parece que o pesadelo não estava só no título…
“Aprendemos a autossabotar coisas com as quais não queremos ficar (…) às vezes não queres alguma coisa, mas fazes um trabalho excelente e ficas com ela na mesma. Foi mais ou menos isso que aconteceu com A Nightmare on Elm Street – eu nem sequer queria o papel… E depois foi à audição e foi do género ‘F*****. De certeza que vou ficar com isto’”.
“Nem queria representar mais. Pensei que não era isto que queria, e que se estas eram as oportunidades que iria ter, então não estava interessada em representar. Senti-me muito desencorajada e desanimada. E depois chegou-me o guião de The Social Network e inspirou-me.”
Há aqui alguém sem grandes dúvidas quanto ao ponto baixo de uma carreira…
“Entrevistador: Qual foi o seu pior trabalho?
Bob Hoskins: Super Mario Bros.
Entrevistador: Qual foi a sua maior desilusão?
Bob Hoskins: Super Mario Bros.
Entrevistador: Se pudesse alterar o passado, o que mudaria?
Bob Hoskins: Não faria o Super Mario Bros.
“Eu fiz filmes verdadeiramente horríveis. O pior foi Stop! Or My Mom will Shoot. Se algum dia quiserem que alguém confesse um homicídio, façam-nos assistir ao filme. Aposto que confessam tudo depois de 15 minutos”
Afinal o músculo vem com humor e sabedoria paternal também.
“É o pior filme que já fiz. Agora quando os meus filhos se portam mal, mando-os para o quarto e forço-os a ver a Red Sonja 10 vezes. Nunca tive grandes problemas com eles.”
Depois de Clash of the Titans, saiu-lhe outra fava.
“Eu posso procurar defeitos e ir à lista de coisas que li no IMDB onde pessoas encontraram buraco lógicos e pensar ‘vocês estão certos”. Se estava um robô de 10 toneladas a sair da estação, de certeza que o ouvíamos! E essas coisas escaparam-me. Por essa razão vou tentar ser um pouco melhor quando estiver a escolher os meus guiões. Para elevar um pouco a minha fasquia, porque agora sinto-me um idiota por não ter falado com o McG, percebem?”
Depois de questionar-se sobre como era possível uma pessoa não sair do filme com um aneurisma cerebral ou pelo menos uma enxaqueca, Megan Fox ainda acrescentou calorosamente à sua opinião bem formada sobre o segundo episódio dos robôs falantes….
“Eu estou no filme, e li o guião, e vi o filme, e ainda não sei o que estava a acontecer. Se não leram o guião e forem ver o filme e perceberem o que acontece, devem ser um génio… este é um filme para génios.”
E também há os que reconhecem o mal, mas mesmo assim o apreciam no seu devido valor…
“Em retrospectiva, é fácil olhar para trás e dizer ‘Wow, aquilo foi mesmo uma m**** e eu representei mesmo mal’, mas a verdade é que o Batman também foi a minha grande oportunidade. Mudou a minha carreira. E não faria o que faço agora se não fosse por ele.”
Brad Pitt quis abandonar o barco antes das filmagens começarem, mas foi ameaçado por um processo de milhões de dólares… o que não o impediu, contudo, de enterrar o filme o máximo possível em entrevista… antes de este ser lançado.
“Não tínhamos guião. Bom, nós tivemos um guião, mas foi descartado por várias razões. E ter de inventar um conforme se vai filmando – Jesus, era uma grande pressão! Foi ridículo. Foi a manobra cinematográfica – se é que a podemos chamar assim – mais irresponsável que alguma vez vi. Eu nem conseguia acreditar.”
Esta bateu mesmo forte, já que afastou derradeiramente o sir escocês do grande ecrã.
“Foi um pesadelo… esta experiência influenciou-me bastante, e fez-me pensar sobre o showbiz. Fartei-me de lidar com idiotas.”
Temos de tirar o chapéu a Halle Berry pela manobra corajosa de aceitar pessoalmente o Razzie para Pior Atriz, pela sua performance em Catwoman… os agradecimentos na cerimónia foram… épicos.
“Tenho de agradecer, porque não se ganha um Razzie sem a ajuda de muita gente. Primeiro quero agradecer à Warner Bros. por me escolherem para este filme horrível de m****. (…) Quero agradecer ao elenco, porque para ter uma performance realmente putrefacta como a minha, temos de ter atores terríveis à nossa volta”
Pelo menos foi uma alegria entre a desgraça.
“Foi um filme mesmo, mesmo, mesmo mau. Mas consegui trabalhar com o John Frankenheimer. Não estava a mentir a mim mesma – foi por isso que o fiz”.
Maek Wahlberg, em conversa com a colega Amy Adams, que antes de The Fighter quase tinha trabalhado com o ator em The Happening…
“Eu era um grande fã da Amy Adams e tivemos o prazer de almoçar antes e falámos sobre outro mau filme que fiz. Ela esquivou-se bem da bala. Eu não quero dizer qual foi o filme… ok, f***-se The Happening. F***-se. É o que é. Umas p*rras de umas árvores, meu. As plantas. F***-se. Não me podem culpar por não querer tentar interpretar um professor de ciências.”
“Foi um pouco sexista. Pinta as mulheres como ranzinzas, sem humor e tensas e os homens como adoráveis e engraçados. Alguns dias foram difíceis para mim. Interpreto uma c*bra; porque é que ela tem de ser tão desmancha prazeres?”
O mais engraçado disto tudo é que, como bem apontou Seth Rogen numa entrevista, depois de Knocked Up, Katherine Heigl fez The Ugly Truth, que deve ser uma das comédias românticas mais misóginas de sempre.
Este é um dos típicos casos onde, sim, o filme é um grande monte de porcaria… mas esta é uma demonstração de desrespeito e "mania de estrela” que para mim valia o fim de uma carreira.
“Honestamente, foi a experiência cinematográfica mais miserável que já tive. Não pelo elenco ou pela equipa mas… fui forçado a ponto legal a embarcar num cruzeiro durante uma semana. Não havia razão nenhuma para eu lá estar. Se virem o filme – e não vejam! -, na cena do cruzeiro eu estou sempre com um fato de pelicano onde não se consegue ver nenhuma parte da minha pele e onde não tenho nenhuma fala.”
“Senti que tinha feito porcaria com o legado que as pessoas adoravam e estimavam (…) e acho que, se não o admitirmos, porque é que havemos de esperar que confiem em nós da próxima vez que promovermos um filme?”
Oh bom, eu detesto-o, mas pelo menos o rapaz é honesto. Pena que não pareça ter aprendido muito pelos vistos, porque no ano seguinte…
“Quando vi o Segundo filme, não fiquei bem impressionado com o que fizemos… Tinha boas sequências de ação, mas o coração tinha desaparecido… perdemo-nos. Tentámos fazer tudo maior… o Mike tentou tudo tão grande que penso que perdemos a âncora do filme… Perdemos as relações. E a não ser que elas existam, o filme não importa. Assim são só uns robôs a lutar uns com os outros”.
Yup.
“Ora aí está uma bela m*rda de filme. É inacreditavelmente mau; mau do princípio ao fim. Há uma cena onde fujo de um alien e me escondo debaixo das escadas. Eu desço as escadas e escondo-me debaixo delas, estou a tremer, e esta coisa gigante desce as escadas e lá estou eu escondida debaixo delas. Isto é uma coisa que consegue abrir paredes de ferro e eu escondo-me debaixo das escadas! Foi talvez a única vez em que soube que algo era realmente mau e que não havia nada que pudesse fazer contra isso”.
Não dá para ser muito mais honesto do que isto. E genial também.
“Nunca o cheguei a ver, mas ouvi dizer que é terrível. Contudo, vi a casa que construí com o que ganhei com ele, e é lindíssima!”
E a coroar o que foi considerado o pior filme da década...
“Deixem-me começar por pedir desculpa a qualquer pessoa que tenha ido ver o Battlefield Earth. Não saiu como eu esperava – a sério. Ninguém quer fazer um desastre. Aliás, compará-lo a um desastre não é justo para com os desastres, porque na verdade as pessoas querem vê-los. Escrevi o pior filme de sempre – desculpem.”