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Point-of-View Shot - The Kids are All Right (2010)

por Catarina d´Oliveira, em 14.12.10

  

"I don't think you guys should break up. I think you're too old."

 

Nic e Jules são casadas e dividem um lar harmonioso com os seus filhos adolescentes Joni e Laser. Jules é um espírito livre a tentar encontrar-se; Nic é uma cirurgiã com um olho clinico e uma queda para o vinho tinto. Joni, a sua filha, tem 18 anos e está prestes a sair de casa para ingressar na faculdade, e Laser aproveita a última oportunidade para pedir ajuda à irmã para encontrarem o seu pai biológico.

 

Sem conhecimento das mães, entram em contacto com o pai, Paul, e dão por si atraídos pelo seu estilo bem-disposto e descontraído, que contrasta especialmente com a mãe Nic, uma médica firme e de princípios que estabelece as regras em casa. Jules que tem andado perdida na sua carreira flutuante, sente também empatia por Paul, e à medida que este homem começa a fazer parte da vida de todos um novo e inesperado capítulo inicia-se para esta família. O que começa por ser uma pulga atrás da orelha para Laser torna-se numa crise de identidade dentro de toda a família, incluindo no casamento de Nic e Jules, uma vez que expõe algumas das suas grandes falhas.

 

Na relação central, Nic tem mais de mente e Jules tem mais de coração, e mais ou menos por este caminho, o filme oferece-nos diálogos inteligente, maneirismos que se aplicam e são pertinentes e duas crianças abençoadas que, criadas numa bolha imune à estupidificação homofóbica, são boas e ajustadas.

 

 

The Kids are All Right centra-se num casamento lésbico, mas não versa sobre um. É um filme sobre o casamento em si e todos os seus desafios universais. Simultaneamente engraçado e sério, levanta-nos o pano sobre o simples e belo porém atormentado acto de passar a vida com a pessoa que amamos.

 

A forma como este divertido e sincero filme aborda a temática da família é simultaneamente convencional e não convencional. A realizadora e argumentista (em conjunto com Stuart Blumberg) Lisa Chodolenko compreende na perfeição a dualidade entre fragilidade e força dos laços que nos unem e das dificuldades por que passamos para fortalecê-los.

 

Cholodenko filma sem heróis nem vilões uma história com várias personagens significativas e de vários pontos de vista: à medida que a história avança, cada figura é a personagem principal em duas ou três cenas.


O que torna esta visão tão eficiente é que não tenta ser um retrato relevante de uma família homossexual, mas tenta antes capturar os ritmos da vida real e as preocupações mais sinceras que assolam o nosso dia-a-dia e que são comuns a famílias de todos os géneros e feitios. Além de tudo isto, a realizadora consegue ver as razões por detrás do comportamento de cada personagem e assim constrói um filme directo e com uma veio humanistica bem pulsante.

 

 

É ainda de grande interesse notar que a presença Paul também afecta os filhos de formas urgentes, que desafiam regras das mães e repensam as próprias relações com os seus pares – o mini-enredo de Laser e o amigo parvalhão é tratado com grande sabedoria e sensibilidade.

 

The Kids Are All Right não é uma comédia de rir a bandeiras despregadas, mas é, na sua essência, uma comédia. Uma comédia satírica em relação ao tom sério de uma das suas protagonistas.


E os momentos de comédia são realmente muito bons: desde a cena magistralmente editada por meio de close-ups e slow-motion onde Nic tem uma enorme revelação a meio de um jantar à descoberta de Laser de pornografia gay no quarto das mães.
 

Todavia, a certa altura, o argumento muda para um tom sério, o que era inevitável face à construção dramática dos primeiros dois terços de filme. Os momentos finais têm a quantidade certa de humanidade, perdão e certeza de que a família continuará unida mesmo depois dos momentos mais difíceis.

 

 

 

O que interessa tanto à realizadora como a nós é o que este casal é, e Juliane Moore e Annette Bening estão soberbas ao retratar uma relação de mais de 20 anos, com todos os seus segredos, idealismos, compromissos e rotinas.

 

Bening tem uma performance que merece muito mais do que simples prémios como Nic, uma mulher cheia de força de vontade mas emocionalmente vulnerável que nem sempre sabe lidar com a pressão na sua relação. Podíamos passar um bom bocado a ver o filme sem som, somente a apreciar as expressões faciais de Bening… o ponto mau é que perderíamos, por exemplo, o glorioso momento em que Nic cede finalmente perante Paul e fazem as pazes ao som de Blue de Joni Mitchell. Uma pérola.


Moore é a parceira perfeita, tanto no contraste de personalidade para com a personagem de Bening, como na química com a actriz.


Os jovens Hutcherson e Wasikowska são fantásticos e credíveis como um par de jovens sensíveis mas de espírito bem aberto. Por fim, Mark Ruffallo também merece o seu apreço, criando um personagem de que é fácil gostar e que nunca funciona com base num mau fundo, apesar de ser apenas um rapazinho preso no corpo de um homem de 40 anos.

 

 

The Kids Are All Right tem as suas falhas, claro - Laser não tem, por vezes, muito que fazer no meio do enredo, e a sua “crise” poderia ter sido um pouco mais explorada - mas estas nunca demasiado gritantes.

 

Recuso-me a classificá-lo como “filme gay” porque essa é uma concepção que tem tanto de ignorante como de insuficiente. De facto, qualquer crítica poderia ter sido escrita sem se mencionar o que quer que fosse relativamente à homossexualidade. É apenas a história de um casal normal, com problemas e que ultrapassa, com amor, uma situação de crise.

 

E o amor. O amor – homossexual, heterossexual, entre adultos, ou entre crianças e adultos – é difícil e duro. E a peça que Cholodenko nos apresenta é um dos melhores e mais bem feitos filmes do ano, porque é um daqueles filmes raros onde podemos ver aquilo que o Amor realmente nos oferece, e o que nos custa…

 

8.5/10

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